¿Que nos está pasando? escrita por Duda


Capítulo 15
Eu te amo, German


Notas iniciais do capítulo

Hi girls, desculpem a demora.
Os dias tem sido corridos e o fim do semestre se aproxima, tende a piorar :(

Então, gente, é o seguinte... A primeira parte da história está quase no fim. Talvez falte ainda um ou dois capítulos, não sei. Mas relaxem, porque ainda tem mais uma parte.

Enfim, boa leitura.



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Angeles entrou na casa furiosa. Violetta, que estava em frente a lareira, olhou-a e estranhou. Ela caminhou até a cozinha, onde Olga cozinhava, pegou um copo, encheu-o de água e tomou rapidamente.

–Você está bem, menina? – Olga perguntou.

– Sim – Angeles sorriu sem mostrar os dentes e aproximou-se de Olga – Desculpe... O German não me apresentou – Ela estendeu a mão – Meu nome é Angeles – Olga cumprimentou-a e sorriu.

– O meu é Olga. Seja bem-vinda à fazenda.

– Obrigada – Angeles respirou fundo – A senhora vive sozinha aqui?

– Não. Eu vivo aqui com o meu marido, Ramallo. Ele é caseiro da fazenda. É que ele precisou viajar para comprar algumas coisas para a fazenda.

– Vocês não tem filhos?

– Não – Olga encolheu os ombros – Eu tinha um afeto muito grande pelo German, principalmente quando a mãe dele começou a ficar doente – Ela franziu o cenho – Você sabe toda a história? – Angeles negou.

– Eu e o German não temos um bom relacionamento, ele não confia em mim.

– Hm – Olga bufou – O German mudou bastante – Ela olhou para o chão – Eu não o via desde que a mãe dele faleceu e parece que ele nem sentiu minha falta – Ela encarou Angeles – Mas eu sei que não é isto. Eu conheço o German. Ele não queria ter voltado pra cá, eu nem sei porque decidiu vir. Estar aqui desperta todo o sofrimento que ele passou.

– Ele não vai ficar por muito tempo – Angeles murmurou – Ele disse para Violetta que só ficará esta semana – Ela disse cabisbaixa e desviou o olhar.

– Você queria que ele ficasse?

– Para ser bem sincera – Angeles olhou-a – Sim – Ela soltou um risinho anasalado – Talvez ele tenha razão quando diz que eu sou ingênua, porque eu insisto em acreditar que as coisas podem ser diferentes – Olga abriu um sorriso arteiro.

– Você o ama? – Angeles bufou.

– Não é isto, é que... – Olga abriu mais o sorriso e abraçou Angeles, ao que esta franziu o cenho.

– Insista, menina. As coisas podem mudar sim – Olga afastou-se – O German precisa ser feliz.

– Eu sei, mas...

Angeles parou de falar ao escutar German quase gritando com alguém. Ela saiu da cozinha, seguida por Olga, e caminhou até onde ele estava, no quarto que era de sua mãe.

– (…) responde, Violetta, o que está fazendo aqui? – A garota chorava.

– O tio Matias disse que tinha um teclado aqui – Ela balbuciou – Eu pensei que não teria problema se...

– Tem problema, sim – German disse rispidamente – Ninguém entra aqui, entendeu? – Gritou. Violetta assentiu de cabeça baixa – Sai daqui, vai brincar em outro lugar.

Violetta saiu apressadamente. German olhou para a porta e lá estava Angeles e Olga. Ambas olhavam-no com certa indignação e ele ofegava.

– Olga, posso falar com ele a sós? – Olga olhou-a.

– Eu não quero falar com você agora – German disse secamente.

– Boa sorte, menina – Olga murmurou e retirou-se.

Angeles entrou no quarto e fechou a porta.

– Eu sei o que você vai dizer e eu não quero escutar – Ele disse alto – Eu quero ficar sozinho – Ele gritou, virou-se furioso e chutou o pé da cama.

– German, você nunca tratou a Violetta assim. O que está acontecendo?

– Não está acontecendo nada – Ele virou-se e berrou. Ela assustou-se – Parem de se intrometer na minha vida – Ele continuou berrando.

– Nós nos intrometemos porque nos preocupamos com você – Ela gritou e balançou a cabeça – Você consegue se enxergar agora? Viu a forma como tratou a pessoa que mais te ama nesse mundo? – German engoliu em seco e aproximou-se um pouco de Angeles.

– Não se meta na minha relação com a Violetta – Ele apontou o dedo para ela e gritou – Você não tem esse direito.

– Eu sei que não tenho, mas eu não posso deixar você tratá-la assim e não fazer nada.

– Isto não é problema seu.

– É sim. Eu me preocupo com ela tanto quanto você... E eu me preocupo com você também, idiota. Eu sei que você está sofrendo, mas não precisava tratá-la daquele jeito.

– Eu. Não. Estou. Sofrendo – German berrou e segurou os braços de Angeles, ao que ela se assustou – Pare de supor coisas. Você não sabe de nada. Não sabe nada sobre a vida – Ele respirava descompassadamente.

– Acalme-se, German.

– Eu não quero me acalmar!

– Você está me assustando!

German apertava os braços de Angeles e a mantinha bem próxima ao seu corpo. Os olhos dele transpassavam tristeza, embora ele só parecesse estar com raiva. Ele ficou um bom tempo encarando-a seriamente, até que se deu conta da forma como estava agindo e soltou-a. Deu um passo para trás e engoliu em seco.

– Eu quero ficar sozinho – Ele murmurou e ela assentiu.

– Fica bem – Ela disse baixo e ele respirou fundo – Eu vou conversar com a Violetta – Ela aproximou-se dele e depositou um beijo carinhoso em sua bochecha, fazendo-o fechar os olhos. Antes de partir, sussurrou: – Eu voltarei pra ver como você está – Ele abaixou a cabeça – Até mais!

(...)

Angeles saiu do quarto e caminhou até a sala. Violetta não estava lá. Saiu da casa e subiu no deck da piscina. Lá estava Violetta. Sentada na beirada da piscina, com as pernas imersas. Angeles aproximou-se e sentou-se ao lado dela. A garota chorava e fungava.

– Ei, não fica assim – Angeles murmurou e Violetta olhou-a.

– O que deu nele, Angie? Ele nunca falou comigo assim!

– Eu sei, é que ele está passando por um momento difícil, Vilu – Angeles suspirou pesadamente – Lembra uma conversa que tivemos, eu, você e ele, na qual ele disse que não sofria? – Violetta assentiu – Ele não disse a verdade – Angeles passou a mão pelo cabelo da garota – É que o tio German é daquele tipo de pessoa que reprime o que sente – Ela bufou – Ele não está bem agora, porque tudo o que ele tem tentado reprimir veio à tona – Violetta enxugou o rosto.

– Ele vai ficar bem? – A garota murmurou.

– Vai. E tenho certeza que ele vai reconhecer a forma como tratou você e vai pedir desculpas do fundo do coração dele.

Violetta assentiu, olhou para a água e balançou as pernas. Angeles deu um beijo na cabeça da garota e abraçou-a.

Angeles sentia um amor tão grande por Violetta, como se a garota fosse uma filha. Queria cuidar dela, dar carinho, mostrá-la o melhor caminho a seguir, ser um modelo para ela e apoiá-la em qualquer decisão. Não é que ela quisesse exercer o papel de mãe, é que ela não se importaria de fazê-lo.

**

No dia seguinte

German estava sentado na cama, com os cotovelos apoiados nas pernas e com os dedos das mãos fincados no cabelo. Sua cabeça estava baixa e seus olhos fechados. Angeles sentiu uma profunda dor no peito por vê-lo daquela maneira. German estava sofrendo e ela não podia fazer nada, a não ser ficar ao lado dele.

Ela aproximou-se lentamente e parou em frente a ele. Colocou a mão direita na cabeça dele e afagou-lhe o cabelo. German levantou a cabeça aos poucos e endireitou o corpo. Os olhos dele estavam molhados. Angeles não esboçou nenhuma reação mas, por dentro, estava surpresa por perceber que ele havia chorado. Ela nunca pensou que isto aconteceria. German era sempre tão... Sério e insensível.

Angeles respirou fundo e passou a acariciar o rosto dele com as duas mãos. German fechou os olhos, deixando uma lágrima escorrer, escondeu o rosto no abdome de Angeles e abraçou o quadril dela. Angeles depositou um beijo carinhoso no topo da cabeça dele e iniciou um cafuné.

– Eu estou preocupada com você – Ela sussurrou.

German respirou fundo e levantou a cabeça para olhá-la.

– Eu estou bem – Ela passou a mão pelo rosto dele.

– Eu não acredito em você.

– Porque você é teimosa.

Angeles sorriu sem mostrar os dentes. Os dois ficaram se encarando, até ficarem sérios. Ficaram quietos por um bom tempo, até Angeles cortar o silêncio.

– Quer conversar? – Angeles murmurou. German fechou os olhos e respirou fundo. Angeles suspirou e depositou um beijo carinhoso na testa de German, ao que ele a encarou – Se precisar, eu estou aqui – Ela disse baixo e tentou se afastar, mas German segurou sua mão.

Angeles olhou-o seriamente. German não precisava falar nada, os olhos dele já diziam que ele precisava dela. Pela primeira vez, depois de muito tempo, ele não queria ficar sozinho, guardando todo o sofrimento para si. Ele precisava compartilhar a dor que sentia com alguém.

Ela voltou e sentou-se ao lado dele. Passou o braço por baixo do dele e enlaçou os dedos de sua mão aos da mão dele. German a olhava séria e tristemente.

– Obrigado – A voz dele saiu falhada. Ele respirou fundo e olhou para o criado-mudo ao lado da cama, onde havia um porta retrato com uma foto em que estavam ele, o pai e a mãe – Você é tão parecida com ela – Murmurou – É doce e gentil com todas as pessoas – German encarou-a – Até com as que não merecem.

– Você sente falta dela, não é? – German olhou para o chão e assentiu.

– A morte dela foi minha culpa – Ele sussurrou.

– Por quê? – Ele encarou-a e apertou um pouco a mão dela.

– Você quer mesmo saber toda a história?

– Sim.

German engoliu em seco e abaixou a cabeça.

– Quando eu me formei na faculdade, – Ele começou calma e vagarosamente – eu fui passar um tempo na Espanha. Morei alguns anos lá – Ele olhou para as mãos, dele e de Angeles, entrelaçadas – Eu conheci uma garota. E eu me apaixonei – Ele reprovou a si mesmo com a cabeça – Eu fui tolo. Confiei em quem não deveria – Ele bufou – Meus pais sempre foram contra. Principalmente, meu pai. Minha mãe sempre a tratou bem, mas meu pai sempre deixou claro. Ele sabia o tipo de pessoa que ela era – German respirou fundo e fechou os olhos – Ela é o tipo de pessoa que... – Engoliu em seco – Que mata por dinheiro – Angeles franziu o cenho e German olhou-a com os olhos molhados. Ele suspirou pesadamente e abaixou a cabeça – Um pouco depois de irmos para Buenos Aires, minha mãe começou a ficar doente – German apertou a mão de Angeles – Pouco antes da minha mãe morrer, Maria me tirou tudo o que eu tinha conquistado sozinho. Meu dinheiro, meu carro, meu apartamento. Tudo. E fugiu. Mas o pior de tudo não foi isto – Ele fechou os olhos com força – O pior de tudo... Foi saber que minha mãe estava doente por culpa dela – German encarou Angeles e, com uma voz embargada, murmurou: – Ela envenenou a minha mãe durante todo o tempo em que estivemos juntos – Ele respirava profundamente – Eu permiti que ela fizesse isto – Ele fechou os olhos com força, deixando algumas lágrimas escorrerem. Angeles colocou a outra mão em seu rosto e encostou sua testa à dele.

– A culpa não foi sua – Ela sussurrou. German balançava a cabeça.

– Até hoje eu não entendi o porquê dela ter feito isto. Ela conseguiu o dinheiro que queria. Ela poderia ter ido embora sem precisar fazer isto.

Angeles desfez o laço da mão e o abraçou. German correspondeu sem hesitar. Ele a abraçou tão forte que os dois quase se fundiram. Ele sentia uma dor enorme no peito, mas, ao mesmo tempo, aquele abraço o proporcionara uma calmaria boa dentro de si. Após um tempo, ele soltou o ar e desfez o abraço. Enxugou o rosto rapidamente e abaixou a cabeça.

– Eu estou sendo um fraco – Murmurou e encarou Angeles.

Aqueles olhos verdes não estavam com pena e nem faziam qualquer julgamento, apenas transmitiam calma e conforto. Angeles sorriu sem mostrar os dentes.

– É necessário ser forte para aceitar o sofrimento também, German – Ela passou a mão pelo rosto dele e ele assentiu. Em seguida, suspirou e olhou para o chão.

– Depois da morte da minha mãe, eu e meu pai tivemos uma briga feia. Ele me culpou por tudo e me expulsou da casa dele – German encarou Angeles – Eu me reergui com a ajuda do Matias, do Pablo e, principalmente, da dona Margô – Angeles pegou a mão dele e acariciou-a.

– Eles te amam! – Ela murmurou e German assentiu.

– Mas parece que não foi o suficiente – German olhou para o chão – Olha no que eu me tornei.

– No quê? – Ele a olhou fixamente.

– Num homem que machuca alguém como você – Ele sussurrou. Angeles entreabriu a boca e tomou ar. German engoliu em seco e abaixou a cabeça – Mas isto não vem ao caso.

– German, eu não sou fraca ao ponto de não aguentar sofrer.

– A questão é que você não merece.

– E você merece? – German olhou-a. Angeles soltou o ar – Não, você não merece – Ela colocou as duas mãos no rosto dele e diminuiu a distância entre os dois – Você não merecia passar por tudo o que passou. Você não precisa mais sofrer por isto. Você pode deixar as coisas ruins para trás e construir um futuro feliz – Angeles olhava profundamente para aqueles olhos castanhos hipnotizantes – Basta você querer – Ela murmurou com uma entonação diferente.

– D-Do que está falando? – German sussurrou. Angeles engoliu em seco.

– Eu quero ficar do seu lado e te ajudar a esquecer o passado – Ela respirou fundo – Eu te amo, German – German entreabriu a boca e passou a ofegar.

– Não é verdade – Ele sussurrou – Seja lá o que você estiver sentindo, é passageiro – Angeles engoliu em seco e abaixou a cabeça.

– Por muitas vezes eu desejei que fosse passageiro, mas...

– Não, por favor – German murmurou suplicante e Angeles encarou-o.

– Eu não deveria ter falado isto agora, desculpa – Ele respirou fundo – Mas é que... Aconteceu, German – Ela fechou os olhos – Apesar das inúmeras vezes que você me fez sofrer, – Olhou-o – eu me apaixonei por você.

German engoliu em seco e levantou-se. Caminhou até a janela e apoiou as mãos no parapeito. Angeles levantou-se e ficou observando as costas dele.

– Desculpa... Você está sofrendo e eu estou te enchendo com uma coisa minha, que não tem importância alguma para você – Ele virou-se.

– Como não tem importância? – German balbuciou e aproximou-se de Angeles aos poucos – Com tantas pessoas boas no mundo, por que logo eu?

– Não tem uma explicação para o amor, ele apenas acontece – Ele colocou a mão no rosto dela, ao que ela fechou os olhos – Cada vez que você me toca, eu sinto um arrepio gostoso, que me faz flutuar. Cada vez que você me beija, é como se houvesse só nós dois no mundo. Cada vez que você me abraça, eu sinto uma paz enorme dentro de mim, eu me sinto segura, como se nada pudesse me fazer mal – Ela falava baixo e calmamente, enquanto ele acariciava seu rosto. Ela o encarou e respirou fundo – Eu sei que eu não deveria. Eu sei que as coisas não vão mudar. Mas, ainda assim, eu sinto que preciso estar ao seu lado.

– Você sabe que eu não vou mudar – German sussurrou.

– A essa altura do campeonato, eu já me conformei com essa ideia – Angeles sorriu. German fechou os olhos.

– Não sorri, por favor.

– Do jeito que você fala, parece que eu estou te maltratando – German olhou-a e ela ainda sorria.

– Está quase lá... – Sem perceber, ele sorriu de volta.

Aos poucos, German foi diminuindo a distância. Angeles colocou os braços em volta do pescoço de German e encostou os lábios aos dele. German colocou os braços em volta da cintura dela e grudou os corpos. Os dois iniciaram aquele beijo calmo e suave, gostoso e apaixonado. Algumas vezes, eles pausavam o beijo com dois ou três selinhos e logo voltavam. Talvez, tenha sido o beijo mais longo de suas vidas, mas é que eles não queriam se afastar um do outro. Estava bom ali.

Por fim, ambos finalizaram o beijo e encostaram as testas.

– Eu estava com saudade desse beijo – Angeles sussurrou.

– Por que você faz isto comigo? – German murmurou e acariciou o rosto dela com a mão direita.

– Porque eu te amo – Angeles sorriu e fechou os olhos – É tão bom poder admitir – German sorriu sem mostrar os dentes. O coração dele estava acelerado. Ela abriu os olhos. Após um tempo, ficou séria e suspirou pesadamente – Você está melhor?

– Sim – German sussurrou.

Não era mentira. Era incrível a capacidade que Angeles tinha de confortá-lo, era incrível a paz que ela conseguia trazer para ele.

– Você falou com a Violetta?

– Sim. Eu expliquei pra ela que você não está em um bom momento. Ela entendeu – Angeles sorriu sem mostrar os dentes – Violetta é uma garota maravilhosa e madura, que te ama muito.

– Eu sei – Ele murmurou e desviou o olhar – E eu fui um cretino com ela também – Ele suspirou e olhou-a – Eu vou conversar com ela – Angeles assentiu.

– Faça isto.

German acariciava o rosto dela.

– Obrigado – Deu um breve selinho em Angeles e saiu do quarto.

**

Violetta estava sentada com as pernas dobradas, tipo indiozinho, em frente a lareira. Olhava atentamente para as chamas, que dançavam lentamente e esquentavam o local. German aproximou-se e sentou-se ao lado dela.

– Oi – Ele disse baixo. Violetta olhou-o e abaixou a cabeça. German respirou fundo e ficou quieto. Ele olhou ao redor e bufou. Olhou para Violetta e murmurou: – Me perdoa? – Violetta olhou-o – Eu sei que te decepcionei, Violetta. E sem motivo.

– Você estava triste, tio German – A garota falou – É um motivo – Ele sorriu sem mostrar os dentes.

– Eu sabia que você ia entender – German passou a mão pelo cabelo de Violetta – Olha... – Ele aproximou-se dela – Eu não vou prometer que não vai acontecer de novo, porque o tio German, às vezes, costuma estourar com coisas pequenas. Eu tenho consciência disto. Mas eu prometo que, por você, tentarei mudar esse meu jeito – Violetta sorriu – E, então... Me perdoa?

– Claro que sim – A garota abriu os braços e German abraçou-a. Após um tempo, afastaram-se – Você passou a noite inteira e hoje o dia inteiro trancado no quarto... Eu fiquei preocupada. Você está bem?

– Estou – Ele depositou um beijo carinhoso na testa da garota – Não se preocupe comigo.

– Mesmo? – German assentiu. Ela desviou o olhar e sorriu – Angie – Chamou Angeles, após esta aparecer na sala. German olhou para trás – Vem. Senta com a gente.

Angeles olhou para German, como se estivesse perguntando “tudo bem?”. Ele apenas acenou com a cabeça, ao que ela se aproximou. Ela sentou-se ao lado de Violetta, de frente para German.

– O tio German está bem agora, Angie – Angeles sorriu sem mostrar os dentes – O que você fez com ele? – Ela entreabriu a boca e olhou para German, ao que ele arqueou as sobrancelhas. Ela olhou novamente para Violetta.

– Eu não fiz nada, Vilu.

– Hm... Sei... – Angeles sorriu.

– O jantar está servido – Olga falou da sala de jantar.

Os três se levantaram. Violetta foi na frente. Angeles olhou para German e passou por ele. German seguiu-a. Entraram na sala e sentaram-se. German na ponta, Angeles de um lado dele e Violetta do outro. Olga entrou na sala, trazendo uma garrafa de vinho e uma de refrigerante.

– Olga – German chamou-a e ela encarou-o – Cadê o Matias?

– Estou aqui – Matias entrou na sala e sentou-se ao lado de Violetta.

– Obrigado, Olga – German murmurou – Coma conosco – Olga sorriu.

– Já volto – Ela foi até a cozinha.

– Você está bem? – Matias perguntou.

– Sim – German respondeu enquanto enchia as taças de vinho – Sim. E você?

– Estou tentando falar com o Pablo desde ontem.

– Eu dei a chave da cabana para ele – German tomou um gole do vinho – Talvez ele esteja lá – Matias assentiu.

– Quando vamos voltar para Buenos Aires? – Angeles suspirou pesadamente e German lançou um breve olhar a ela. Ele repousou o braço esquerdo no braço da cadeira. Sua mão ficou solta.

– No domingo, Matias.

– Vai fazer o que estava planejando sobre o caso? – German respirou fundo e arqueou uma sobrancelha.

– Depois falamos sobre isto.

Angeles franziu o cenho e segurou a mãe dele.

– Do que estão falando? – German e Matias olharam-na.

– Não se preocupe – German murmurou.

– German, o que você está pensando em fazer com relação ao caso? – Angeles perguntou baixo. German acariciou a mão dela.

– Fica tranquila.

Matias franziu o cenho e olhou para Violetta, ao que a garota o olhou divertidamente.

– As coisas estão caminhando, tio Matias – Violetta disse baixo e Matias sorriu.

(…)

– Eu vou dormir – Violetta disse enquanto bocejava. Ela se levantou – Boa noite – e seguiu para o quarto. Matias também se levantou.

– Eu também vou. Até amanhã – Ele se retirou.

– Eu sabia que eles fariam isto – German murmurou.

– Eu imaginei – Angeles sorriu.

German sorriu sem mostrar os dentes e levantou-se. Estendeu a mão para Angeles. Ela colocou a mão sobre a dele e levantou-se. German guiou-a até a sala de estar, próximo à lareira. Colocou as mãos sobre um pequeno rádio que ficava em um apoio acima da lareira e ligou-o. Encarou Angeles e aproximou-se mais do corpo dela, colocou as mãos em sua cintura e encostou a testa na dela. Ela, por sua vez, colocou os braços em volta do pescoço dele. Os dois começaram a dar pequenos e vagarosos passos para lá e para cá.

– “[...] All day long I can hear people talking out loud. But when you hold me near, you drown out the crowd. Try as they may they could never define. What's been said between your heart and mine” – Angeles cantarolou aos sussurros para German – “The smile on your face lets me know that you need me. There's a truth in your eyes saying you'll never leave me. The touch of your hand says you'll catch me wherever I fall. You say it best, when you say nothing at all”.*

German colocou a mão direita no rosto de Angeles e passou a acariciá-la suavemente, ao que ela fechou os olhos. Ele encostou os lábios aos dela e mordiscou, levemente, o lábio inferior dela. Em seguida, caminhou com a boca, bem devagar, até o pescoço de Angeles e beijou-a delicadamente. Angeles fincou os dedos da mão esquerda nos cabelos de German e soltou um gemido sem som. Quando conseguiu, deu uma leve mordida no lóbulo da orelha dele e arranhou a nuca dele com as unhas da mão direita.

German afastou-se um pouco e a fitou profundamente.

– Se continuarmos, você sabe onde isto vai terminar, não sabe? – Ele sussurrou.

– Sim.

– Não vê problema nisto? – Angeles negou com a cabeça – Mesmo sabendo que eu posso te decepcionar de novo? – Ela colocou as mãos no rosto de German e acariciou-o.

– Eu sei das consequências do que eu faço. Eu sei que será um momento passageiro, como todos os outros momentos intensos que nós tivemos. A questão é que eu não me arrependi nos outros momentos e não me arrependerei agora – Angeles deu um breve selinho em German – Não se preocupe com isto agora.

German suspirou e deixou-se viver o momento. Beijou-a suavemente.

(…)

Angeles estava deitada, de barriga para baixo, sobre o corpo de German, com as mãos apoiadas no peitoral dele e o queixo em cima das mãos. German olhava para cima e respirava tranquilamente. Os dois estavam pelados e cobertos pelo lençol. Haviam acabado de transar e o sexo fora muito melhor desta vez, embora ambos achassem que não tinha como melhorar.

– German – Angeles sussurrou.

– Oi.

– O que você planeja fazer com relação ao caso? – German bufou e ficou tenso.

Angeles saiu de cima dele e sentou-se na cama. German também sentou e encarou-a profundamente.

– Por que falar sobre isto agora?

– Porque eu não consigo imaginar o que você pode fazer com relação a tudo isto, você não estava por dentro do caso – German suspirou e desviou o olhar. Angeles franziu o cenho – Estava? – German olhou-a e não respondeu. Angeles desviou o olhar e balançou a cabeça.

– Eu não fiz nada de mais, Angeles. Eu só mantive contato com o juiz responsável pelo caso, com algumas testemunhas, com o... Com o Conti – Angeles lançou um olhar, de certa forma, bravo para German – Não me olhe assim – Ele murmurou e passou a mão pelo rosto dela – Eu tive que me manter próximo do caso.

– Pra quê?

– Eu não queria que você se arriscasse – German suspirou pesadamente – Desde o início eu sabia onde isto terminaria, Angeles – Ele falava baixo – Eu sabia que sobraria para você. Eles mataram o Conti sabendo que você é a única pessoa que sabe onde estão todas as provas contra eles – German respirou fundo – Era a única pessoa.

– Como assim? – German desviou o olhar.

– Pouco antes do Conti ser pego, eu me encontrei com ele. Expliquei toda a história. Eu prometi que, assim que você e a Violetta estivessem seguras, eu entregaria as provas para alguém que eu confiasse – German olhou-a – Vocês não estão completamente seguras. Ainda. Mas as provas já estão nas mãos certas – Ele encolheu os ombros – No primeiro aviso, todos eles serão pegos.

– Então, eu não sei mais qual é o esconderijo das provas? – German negou com a cabeça – Só você e essa pessoa de confiança sabem? – Ele assentiu – Quem sabe disto?

– Todos eles acham que, desde o início, sou eu quem encabeço o caso – Ele engoliu em seco – Acham que eu te coloquei como isca para me proteger.

Angeles virou um pouco a cabeça e fechou os olhos.

– Então, você conseguiu “transferir” o risco que eu corria para você?

– Não completamente – Angeles olhou-o. German passou a perna esquerda por trás de dela e colocou as mãos na cintura dela – Vem cá – Ela respirou fundo e sentou-se entre as pernas dele, encostando as costas no peitoral e abdome dele. German abraçou-a e repousou o queixo no ombro dela – Eles sabem que, se atacarem você, vão acabar comigo – Angeles fechou os olhos.

– Você é o único inimigo deles agora, German – Ela sussurrou e bufou – Não é justo que aconteça com você o que deveria acontecer comigo. Fui eu quem não te escutou e se envolveu no caso, não o contrário – German deu um beijo delicado na bochecha de Angeles.

– Não vai acontecer nada – Ele dizia baixo – Vai ficar tudo bem.

– E se não ficar?

– Eu olharei por você até o fim.


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Notas finais do capítulo

* Música: When You Say Nothing At All - Ronan Keating (toca no filme Um Lugar Chamado Notting Hill)

O que acharam?