Opostos - Effie e Haymitch escrita por HeyAnnie


Capítulo 3
Capítulo 3 - Perfeita


Notas iniciais do capítulo

Oi criaturas leitoras! Como tenho tempo para escrever, vou postar muitos capítulos. Alias, mais tarde, vou publicar mais dois capítulos para vocês

Ah, O personagem novo que vai aparecer nesse capítulo, Thommy Luker, pertence a mim. Isso quer dizer, não faz parte da obra de nossa amada Suzanne.

Boa leitura!

Lembrete: Ainda acontece antes da Edição 74 do Jogos Vorazes.



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Já fazia alguns dias desde que os tributos chegaram na Capital. Tinha virado uma rotina: Acordar, ajudar os tributos, acompanhar eles até o Centro de Treinamento, ver Hamitchy desaparecer e se trancar no quarto.

Sempre que estávamos juntos, acompanhados ou sozinhos, Haymitch parecia envergonhado, dava uma desculpa e sumia. Ele estava, claramente, me evitando.

Os tributos estavam no treinamento, os estilistas não iam vir hoje e o apartamento estava vazio. Quer dizer, quase vazio. Apenas eu e Haymitch estávamos lá.

Ele estava em silêncio na sala, bebendo algo (para variar) e parecia meio perdido nos pensamentos. Fui até ele e me sentei em sua frente, Haymitch bufou e revirou os olhos, parecia que não aguentar minha presença.

– Você esta melhor? – pergunto.

– Sim – respondeu, frio e direto.

– Ahn, se tiver algum problema, pode contar comigo, eu te ajudo – falo.

– Não preciso da sua ajuda – Haymitch diz – não preciso da ajuda de ninguém da Capital.

– Olha, isso não é nada educado da sua parte e...

– E daí? – ele me corta, quase gritando – não preciso ser educado com alguém que é de lá, não preciso ser legal com alguém que trabalha para aqueles assassinos. E você é só mais uma naquele monte de gente falsa.

– Isso é falta de respeito, abaixe seu tom de voz – digo, tentando conter a raiva.

– Mas é verdade. Effie Trinket, apenas uma garota da Capital – Haymitch fala, ainda mais alto, imitando meu sotaque – Qual é a diferença entre você e as outras, Sra. Trinket?

– Haymitch – mordo o lábio inferior e falo – Cale. Sua. Boca.

– O que? – pergunta, rindo, como se não acreditasse que eu tivesse falado aquilo.

– Você me ouviu – rosno – Cale a droga da sua boca.

– Cadê os modos Effie? – Haymitch me provoca.

Fico furiosa, me levanto e vou até ele, com o olhar mais mortal que posso. “Tente se acalma Effie” penso, mas não ajuda, só me deixa mais brava. Seguro seu braço com força, deixando as marcas das minhas unhas postiças. Ele não esta mais sorrindo, parece assustado.

– Ouça muito bem Haymitch – digo, apertando ainda mais seu braço – Não ouse falar meu nome dessa maneira, não pense que pode me desrespeitar.

Ele olha nos meus olhos e abre lentamente a boca, imagino que vai se desculpar, mas não, ele dá um sorriso de deboche, como se eu não tivesse falado nada sério. Sinto a raiva consumir meu corpo, eu poderia muito bem espancar ele ali mesmo.

Então vejo meu rosto no espelho que está atrás de Haymitch. Meu rosto, que antes estava vermelho de ira, agora ficou pálido. Aquilo era... eu? Aquele ser bufando e com ódio era mesmo eu?

Me lembro de meu pai me repreendendo, quando era mais nova, “você é melhor que isso Effie, não precisava deixar se levar pela fúria”. Em seguida, lembro do olhar de reprovação da minha mãe.

Balanço a cabeça, o que eu estava fazendo? Solto o braço de Haymitch, olho para as minhas mãos como se tivesse acabado de matar alguém, olho para o espelho novamente e volto para minhas mãos. Eu não poderia estar mais assustada comigo mesma.

– Eu... eu não sei o que... – respiro fundo e solto o ar lentamente – me desculpe, não deveria ter feito isso.

Saio correndo, abro a porta do meu quarto e a bato com força, a tranco. Começo a chorar, desabo no chão e fico encolhida, como se acabasse de levar um soco no estômago.

As lembranças de meu pai brigando comigo, do olhar frio de minha mãe, da minha infância... era muita coisa para mim, eu precisava soltar tudo.

– O que aconteceu? – Haymitch bate na porta do meu quarto – por que está chorando?

– Só me faça um favor – grito, em meio a soluços – me deixe em paz.

– Effie, eu... – ouço seu suspiro – me desculpe.

Ouço os barulhos de seus passos ficarem mais distantes. Eu estava completamente sozinha agora.

Por que aquelas lembranças não saiam da minha mente? Tudo aquilo voltava como se eu voltasse para aqueles anos. Minha infância. Aqueles foram, sem duvida, os piores anos da minha vida.

*FLASHBACK ON*

Durante minha infância, eu costumava a me vestir de um jeito simples. Não usava maquiagem, meu cabelo era natural e estava sempre bagunçado, usava roupas muito folgadas e não gostava de nada luxuoso. Eu nem parecia uma nascida da Capital.

Mas minha mãe e meu pai... eles eram ícones renomados e conhecidos. Minha mãe, uma executiva e rígida professora de etiqueta, símbolo da moda. Meu pai, idealizador dos Jogos, também muito famoso. Eu? Era a menina deslocada, a ovelha negra da família, “o caso perdido da família Trinket”.

Nunca fui um exemplo de “menina perfeita” ou de “garota exemplar”. As meninas me estranhavam por eu ser tímida e encolhida, sempre desastrada e simples. Nenhuma delas queriam ser amigas da “pessoa estranha”.

A única pessoa que falava comigo era Thommy Luker. Nos éramos parecidos. Melhores amigos. Inventamos brincadeiras, trocamos segredos e conversávamos todos os dias. Éramos as pessoas mais próximas do mundo. Thommy e Effie: O casal de deslocados.

Mas assim que Thommy se mudou, cai na solidão novamente. Ficava ainda mais calada, me escondendo e não conseguia nem sorrir. Ninguém se esforçava para me ajudar. Era torturante a maneira que os outros me encaravam. Cochichando sobre mim, fofocando sobre minha família e rindo de como minha vida era.

Comecei a brigar com os outros, chegava a bater e a chorar. Toda noite, meu pai falava o mesmo e minha mãe me olhava como se eu fosse um erro. Eu me odiava por não conseguir controlar minha raiva.

Foi ai que decidi mudar: Comecei a ter aulas de etiqueta (minha mãe também não aguentava mais ouvir sobre a “monstra que sua filha era”, tinha que me dar aulas de bons modos para melhorar sua reputação) comecei a me maquiar, vestir roupas chamativas e pintar meu cabelo das cores mais diferentes possíveis. Eu precisava fazer de tudo para ganhar amigos, porém nada disso deu certo.

Acabei virando acompanhante de tributos com a insistência de meu pai. Anos antes de sua morte, ele pedia para trabalhar com algo envolvendo os Jogos. Ainda posso lembrar de sua voz, me pedindo para trabalhar para a Capital e brigando comigo por me recusar a ser como ele.

Me recordo também da voz firme e alta da minha mãe, que até hoje perturba meus pensamentos, com a frase que sempre dava o fim das discussões:

“Faça tudo certo, não erre mais. Lembre-se dos bons modos, Effie, bons modos”

*FLASHBACK OFF*

Me encolho ainda mais, começo a me engasgar com meus próprios soluços. Uma lágrima escorre pela minha bochecha e já estou esgotada. Não consigo me levantar, meu corpo treme e esta fraco demais. Acabo dormindo ali mesmo, no chão. Eu nunca seria aquela menina perfeita que meus pais um dia tanto sonharam.


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Notas finais do capítulo

Effie sofre muito.

O que acharam? Ficou bom? Quero comentários!



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