Minha doce fera escrita por C0nfused queen


Capítulo 9
Capítulo 9.


Notas iniciais do capítulo

Capítulo dedicado a minhas leitoras, espero que gostem.
NAo deixem de comentar.



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As árvores passavam por mim como borrões, à medida que o enorme corcel branco adentrava por entre as folhagens, ainda não conseguia compreender o que ocorrera há pouco. O cavalo corria a uma velocidade surpreendente e eu apenas fechava os olhos e o permitia me conduzir de volta para o castelo, por alguma estranha razão aquele lugar não parecia mais para mim uma prisão, mas talvez o início de algo bem maior. A construção já se tornara visível e o cavalo parou bruscamente em frente ao enorme portão de ferro, empurrei o mesmo com certa dificuldade e adentrei no pátio do castelo. Entreguei o cavalo para que ele fosse novamente conduzido para o estábulo e caminhei sem rumo pelos jardins, eu me encontrava em um estado de plena confusão. Por que eu o havia repelido? Por que em meus sonhos Adam não era mais o doce príncipe, mas sim uma fera?

O sol tornara-se mais ameno e agora a temperatura começava a cair gradativamente, porém isso nem ao menos me incomodava, sentei-me em um banco de mármore e comecei a pensar em minhas possibilidades. Estava tão focada em minhas perguntas que não percebi passos tornando-se cada vez mais próximos. Adam sentou-se ao meu lado e tocou levemente minha mão, senti uma conhecida corrente elétrica percorrer meu corpo e me virei em sua direção. Ele não parecia saber o que dizer, eu mesma me encontrava em uma situação semelhante, seus olhos pareciam tão distantes quanto os meus.

–Bela... – ele começou, mas não conseguiu terminar sua frase, abaixou seu rosto e fitou o chão – sei que você não aceitará isso.

Ele apontou para seu rosto, as cicatrizes não me incomodavam mais, elas nem ao menos eram percebidas por mim, um conjunto perfeito de marcas que percorriam a extremidade direita de seu rosto, estendendo-se pelo restante de seu corpo.

–Como pode? – levantei seu rosto, o acariciando, ele fechou os olhos, de modo a não me encarar mais. – Isso, não me incomoda em nada.

–Então por que fugiu hoje mais cedo? – ele abriu seus olhos revelando suas obres castanhas e um olhar bastante triste, repleto de um misto de confusão e dúvida.

–Eu... Eu não... – enterrei minha cabeça em seu peitoral definido e ele afagou meu cabelo de maneira carinhosa, eu não poderia contar para ele que todas as vezes que eu o observava via em minha mente um enorme lobo cinzento, de olhos amarelados.

Adam levantou do velho banco e estendeu a Mao para que eu a pegasse, eu prontamente o atendi e ele me conduziu por um passeio pelos jardins do castelo, novamente fomos para o pequeno espaço de Adam, ele sentou-se no chão com o corpo apoiado em um chafariz, eu logo o segui. Passamos toda a tarde conversando assuntos variados, eu falava a Adam como era ser um simples camponês e ele não parecia acreditar que alguém poderia viver assim.

O clima caia cada vez mais e Adam em uma forma de me aquecer, puxou-me para si, apoiando minha cabeça em seu peito e me envolvendo com seus braços fortes, eu me encontrava agora aninhada e aquecida junto ao homem por quem eu passava a nutrir sentimentos diferentes, será que eu estava apaixonada?

Lancei um olhar para Adam, porém ele se encontrava dormindo, sua expressão era tranqüila, doce, ele parecia estar tendo ótimos sonhos e eu logo fiz o mesmo, me permitir ser levada pela inconsciência.

Eu caminhava pelo que parecia ser a minha antiga vila, porém agora totalmente tomada pelas chamas, casas haviam sido saqueadas, as pessoas jaziam mortas nas ruas, e aquelas que ainda tentavam inutilmente salvar o pouco que tinham gritavam estrondosamente, fosse de dor, fosse de tristeza.

As lágrimas começavam a rolar involuntariamente por minha face enquanto eu caminhava pela velha rua de terra, as arvores que antes rodeavam uma simples praça estavam destruídas e seus restos encontravam-se em chamas no chão. A livraria onde antes eu gastava horas e horas desfrutando de maravilhosas aventuras agora jazia em meio às chamas e os meus livros agora pareciam gritar em minha mente, aproximei-me e toquei o vidro, porém a alta temperatura em minha mão provocou o surgimento de algumas bolhas, eu gritei de maneira alucinante enquanto a dor percorria meu corpo em pequenos espasmos.

Caminhei tonta pelas ruas, enquanto me dirigia para o único lugar que agora me importava minha casa, ou pelo menos minha antiga casa, embora meu pai houvesse me entregado para um homem por algumas moedas, eu ainda me preocupava com ele, afinal ele era meu pai, eu agora praticamente corria aquele tão conhecido caminho que eu tomava todos os dias. Até avista o local onde eu havia passado toda a minha infância totalmente consumido pelo fogo. Eu gritei e percorri a propriedade em busca de meu pai, até avistá-lo morto, com uma adaga em seu peito, eu chorei e debrucei-me sob seu corpo, derramando algumas lágrimas, porém meu corpo foi impulsionado para trás enquanto mãos tornaram-se firme em volta de meus cabelos, eu fui atirada e acabei rolando a escada em frente a minha casa, levei minha mão a minha testa e um fino filete de sangue começou a brotar do local, mesmo com minha visão turva olhei para cima e vi próxima a porta de minha casa onde o corpo de meu pai se encontrava a velha senhora de cabelos grisalhos, que logo reconheci como a mãe de Gastón.

–Meu filho... Ele está morto. – ela gritou, não parecendo crer em suas palavras, enquanto descia as escadas. – E sabe quem o matou, garotinha ingênua?

Ela apertou fortemente meu rosto, o marcando com sua mão repleta de calos.

–A sua fera... E eu acho que nada mais justo do que matar você... Porém por que não fazê-la sofrer antes?

Ela começou a cortar meu corpo, enquanto eu gritava pedindo por socorro e chamando o nome de Adam, até notar uma enorme sombra que se aproximava por entre as arvores, o lobo colocou-se entre nós e a mulher apenas recuou, completamente apavorada, Adam deitou-se a meu lado enquanto eu subia em suas costas e ele disparava pela floresta deixando para trás o que um dia havia sido o meu lar.

Levantei-me sobressaltada com lágrimas nos olhos, Adam pareceu se assustar com minha atitude, ele tocou levemente meu ombro, como que para chamar minha atenção e eu o lancei um olhar que continha um misto de tristeza e desespero.

–Ela o matou! – eu gritava – Ela matou a todos Adam, a todos!

–Quem Bela? – ele disse enquanto segurava meu rosto com suas mãos – Do que você esta falando?

–Ela o matou porque você o matou. – ele pareceu não entender.

–Eu...

–Por que não me contou que era uma fera? – isso o pegou de surpresa, como se aquilo fosse um segredo bastante particular, o qual ele sempre tentava evitar.

As lágrimas rolavam por meu rosto, ele apenas as secou e me abraçou, enquanto alisava meus cabelos.

–Tudo bem Bela... Foi só um pesadelo, está tudo bem agora... Tudo bem.


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Notas finais do capítulo

E então?