Pieces escrita por xDarkDreamX


Capítulo 2
Story


Notas iniciais do capítulo

Olá! Gostaria de pedir desculpas pelo sumiço que dei e, claro, agradecer por terem lido. ^^ Fico realmente feliz pelos comentários. Agora, podem aproveitar o capítulo, espero que gostem.



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* * *

Eu me sentia pesada.

Meu corpo inteiro doía e minha mente estava num completo branco.

Era difícil respirar.

Tentei me mover e sufoquei um grito, em seguida senti a água adentrando em meus pulmões.

Arquejei perdendo o fôlego e abrindo os olhos desesperadamente.

Eu afundava numa imensidão azul e tentava sair de lá.

Mas eu não conseguia.

Quanto mais me debatia, mais afundava.

Meu coração doeu e tossi sangue.

Mãos agarraram meu corpo, puxando-me para baixo ainda mais.

Elas me machucavam, rasgavam minha pele.

Cada vez mais ia ficado escuro e eu não tinha mais forças para continuar a lutar. Meus pulmões doíam e imploravam por ar.

Eu não raciocinava direito.

Mas desejava que se fosse para morrer, que fosse logo.

Fechei os olhos, até que ouvi uma voz me chamar e fazer tudo ao meu redor arder.

Quente.

– LUCY!

* * *

Abri os olhos por impulso, deparando-me com uma claridade. Eu estava sem ar.

Apertei os lençóis ao meu redor enquanto me sentia sufocada.

Meu peito parecia estar sendo esmagado e eu sentia meus olhos ardendo.

Ouvi vozes conhecidas, mas suas palavras não faziam sentido algum. Não tinham nexo.

Senti uma pontada na cabeça e girei pela cama, colocando a cabeça para fora do colchão e vomitando.

Sentia tudo saindo de dentro de mim. O pouco que eu vomitava era um líquido espesso, incolor.

Minhas mãos tremiam enquanto eu me agarrava aos lençóis.

Tudo girava e eu não estava bem.

"Vai ficar tudo bem, pequena. É passageiro."

Novamente a voz de mamãe ecoava.

Não. Não é passageiro.

Eu sei que não é.

"Você vai superar isso, minha princesa."

Papai dizia num tom carinhoso e eu sentia vontade de chorar.

Não.

Não vai ficar tudo bem. Eu não vou superar nada.

Nunca serei forte.

Meu corpo começou a arder, como se estivesse em chamas.

Sufoquei gritos de dor.

Gritos agonizantes.

Era como se a minha pele se desprendesse da pele.

Era como estar mergulhada em ácido sulfúrico.

Gritei o mais alto que pude.

Senti meu interior se apertar, como se fosse esmagado e gritei.

Tudo ficou escuro, mas eu ainda sentia uma terrível dor.

– Mama? Papa? Onde vocês estão? –Uma voz antiga perguntava docemente.

A menina caminhava procurando pelos pais, dentre os longos corredores repletos de portas. Ela sorria.

Então ouvira um barulho alto seguido por gritos de seu pai.

Ela arregalou os olhos e começou a correr.

Mas a cada passo que dava, os corredores pareciam dobrar de tamanho.

Ela tremia.

– LAYLA! –A voz estridente de seu pai a fez paralisar. –FALE COMIGO! LAYLA!

O coração da menina doeu.

Lágrimas formaram-se em seus olhos.

– PAPA! –Gritou-o desesperada.

Abri os olhos com desespero.

Dessa vez era como seu eu tivesse definitivamente acordado dos pesadelos.

Eu estava ofegante, exausta. Era como se eu tivesse lutado em uma guerra.

Sentei-me numa cama e reconheci meu quarto.

Dei um sorriso torto. Quando disse à Loke para que me levasse para casa, eu não quis dizer meu apartamento.

Reprimi um suspiro e me levantei fazendo algumas caretas de dor.

Arrastei-me até o banheiro, onde me olhei no espelho. Deplorável. Novamente deplorável.

Fiz o mesmo processo da última vez.

Liguei as torneiras da banheira e enquanto ela enchia, me despi sem vontade alguma. Meu corpo era considerado como “perfeito”.

Soltei um riso seco.

– Até parece. –Murmurei e entrei na água quente.

Meus músculos relaxaram instantaneamente e algumas partes do meu corpo arderam.

Fitei o teto do banheiro, perdida em devaneios.

Sorri torto ao me lembrar de tudo o que havia acontecido na guilda.

Havia um bom tempo desde que eu queria fazer no mínimo aquilo com Lisanna. Ela mereceu e não me arrependo.

Meu peito ardeu levemente e suspirei.

Não demoraria muito para que Natsu viesse atrás de mim.

Se eu ao menos pudesse continuar fugindo dele...

* * *

Tranquei a porta do apartamento pela segunda vez naquele dia. Um vento gelado bateu em meu rosto e então olhei para o céu.

Meus olhos captaram o clima diferente e se arregalaram.

Quando havia acontecido aquilo...

Era inverno.

Meus pelos se arrepiaram, mas comecei a andar pela calçada.

As ruas de Magnólia eram desertas e pareciam mais tristes que o comum.

Sorri tortamente enquanto me aproximava da Fairy Tail.

Apesar de tudo, eu devia no mínimo conversar com o mestre. Ele me considerava como filha e me tratava com muito amor. Ele era como um pai.

Um pai que perdi.

Encarei a porta de madeira e a empurrei como havia feito algumas horas antes. Muitas horas antes.

A guilda estava completamente vazia.

Nenhuma alma viva.

Ou quase.

Ouvi alguns barulhos no segundo andar e reprimi um suspiro.

Caminhei até as escadas e subi os degraus calmamente. Assim que cheguei, pude ver o mestre procurando alguma coisa.

– Bom dia. –Eu disse.

Com isso, mestre Makarov deu um pulo e se virou para mim, assustado. Ao me ver ele se aliviou e veio me abraçar.

– Você está bem? –Perguntou-me preocupado. –Achei que...

– Não se preocupe. –O abracei de volta. –Não me lembro muito bem, mas depois desse susto... É bom conversarmos um pouco, não?

– Com toda a certeza. Vamos para a minha sala. –Ele sorrira e começara a andar.

Caminhamos por alguns segundos e entramos em sua sala.

Eu nunca havia realmente entrado aqui.

Era um lugar rústico, que me lembrava do período medieval. A época da realeza e seus magníficos castelos.

Para o mestre Makarov, imaginei algo mais...

– Surpresa? –Ele riu. –Essa sala foi construída pela Primeira, em sua época. Mesmo depois de termos desaparecido por sete anos, tudo se preservou. Preferi manter assim. São boas memórias.

– Fez o certo. –Sorri-lhe.

– Vamos, sente-se pirralha. –Makarov dissera-me sentando-se numa confortável cadeira.

Havia uma pequena mesinha e na frente dela, outra cadeira. Sentei-me.

– Mestre, antes de começarmos com aquele assunto... Poderia me contar a história da Fairy Tail? –Perguntei-lhe.

O mestre me fitou curioso, com um brilho diferente em seus olhos.

– Você é a primeira que me pergunta isso, Lucy. –Confessou.

– Foi algo errado de se perguntar? –Perguntei um tanto receosa.

– Não, não. Isso foi ótimo. –Ele sorriu alegre. –Pois bem... Irei te contar a história da Fairy Tail.

– Completa? –Sorri divertida.

– Completíssima. Nos mais ricos detalhes. –Ele riu. –Feche os olhos, criança.

Fiz o que Makarov pedira e me encostei à confortável cadeira.

“Há mais de quatrocentos anos no passado, a magia ainda era escassa. Poucos se aventuravam a desvendá-la. Magos eram solitários, não tinham companheiros e nem um lugar para voltar. As crianças que nasciam com magia eram excluídas pelas pessoas normais”.

Ele começara.

Senti como se estivesse voltando no tempo, passando por um portal e indo para o passado.

Era como se eu visse os tempos antigos.

As pessoas de outra época.

Outras ruas, outras rostos, outras palavras.

De repente, vi-me num vasto campo verde.

A brisa era suave e por incrível que pareça, era como se eu estivesse lá.

– Dragões. –Sussurrei ao ver grandes criaturas voando enquanto outras descansavam abaixo de enormes árvores.

Quando digo enormes árvores, quero dizer árvores realmente de um tamanho monstruoso. Uma das menores tinha o tronco do tamanho do salão da guilda.

“Dragões eram criaturas livres. Iam e vinham por onde quisessem. Suas vidas eram pacíficas, mas de séculos em séculos uma pequena batalha era travada.”

A voz do mestre continuava a falar em minha mente.

Comecei a caminhar, sentindo-me familiarizada com o ambiente.

Era tudo tão lindo, tão calmo.

Sorri ao ver dragões.

Apenas estar perto deles, era bom pra mim.

A brisa era calma e as rajadas de vento refrescantes.

Um dragão se deitara a poucos metros de mim, debaixo de uma árvore. Ele bocejara e rolara, ficando de barriga para cima.

Suas escamas eram belamente negras e em seus olhos... Suas pupilas eram num azul intenso. Lindo.

Aproximei-me dele, sentando-me à sua frente.

“Havia um dragão entre todos. Um dragão negro. Ele era temido, mas respeitado por todos de sua espécie. E embora muitos o temessem... Alguns dragões eram seus amigos.”

– E lá vai ele tirar dormir como sempre. –Ouvi uma voz rouca.

– Ele é um preguiçoso. –Uma voz feminina também dissera.

Então três outros dragões apareceram planando um pouco baixo, sentaram-se no gramado, observando o dragão negro.

– Blé. Dizem isso porque têm inveja de mim. –Ouvi o dragão negro provocar.

Sua voz era firme, mas preguiçosa no momento.

Os três dragões riram dele.

Fitei as criaturas.

O dragão do lado esquerdo possuía escamas escarlates, feito uma chama que brilhava carmesim. Seus olhos eram num tom verde escuro, mas brilhavam.

O do meio tinha escamas numa cor cinza escuro, feito uma mortalha de ferro. Seus olhos eram negros, feito ônix.

E o dragão da direita...

Bom, não era um macho.

Era uma fêmea, sem sombra de dúvidas.

Suas escamas eram num belo azul escuro, alternando em algumas partes sendo num tom mais claro. Seus olhos eram cor de gelo e alguns cílios maiores comprovavam que era uma fêmea. Ela me lembrava o céu.

Uma dragoa linda.

– Eu? Ter inveja de você?! –O dragão vermelho gargalhara rolando pelo gramado.

Com isso o chão tremera para mim, mas ignorei o fato. Não me importava realmente em o chão tremer um pouco.

– Esse daí é mesmo um convencido. Você é um vagabundo, devia me respeitar. –O dragão cinza provocara.

Com isso o dragão negro se levantara grunhindo.

– Ora seus imbecis. Eu vou matar vocês! –Rugira e se jogara em cima dos dois outros dragões.

A dragoa suspirara.

– Céus. Parecem crianças. –Ela resmungou. –Vamos, parem vocês.

De nada adiantava seus protestos. Então a dragoa azul simplesmente passou a ignorar a briga que começara entre os três machos.

Parecia algo bem comum.

“Entre os dragões, humanos eram extremamente raros. Poucos tinham conhecimento de alguém que houvesse vivido em meio às criaturas. Porém com esses quatro dragões...”

Ouvi risos de crianças.

Suas risadas eram doces e inocentes.

Levantei-me sorrindo inconscientemente.

Quando crianças riam lembravam-me minha infância.

Vi então quatro crianças.

Suas feições me fizeram ficar sem reação.

“O convívio com humanos era comum. Eles cuidavam de quatro crianças humanas”.

– Nee! Igneel! Olhe o que eu consegui fazer! –Um menino com um largo sorriso dissera e então puxara ar para os pulmões, soltando em seguida em forma de um rugido quente. Ele soltava fogo pela boca.

– Nhé! Isso não é nada! Olhe Metallicana! –Outro menino caçoava enquanto fazia o mesmo que o amigo, porém ele soltara um rugido escuro como ferro.

– Grandine-san, agora eu também consigo! –Uma menina, a menor de todos, dissera docemente. Fechara os olhos e respirara fundo. Em seguida um rugido claro como rajadas de vento.

Com isso os três dragões pararam de brigar e olharam para as crianças.

– Esse é o meu garoto! ­– O dragão vermelho sorria largamente, mostrando seus afiados dentes.

– E o meu então?! –O dragão cinza ria animado.

– Fico feliz, minha garotinha. –A dragoa dissera gentilmente.

Havia outro menino um pouco afastado dos outros três. Ele parecia tímido e desconfortável ali.

Aproximei-me dele, mesmo sabendo que ele não me veria.

Toquei o topo de sua cabeça, acariciando seus cabelos negros e macios. Vi-o franzir o cenho e olhar para os lados, tentando descobrir o que estava acontecendo.

Segurei um riso e olheis os dragões e as crianças.

O dragão negro se aproximou de mim e do menino, encarando-o.

– Se você ainda não conseguiu não se preocupe. –Ele dissera sorrindo.

– Mas... –O menino corava envergonhado.

– Você é o meu filho, já me deixa orgulhoso. –O dragão sorria seguramente.

– Mesmo você me ensinando eu não aprendi. –O menino murmurara abaixando a cabeça.

– Zeref. –O dragão negro dissera firme. – Eu não me importo com isso. Acredite que eu te amo, meu filho. –Sorriu.

Observei-os calmamente.

Uma brisa suava brincava com os cabelos negros do menino e fazia com que as escamas escuras do dragão brilhassem.

De alguma forma...

Eu já sabia.

De tudo.

– Acnologia. –uma voz doce o chamara.

Virei-me no mesmo instante e quase caí no gramado.

Olhei para o pequeno lago.

Ali estava ela.

Cabelos loiros dourados, que iam até seu quadril. A cintura fina, coberta por um vestido branco. Os olhos castanhos brilhantes.

E um sorriso gentil.

Fiquei perdida apenas observando-a.

Observando aquela moça loira.

Observando o meu reflexo na água.

Sem sombra de dúvidas...

A Fairy Tail... Era uma guilda com uma história profunda.

* * *

Abri os olhos e percebi estar de volta ao presente.

Mestre Makarov havia adormecido enquanto me contava a história da Fairy Tail.

Dei um sorriso fraco e me levantei da cadeira. Observei a sala novamente e reprimi um suspiro e meus olhos se perderam.

Saí dali, encostando a porta com cuidado.

Caminhei lentamente pelo segundo andar da guilda que estava vazio.

Fui para o telhado e dali eu fitei o céu que se nublava aos poucos.

Dei um sorriso torto e fechei os olhos enquanto me encostava numa parede e me permitia deslizar e sentar no chão.

Estava perdida em pensamentos.

Agora eu compreendia perfeitamente.

Aquela sensação de já ter os conhecido...

Agora era algo bem óbvio para mim.

Como pude esquecer-me disso?

Como pude esquecê-los?

Esquecer as boas memórias que tivemos?

Esquecer-me daqueles que eu tanto amava e protegia?

Meus olhos marejaram e sufoquei um soluço.

Meus pesadelos estavam explicados e faziam parte da razão.

Fechei os olhos desejando desaparecer e ir para longe.

Ah, céus.

Como eu sou idiota.

Como eu posso amar aquele idiota?

* * *

Lágrimas escorriam pelo meu rosto e eu não conseguia fazê-las parar.

Na verdade...

Eu não queria.

Não mais.

{...}


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Notas finais do capítulo

Bom? Ruim? Diga-me sua opinião! (Sempre lembrando que são críticas construtivas, hein? ^^)
Espero que tenham gostado e, mais uma vez, agradeço-lhes por lerem. O próximo não demora a sair, prometo!

Peço que desculpem um erro aqui ou ali, geralmente escrevo de madrugada (falta de tempo) e algumas coisas podem acabar passando despercebidas. ^^'

Então, até o próximo, minna!



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