Frozen 2 - Faces de um Espelho escrita por Bardo Maldito


Capítulo 9
Capítulo VIII - A Mágica do Amor


Notas iniciais do capítulo

GENTE!!!!
Gostaria de pedir mil desculpas por toda a demora com esse capítulo!!!!
Esses dias tem sido uma série sem fim de desencontros e problemas.Primeiro,eu estava esperando o filme Malévola sair no cinema, pra eu assistir e poder me basear melhor pra fazer a fic. Depois, acabei doente, não conseguia escrever nada,me prender a nada. Aí, quando me recuperei meu computador deu pau, e como tudo que eu tinha de material pra escrever a fanfic estava nele, tive que esperar até tê-lo de volta. E por coincidência, o dia que eu finalmente consegui me juntar e escrever foi justamente o dia que mandaram review aqui.
Peço mil desculpas pelo atraso. Porém... se preparem pra altas emoções. O capítulo está caprichado.Boa leitura!



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– Nada começou.

A voz forte e severa, carregada de autoridade, se sobressai sobre tudo. Finalmente Elsa se levantara, e encara Malévola com um olhar gélido.

– Nada começou, Rainha Elsa? - pergunta Malévola - Que queres dizer?

– Você revelou a sua verdadeira face. - diz Elsa, calmamente - Mesmo que controle o coração do rei das Ilhas do Sul, não poderá apagar isso da mente de todos. E certamente não possui fragmentos do Espelho Sombrio suficientes para dominar toda a população das Ilhas do Sul. E mesmo que possuísse, todos agora conhecem sua ameaça: não seriam tolos de apenas esperar que você os domine. Nunca chegará ao domínio das Ilhas do Sul. E muito menos de Arendelle.

Malévola escuta atentamente cada uma das palavras de Elsa... e então gargalha sonoramente.

– Minha pobre menina... será que não entende? Acha que a Rainha do Mal possui interesses tão banais como o domínio de um ou dois reinos? Nunca foi minha intenção. Mesmo o estratagema de me casar com o balofo príncipe Adrian... - o príncipe começa a falar, mas é contido por um de seus irmãos - ...era apenas algo temporário. Um mero detalhe do meu caminho. Mas... essa parte nunca foi essencial para meus planos. Senão, é claro que eu teria silenciado o príncipe Hans.

– Quais são suas intenções, então? - pergunta Anna, com um tom de voz insolente

Malévola a olha e sorri.

– Estou improvisando um pouco. Mas acho que já sei o que fazer agora.

Então, Malévola tira de dentro das vestes um fragmento de vidro... um pedaço do Espelho Sombrio.

– Anna, cuidado! - grita Elsa, exasperada, assim que compreende

Mas era tarde: Malévola arremessa o fragmento do Espelho Sombrio, que envolto por uma luz negra, voa pelo ar como uma estrela cadente, indo direto para o coração de Anna.

Porém, Anna é derrubada no chão por Kristoff, exatamente no instante que o fragmento a atingiria.

Anna ergue a cabeça, já no chão, e olha o rosto de Kristoff.

– Kristoff! Você está bem?! - ela pergunta, preocupada

Porém... a expressão de Kristoff está absolutamente vazia.

– Não... não pode ser...

Ela encosta no coração de Kristoff. A parte da frente de sua roupa tinha um pequeno rasgo bem naquele ponto.

– Ora, ora... - diz Malévola - Tão esperado quanto a Inquisição Espanhola. Kristoff, meu rapaz... você sabe aonde está? E com quem está?

O olhar de Kristoff se volta para Anna... e então se volta para Elsa, para Olaf, para cada um dos príncipes das Ilhas do Sul... e se foca em Hans.

– Sim... está nas Ilhas do Sul. E sabe quem é este homem? - diz Malévola

– Cale a boca! Não mexa na mente do Kristoff! - grita Anna

– É o príncipe Hans. - continua Malévola, se deliciando com cada palavra - Aquele responsável por todas as suas dores e sofrimentos. Por toda a dúvida que há no coração daquela que você ama. E... não concorda que o mundo ficaria muito melhor sem ele?

– Não dê ouvidos a ela! - Anna grita, agarrando as mãos de Kristoff - Kristoff, Kristoff, por favor, me escute!

Mas era tarde: a expressão de Kristoff se converte em pura fúria. Se desvencilha de Anna, e correndo e gritando como um touro furioso, se atraca com Hans, procurando agredi-lo.

Imediatamente, os príncipes das Ilhas do Sul se mobilizam para tentar tirar Kristoff de cima de Hans, mas ele parece forte como dez homens, e, com os punhos, cobre o rosto de Hans de hematomas, fazendo dentes voarem.

Elsa encara Malévola com ódio. E... uma leve névoa começa a se formar ao redor dela.

– Está indo muito bem, Rainha Elsa. - diz Malévola - Todo o seu poder está se manifestando. Em breve, será o demônio perfeito.

Elsa caminha lentamente até Malévola. E a cada passo, o chão da igreja se congela. As paredes se congelam. Flocos de neve vão caindo com cada vez mais intensidade, a névoa lentamente se transformando em uma nevasca. A temperatura cai drasticamente, como que encerrando o local em um pesado coberto de frieza.

– Não me importo. - diz Elsa

– Como? - pergunta Malévola

– Não me importo. - repete Elsa - Não faz diferença para mim se meu poder é algo sombrio. Não faz diferença se o ódio me torna mais forte, me transformando em um demônio. Se tal poder for suficiente para livrar o mundo de uma serpente venenosa como você, terei o maior prazer do mundo em carregar tal cruz.

Malévola sorri. Então, afastando seu corvo, que voa até o castiçal no altíssimo teto da igreja e pousa lá, a Rainha do Mal ergue os braços.

– Então faça isso, Rainha Elsa. - diz Malévola - Me congele até a morte.

Elsa encara Malévola com um ódio profundo no olhar.

Então, ergue a mão.

– NÃO TÃO RÁPIDO!!

Todos se surpreendem quando aquela voz ecoa pela igreja, apesar da confusão dos convidados em pânico e dos príncipes das Ilhas do Sul tentando tirar Kristoff de cima de Hans. Então, todos se viram... e na porta da igreja está a velha xamã das montanhas.

Malévola encara a xamã com surpresa por um instante, mas logo retoma seu ar arrogante.

– Ora... mas que surpresa.

A xamã, então, corre até o altar, se colocando na frente de Malévola. A encarando diretamente nos olhos.

– Não vou mais fugir de você, irmã. Tudo isso acaba hoje. - diz a xamã

– E o que poderá fazer? Me responda, fada Primavera... minha querida irmã.

Todos encaram a xamã com surpresa. A velhota esfarrapada e amalucada... uma fada?

Porém, ela ri com tristeza.

– Não sou mais uma fada. Não sou digna desse nome. Tão indigna quanto você, e tudo porque não conseguia me decidir se a amava ou a odiava, minha irmã.

Então, Primavera se vira para Elsa.

– Então você é Elsa... a Rainha das Neves do reino de Arendelle. Descendente de Aurora e Filipe, antigos soberanos das Ilhas do Sul. Eu deveria ter imaginado... - ela encara Elsa com um olhar sério - Elsa, preste muita atenção. Malévola fez você pensar que o seu poder é maligno e profano, mas isso não é verdade! Você não é a reencarnação de um demônio, nada disso! O seu poder é o poder das fadas, o poder que eu, juntamente com minhas outras irmãs Fauna e Flora concedemos à princesa Aurora, muitos anos atrás. Os presentes de minha irmã foram o dom da beleza e o dom do canto, mas o meu presente foi o dom do despertar, que permitiu que Aurora despertasse da maldição de Malévola pelo beijo de Filipe. E... o meu dom fez com que os dons de minhas irmãs despertassem na própria natureza de seu sangue. Permitindo que os descendentes de Aurora e Filipe pudessem despertar o poder das fadas. Porém, isso só se manifesta em alguns membros, e sempre de maneira diferente... com você, isso se manifestou na forma do gelo. Portanto, não se deixe enganar por Malévola: seu poder não é profano. Seu poder é feito com a magia das fadas, com o poder do amor! - então, ela se vira para Malévola - O demônio que criou o Espelho Sombrio nunca reencarnou, pois ele está bem aqui. Malévola, minha irmã mais velha, que renegou a bondade das fadas e se tornou um ser profano e criou um artefato tão horrendo quanto esse.

Elsa encara Primavera, o olhar agora mais confuso e aturdido que nunca. Então, Olaf chega perto e diz:

– E... vem cá. Se você sabia de tudo isso, por que não contou pra Elsa no início?

– Ora, ela não se apresentou como Elsa de Arendelle! Eu só descobri depois de ver as pegada de gelo que ela deixou! Como eu ia saber que...?

– Pois é isso mesmo. - diz Malévola, interrompendo Primavera - Seu poder é o poder das fadas, Rainha Elsa. Não é particularmente profano.

Ela olha para Elsa com um sorriso largo.

– Mas... eu originalmente também era uma fada. E olhe pra mim agora. Sou um ser de pura maldade. E... você não quer ser como eu. Quer ser boa, não é verdade?

Elsa a encara também, como que esperando o que viria a seguir.

– E.. para ser boa, precisaria provar com um ato da mais pura bondade e compaixão? - Malévola se ajoelha, numa imitação cínica de um pedido de perdão - Teria a digníssima bondade de perdoar a mim, a Rainha do Mal, que causou todo o sofrimento do mundo a ti e aos seus entes queridos? Seria capaz de esquecer todo o meu mal, e me perdoar, para provar a virtude de seu bondoso coração?

– Não dê ouvidos a ela, Elsa! - diz Primavera - Toda palavra dela traz a corrupção! Não dê ouvidos a ela! Se você se deixar dominar, será igual a ela!

Elsa encara a figura provocativa e cínica de Malévola ajoelhada no chão, uma paródia cruel, irônica e cínica de um pedido de perdão. Então, suspira e diz:

– Não vou perdoá-la. - diz Elsa - Mas não deixarei que o ódio me transforme em uma pessoa sombria.

– Ah, é mesmo? - diz Malévola - Que pena...

Então, com um movimento de seu cajado, é envolta por luzes negras e desaparece... indo surgir do lado de Kristoff, afastando todos os irmãos de Hans. À essa altura, o rosto de Hans estava em carne viva, ele parecia à beira da inconsciência. Os nós dos dedos de Kristoff estavam esfolados, mas ele não parecia dar sinal de parar... até que Malévola, com uma só mão, segurou o punho de Kristoff, algo que nem todos os príncipes juntos tinham conseguido.

– Saia de perto do Kristoff! - grita Anna

– Kristoff... não percebe? - diz Malévola - Hans não é o único culpado. Anna também traiu você. Ela o usou, Kristoff. Se propô a casar com você apenas para provocar Hans. Ela ama Hans, sempre amou... ela nunca o amou de verdade.

– Isso não é verdade! Kristoff! - grita Anna novamente, desesperada

– Ela é uma mentirosa. Uma insensível que brinca com os corações alheios. O mundo também estará melhor sem ela. Você não quer ela nesse mundo.

Kristoff parece digerir tudo isso por um momento. E, no instante seguinte, está espumando de ódio novamente e correndo na direção de Anna, que, chocada, apenas observa inerte com lágrimas nos olhos.

– Anna!!! - gritam Elsa e Hans ao mesmo tempo

Elsa, instintivamente e sem pensar, querendo apenas salvar sua irmã, acaba lançando pedaços de gelo afiados como facas, que voam na direção de Kristoff.

Hans, mesmo desfigurado e quase inconsciente, antes que pudesse perceber o que Elsa fizera se levanta rápido como um raio e pula em cima de Kristoff, para impedi-lo de chegar até Anna.

Como resultado disso, Kristoff e Hans estão caídos no chão. E... pedaços enormes de gelo estão cravados no peito de Hans, que está com os olho arregalados de choque.

Elsa cobre a boca com horror. Anna olha para toda a cena em choque... mas se recupera um instante depois. E em uma firme resignação... caminha até Kristoff.

Kristoff a encara com ódio. Ergue a mão para agredi-la.

Porém... antes que chegasse a consumar seu golpe, Anna o abraça.

– Kristoff... já chega. Por favor.

Enquanto Anna diz isso, lágrimas caem de seus olhos, atingindo o coração de Kristoff.

A expressão de Kristoff muda. De completamente mascarada pelo ódio, e antes vazia, agora estava confusa e aturdida.

– Anna...? - ele pergunta

Anna acaricia o rosto de Kristoff.

– Está tudo bem. Está tudo bem, meu amor.

Primavera observa a toda essa cena.

– O fragmento do Espelho Sombrio em Kristoff se foi. Derreteu. - ela diz, aturdida - Mas como essa menina...?

– A Anna é especial. - diz Olaf, na sua simplicidade de boneco de neve

Kristoff encara Anna, o coração calmamente recuperando a tranquilidade. Só então nota algo.

– Hans! - grita Kristoff

Então, toda a realidade volta: três pedaços de gelo estavam atravessando o peito de Hans como lâminas. Os irmãos de Hans já o rodeavam, e ao contrário do que demonstravam antes, havia grande pesar nos olhos deles.

Vendo o que fizera, Elsa encara Malévola com mais ódio que nunca.

– MALÉVOLA!!!!! - ela grita

Elsa ergue os braços, e faz brotar do chão um imenso dragão feito de estilhaços de gelo, de aparência ameaçadora e cruel, que destrói o teto da igreja, assim como suas paredes, apenas com seus movimentos, enquanto o público do casamento finalmente começa a fugir pra fora da igreja.

– Oh... parece que é a hora. - diz Malévola

Então, Malévola reage também se transformando em um imenso dragão negro, com uma espécie de fogo profano e impuro saindo de seu nariz e boca reptilianos enquanto respirava.

Os dois imensos dragões se atracam em um combate mortal, movidos por fúria e desejo de destruição, transformando a igreja em ruínas com meros movimento de seus imensos corpos, ou com as rajadas de gelo e fogo profano que saíam de suas goelas.

Os irmãos de Hans, todos ao mesmo tempo, levam o príncipe ferido pra fora da igreja, junto com Anna, Kristoff, Primavera e Olaf. E Sven, que estava do lado de fora da igreja, mas só notara agora, com a igreja sendo destruída, o que estava acontecendo.

– Alguém consiga alguma ajuda! Pelo amor de Deus, tragam um médico, bando de incompetentes! - gritava o príncipe Adrian, a voz se erguendo em desespero

– Hans... Hans... - Anna se ajoelha ao lado de Hans, que estava consciente apenas por um fio agora

– Anna... - ele diz com um fio de voz, a encarando com os olhos semicerrados, tentando sorrir - Sabe... o amor... também foi uma porta aberta pra mim. Mas... fui fraco... não abandonei o mal de Malévola por... por você.

– Vai ficar tudo bem, Hans. - diz Kristoff, que aparentemente estava se sentindo imensamente culpado pelo rosto desfigurado e o ferimento mortal de Hans

– Heh... não... é certo que seja assim. - diz Hans - Já errei demais... pequei demais... e Anna merece alguém digno do amor dela. Como... você, Kris... Kris...

Hans não pôde terminar a frase, começando a cuspir sangue sem parar.

– Hans! Hans! - diz Anna, exasperada - Você não vai...!

– Morrer? Ele vai sim. A menos que eu faça algo. - diz uma voz

É a voz de Primavera, que caminha até eles.

– O que quer dizer? - pergunta Anna

– Eu posso fazer com que ele viva.

– Mas... como? - pergunta Krisotff - Como é possível?

– Uma vida por outra... - Primavera suspira - Terei que dar minha vida. Irei desaparecer após conceder essa benção a ele.

– O quê? Não! - diz Anna - Deve ter um outro jeito! Alguém consiga um médico, não vou aceitar que a senhora tenha que morrer para...!

– Anna. Por favor, me ouça - diz Primavera, em um tom muito sério, que não pode se evitar de ouvir - Eu falhei. Falhei com minha irmã, e falhei com a sua. Se não sou mais uma fada, é porque fui sentimental demais para deter minha irmã e furiosa demais na minha tentativa de me obrigar a isso. Malévola é minha responsabilidade, assim como foi de nossas outras duas irmãs. E apesar de tudo que eu disse... sua irmã está corrompida. Está a um passo de nunca mais se recuperar. Mas... não é tarde demais. Seu amor é suficiente para mudar o mundo, Anna. Você é tão abençoada quanto sua irmã, ou talvez mais. Eu não pude fazer nada, mas você pode fazer muito. Então... em troca de minha vida, me prometa que vai salvá-las. Elsa... e Serena.

Anna a observa, lágrimas escorrendo de seus olhos.

– Eu... eu prometo. - diz Anna

Primavera sorri... então se desfaz em uma nuvem de pó azul, deixando para trás apenas suas vestes azuis esfarrapadas com peles de animais.

Então, os pedaços de gelo espetados no peito de Hans somem, e os ferimentos se fecham instantaneamente.

– Hans? - pergunta o príncipe Adrian, que se aglomerara junto a seus irmãos para ver como Hans estava

Hans lentamente abre os olhos. Enxerga Anna e seus irmãos à sua frente.

– Anna? Meus irmãos? Vocês também morreram?

Lágrimas correm pelos olhos do príncipe Adrian, bem como de todos os outros príncipes das Ilhas do Sul. E todos imediatamente abraçam Hans, chorando sem constrangimento.

Discretamente, Anna se levanta e se afasta, indo se unir a Olaf, Kristoff e Sven.

– Família. - diz Olaf - Podem ter seus problemas, mas no fundo se amam muito.

– Sim, Olaf. - diz Anna - E agora que a família de Hans está bem... hora de cuidar da minha.

Ela volta os olhos para a titânica batalha entre o dragão de gelo de Elsa e a própria Malévola, que se atracavam furiosamente sem ceder um só palmo ao outro. Enquanto Elsa comandava seu grande dragão, a expressão transfigurada em pura fúria.

– Eu tenho que ir até Elsa. - diz Anna

– O quê? É loucura! - diz Kristoff, exasperado - Não pode chegar perto de Elsa agora! Como o seu amor por ela irá te proteger?

Anna sorri para Kristoff.

– O amor salvará o mundo, Kristoff. Não salvou você?

Anna começa a andar até elsa, e Kristoff parece tentar se mover, mas Olaf o impede.

– Deixe, Kristoff. A Anna é especial, esqueceu? - ele sorri

Então, Anna caminha tranquilamente até Elsa, que nota a chegada da irmã, mas sem tirar os olhos cheios de ódio da batalha.

– Elsa, você tem que parar. - diz Anna

– Cale a boca, Anna! - Elsa grita - Malévola fez mal à minha família, e vou destruí-la por isso!

– Não vê, Elsa? Se você fizer isso, Malévola terá ganhado. É isso que ela quer.

– É? Pois eu não me importo em dar a ela uma estúpida vitória moral, se isso significa que ela nunca mais poderá fazer mal a ninguém! - retruca Elsa

– Sabe, Rainha Elsa? - diz a voz de Malévola em sua forma draconiana, transfigurada em um tom mais macabro e monstruoso, transpirando de cansaço pela árdua batalha - A princesa Anna tem razão. É inútil que você me mate. O mal é eterno... e enquanto o mal existir nesse mundo, eu viverei pra sempre!

– É mesmo, senhora Rainha do Mal?! - grita Elsa - Pois isso não me impede de tentar o máximo que eu puder!

Dizendo isso, Elsa faz com que seu dragão de gelo lance uma rajada de gelo mil vezes mais intensa que as anteriores, como uma nevasca furiosa em meio a uma tempestade. E, não satisfeita com isso, Elsa grita em fúria e faz com que nasça uma segunda, e em seguida uma terceira cabeça em seu imenso dragão de gelo, que despejam uma rajada colossal e incessante de gelo em Malévola, que mal consegue reagir... até finalmente cair.

A rajada de gelo finalmente cessa, e Malévola está em sua forma humanóide, caída em meio a estilhaços afiados de neve, ferida por todo o seu corpo, fraca e sem condições de continuar lutando. Elsa caminha até ela com a dignidade e frieza de uma rainha implacável, encarando o ser profano.

– É tudo que eu preciso... - dis Malévola - Eu preferiria ficar viva para testemunhar o mal que você criará, mas isso basta. Mesmo que eu morra, o mal seguirá em frente. Você nunca se recuperará disso... e um dia criará o Espelho Sombrio que eu tanto desejei.

– Cale a boca. - Elsa diz, estendendo a mão para Malévola

Malévola fecha os olhos, enquanto os olhos de Elsa se estreitam, preparando-se para despejar uma última rajada de gelo que destruirá Malévola para sempre.

Anna está observando tudo, completamente alarmada.

– Ai, ai, o que eu faço agora? - ela diz para si mesma - Se eu deixar Elsa matar Malévola, eu terei falhado com Primavera. Malévola sumirá, e minha irmã estará corrompida pra sempre. Droga, droga, o que eu faço? Eu não tenho tempo para refle...tir... - Anna pensa no que acabara de dizer, e parece ter uma ideia - Elsa!

Então, Anna se coloca entre Elsa e Malévola.

– Anna, saia da minha frente agora! - diz Elsa, imperiosamente

– Elsa. Por favor... crie um espelho para mim. - diz Anna

Isso foi tão inesperado que o olhar de fúria de Elsa se abrandou. Até Malévola parece confusa, embora desconfiada.

– Anna, você enlouqueceu? - pergunta Elsa - É justamente isso que Malévola quer!

– Eu sei, eu sei que parece loucura. - diz Anna - Mas apenas... confie em mim.

Elsa encara Anna, o olhar confuso e incrédulo, como se realmente pensasse que sua irmã enlouquecera.

– Por favorzinho com açúcar em cima? - pede Anna

Elsa olha para Anna. Então, olha para Malévola. Enfim, se resigna.

– Que seja.

Elsa conjura gelo em suas mãos, que se solidifca na forma de um espelho. Que, como era esperado, era algo muito próximo do que Malévola queria... um espelho que parecia irradiar infinita maldade, capaz de corromper qualquer um que olhasse nele. Certamente, deveria ser mais fraco que o Espelho Sombrio original de Malévola... mas era obscuro e profano. Prova da corrupção que o ódio causara no coração de Elsa naquele momento. Mesmo o formato do espelho, que Elsa tentou fazer como completamente redondo, estava cheio de bordas afiadas e trejeitos crueis, e até inscrições em alguma língua antiga que Elsa nunca vira, mas que deveria ser relativo à linhagem profana das fadas rebeldes como Malévola.

– Está perfeito! - diz Anna - Agora, me dê ele aqui.

Estranhando muito, Elsa entrega o espelho para Anna, que toma todo o cuidado para não ver seu reflexo nele.

Quando Anna pega o espelho, algo estranho acontece. Os detalhes tétrico e sombrios somem, substituídos por detalhes artisticamente feitos em completa harmonia: as palavras escritas em língua profana somem, substituídas por estrelas finamente desenhadas.

Então, Anna mostra o espelho para Malévola, que está fraca demais até pra evitar se olhar.

– Malévola.. olhe.

Então, Malévola vê. Vê a si mesma, no passado, uma fada boa e benevolente, cuidando do mundo e do bem de suas três irmãs, Fauna, Flora e Primavera. Vê a si mesma sorrindo, cantando e dançando, de forma que nem sequer se lembrava. Vê o coração puro que possuíra antes de ser seduzida pelo poder fácil que as trevas trazem. Vê todo o passado belo e feliz que fora negado a ela.

E começa a sentir lágrimas molhando suas bochechas magras, lágrimas que caíram de seus olhos sem que ela mesma notasse.

– O que eu fiz...? - pergunta Malévola, a voz embargada

Então, Anna deposita o espelho no chão e abraça Malévola, que chora, sentida como uma criança pequena, diante do olhar aturdido de Elsa.

Então, Malévola afasta Anna com o pouco de força que ainda tinha.

– Não tem jeito... - diz Malévola - Anna, eu sei o que está tentando fazer por mim, mas entenda... é tarde demais.

– Nunca é tarde demais, Serena. - diz Anna

Malévola ri fracamente.

– Serena... há quantos anos não me chamam por esse nome. Séculos! Mas... entenda, Anna. Já me afastei demais da luz. O espelho de Elsa, infectado pelo dom do amor que há em você, me forneceu uma luz temporária... mas é fraca demais. Se me deixar impune, em breve as trevas me cobrirão novamente. E voltarei a ser o que era.

– Não é verdade! - diz Anna - Tem que ter algum jeito de você ficar assim para sempre.

– E tem. - diz Malévola - Elsa... por favor, me congele.

As duas irmãs encaram Malévola chocadas.

– O poder do amor nunca poderá tomar a vida de ninguém. - diz Malévola - Por essa razão que eu não morri, mesmo sendo ferida gravemente pela espada do príncipe Filipe, encantada com o poder de minha irmã Fauna, há muitos anos atrás. Mas seu gelo nobre e bondoso, carregado com o amor que você e sua irmã tem uma pela outra, se não me matará, me deixará permanentemente congelada, presa eternamente no estado de luz que o espelho do amor de vocês duas me forneceu. Viverei para sempre... mas nunca mais praticarei o mal.

Malévola encara Elsa.

– Rainha Elsa... por favor. Faça isso

– Eu... eu... - diz Elsa, hesitante

– Está tudo bem. - diz Malévola - Estará tudo bem.

Elsa e Anna se olham. Malévola sorri para as duas, e fecha os olhos.

Elsa torna a olhar para Malévola.

O gelo começa a surgir.

O corvo de Malévola, que pousara nas ruínas da igreja, grasna sonoramente antes de voar em direção ao horizonte.


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Notas finais do capítulo

E aí?Reações?Emoções à flor da pele?
O próximo capítulo será o último. Espero ter agradado a todos vocês, apesar dos imprevistos.
Até o próximo e último capítulo!