Assim que chegaram à casa aconchegante dos Holmes, Molly sentiu o ar puro do interior. Raramente os seus sogros viajavam para o centro de Londres e agora ela entendia o porque. Talvez, mais pra frente, até ela compraria uma pequena casa no interior.

Enquanto se aproximavam da casa, Will andava segurando constantemente na mão de Molly. Algumas vezes olhava para cima e observava Sherlock olhar destemido para frente. Ele não era tão alto quanto William pensava e talvez nem fosse tão chato assim. Quando percebia que estava sendo observado, Sherlock olhava para baixo e via o pequeno rapidamente desviar o olhar. Apesar de tudo, Sherlock causava um pouco de medo em William e se aproximar dele, não seria tão fácil.

Mas Sherlock tinha um plano e estava decidido a tentar algo que nunca quis antes: ter uma família.

–Moooolly! Que felicidade em te ver! – A sra. Holmes saía de dentro da casa com seus braços abertos prontos para abraçar Molly.

–Que saudades Margaret! – Molly respondeu com um abraço apertado. Tinha soltado a mão de William, mas pode sentir o filho agarrar nas suas pernas com timidez e medo. Ao seu lado Sherlock pigarreou:

–Olá mãe! É um prazer te ver também! – Sherlock disse demonstrando ciúmes por não ter atenção nenhuma. A Sra. Holmes apenas o olhou, ainda abraçando Molly e disse:

–Por que você a deixou ir hein filho? – Margaret nunca tinha entendido o que realmente tinha acontecido entre Molly e Sherlock para eles se separarem. Nunca imaginou que um dia, um dos seus filhos iria se casar e quando esse dia chegou, o casamento durou apenas 3 meses. Margaret não tinha nenhuma esperança, mas seria ótimo talvez ser avó um dia. Foi quando observou um pequeno garoto agarrado as pernas de Molly:

–Ah, olá pequeno! Quem é... – abruptamente Margaret parou de falar. Ali estava: uma cópia mirim do seu Sherlock. Não era possível. Com um sorriso, Margaret olhou para Sherlock e depois para Molly, que retribuía também com um sorriso, os seus olhos já enchendo de água:

–Esse é o meu...nosso filho. – Molly se atrapalhou ao tentar explicar. – Vamos querido, diga seu nome.

–William, William Júnior. – O pequeno disse com uma voz quase inaudível. Margaret apenas sorriu e se abaixou para cumprimentá-lo, ficando da mesma altura que William:

–William, é um prazer conhecê-lo – Disse entre as lágrimas. – O seu nome é muito bonito.

Sem querer, William já estava sorrindo. Tinha gostado de Margaret e ela parecia ser tão diferente de Sherlock. Talvez não fosse tão ruim ter uma avó.

***

Enquanto entravam os quatro pela sala, William trocando a mão de Molly pela de Margaret, Sherlock pode ouvir algumas vozes:

–Não vai dizer que Mycroft também está aqui? – Ele perguntou já se arrependendo de estar no mesmo local que seu irmão insuportável.

– Sim, ele chegou tem umas 2 horas, mas disse que já está de saída. – Margaret respondeu levando William para cozinha.

Sherlock então revirou os olhos e se jogou no sofá. Péssima escolha hein Sherlock, sua mente o advertia. Molly apenas observava, segurando uma pequena mala de ombro com algumas roupas dela e de William. Só iriam embora amanhã, então tinha trago algumas coisas.

– Quando você vai parar de odiar o seu irmão? – Molly perguntou para Sherlock, enquanto descia as escadas em direção a sala. Tinha ido ao quarto de hóspede guardar suas coisas. Molly tinha ido umas 3 vezes naquela casa, mas se sentia confortável, como se realmente fosse seu próprio lar.

– Que tal ‘Nunca’? – Sherlock respondeu de olhos fechados. Podia sentir Molly o observando. Então abriu os olhos e pode encontrar aqueles olhos castanhos que ele tanto amava. Mas eles estavam diferentes. Molly não tinha mais o olhar apaixonado que ela nunca conseguia disfarçar para ele. Era como se Molly não o amasse mais. Aquilo fez o coração de Sherlock se despedaçar:

– O que está olhando Sherlock? – Molly perguntou ainda parada perto do sofá observando-o.

– Você. – Ele suspirou. A voz com um tom de preocupação. – Você não me ama mais não é Molly?

A pergunta foi uma surpresa para Molly, que na hora, sentiu seu coração acelerar. Nem ela sabia o que sentia por ele. Não era mais a mesma Molly Hooper que Sherlock conheceu no laboratório no St. Bartholomew’s Hospital, mas talvez ainda fosse apaixonada por ele. Talvez seu amor estivesse escondido atrás do muro que Molly levantou quando Sherlock traiu a confiança dela. Não conseguiu responder a pergunta, então apenas abaixou a cabeça. Aquilo foi pior do que se ela tivesse dito ‘Não’ para Sherlock. Demonstrava que ela não queria amá-lo, o que era muito pior.

Sherlock então suspirou novamente e se levantou do sofá indo em direção a Molly. Ela levantou o olhar para ele enquanto ouvia ele dizer:

–Eu vou recuperar o seu amor Molly e vou consertar todos os buracos que eu plantei no seu coração. Nós vamos ser uma família e essa promessa, eu vou cumprir. – Assim que disse isso, encostou a sua testa na dela e a viu fechando os olhos. Estar perto de Sherlock ainda deixava Molly sem ação e fazia todo o corpo dela ceder. Com um sorriso, Sherlock plantou um leve beijo nos lábios de Molly, enquanto sua mão deslizava carinhosamente na cintura dela. Assim que abriu os olhos, Molly encontrou o olhar de Sherlock, o mesmo olhar que a encarou no dia em que ele se desculpava por ter beijado Janine. Molly pode sentir um calor subir por seu corpo e quando percebeu, o lado esquerdo do rosto de Sherlock estava vermelho.

Molly tinha dado um tapa em seu marido.

***

Na cozinha, Margaret sentou William em um dos banquinhos de frente para a bancada. William observou que um outro homem, do nariz engraçado, estava sentado do outro lado da bancada, tomando uma xícara de chá. O homem parecia perplexo enquanto olhava para William. Enquanto Margaret cochichava a novidade no ouvido de Arthur, o Sr. Holmes, William comentou com o homem sentado a sua frente:

– Eu já vi você na Internet.

A voz de criança de William ecoou pela pequena casa no interior de Londres. A frase tirou o homem do transe, fazendo sumir o rosto perplexo dando lugar a um rosto sério misturado com deboche:

– Você já deve ter me visto mesmo. – O homem estendeu a mão para cumprimentar a pequena mão de William. Parecia que ele não sabia como agir com uma criança. – Mycroft Holmes, é um prazer. E você, quem é?