¿Que nos está pasando? escrita por Duda


Capítulo 25
Estou falando de nós - Final


Notas iniciais do capítulo

E aí, gente?
Eu ia escrever um final alternativo, mas, sinceramente, fiquei com um pouco de preguiça, hehe. Bom, eu, realmente, não sabia o que fazer com esse capítulo e não fazia ideia de como acabar com essa fic. Eu sempre penso em morte pra acabar, mas eu nunca sigo o que eu penso, haha. Acho que ficou um capítulo leve, sem muito mimimi, e aí... Espero que gostem.
Hm, mais uma vez, eu tive leitoras lindas, que me fizeram muito feliz com seus comentários e tal. Só tenho a agradecer por terem acompanhado isso aqui até o fim. Sério. Muito obrigada. Vocês são demais.
Acho que, de vez, foi minha última fic, meninas, mas se precisarem de algo, trocar uma ideia, sei lá, me chamem no twitter, @dudinsk_
Enfim, boa leitura, gente, e mais uma vez, obrigada.

(Ah, eu não revisei, portanto, qualquer erro ou se não entenderem algo, me avisem)



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(cont.)

– Vem – Angeles pegou a mão de German e puxou-o até o sofá. Os dois sentaram e encararam-se seriamente – Falar de nós ainda te assusta? – Ela murmurou.

– Um pouco – Ele disse calmamente.

– Mas é necessário.

– Eu sei – Sussurrou.

Angeles respirou fundo e segurou a mão dele.

– No mês passado, Diego foi ao hospital me ver e acabamos conversando sobre você – Ela sorriu discretamente – Eu até que tentei, mas ninguém me deixou esquecer você – German sorriu sem mostrar os dentes. Angeles suspirou e ficou séria – Ele me contou sobre a Maria – German ficou sério e abaixou a cabeça.

– E você ficou brava pelo que eu fiz, certo? – Olhou-a.

– Não – Ela murmurou – Eu fiquei... – Olhou ao redor – Eu não sei explicar – Encarou-o – Eu fiquei chateada por você e essa situação, fiquei com ódio da Maria, mas, ao mesmo tempo, eu percebi que você fez por mim algo que eu pensei que nunca seria capaz de fazer.

– O quê?

– Deixou o seu orgulho de lado. German, nós dois sabemos o quanto você é orgulhoso – Ele assentiu e abaixou a cabeça – Eu imagino o quanto isto deve ter sido difícil para você. Você sabe que não precisava fazer isto – German olhou-a.

– Não precisava? – Ele suspirou – Angeles, você precisava do sangue e, em uma semana, não encontramos ninguém, eu não podia ficar parado. Enrique me deu o número da Maria e disse que era um número antigo, por sorte ela atendeu. Eu nem sabia se ela era compatível, mas eu tinha que tentar de tudo.

– O que eu não entendo é essa necessidade que você tem de cuidar de mim e me proteger.

– Eu não entendia também – German passou a acariciar o rosto de Angeles – Até perceber que era amor – Ele balançou a cabeça – Tudo isso é porque eu te amo. Eu fiquei tanto tempo sem o amor de uma mulher que, quando você apareceu, meu coração se encheu de uma vez só, foi intenso e rápido. Eu passei a agir por impulso e, em algumas situações, isso foi bom e, em outras, não. Foi ótimo tê-la beijado no baile de máscaras e foi péssimo ter aparecido na igreja no dia do seu casamento – Ele suspirou profundamente – Me perdoa por isto?

Angeles segurou o colarinho da camisa dele, aproximou seu rosto ao dele e iniciou um beijo suave. German colocou a mão esquerda na cintura dela e a mão direita permaneceu no rosto. Foi um beijo longo e carinhoso, do início ao fim. Os dois afastaram os rostos.

– Eu te amo – Ela sussurrou.

– Eu te amo – Ele também o fez.

– Sabe que Diego me fez perceber uma coisa?

– É? O quê?

– Ele me fez enxergar que seria um desperdício não viver um amor como o nosso – Os dois sorriram sem mostrar os dentes – Nós já passamos por tantas coisas, chega de sofrer, não acha?

– Acho – Ele murmurou e ficou sério – Mas o maior sofrimento quem causou fui eu e... Eu tenho medo de que você sofra ainda mais por minha causa.

– German, pode ser que eu sofra, mas também pode ser que você sofra. Todo mundo comete erros e acaba machucando alguém em algum momento. Você sabe que a vida é assim.

– Eu sei, mas eu já te machuquei tanto que tenho medo de fazer mais uma burrada que faça você se esgotar e se afastar de vez de mim.

– Eu também tenho medo, mas nós nunca saberemos se não tentarmos – German suspirou – É por isso que eu tenho uma proposta – Ele arqueou uma sobrancelha.

– Que proposta?

– Por que não vamos com calma? Como se tivéssemos acabado nos conhecer. Começamos com uma amizade... Colorida – Os dois sorriram – E deixamos o tempo nos mostrar o que fazer. Sem forçar nada. O que acha?

– Você é maravilhosa, sabia? – German murmurou.

Angeles enrubesceu e abriu um sorriso.

– Sério, me diz o que acha?

– Acho ótimo, – German acariciava o rosto de Angeles – porque você está me dando mais uma chance de estar ao seu lado e, desta vez, eu não vou jogá-la fora.

Angeles deu um selinho demorado em German e depois os dois ficaram se encarando profundamente.

– German, – Ela cortou o silêncio e desviou o olhar – como está com a Violetta? – Ela o encarou.

– Ela está ficando com a dona Margô, até eu conseguir algum lugar fixo para morar.

– Você a vê com frequência? – Ele respirou fundo e abaixou a cabeça.

– Eu tenho trabalhado bastante, não tenho tido tempo – Olhou-a – Eu não sei se vou saber lidar com uma criança, mas eu tenho o dever de aprender.

– Você não está sozinho – Ela murmurou.

– Eu sei – Ele sussurrou e olhou para o chão – Eu sempre amei Violetta, sempre senti uma conexão forte com ela. Eu me apeguei a ela de um jeito que nunca havia me apegado antes a outra criança, era como se ela fosse parte de mim – Olhou para Angeles com os olhos molhados – Quer saber o motivo pelo qual eu não estava bem antes do acidente? – Ela assentiu – Eu descobri, por meio de uma carta do meu pai, que Violetta não foi deixada na porta dele por acaso. Eu sou o pai dela – Angeles entreabriu a boca e German abaixou a cabeça. Ela segurou a mão direita dele entre as suas.

– E-Eu não sei o que dizer – Ela murmurou.

– Eu não sei o que fazer – Ele disse angustiado e encarou Angeles – Eu não sei se eu digo a verdade a ela ou se deixo como está.

– Você tem que dizer – Ela sussurrou – Mas talvez agora não seja o melhor momento, German – Ele abaixou a cabeça. Ela passou o braço direito pelos ombros dele e depositou um beijo em sua cabeça – Nós vamos encontrar uma solução, amor.

German olhou-a e sorriu sem mostrar os dentes.

– Eu espero que sim.

**

Um ano depois

– German, não está dando para mim – Angeles murmurou enquanto jantavam em um restaurando luxuoso de Buenos Aires – Eu não quero continuar com isto – Disse seriamente e German franziu o cenho.

– Como assim?

– Eu estou confusa – Ele arqueou uma sobrancelha.

– Até semana passada você estava dizendo que me ama. O que aconteceu de lá para cá?

– Esse é o problema, não aconteceu nada – Angeles disse alto e respirou fundo. Balançou a cabeça e desviou o olhar – Eu não estou confusa sobre o que sinto por você – Olhou-o – Estou confusa sobre essa relação que nós temos – German recostou-se na cadeira e afrouxou a gravata – Não afrouxa a merda da gravata. Eu odeio quando você faz isto enquanto estamos discutindo.

– O que você quer de mim? – Ele perguntou secamente.

– Eu quero algo definido – Angeles bufou – Às vezes parece que somos apenas amigos com algumas coisas a mais, mas só isso.

– E nós não somos apenas amigos? – German falou alto – Não foi isso o que você propôs? – Angeles revirou os olhos.

– Você entendeu tudo errado, idiota – Ela se levantou e se dirigiu à porta.

German deixou um dinheiro na mesa e foi, apressadamente, atrás dela. Os dois saíram do restaurante e continuaram discutindo na rua.

– Fui eu que entendi tudo errado, garota?

– Não me chama de garota, você sabe que eu odeio.

– Não me interessa – German disse alto e rispidamente – Não venha me dizer que eu entendi tudo errado, porque a questão não é esta. Eu sabia que a intenção era começarmos algo como duas pessoas normais começam. Primeiro a droga de uma amizade e depois algo mais sério. Eu entendi muito bem, quem não entendeu foi você, que, quando eu pedi em namoro, recusou dizendo que ainda era cedo.

– Você me pediu em namoro em um momento de euforia – Angeles gritou – Eu não estava segura se era isso mesmo que você queria e tenho certeza que você também não estava – German franziu o cenho.

– Talvez eu tenha feito o pedido por impulso sim, – Ele acalmou-se – mas eu tinha certeza de que era o que eu queria – Ele respirou fundo e colocou as mãos no quadril – Não venha me culpar pela forma como estamos agora, Angie – German olhava profundamente para os olhos de Angeles – Eu estou seguro do que eu quero, já você eu não sei. Se nunca vai ser capaz de confiar em mim, então eu não sei qual é o sentido de estarmos forçando a barra.

– Eu não disse que não confio em você.

– Tem coisas que não precisam ser ditas. Você não aceitou algo mais sério por um motivo e eu sei que esse motivo é medo de sofrer.

– German, não tem nada a ver com medo. Eu confio em você. A questão é outra – Angeles suspirou profundamente – A questão é que a nossa situação está acomodada demais.

– E não está bom assim? – Ela fechou os olhos.

– Não, German – Murmurou. Balançou a cabeça e bufou – Acho melhor darmos um tempo no que quer que nós tenhamos – German olhou ao redor.

– Tem certeza? – Olhou-a.

– Sim.

German assentiu e encolheu os ombros.

– Você é quem sabe – Disse secamente – Vou levá-la para casa – Engoliu em seco – Para sua casa.

O caminho até o apartamento de Angeles foi silencioso. Ao chegarem, ambos se encararam e trocaram um olhar triste. Ela deu um beijo demorado na bochecha de German e saiu, sem dizer nada, do carro. German suspirou e ficou olhando para o espaço que Angeles ocupara. Por fim, deu partida no carro, rumo ao apartamento que alugara para poder viver com Violetta.

German estava se saindo bem com Violetta, sobretudo, porque Angeles estava lá para ajudá-lo. Os três sempre passavam todos os fins de semana inteiros juntos. Já eram praticamente uma família. Mas haviam, ainda, coisas a serem resolvidas. Angeles já vinha há um tempo insistindo para que German contasse a verdade sobre ser o pai de Violetta à garota, mas German não reagia. Assim como ele não reagia sobre o fato de, finalmente, ter algo sério com Angeles. Parecia que toda aquela situação estava cômoda para ele. Só que algo tinha que fazê-lo acordar.

O mês que se seguiu foi tranquilo, mas German não parava de pensar em Angeles. Ficar sem ela deixava tudo mais difícil e chato. No entanto, ficar sem ela o fez perceber que ele precisava reagir e resolver todas as coisas da sua própria que ainda precisavam ser resolvidas. No caso, falar a verdade para Violetta.

(Quarta-feira)

Oi, German – Angeles disse calmamente do outro lado da linha.

– Oi – German disse baixo – Está bem?

Sim – Ela respondeu monotonamente – E você?

– Bem – Ele respondeu da mesma forma.

Os dois ficaram quietos.

E então... Aconteceu alguma coisa? – Angeles perguntou.

– Precisa acontecer alguma coisa para eu poder escutar sua voz? – German murmurou e ela ficou quieta – Sinto sua falta, Angie.

Sinto sua falta também.

Mais uma vez, silêncio.

– Eu pensei bastante durante esse tempo em que estamos afastados, sabia?

Ah é? E no que pensou?

– Eu decidi contar a verdade para Violetta.

Fico feliz por você, German – Angeles disse baixo e sem muita animação na voz.

German teve certeza que ela pensara que fosse algo sobre os dois. Ele havia pensado muito sobre os dois também, mas não era o momento de ter uma conversa sobre isto.

– Obrigado.

Quando vai contar?

– Eu não sei – Murmurou – Mas você pode estar aqui quando eu conversar com Violetta?

É importante que eu esteja aí?

– Você sabe que sim, Angie.

Tudo bem.

– Obrigado.

Não tem o que agradecer – Angeles respirou fundo – Eu preciso desligar, German.

– Tudo bem.

Até mais.

– Até.

German desligou o celular e olhou para o papel de parede dele. Ele, Violetta e Angeles. Ele sorriu sem mostrar os dentes. Levantou do sofá e caminhou até o quarto de Violetta. Abriu a porta e percebeu que a garota já dormia. Entrou, depositou um beijo na testa dela e saiu. No sábado, ele falaria com ela.

(Sábado)

German abriu um sorriso de orelha a orelha ao ver Angeles parada na porta de seu apartamento. Angeles, por sua vez, sorriu sem mostrar os dentes. German tirou o sorriso do rosto.

– Oi – Ela murmurou.

– Eu estou com tanta saudade de você que eu te daria um abraço se não sentisse que você está chateada comigo – Ele disse baixo.

Angeles entrou no apartamento e German fechou a porta. Os dois ficaram de frente um para o outro.

– Se eu estou chateada com você, é um bom motivo para você me abraçar.

German sorriu discretamente e aproximou-se de Angeles. Abraçou-a o mais forte que pôde e ela correspondeu.

– Como estão as coisas? – Ele perguntou e, muito a contragosto, afastou-se.

– Estão bem. Peguei um caso parecido com o de Conti. Lembra dele? – German ficou sério.

– Lembro muito bem.

– Fique tranquilo. É um caso bem mais simples, German.

– Você também achava o caso Conti simples.

– É – Angeles abriu um sorriso arteiro – Mas o caso Conti eu peguei mais para te provocar – German sorriu.

– Eu sempre soube!

– Oi, Angie – Violetta apareceu na sala e correu para abraçar Angeles – Você sumiu! Aconteceu alguma coisa? – As duas se afastaram.

– Não acontece nadinha, Vilu – Angeles curvou o corpo e tocou a ponta do dedo indicador na ponta do nariz de Violetta – Você está bem?

– Muito bem, mas... – Ela aproximou a boca do ouvido de Angeles e cochichou: – O tio German disse que precisa falar comigo e eu sinto que é para me dar uma bronca.

– Não é, Vilu – Angeles disse baixo e seriamente – É uma coisa séria.

– Ah é? – Violetta enrugou a testa e encarou German – O que é, tio German? – Ele encarou Angeles, demonstrando que, sem ela, ele não conseguiria.

– Por que não nos sentamos? – Angeles sugeriu.

Os três aproximaram-se do sofá. Angeles e Violetta sentaram uma ao lado da outra e German sentou na mesinha de centro, de frente para as duas.

– Vilu, – Angeles disse – German precisa te dizer algo muito importante. Não é uma notícia ruim, mas é algo que talvez cause um pouco de conflito dentro de você. Só que é algo que você precisa saber agora.

– Tudo bem – Violetta murmurou.

– Antes de tudo, – German começou e a garota olhou-o – eu preciso que saiba que você só vai saber disto agora porque eu descobri há pouco tempo, tudo bem?

– Sim, diga logo, tio German – Violetta murmurou.

German lançou um breve olhar à Angeles, ao que ela deu um sorriso discreto.

– É... – Ele encarou Violetta – Você sabe o que aconteceu quando você o seu avô te adotou, não sabe?

– Sim, minha mãe me deixou na porta do vovô – Ela respondeu baixo.

– Isso – Ele desviou o olhar – É que... Nós descobrimos quem é ela – German olhou-a.

Violetta entreabriu a boca e piscou rapidamente várias vezes. Ele estendeu a mão e acariciou o rosto da garota.

– Como ela é? – A voz de Violetta saiu falhada.

– É muito bonita – Angeles interveio e Violetta olhou-a.

– Você a conhece, Angie? – Angeles assentiu – Ela é legal? Ela é parecida com você? Ou com a dona Margô?

Eram as duas referências femininas mais importantes na vida de Violetta, então ela desejava que a mãe dela fosse como uma das duas.

– Sua mãe está longe de se parecer com a Angie ou com a dona Margô – German soltou sem querer e soou friamente. Ele fechou os olhos com força e abaixou a cabeça – Desculpa – Olhou para Violetta e os olhos dela estavam cheios de água. Ele respirou fundo e abraçou-o – Desculpa, eu não quis dizer isto.

– Por que disse isto? – Violetta perguntou baixo – Ela é tão ruim assim? – A voz saiu embargada.

German afastou-se para olhá-la e ficou segurando o rosto dela com as duas mãos.

– Eu não sei como ela seria com você, – Ele murmurou – mas eu a conheci um dia e ela me decepcionou muito.

– Você a conheceu? – German assentiu – Quando?

– Há muitos anos.

– E faz tempo que ela te decepcionou?

– Sim.

Violetta desviou o olhar.

– Talvez ela tenha mudado – Encarou German. Ele engoliu em seco e assentiu.

– Talvez.

– Eu posso conhecê-la? – German tirou as mãos do rosto dela e cruzou os braços. Respirou profundamente e olhou para o chão – Você fica chateado, tio German? – Ela a olhou.

– Não, meu anjo – Murmurou – É que eu não sei onde ela está – Violetta assentiu e abaixou a cabeça – Mas eu sei onde seu pai está – A garota olhou-o, com os olhinhos molhados e o semblante surpreso.

– Você o conhece? – Perguntou cabisbaixa.

– Sim – German murmurou.

– Como ele é? – Ele abriu a boca para falar, mas não conseguiu dizer nada.

– É um homem bom, pequena – Angeles interveio e Violetta olhou-a. German também o fez.

– Se parece com o tio German? Ou com o vovô? – German inspirou profundamente, seus olhos lacrimejaram e ele abriu um sorriso.

– Lembra muito o tio German – Violetta olhou-o e sorriu – É o tipo de homem que faria de tudo para vê-la bem, que arriscaria a própria vida para que nada acontecesse com você – A garota encarou Angeles – É um homem maravilhoso – Angeles sorriu discretamente – Além de tudo, é muito bonito. Vocês se parecem, sabia?

– É? – Violetta perguntou animada.

– Sim. O olhar dos dois é muito parecido e alguns trejeitos também.

Violetta ficou séria de repente e desviou o olhar.

– Angie, se ele é tão bom como você está falando, por que ele nunca me procurou?

– Porque ele não sabia, Vilu – Violetta olhou para Angeles – Seu pai não teve culpa de nada. Acho que ele foi tão vítima quanto você.

– Como você o conhece tão bem?

Angeles sorriu sem mostrar os dentes.

– É uma longa história.

– Me conta, Angie.

Angeles suspirou e olhou para German, que sorria discretamente para ela. Ela voltou a olhar para Violetta.

– Uma vez ele me deu um emprego, no escritório dele, e aí eu acabei me apaixonando por ele – Violetta ficou boquiaberta.

– Sério?

– Uhum.

– Mas você sabia que ele era meu pai?

– Não.

Violetta assentiu.

– Eu pensei que a história fosse longe, Angie.

Angeles soltou um riso abafado.

– A minha história com o seu pai é longa, Vilu. Eu o amo muito – Violetta franziu o cenho.

– Eu pensei que amasse o tio German.

– É dele que nós estamos falando – Angeles murmurou.

– Não, nós estamos falando do... – Violetta caiu em si e olhou seriamente para German – Meu pai?

German sorriu discretamente e deixou algumas lágrimas escorrerem.

– Seu pai! – Ele sussurrou – Eu sou seu pai, Violetta.

– C-Como? – Violetta desviou o olhar, tentando processar aquela notícia.

German pegou as mãos de Violetta e guardou-as entre as suas.

– Sua mãe e eu tivemos um relacionamento há muitos anos – Ele balbuciou – Mas eu nunca soube que ela havia engravidado – Ele iniciou um choro silencioso – Eu não sabia que tinha uma filha até pouco tempo – Violetta olhou-o.

A garota passou a mão, delicadamente, pelo rosto de German.

– Eu não posso mais te chamar de tio German, né?

Ele sorriu.

– Você pode me chamar como quiser, meu anjo. Eu não vou cobrar que você me chame de pai, mas eu quero que você se sinta minha filha.

– Eu sempre me senti sua filha.

German passou a mão pela cabeça de Violetta e depositou um beijo carinhoso em sua testa. Olhou-a profundamente.

– Eu te amo, minha filha – German disse todo orgulhoso e a abraçou.

Angeles levantou-se e saiu discretamente, deixando German sozinho com Violetta. Eles conversaram por mais algumas horas e, então, Violetta foi para o próprio quarto. German levantou-se e caminhou até seu quarto. Ele encostou no batente da porta e olhou diretamente para sua cama. Angeles estava lá, deitada, e dormia tranquilamente. Ele sorriu sem mostrar os dentes, caminhou até a cama e parou ao lado de Angeles. Ele abaixou-se, colocou o joelho esquerdo no chão e apoiou o braço esquerdo na cama. Ficou observando Angeles. Cada traço de seu rosto, a sua respiração tranquila, seu semblante sereno. Depois de tanto tempo, seu coração ainda batia rapidamente quando estava com ela. Ele ergueu a mão e retirou uma mecha de cabelo que caía pelo rosto de Angeles. Ela abriu os olhos devagar e sorriu sem mostrar os dentes.

– Eu vim pegar algumas coisas e... – Levou as mãos ao rosto e esfregou os olhos – Acabei pegando no sono – Ela olhou para German.

– Não tem problema. Essa cama é sua – Ele murmurou.

– É? – Ele assentiu e desviou o olhar.

– Eu andei pensando e...

– Sim – Angeles interrompeu-o e German olhou-a – Você disse. Pensou sobre contar a verdade à Violetta.

– É mas, além disto, eu pensei sobre nós.

– Pensou? – Ele assentiu – Em quê?

German pegou uma das mãos de Angeles e passou a acariciá-la.

– Nós discutimos bastante, não é?

– Com a frequência que um casal normal discute – Ela desviou o olhar – Mas a questão é que não chegamos a ser um casal – Olhou para German, que sorria.

– Isso é, realmente, tão importante?

– Eu só queria saber o que é que nós temos, German.

– Para que rotular, Angie? O que nós temos é amor – Angeles bufou e desviou o olhar. German sorriu mais – Eu adoro quando você fica brava, sabia?

– Eu não.

German esperou um pouco e continuou.

– Olhe para mim – Angeles o fez – Eu quero que preste atenção no que eu vou falar – Ela assentiu. Ele ficou sério, engoliu em seco e continuou: – A nossa história, desde o início, foi complicada. Nós dois sofremos muito e por minha culpa. Quando você me propôs que começássemos como amigos, eu tive medo. Tive medo de, mais uma vez, fazer você sofrer. Mas aí os dias foram passando e tudo estava perfeito. Nossas discussões sempre terminavam bem e não exigíamos muito um do outro. Estava cômodo. Nós aprendemos a nos compreender, Angie. Quando eu a pedi em namoro, pensei que já estávamos preparados e fiquei chateado por sua resposta. Isso me acovardou – Ele disse com cautela – Não estou culpando você, mas é que eu pensei: “então, quando será o momento certo?”. A questão é que eu entendi que cada pessoa tem o seu próprio momento e, talvez, naquela época, ainda não estivéssemos prontos. Eu passei a acreditar que não estava pronto para ter um relacionamento sério, mas aí eu me perguntei: “e quando é que eu estarei pronto?” – Ele encolheu os ombros – Nós nunca estaremos prontos, mas não é isso o que importa. Se não nos arriscarmos algumas vezes, nós nunca saberemos o que teria acontecido. Eu amo você e tenho a certeza de que você é a única mulher com quem eu quero ficar para o resto da minha vida – Ele sorriu discretamente – Por isso, eu tomei uma decisão.

– Qual?

German retirou uma caixinha do bolso, abriu-a e ergueu em frente a Angeles. Os olhos dela lacrimejaram.

– Casa comigo, meu amor?

Angeles levou a mão ao rosto de German e abriu um sorriso.

– Eu caso! – Deixou algumas lágrimas escorrerem.

German colocou o anel no dedo de Angeles. Levantou-se e, cuidadosamente, jogou-se em cima de Angeles, para abraçá-la. Ela soltou uma risada gostosa e abraçou-o. Ele girou o corpo e Angeles ficou por cima. Ela apoiou os antebraços no peitoral dele e ficou olhando-o. German ergueu as mãos e acarinhou o rosto de Angeles.

– Você sabe que é o amor da minha vida, não sabe? – Ele murmurou seriamente – Eu acho que, durante toda a minha vida, eu precisei de alguém como você. Obrigado por ter aparecido e por não ter desistido de mim.

– A gente não desiste de quem ama, German. Às vezes, sentimos uma vontade enorme de desistir e até achamos que é possível fazê-lo, mas sempre há algo que nos faz continuar.

– O amor... – Ele sussurrou e ela assentiu.

– O amor!

Os dois sorriram e beijaram-se intensamente. Após um tempo, Angeles afastou-se um pouco, deixou o corpo cair ao lado de German e deitou a cabeça em seu peito. German deu um beijo na testa dela e suspirou.

– Agora tudo vai ficar bem...


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Notas finais do capítulo

E aí?