Era definitivo, Rachel pensava seriamente em deixar NYADA.

Após sua última briga com Madame Tibideaux, estava insuportável permanecer na escola.

Podia aguentar tudo, mas ser acusada de negligenciar seus estudos, por fazer sucesso na Broadway, era pressão demais.

Queria saber, quando NYADA tinha se tornado o novo William Mckinley?

Ela era forte, mas estava cansada de lutar sozinha.

Esse último mês, poderia não ter existido, estava em pleno inferno astral.

Brigou com Santanna, Kurt e todos aqueles que amava.

Tinha saído de seu apartamento, num ato impensado e sua faceta diva, voltou com força, revivendo aquela menina do ensino médio, que era capaz de qualquer coisa, para conseguir um solo, e que quando se sentia ameaçada, era capaz de atitudes questionáveis, mas que depois, ao se arrepender e cair em si fazia de tudo para conseguir o perdão de quem prejudicou e cometeu injustiças, incluindo ai, seus maravilhosos cookies Vegas de chocolate.

Foi preciso voltar às origens, na despedida do coral, em Lima, para resgatar aquela velha Rachel, generosa, sempre disposta a ajudar um amigo ou inimigo e que não guardava mágoa ou raiva de ninguém.

Rachel sabia o motivo que a fez voltar ao modo “diva”. Não conseguia lidar com toda pressão que estava recebendo. New York era seu mundo, seu sonho, desde sempre, mas estava com dificuldades em gerenciar os ensaios exaustivos, cobranças escolares e o imenso vazio afetivo que sentia, desde a morte de Finn.

Não podia acreditar no quanto sentia falta dele. Era uma ferida que não fechava nunca. Finn, sempre terá um lugar especial em seu coração, o lugar dos sonhos juvenis, do primeiro encantamento, da primeira desilusão.

Mas, tinha certeza que o melhor pra sua vida, foi Finn ter terminado com ela e a liberado para ir buscar seus sonhos de se tornar uma estrela. Por isso era eternamente grata.

Não entendia como podia ter perdido Finn de maneira tão estúpida. O carro teve uma pane em um cruzamento de trem e assim foi Finn, alcançar as estrelas, antes dela.

Rachel soube que dali por diante, sua vida seria completamente diferente. Não teria mais seu amor adolescente. Precisaria crescer e arriscar.

Ela amava Finn e ele sempre ocuparia um espaço no seu coração, mas antes mesmo dele morrer, durante as várias recaídas que tiveram durante o ano, tinha percebido que, todo o sentimento de amor por ele, era a necessidade de se sentir amada e não rejeitada. Precisou de várias sessões com seu analista para aceitar essa verdade.

Saber que sua mãe optou em não fazer parte da sua vida, só piorou suas inseguranças, junto com o fato de ser a estranha e patinha feia da adolescência. Por isso, o vício de se ligar em relações, onde se doava muito e recebia pouco. Não achava que era digna de ser amada por ninguém, essa era a explicação do porque sufocava seus namorados e seus amigos em busca de aprovação e amor.

Poucas pessoas sabiam, mas no dia da sua morte, Finn tinha ligado pra ela. Ele ia ver um coral concorrente, estava levando a sério, o fato de ser professor do ND. Queria dicas sobre o que analisar na concorrência e Rachel que estava entre uma aula e outra, não teve tempo de dar atenção, ao seu menino grande.

Sentia culpa por isso, não dar a devida atenção para quem realmente era importante na sua vida. Por isso, questionava, se a fama e sucesso eram tão importantes. Agora que estava a um passo de alcança-lo.

Estava tão confusa, percebia que a cada passo dado para frente, retrocedia três atrás.

Precisava de alguém para aconselha-la e sabia que só existia uma pessoa naquela escola que poderia fazer isso.

Sua professora de dança Cassandra July!

Cassandra fez sua vida um inferno, por um ano inteiro, com suas exigências, humilhações públicas e apelidos odiosos. Quando Rachel achava que não ia aguentar mais, se superava só para provar a professora que era boa o suficiente para estar lá em NYADA, em busca do seu sonho.

E no fim do ano, seu suplício foi recompensada pelas palavras de Cassandra July, ao dizer que viu talento nela, mas queria forjar sua fibra, para resistir às pressões da Broadway e não quebrar, como ela tinha feito, ao conseguir sua chance de ouro nos palcos. O mais incrível,foi presenciar sua professora deixar os apelidos de lado, e chama-la por seu nome, algo que ela imaginava impossível de acontecer um dia.

Engraçado, como a relação dela com Cassandra, lembrava em certos ângulos, sua relação com Quinn Fabray, a líder de torcida, que fez da sua vida um inferno no ensino médio, mas que agora, podia chamar de amiga, mesmo que distante.

Ambas loiras, donas de uma personalidade impar e complexa, além de uma beleza imensa e uma crueldade capaz de machucar os mais insensíveis, mas também de gestos surpreendentes.

Essas loiras escondiam seus mais profundos sentimentos, numa capa de frieza e desdém, que poucos eram capazes de ver, além da superfície aparente.

Porém, Rachel era capaz de enxergar, no fundo dos olhos de ambas, toda dor e emoção que escondiam.

Isso, fez com que ela, tivesse vontade de ser amiga das duas e mais ainda, admirada e respeitada por elas.

Seus esforços pareceram dar certo, já que, o respeito de ambas, ela tinha conquistado e até amizade com Quinn Fabray.

Com Cassandra, ainda existia um distanciamento e um sentimento estranho, mesclado de desconfiança e admiração profissional.

Cassandra July era a escolha óbvia de Rachel. Tinha experiência na Broadway, formava alunos de talento e tinha passado por uma situação semelhante, ao não aguentar a pressão que recebeu e surtar.

Ela, falaria com Cassandra, pediria sua orientação e conselhos.Tinha certeza que a loira saberia pontuar os caminhos a escolher, de maneira honesta e brutal. Era o que precisava para clarear suas idéias e dar direção a sua vida tumultuada.