[Should I Trust You?] escrita por Grani008


Capítulo 2
Estilhaços de Vidro


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal, como vocês estão?
Primeiramente, esse capítulo foi originalmente dedicado para o Clécio (Sr.Destino aqui no Nyah!), que foi quem me motivou a escrever essa fanfic e sempre ficou no meu pé, não deixando minha auto-estima de escritora recair. Obrigada.
Em segundo lugar, quero agradecer a quem leu, comentou e está acompanhando, e até a quem não se manifestou, muito obrigada!

Vamos ao capítulo, semideuses!



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Cap. 02 Estilhaços de Vidro

Nós andávamos pela área verde do colégio. Com ‘nós’ eu quero dizer Eu, Jason e Nico. E, com Jason quero dizer, meu primo alto, loiro de olhos azuis e, como se não pudesse ser mais popular, ele joga no time de futebol americano da escola. E, com Nico, eu quero dizer, meu outro primo baixinho, que usa aquelas blusas confusas com frases de bandas (as quais eu quase nunca sei oque significam) e eu não tenho ideia de como, se dá muito bem conosco. Mas, principalmente com Jason.

Aqueles dois sempre foram bastante unidos, desde pequenininhos. Quando eu os conheci, eles já se conheciam há algum tempo. Apesar de Nico ser um ano mais novo que eu e Jason, ele está na mesma série que a gente. E, tenho que admitir o garoto, á primeira impressão parece bizarro. Ele tem esse jeito todo de preto, com olheiras sob os olhos, como se nunca dormisse, mas estivesse pouco se fodendo pra isso. E eu duvidava que estivesse.

Eu me lembro de que, quando cheguei a esta cidade, já era noite, mas eu me sentia mais acordado que nunca. Eu me lembro de termos ido pra casa do meu tio, Hades. Eu e meus pais estávamos apreciando uma taça de cidra de maçã quente em plenas dez horas da noite, uma conversa calorosa se desenrolava, apesar de eu não entender muito bem, afinal, eu tinha apenas seis anos. Mas, no meio daquele burburinho de um assunto estranho, eu ouvi um barulho na escada para o segundo andar. Primeiro eu ignorei, pensando que fosse o gato do tio Hades, o Hamlet. Mas depois percebi que ele estava deitado próximo ao fogão, ronronando baixinho.

Desci da cadeira e fui ver oque era. Murmúrios baixos ecoavam, como se alguém estivesse brigando. E foi ai que eu vi o tufo de cabelos loiros, raramente vistos desarrumados. Os olhos azuis foram os próximos. Ele piscava, como se não enxergasse em meio à escuridão. Ele usava um pijama de risquinhas, com desenhos de mini-raios e parecia falar sozinho. Ele ria, demonstrando um enorme sorriso, os dentes da frente faltando. Tudo oque se passava pela minha cabeça era que o garoto era louco.

Senti uma mão no meu ombro e olhei assustado para trás, era meu pai. Ele sorriu e chamou Hades, perguntando se aqueles eram ‘Jason e Nico’. O garoto loiro se chamava ‘Jason e Nico’? Lembro-me de ter pensado em voz alta, arrancando risadas de meu pai e meu tio, e um pequeno risinho da minha mãe.

Olhei de volta para a escada, ainda meio confuso, tentando qual era o problema, e por que ele tinha um nome tão estranho. Mas, aquele deveria ser só ‘Jason’. Só naquele instante eu percebi que o garoto loiro não estava sozinho. Agarrado á sua cintura, estava um garotinho que parecia dois anos mais novo que ele, e dois centímetros mais baixo que eu. O garoto usava um pijama preto, com desenhos de mini-caveiras, e tinha olheiras sob os olhos, e, estes eram escuros, muito escuros. Mas, ele parecia assustado e indefeso, agarrado ao pijama do cara que devia ser Jason, enquanto esse só dava risada e pedia para que ele o soltasse. Eles não pareceram ver os adultos ali presentes, até que eles riram do que eu falei. Imediatamente Jason parou de rir.

— Tudo bem garotos? – Hades perguntou, a voz rouca casual.

Jason murmurou alguma coisa e depois respondeu:

— Nico, ele anh – ele olhou para trás e eu pude ver de relance o garoto de preto, que depois Jason puxou pela mão até ficar do seu lado, Nico segurava o que parecia um urso-caveira – teve pesadelos. E, ouvimos vozes, estávamos curiosos.

Depois que os conheci, quase nunca vi esses dois separados, só queria que não os tivesse conhecido daquele jeito. A razão por Jason estar na casa de Nico era que seus pais tinham sofrido um acidente de carro, Jason não estava com eles, mas eles tinham uma filha, um bebê de apenas um ano. Thalia. A única sobrevivente.

Agora ela era uma garotinha sapeca e cruel, que tem lá uns doze anos. Tio Hades ficou com a guarda deles, mas acho que Jason não se sente confortável naquela casa até hoje.

Acordei de meus devaneios quando Jason se despedia de Nico, que ia para o clube de fotografia, eu acho. Jason continuou comigo, enquanto seguíamos para o treino.

— Cara, você viu aquela garota? – falei, me referindo a Annabeth – ela deve estar louca.

— Porque estaria? – Jason perguntou quase num sussurro, pegando o celular no bolso das calças jeans.

— Ela me propôs um acordo – falei, me lembrando daquela cara irritante convencida dela – aquela vaca acha que vai me controlar.

— Então por que aceitou? – Ele abrira o celular, vasculhando em meio às fotos.

— Quero fazer a vida dela um inferno.

— Nah – ele desviou a atenção do celular, e parou de andar – cara, isso não vai dar certo.

— Porque isso não daria?

— Porque elas sempre ganham.

— Não dessa vez.

Ele murmurou algo sobre eu ser um completo idiota e voltou a olha o celular, depois murmurou um ‘achei’ com um tom animado.

— E aquele jeito estranho dela? Aquelas roupas. Ah, como as garotas conseguem andar naqueles saltos que parecem ter sidos feitos pra serem usados como armas?

— É.

— E aquelas roupas estranhas. Que tipo de pessoa usa suéter em pleno verão. Mas, devo admitir, eu devo ter algo a ganhar com isso, afinal, ela é popular – comecei a listar – não é das mais burras, é gata.

— Aham – ele continuava concordando.

— E, bom, não é como se não fosse bom ter uma gata pra exibir por ai, isso poderia me ajudar com a questão da popularidade, e também, não é como se ela não beijasse bem...

— Aham, Marte é legal.

— É sim, mas sabe... Oquê?

— Oque o quê? – Ele nem ao menos olhou pra mim.

— Você acabou de falar que Marte é legal, o que isso tem a ver com a questão Annabeth?

Ele tirou os olhos do celular, que era onde sua atenção estava presa.

— Você não acha Marte legal? – Falou tropeçando nas palavras.

— Eu acho mas... – O olhei e ele desviou o olhar, deixando a mão com o celular cair ao lado do corpo, com um movimento repentino demais – Oque você estava vendo aí? Jason Grace, que tipo de por...

— Não é nada disso! – ele me interrompeu, as bochechas corando.

— Então me deixe ver.

— Não é nada importante.

Tomei o celular da mão dele mesmo assim.

— Ah – olhei para a tela, tentando ver oque tinha de tão interessante ali.

Uma foto de Nico surgiu na minha frente, ele estava dormindo, e parecia calmo, em paz. Reconheci a árvore onde costumávamos ficar, era bastante perto de onde estávamos agora, atrás na imagem.

O olhei, e ele corou mais, como era possível? Ele tomou o celular da minha mão.

— Mande-me essa foto mais tarde, pra eu adicionar alguns chifrinhos no photoshop – ele riu, mas parecia forçado.

Chegamos ao treino que passou mais rápido que eu esperava, mas minhas costas ainda doíam e eu tive que parar para respirar, meu coração batia descompassado e eu sentia, como um aperto. Contei até cem devagar, acenando brevemente quando alguém me parava perguntando se eu tinha alguma coisa.

Consegui reorganizar meu ritmo uns sete minutos depois e fui para o vestiário, que estava quase vazio. Tomei uma ducha rápida e depois de me vestir, peguei a mochila quase vazia do armário e joguei sobre as costas.

Caminhei até em casa, sem muito entusiasmo. Afinal, quem, em sã consciência queria encontrar Gabe Cheiroso? Ah cara. Eu tenho medo do cheiro daquele cara, você pode ter pesadelos com isso, é verdade! Entrei na casa com o pé direito, talvez tentando atrair boa sorte?

Subi as escadas devagar e cuidadosamente, talvez, se eu fosse cuidadoso e não fizesse barulho, ele não em percebesse, mas foi só uma parte da madeira ranger e...

— Jackson? – Ele falou com aquela voz chorosa de bebezão – Onde você estava pirralho?

Dava pra ver que estava bêbado, ele tropeçava nas palavras.

— Estava na escola – resmunguei.

— Bom, eu te avisei que hoje tinha jogo!

— E o que eu tenho a ver com isso? – Minha voz saiu mais ríspida do que eu esperava.

— Garoto, o que disse?

Ele se arrastou da cozinha para a sala, me fitando.

— O que disse? – Ele gritou. Seu tom estava alterado e parecia irritado. Ele usava uma regata que não escondia nem metade da barriga saliente, bermudas jeans e um chinelo. Ele cheirava a bebida e vômito.

— Eu perguntei – engoli em seco, eu não queria admitir, mas eu tinha medo dele, afinal, o cara tem o dobro do meu tamanho – o que eu tenho a ver com isso.

— É simples pirralho – ele subiu os degraus até ficar um abaixo de mim, mas, mesmo assim, do meu tamanho – Eu preciso de grana, e eu sei que você tem.

— Eu não tenho – menti.

— Sim você tem – ele colocou a mão no meu ombro, dando um aperto desagradável e estendendo a outra para que eu lhe desse o dinheiro.

— Não eu não tenho – uma irritação súbita surgiu de algum lugar – Você deveria pensar em tomar um banho. Você fede.

Eu praticamente cuspi a última frase na cara dele. Continuei a subir os degraus quando ele me puxou pela gola da camisa, puxando os cabelos da minha nuca e depois me empurrando escada a frente. Bati de cara no último degrau, e a lateral do meu corpo se retesou ao encontras a madeira. Minha cabeça latejava, mas Gabe Cheiroso não parou por ai. Ele me agarrou pela mochila e me jogou contra a parede do andar de cima, na verdade, eu mal esperava que o maldito vaso de porcelana caísse na minha cabeça, tanto que só percebi que eu tinha realmente batido conta a mesinha de vidro quando a porra do vaso caiu na minha cabeça, tudo era um torpor. Eu sabia que minhas costas estavam cortadas, e eu provavelmente tinha quebrado a mesinha ao cair em cima dela. Sentia o vidro me perfurando os braços e o pescoço, e se encravando em minhas mãos quando tentei me apoiar pra levantar. A dor era tão aguda que eu pensei que tinha quebrado algum osso. E, provavelmente, tinha.

Quando consegui ficar de quatro, senti Gabe me puxando pelo braço, minha perna se arrastando no vidro do chão, gritei de dor, mas ele não pareceu se importar. Apenas me jogou no meu quarto, e foi embora, não sem antes meter dois murros na minha barrida, me deixando dobrado sobre eu mesmo vomitando sangue. Antes de sair e bater a porta, ele avisou que ia sair e disse, algo como, aquela era casa dele, e as suas regras. Mas, na verdade, a casa era da minha mãe. Aquele cara apenas estava cuidando de mim enquanto ela trabalhava no exterior.

A palavra ‘cuidando’ nessa frase me fez rir - no meio de uma crise de tosse tentando recuperar o ar, o gosto de sangue na boca - ela parecia desprovida de seu próprio significado.

Antes de eu ouvir a porta batendo, ele gritou algo sobre me querer em casa quando ele voltasse. Eu sabia muito bem que ele voltaria mais bêbado, e que eu teria de aguentar outra seção de pancadas.

Tentei em concentrar em respirar, mas parei de vez quando ouvi a porta rangendo ao abrir novamente, Gabe veio a passos pesados enquanto eu me encolhia em posição fetal contra a parede de meu quarto.

— O dinheiro, idiota – ele deu um risinho de lado quando eu não fiz nada – vou ter de ir aí pegar?

Estremeci e me encolhi, pegando a carteira do bolso do jeans e jogando pra ele, que saiu sem mais delongas.

Eu só senti as lágrimas lá quando elas caíram sobre minhas mãos perfuradas por pedaços de vidro. Depois de um tempo soluçando me acalmei e fui para o banheiro fazendo o possível para retirar os pedaços de vidro. Quando olhei minhas costas soube que não seria tão fácil assim. Um pedaço enorme devia ter se arrastado por ela, por que um grande corte ia de cima a baixo provavelmente aquilo deixaria uma cicatriz. Tentei tomar um banho, mas a água fazia as feridas doerem e passar o sabonete pra limpar foi doloroso. Milhares de estilhaços de vidro caíram quando limpei os cabelos. A água tomou um tom vermelho escarlate.

Saí e vesti uma blusa preta de algodão e jeans largos, planejando ficar em casa e esperar que Gabe voltasse cansado demais pra me espancar quando meu celular vibrou. Era Annabeth.

“Vamos sair, é parte do acordo. Passo aí pra te buscar em cinco minutos.”

Minha resposta foi quase instantânea.

“Hoje não dá”.

“Jackson, já estou na metade do caminho e de carro. Esteja pronto em 3 minutos”.

Suspirei e coloquei um casaco grande, luvas pretas que só não cobriam os dedos e uma touca cinzenta. Ninguém veria oque aconteceu se eu me vestisse assim.

Annabeth chegou cinco minutos depois, toda arrumada no seu carro cinzento luxuoso. Fechei a porta de casa sem me preocupar em trancá-la. Corri e entrei no carro. Torcendo para que Gabe Cheiroso estivesse muito chapado pra se lembrar de conferir se eu estava em casa quando voltasse.


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Notas finais do capítulo

Oi Oi,
o capítulo não está repleto de Percabeth por que primeiro preciso ambientar um pouco os personagens e a vida de Percy, mas no próximo, com certeza, as coisas vão esquentar!
Até mais ♥



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