Demigods Avengers escrita por Hime


Capítulo 8
{Arco Gênesis} Capítulo Oito – Rainha das boas-vindas [Thalia]


Notas iniciais do capítulo

Nesse capítulo, teremos um pouco das loucuras da Taylor, uma conversa secreta entre Rachel e Thalia, além do misterioso selo usado na carta deixada pelo nosso exilado favorito.
Sem mais delongas, desejo-lhes uma boa leitura.



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Charllotesville, Virgínia - Horário: noite, às 20h30min P.M

Eu estava encarregada de afiar as armas com Taylor, minha atual melhor amiga, mas, estava ocupada sonhando acordada com Percy... pra variar. Faz alguns meses desde nossa última visita ao Acampamento e não faz um dia que eu não sinta saudades dele e, logo em seguida, me sinta como a pior das vadias por estar sentindo saudades do namorado da minha melhor amiga. É a típica vida de uma semideusa adolescente apaixonada. Esse ciclo vicioso de saudade e culpa só serve pra me detonar; e se ainda não deu merda, é por causa da Taylor.

Taylor é a única que sabe e me entende por estar na mesma situação, talvez seja isso nos faça tão amigas. Ela é quem me consola e não dá a mínima pras ordens de Ártemis quando precisa ficar do meu lado me aconselhando. Ela é uma das filhas de Apollo que parece mais ser filha de Hades do que qualquer outra coisa. Isso se tornou até uma piada entre a gente.

Estava tão perdida em devaneios enquanto continuava com a tarefa em mãos que Taylor precisou dar uma cotovelada na minha costela e gesticulou com a cabeça em direção a própria Lady Ártemis.

Nós endireitamos nossa postura e batemos continência, antes de Taylor soltar sua famosa saudação sarcástica:

O que vos traz aqui, Lady Ártemis? ―Sim, a Taylor não tinha superado o “você-é-amiga-íntima-de-um-deus-nórdico,-não-te-permito-na-caça” e esse é um dos motivos, pelos quais, sempre digo que ela tem o pai piedoso errado. Mas, isso são detalhes. ―Se não me engano, a senhora disse que ficaria no mínimo duas semanas fora. ―Taylor disse em claro tom de zombaria.

Eu não precisava olhar para Taylor, para imaginá-la acrescentando mentalmente um ‘para minha alegria’ enquanto revirava os olhos e eu tive que morder o lábio inferior para não rir. Mas, dessa vez, senhora Ártemis ignorou o explícito desrespeito – que em outras ocasiões fazia-nos ter que cuidar da maioria das tarefas que ninguém queria fazer – e disse séria:

Precisaremos reunir todas as caçadoras. Amanhã durante a alvorada, partiremos em diligência com destino sendo o Acampamento Meio-Sangue. ―Taylor e eu nos entre olhamos, preocupadas. Mas, por dentro eu estava totalmente soltando fogos de artifícios na cor do arco-íris. ―Quíron pediu nossa ajuda para reconstruirmos algumas cabanas que foram destruídas durante um acidente. Ele ainda não me passou todas as informações, mas, acredito que deva me explicar melhor quando chegarmos.

Sim, senhora. ― Taylor respondeu indiferente já que eu iria dar bandeira se eu falasse qualquer coisa agora. Ainda estou meio – lê-se: muito – lerda pra prestar atenção em qualquer coisa que não o fato de que só faltam algumas horas pra eu vê-lo novamente. ―Nós avisaremos às outras quando elas voltarem com o jantar.

Não quero ser perturbada, ―Ártemis ordenou e acrescentou, em tom resoluto, antes de se retirar: ― sob NENHUMA circunstância.

Assim que ela saiu, Taylor me deu um pescotapa antes de sibilar inquieta:

Thals, você está sorrindo como uma idiota. ―Taylor olhou ao redor como se estivesse se certificando de que não fossem ouvidas. ―Dá menos bandeira, amiga. Se alguém – lê-se: a fofoqueira da Jennifer – aparecesse aqui agora, estaríamos ferradas, tipo, extremamente ferradas. Só que comigo, você sabe que o buraco é mais embaixo e se rolasse falso moralismo, eu iria jogar na cara o que EU sei de mitologia.

Isso me fez sair do meu torpor porque eu conheço bem o temperamento da Tay e se tem uma coisa que ela sabe fazer é barraco. O que causaria um castigo sinistro, se rolar treta. É claro que eu me desesperei pela minha amiga, que estava “de boas”, caso, precisasse declarar guerra contra uma olimpiana. “Santo Linkin Park, como esse ser pode ser tão irresponsável e inconsequente e continuar vivo até hoje?Eu, sinceramente, não faço ideia.”

Tay, pelo amor de tudo que você considera o mais sagrado, não faz isso comigo. ― eu implorei com as mãos em súplica. ―Não arranja treta com os olimpianos, você é minha única melhor amiga nesse acampamento que simplesmente despreza ou odeia a existência de homens ― eu entrei em pânico só de pensar na merda que ela poderia fazer. ― e a única que entende bem o que estou passando. Por favor, amiga.

―Calma, Thals. Eu não vou arranjar treta, se não arranjarem treta comigo. ―Taylor disse tentando me acalmar, mas, isso só serviu pra me fazer querer arrancar os cabelos. ―Você me conhece o suficiente pra saber que eu também não vou sair por aí arrumando picuinha com as outras, principalmente, com vossa alteza real em chatice.

Em termos leigos, as caçadoras e Ártemis, pois, de acordo com a Taylor, elas decidiram parar de viver na época da Grécia Antiga. Mas, voltando ao assunto, eu ainda tenho que preparar a mochila de carga para a viagem e evitar que Taylor tente dar um jeito de me “empurrar” para o Percy, sabendo que é possível que ela me empurre literalmente para ele também, caso, fique desesperada.

Nós terminamos a tarefa e eu fui rapidamente preparar as coisas, conseguindo evitar que Taylor botasse algumas lingeries e outras ‘coisitas más’ que, de acordo com ela, era pra eu poder ser plenamente feliz. Ela é doida, mas, é uma doida que sempre está torcendo pela minha felicidade mesmo que ela mesma não a tenha. Dessa vez, antes de irmos dormir, ela me deu um conselho.

―Thals, eu sei que você não concorda comigo. Mas, você merece ser feliz e eu não quero dizer a alegria hipócrita que você exibe pra todos os outros, tentando inutilmente enganar a si mesma. ― nesse momento eu parei de buscar um lençol no meio das minhas coisas e volteei minha atenção pra ela. ― Eu me refiro à alegria plena sem precisar ficar mendigando o carinho de um cara, que nem sabe que você o ama de verdade. Droga, Lily!Às vezes, você parece achar que é a única que entregou somente um pequeno pedaço de seu coração às caçadoras! ― eu abaixei a cabeça envergonhada porque não era essa minha intenção, eu nunca quis fazer minha melhor amiga pensar desse jeito. Então, ela acrescentou em tom baixo e melancólico: ―Quantas vezes engolimos o nó na garganta e vontade de chorar quando vemos quem amamos com outra; o quanto queremos gritar pro mundo que não aguentamos mais chorar pelos cantos, ou quanto queremos muito ser egoístas e dizer o que realmente sentimos...

―Para, logo em seguida, nos sentirmos como os seres mais desprezíveis do planeta por algo que está além de nosso controle. ― completei com um suspiro pesaroso. ―E então, chorar abraçada ao travesseiro, ou chorarmos juntas dividindo o travesseiro.

Nós duas rimos meio chorosas da piada de humor negro. Mas, é melhor rir pra não chorar... mais do que já fazemos, para nosso azar.

―Tenta ser sincera com ele, pode dar certo. Tome isso como conselho de amiga.

 ―Você faz isso parecer tão fácil, Tay. ―respondi suspirando cansada enquanto ia me deitar na cama improvisada. ―Mas, eu já estou cansada de fingir esse teatro que criamos.

                           ****************************

Casa do Percy, Manhattan - Horário: madrugada, às 02h30min A.M

O apartamento de Sally permanecia do jeito que me lembrava durante época em que conseguia visitá-la com mais frequência. “Minha última visita foi há seis meses. ”Lembrei-me com certa culpa e vergonha, suspirei cansada. No meu atual caos emocional, eu acabei me afastando da única figura que eu considerei verdadeiramente materna. Eu estava observando algumas fotografias antigas sobre o criado mudo, “Percy sempre fora muito bonito mesmo sendo um ímã para problemas” pensei sentindo meus lábios formando o que devia ser um sorriso bobo. Então, ouvi passos silenciosos – que se não fosse meu tempo de treinamento, eu não iria ouvir – se aproximando da sala.

Volteei minha atenção para a origem do barulho e, sofri um choque ao me encontrar com uma versão mais nova minha e dele indo para a sacada do apartamento. Os dois não me enxergavam, então eu decidi me aproximar pra descobrir o que os dois falavam. O que eles conversavam fez-me constatar que não era exatamente um sonho, era mais como uma lembrança antiga da época em que ainda não havíamos conhecido Nico e Bianca.

―Percy, você já pensou em uma vida diferente?Sabe com pais normais, amigos normais e menos experiências de quase morte. Thalia, minha cópia mais nova, perguntou curiosa porque já havia imaginado uma vida, onde seu irmão estaria vivo e feliz com ela assim como a mãe não seria uma alcoólatra. Vivermos uma vida sem uma profecia sempre pesando nos nossos ombros. ― então, acrescenta com uma expressão pensativa após alguns instantes de ponderação:Talvez uma família mais estável financeiramente falando também.

Nem sempre o dinheiro pode ser a solução das coisas e manter uma família unida. Percy murmurava baixinho de maneira sombria e amargurada para si mesmo.

O que disse? a cópia perguntou confusa parecendo não ter ouvido direito a resposta dele.Pode repetir?

É estranho eu saber essa resposta dele sendo que minha eu mais nova não parecia ter prestado atenção no que ele disse, mas, estranho ainda é que essas palavras pareciam ecos na minha mente enquanto ele falava. Eu pisquei várias vezes tentando entender por que essa memória justo agora, quando vi que ele ia respondê-la... a mim... a nós duas. É confusa demais essa situação, porque sou eu e não sou eu ao mesmo tempo, então é difícil saber como eu posso me referir... a mim mesma?

Nada não, mas, mesmo com todos os problemas que ser um semideus me trouxe, eu ganhei amigos que posso confiar minha vida, me ensinou a estar sempre me adaptando a mudanças e a lidar com elas também. percebi que Percy tentava ser o mais sincero possível na resposta, o que me fez sorrir inconscientemente, e a outra também tinha um sorriso ao ouvir a resposta dele.

Uou, isso tudo é influência da Annie?ela brincou enquanto socava o ombro dele de brincadeira. Continue assim e a Annie ficará caidinha por você.piscou de forma maliciosa, fazendo-o corar um leve tom de rosa e negar profusamente.

“Doce ignorância. Mal ela sabe que vai sofrer, e muito, com essa mesma previsão.” Pensei com um sorriso agridoce, sentindo literalmente pena de mim mesma.

Não, mas, é sempre bom estar preparado para mudanças.

A frase dita por ele parecia ser direcionada a mim e não a Thalia que conversava com ele. O que queria dizer com “mudanças”?A sala começou a girar, aumentando a velocidade cada vez mais, e eu sentia como se minha cabeça estivesse querendo explodir. Então tudo ficou escuro.

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Eu abri meus olhos lentamente e pisquei repetidas vezes tentando me adaptar a pouca luminosidade, Taylor permanecia adormecida na sua cama improvisada na barraca que dividíamos. “Por que aquela lembrança decidiu me atormentar agora?E que mudanças Percy estava falando?Por que ele falava de maneira tão amargurada?” Eram tantas perguntas sem resposta. Uma coisa eu sabia, algo estava diferente.

Tentei conciliar novamente o sono, mas, nunca conseguia relaxar o bastante pra dormir novamente. Quando estava próximo do horário de despertar das outras, eu já estava pronta com a minha mochila nas costas e café da manhã tomado. Taylor até se assustou comigo acordada porque ela sabe o quanto eu detesto acordar cedo. Mas, ela não pôde implicar comigo, pois, Ártemis também estava acordada e preparando todas as meninas.

Acampamento Meio-Sangue, Long Island – Horário: manhã, às 08h30min A.M

Nós chegamos cedo ao Acampamento, os campistas nos receberam de braços abertos e bastante animados, provavelmente, por causa do jogo de Captura a Bandeira. Mas, eu não enxergava em nenhum lugar da multidão o rosto alegre dele, o meu menino dos olhos verdes. Tentei esticar o pescoço disfarçadamente pra ninguém notar, Taylor – que estava do meu lado – me olhou sorrindo sapeca e eu meneei a cabeça, sabendo o que ela estava pensando. Encontrei Annabeth no meio da multidão, ela estava com um sorriso enorme ao lado de um cara com os olhos verde-mar, traço compartilhado por filhos de Poseidon. Claro que ele não era mais bonito que o meu menino de olhos verdes.

―Você já viu com quem a Annabeth está? ―Taylor sussurrou e eu concordei com um aceno de cabeça, então ela acrescentou maliciosamente enquanto me dava uma cotovelada: ―Será que terminaram?Não que eu seja agourenta, mas, vai que você dá sorte.

―Você é horrível, Tay. ―retruquei brincalhona.

―Poupe-me disso, Lily. Você merece o Linguado muito mais que a Barbie Califórnia. ―Taylor respondeu cruzando os braços sobre o peito. ―Quando chegarmos à cabana, o beliche da janela é nosso e eu vou procurar pela Sra. O’Leary, ela é muito mais simpática que a sua amiga.

Outro fato interessante sobre a Taylor é: ela e Annabeth têm um histórico de ódio mútuo e brigas entre si. Em outras palavras, quando ficamos no Acampamento, Taylor fica o mais afastado de mim possível pra não precisar “respirar o mesmo ar carregado de vibe negativa” que a Annabeth. Ironicamente, Taylor adora o Percy como se ele fosse seu próprio irmão e vive conversando com o Nico, o “fantasminha camarada” como ela o apelidou.

Acampamento Meio-Sangue, Long Island – Horário: tarde, às 14h30min P.M

Já fazia horas desde que chegamos e sem sinal do Percy. Eu tentava me manter calma, mas, sentia no meu âmago que algo havia acontecido e isso me deixava aflita. Taylor tentou descobrir alguma coisa, porém, era como se o nome ‘Percy’ fosse tabu no Acampamento. Taylor até pediu ajuda ao seu sexto sentido pra ver se conseguia captar algo que pudesse explicar o que estava acontecendo. Nico ainda não estava aqui, ele era o único que não tinha medo do Tártaro para me dizer a situação sem meias-verdades.

Ártemis voltou de sua conversa com o Quíron, diferente. Parecia decepcionada e um tanto contemplativa com algo. Mas, não mencionou nada a ninguém somente avisou que estaria recolhida em seu templo pelo resto do dia. Eu decidi sair para uma caminhada e levei Sra. O’Leary comigo, na esperança de que ela pudesse farejar algo.

Estava andando pela orla da praia, não queria entrar muito no domínio do meu tio, quando vi uma cabeleira ruivo-flamejante ao longe vindo em minha direção. Era Rachel. Ela parecia extremamente séria e um tanto melancólica ao me cumprimentar.

―Thalia, eu preciso falar com você.

Estranhei sua atitude já que não somos exatamente íntimas, mas, ela estava estranha para o padrão ‘Rachel de ser’ que eu conhecia. Minha expressão devia mostrar minha confusão com seu comportamento porque ela acrescentou:

―É sobre o... Per. ―sussurrou baixinho e entre dentes como se dizer o nome aquilo lhe causasse dor.

Eu arregalei meus olhos antes de segui-la. Ela me levou até sua caverna, onde me entregou uma carta selada, e eu franzi o cenho encarando o objeto. Então segurei em seu braço enquanto a devolvia o envelope e a perguntava:

―O que é isso, Rachel?

―É uma carta que ele me pediu pra te entregar assim que você voltasse aqui novamente. É importante. ―disse pesarosa enquanto se desvencilhava de mim. ―Eu sinto muito, Thalia.

―Por favor, Rachel. O que está acontecendo?Cadê o Percy?Por que o Acampamento inteiro não fala sobre isso?

Rachel me encarou com olhos suplicantes enquanto molhava os lábios repetidas vezes e tentava falar sem sucesso. Eu senti que ela queria me contar, mas, algo a impedia. Eu entrei em pânico internamente.

―Eu juro que eu queria poder falar, mas, Quíron proibiu qualquer comentário sobre o incidente. Eu estou atada às minhas promessas, Thalia. Eu realmente queria poder melhorar a situação. ―ela disse com um sorriso triste e expressão agridoce. ―Eu cumpri minha promessa a ele. Eu te entreguei o que era necessário. Só não se esqueça: Você ainda vai ser muito feliz. O amor supera muitas barreiras. ―explicou e saiu da caverna com Sra. O’Leary, dando-me privacidade.

O lacre da carta era diferente dos que eu já havia visto, era um lacre de cera com um brasão estranho. Era um escudo com dois machados de lâmina dupla cruzados e um lobo embaixo. Abri a carta com as mãos trêmulas, temerosa com o que podia estar escrito. Ao ler o primeiro parágrafo, meus olhos se arregalaram e eu levei minha mão direita à boca em horror mudo.


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Notas finais do capítulo

No próximo capítulo, teremos alguns momentos íntimos entre nosso deus da trapaça, a doce Encantor e a mãe de Loki, além de pistas acerca da história entre os deuses nórdicos e os gigantes de gelo, também teremos dicas sobre o passado de Gaia e Kronos durante o governo de Urano.
Por isso, não perca as próximas novidades no Capítulo Nove – Passados conturbados.
Até a próxima.
Abraços da Lorem Lunar.



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