Fique Comigo escrita por Mariii


Capítulo 7
Viva




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Os dois dias que faltavam para que o recesso acabasse passou de forma mais rápida para Molly agora que ela tinha a companhia de Sherlock. Ele passou a noite na casa dela no primeiro dia em que a visitou e A Sra. Hooper ficou tão feliz em vê-la finalmente conversando com alguém que não se importou.

Molly voltou para o quarto com a notícia que ele podia ficar e com algumas roupas que sua vó tinha arrumado não se sabe de onde. Ela sentou-se na cama com as pernas cruzadas e esperou até que Sherlock saísse do banheiro e, quando ele o fez, também sentou-se na cama de frente para ela.

– Eu tirei algumas fotos e fiz alguns desenhos, Molly. Não sei se você está pronta para ver, porém seria importante. Não precisa ver as fotos, os desenhos estão mais amenos e vão mostrar o que eu quero que você veja, de qualquer forma.

Um arrepio percorreu a espinha de Molly. Ela tinha visto Sherlock desenhar e sabia o quão realista parecia, será que estava pronta para ver isso? Provavelmente ele tinha desenhado o que viu quando foi até o camarim e entrou no necrotério. Respirou fundo, se queria ajudar a provar a inocência de Anne e achar que tinha feito isso com ela, precisaria encarar certas coisas. Por fim, assentiu para ele.

– Eu quero ver... Os desenhos! - Ela se apressou em dizer, por enquanto as fotos estavam fora de cogitação.

Olhou enquanto ele se levantava e pegava o caderno em sua mochila, voltava e sentava-se ao seu lado na cama. Sherlock começou a mostrar os desenhos que indicavam os detalhes suspeitos que ele havia identificado. O copo de água quebrado no chão, itens de maquiagem virados, marcar no carpete e na última, manchas no braço de Anne.

Molly ficou um pouco abalada, mas não tanto quando imaginava. A vontade de vingar Anne era tão grande que superava a sensação de "rever" a cena.

– Por que quem fez isso não arrumou essas coisas?

– Não tenho certeza ainda. Pode ser porque ficaria artificial, principalmente quanto ao copo, por falta de tempo ou porque achou que não levantaria suspeitas. Excesso de confiança, talvez.

Ela assente. Estavam no escuro ainda e isso dava medo nela. Precisariam que outro crime ocorresse para que tivessem mais pistas? De repente ela se sentiu muito cansada de tudo e a tristeza a abateu novamente.

– Podemos ir dormir, Sherlock? Nós continuamos a conversa amanhã...

Ele concorda e desce da cama, deitando-se no colchão que Molly e a Sra. Hooper haviam arrumado para ele.

No escuro, Molly não conseguia dormir. Aliás, ela não tinha dormido direito nenhum dia, exceto quando tomara calmantes no hospital. E quando as luzes se apagavam, as imagens vinham como um filme em sua mente, principalmente agora, após os desenhos.

Sem perceber exatamente o que estava fazendo, Molly abaixou sua mão, procurando a de Sherlock. Quando a encontrou e a segurou, sentiu o corpo dele retesar por algum tempo, mesmo assim ela entrelaçou os dedos no dele e esperou. Quando ela já estava quase deixando-o, ele pareceu relaxar e retribuiu o carinho, apertando suavemente a mão dela.

Ficaram assim, com os dedos entrelaçados e não disseram nada. Um novo sentimento começou a dividir espaço com a tristeza que Molly sentia. Trazia calor para seus dias de inverno e parecia abraçar toda sua dor, confortando-a. O vazio que sentia parecia menor assim. Ela se lembrou de que tinha decidido ir atrás dele no dia em que encontrara Anne morta, e ela tentaria fazer com que algo acontecesse ou pelo menos que eles ficassem mais próximos. Todos os planos tinham ido por água abaixo e Molly nem tinha pensado mais em Sherlock até que ele apareceu em seu quarto. E agora ali estavam eles, de repente com mais proximidade do que ela imaginou conseguir naquele dia que parecia tão distante agora.

Sentia o calor que vinha da mão dele e isso fazia todo seu corpo ser aquecido. Teve um impulso de abraçá-lo, porque parecia que assim toda sua dor iria embora, mas sabia que isso era um passo maior do que ela poderia dar, ao menos por enquanto.

Agora que seus olhos se acostumaram à escuridão, ela conseguia ver o contorno de Sherlock. Não via exatamente seus olhos, mas tinha a impressão que ele também olhava para ela. Ficou assim até dormir, vencida pela exaustão de dias sem dormir quase nada e envolvida na paz que a situação estava dando-lhe.

Sonhou com Anne nessa noite. Ela caminhava por um extenso gramado e por vezes virava para olhar Molly e sorria. Parecia a mesma Anne de sempre... Feliz.

– Vamos, Molls! Aposto que você não consegue me alcançar!

Então ela corria, para longe de Molly. Sempre mais longe. Molly nunca conseguia alcançá-la.

– Anne... Por favor...

Ela para, ainda longe de Molly. O sorriso dela é radiante.

– Não pare, Molls. Viva!

Molly acordou de repente, com a palavra “viva” ecoando em sua cabeça. Sentia ainda mais saudades de Anne agora, e percebeu algumas lágrimas se formando em seus olhos. Olhou para baixo e respirou aliviada ao ver que era real o fato de Sherlock estar ali. Em algum momento durante a noite eles tinham soltado as mãos.

Ficou algum tempo na cama. Depois que se sentiu melhor, percebeu que estava com fome. Não se lembrava da última vez que tinha se alimentado, então levantou o mais silenciosamente que pode e foi até a cozinha. Pegou um suco na geladeira e algumas bolachas no armário, e sentou-se na bancada para comer.

Sua vida tinha mudado de uma forma avassaladora e era nisso que ela pensava enquanto comia. Molly ficou um bom tempo ali, pensando em tudo que tinha acontecido em tão pouco tempo. Às vezes a dor em seu peito era tão forte que ela sentia que iria morrer também. Quando ela menos esperava, alguma imagem de Anne aparecia em sua cabeça e seu coração apertava. Sacudiu a cabeça, querendo afastar esses pensamentos e decidiu que era hora de voltar para o quarto.

Achou que tinha feito silêncio o suficiente, mas quando deitou na cama se assustou com a voz de Sherlock.

– Está tudo bem, Molly?

– Oh... Sim... Eu só estava com fome.

Molly se ajeitou na cama e dessa vez fora ela quem se surpreendeu quando a mão de Sherlock buscou a dela e os dedos foram entrelaçados novamente.


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Notas finais do capítulo

Sherlock de "Perdidos" dando uma passada tímida pela fic... hauahauahaua

=*



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