Just don't be afraid escrita por Maya


Capítulo 31
Capítulo 29


Notas iniciais do capítulo

[LEIAM POR FAVOR!!!]
Olá, olá, olá!
Capítulo acabadinho de sair do forno. E aviso-vos que é um dos meus preferidos. Passei a tarde toda à volta dele, porque estava cheia de ideias e bem, acabou por resultar nisto, espero que gostem tanto como eu! ^^
Quero antes e tudo, dedicar este capítulo a minha querida portuguesa Littleangel e também à Versteckt, muito obrigada pelas favoritações, meus anjos! s2
Agora, eu quero ter uma conversa séria convosco. Vocês sabem que eu nunca exigi nada de vocês, mas o que acontece é que eu tenho 59 leitoras e só cerca de 7 é que comentam. Não que isso seja mau, porque não é. Essas "7" leitoras fazem o meu dia a cada comentário que escrevem. Porém, eu queria pedir-vos, do fundo do coração, que me dissessem o que estão a achar da história, porque às vezes penso que vocês leiam por ler e não porque gostam. Não vos estou a obrigar a nada, até porque já disse que mesmo que apenas tivesse uma pessoa a comentar, eu continuaria a postar, mas peço-vos que se ponham no meu lugar por um momento e tentem ver que se calhar, perder dois minutos a escrever um pequeno comentário não seria nada comparado à enorme alegria que me darão a lê-lo.
Eu não peço nada de elaborado, só mesmo a vossa opinião sincera do que estão a achar, do que gostariam que acontecesse daqui para a frente, coisas assim. Podem até fazer perguntas às personagens que eu depois respondo nas notas iniciais do capítulo.
Pronto, era só isto. Desculpem por este grande texto, mas precisava mesmo de dize-lo.
Quero também avisar que vai começar a minha ronda de testes e trabalhos, por isso não se surpreendam se demorar um pouco a voltar a publicar.
Vá, boa leitura meus abacates lindos s2

[Obs: Capítulo editado e revisto a 24 de Fevereiro de 2015]



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Kentin’s P.O.V.

Felicidade.

Dez letras, uma palavra, um conjunto de momentos, um estado de espírito.

Tenho várias razões para estar sentir-me assim, mas a principal é ter a Anne nos braços, completamente desprotegida ao meu olhar observador. Tal como da primeira vez que a vi dormir, ela parece um anjo. Totalmente o oposto da rapariga que me propôs para jogar ao esconde-esconde por um encontro com ela.

Nem acredito que tenho um encontro com ela. Quer dizer, não é bem um encontro, já que ela não pensa que será como tal. Mas se até agora a consegui sempre surpreender, desta vez não será diferente. Por isso é que não vou “gasta-lo” já. Primeiro tenho de tirar o Germano da sua cabeça, fazê-la esquecer que alguma vez o seu coração bateu por ele. Só depois é que eu posso “aparecer”.

E agora vocês perguntam-se como é que eu passei tantos anos na friendzone com a Matilde se sei isto tudo? É simples. Primeiro, eu era demasiado inocente para conseguir pensar antes de agir. Além disso, eu achava que ao fazer tudo o que a Matilde queria, eventualmente ela acabaria por gostar de mim. Obviamente que não consegui nada, também, eu era tão estúpido e feio, como podia consegui-lo?

Agora, com um metro e oitenta, um bom corpo e lentes de contacto, não há como falhar. Não é que eu queira que a Anne se apaixone pelo exterior, mas sei perfeitamente que a atração é um fator importante. Mesmo que haja atração e não amor, nunca haverá amor sem atração. Pelo menos é o que eu acho.

Olhei para a sua face e acaricie-a com o polegar esquerdo. Suspirei e preparei-me para me levantar. Eu sei que ela me disse para ficar, mas, que vou dizer aos pais dela amanhã? Assim que me comecei a afastar, os seus braços envolveram o meu tronco e senti-me a ser levemente puxado para ela. Ouvia-a murmurar alguma coisa, contudo não consegui perceber. Voltei a tentar desprender-me, porém ela não me deixou, apertando-me com mais força, como se eu fosse um urso de peluche.

– Fica… – um murmúrio foi ouvido, fazendo o meu coração saltar. Olhei para a sua cara, todavia nada se tinha modificado. Eu acho que ela nem sequer acordou. Suspirei e tentei tirar as minhas sapatilhas sem usar as mãos. Após algum tempo, consegui com que os sapatos caíssem no tapete ao lado da cama e tentei levantar-me para tirar as sandálias da rapariga. Ela apertou-me ainda mais.

– Anne, deixa-me só tirar-te as sapatilhas e cobrir-nos – ela assentiu, sem abrir os olhos e logo me largou, virando-se para continuar a dormir. Delicadamente, descalcei as suas havaianas e pousei-as no chão. Afastei os cobertores do lado onde estava anteriormente deitado e peguei na Anne, colocando-a lá. Deitei-me ao seu lado e puxei o cobertor para cima. Ao menos nisso somos iguais, em pleno verão não conseguimos dormir descobertos.

Rapidamente o seu corpo envolveu o meu. As suas pernas foram para o meio das minhas e as suas mãos para o meu dorso. Ergui a sua cabeça suavemente e coloquei o meu braço por baixo. Logo senti a sua respiração no meu pescoço e sorri.

Isto é melhor que qualquer pacote de bolachas que me oferecessem.

«»

– Olhe que anjinhos, senhora – ouvi uma voz feminina dizer.

– Nem acredito no que estou a ver, Anastácia! – que raio faz a Anastácia no meu quarto? Senti alguém mexer-se por baixo do meu pescoço. Captei um doce aroma a manga e sorri assim que percebi que se tratava da Annelise. Abri os olhos lentamente e tentei encarar as duas senhoras à porta. – Já acordas-te, Kentin? Nós vamos descendo para o pequeno-almoço, ficas encarregue de tirar essa palerma da cama – sorriu e saiu com a empregada do quarto, fechando a portar atrás de si.

Olhei para baixo e abri ainda mais o sorriso. Como não adorar o facto de ter acordado ao seu lado?

– Anne – murmurei. Não obtive resposta – Anne – também não. – Annelise – nope, nada. Baixei um pouco a cabeça e beijei a ponta do seu nariz. Eu não sei, mas parece que os meus lábios foram feitos para a pele da Anne, como se só eu pudesse beijá-la, como se os meus lábios fossem somente feitos para ela. Voltei a depositar outro beijo, no entanto, desta vez consegui obter uma careta sua. Passei as minhas mãos pela sua cintura, sentindo a sua pele arrepiar pelo contacto. Beijei a sua bochecha e sentia sorrir contra a minha. Sorri também e mergulhei a minha cara no seu pescoço. Ela soltou pequenas gargalhadas.

– Isso faz cócegas – murmurou com voz sonolenta. Soltei uma gargalhada. Anne empurrou levemente o meu peito. – Deixa-me dormir, Kentin – murmurou e tentou virar-se para o outro lado. Segurei-a mais firmemente e ergui a cara.

– Nada disso, маленький*. A tua mãe já nos chamou e acho que não queres que as torradas fiquem frias – assim que ouviu a palavra “torradas” os seus olhos ganharam o brilho infantil do costume e logo saiu da cama, saindo disparada pela porta a dizer “Torradas, torradas, torradas”. Abanei a cabeça em negação e levantei-me também. Calcei-me e dirigi-me para a sala de jantar, para poder calar o meu estômago que começara a fazer barulhos como se estivesse um urso lá dentro. – Bom dia – disse, assim que lá cheguei. Todos responderam, exceto uma certa pessoa com a boca cheia de pão. Não preciso de mencionar o nome, certo?

Sentei-me ao lado da pequena Annelise e peguei no prato das bolachas que fora colocado mesmo em frente a mim. Sinto-me em casa.

– Presumo que tenhas dormido com a minha filha, estou errado Kentin? – engoli em seco e encarei o meu “futuro sogro”. Abri a boca para responder mas a Anne fê-lo por mim.

– Ele dormiu aqui porque eu pedi, e sim pai, eu continuo a mesma Annelise que era ontem ao pequeno-almoço.

– Tens a certeza, Anne? Ou preciso de ter aquela conversa com o Kentin? – Christian fez ênfase à palavra “aquela”, fazendo-me encarar a pequena.

– Não pai, já foi suficientemente vergonhoso da última vez – Como assim “última vez”? Já dormiu aqui mais algum rapaz com ela? Foi o Germano? Foi um ex-namorado?

O Germano não foi, quer dizer, acho que se tivesse sido ele, ter-me-ia espetado isso na cara, como se isto fosse alguma espécie de competição. Ainda não sei como é que ele me enganou por tantos anos…

– Kentin, por favor não ligues ao meu marido – disse Ilda, perecendo perceber a confusão em que me encontrava. – Tanto ele como a minha filha gostam de ficar a remoer águas passadas. – Ou seja, foi um ex-namorado. E pela coisa, a minha sogrinha não gosta dele.

Oh, que maravilha!

E não, não estou a ser irónico.

Anne pareceu não gostar do comentário da mãe e parou de comer, olhando agora para a parede, tentando ao máximo não deixar transparecer as emoções.

– Ilda, não comeces com isso, por favor. Tem consideração pela tua filha – pediu, num tom cansado, dando-me a sensação que aquele era um tema bastante sensível naquela casa. Christian desviou o olhar da esposa e pousou-o em mim. – Kentin, o teu pai comentou comigo que pretendes seguir os seus passos, é verdade?

– É sim, senhor – respondi, antes de trincar mais uma bolacha. – Pretendo conseguir uma vaga aqui para não ter de ir para a Rússia. Mas o meu pai acha que por causa da minha nacionalidade, eles me vão mandar para lá. – Olhei de canto para a Annelise e vi-a encarar-me de forma assustada.

– E tu não te importas de ir para lá? – disse, fazendo-me encara-lo outra vez.

– É claro que me importo – respondi normalmente. – É aqui que está a minha família e os meus amigos. Além disso, Portugal é o meu lar, logo eu prefiro lutar por ele e não contra ele – Christian abriu um meio sorriso, como se eu tivesse chegado a onde ele queria e preparou-se para fazer a próxima pergunta.

– Então se ficasses noivo da minha filha, falando mesmo a sério, irias seguir na mesma esse sonho, significando que irias para outro país e ela provavelmente ficaria cá? – senti um peso enorme cair-me nos ombros com a pergunta. Oh fuck, responda o que responder estou lixado.

Se disser que sim, estarei a dizer que a Anne não é importante o suficiente para mim, se disser que não, estarei a dar a entender que afinal o meu sonho não é tão sonho assim.

– Não sei – respondi ao fim de alguns minutos de silêncio.

– Não sabes? – Christian parecia divertido com isto. Agora sei de onde vem aquele ar “energético” da filha.

– Não, não sei. Não lhe posso dizer o que faria se não estou a passar pela situação. O mais provável era pedir que a Anne fosse comigo. Egoísta, eu sei. Mas quando é que o amor não o é? – comentei com um sorriso triste e olhei para a Annelise. – Quando amamos uma pessoa, queremo-la só para nós. E nada melhor que eu puder aliar o meu sonho ao meu amor, afinal, não seria feliz sem nenhum dos dois – voltei o meu olhar para Christian. – Mas para além de ser egoísta, o amor também é altruísta. Queremos a felicidade máxima da pessoa que amamos, mesmo que signifique a nossa infelicidade. Logo, também lhe diria para seguir os seus sonhos em Inglaterra, de preferência na área da música. Mesmo que isso significasse o nosso fim. Desde que ela fosse feliz, eu acho que não havia problema da minha parte. Mas o mais provável, e conhecendo-me como conheço, era acabar por ir para a Rússia e voltar ao fim de alguns dias, desistindo daquilo para poder ficar com a sua filha – soltei uma gargalhada nervosa. – Quando me apego, apego-me demasiado, e talvez esse seja um dos meus grandes problemas – falei, embora mais baixo, antes de meter mais uma bolacha na boca e encarar o meu prato.

«»

Após aquele pequeno-almoço em que fiz um enorme discurso quando devia ter estado calado, saí o mais rápido que pude daquela casa. Não que estivesse arrependido de o ter dito, mas sim porque fiquei com vergonha do que a Anne achou daquilo, ou se percebeu que eu gosto dela.

Peguei no telemóvel e desbloqueei-o, fitando a minha imagem de fundo. É a foto que a Anne tirou no outro dia.

Carreguei no ícone do seu contacto, que continha uma fotografia sua tirada no baile e comecei a digitar a mensagem.

Para Annie:

“Espero que estejas pronta, estou aí em cinco minutos ervilha”

Levantei-me da cama e empurrei o aparelho para o bolso das minhas calças. Dirigi-me ao quarto de banho e “penteei” o cabelo. Tirei os óculos e coloquei as lentes de contacto. Peguei no desodorizante AXE Chocolate e passei pelo meu tronco. Olhei para o meu reflexo e peguei na camisa que estava pendurada na porta. Provavelmente não vou ter frio, mas não posso perder uma oportunidade de ser gentil para a Anne.

De Annie:

Para onde vamos mesmo? É que ainda não estou vestida xD”

Suspirei, abanando negativamente a cabeça, antes de responder.

Para Annie:

Veste o que quiseres, mas não leves muita roupa. Talvez umas calças e uma t-shirt normal. Sei lá, não te vou levar a nenhum restaurante caro a esta hora Anne, deixa de ser burra!”

De Annie:

Vou de calções, pode ser? As minhas calças estão muito longe e não me apetece ir busca-las.”

Para Annie:

Tu é que sabes, depois não te queixes”

Assim que enviei a mensagem, veio-me à cabeça uma Annelise a revirar os olhos assim que lê-se.

De Annie:

Como queiras, pai -.-“

Ei, eu só estou a proteger o que é meu.

«»

Tu trouxeste-me a uma discoteca? – perguntou, num tom confuso.

Nada melhor que isto para desanuviar a cabeça, ervilha – respondi antes de agarrar na sua mão e puxar para dentro do edifício.

Assim que entramos, que não demorou muito, já que a Anne parecia ser uma divindade por aqui, guiei-a para a parte da música electrónica/pop. Não, eu não gosto de brasileiradas. Vá, não é não gostar, é só que não tenho jeitinho nenhum para dançar esse tipo de música e prefiro muito mais música inglesa.

Antes de conseguirmos chegar ao bar, fomos interrompidos por milhares de pessoas que vieram cumprimentar a Anne. Assim que chegamos lá, a morena empoleirou-se sobre o balcão e começou à procura de alguém.

Pedro! – gritou, fazendo um rapaz bastante alto virar na nossa direção. Ele abriu um grande sorriso assim que a viu e Annelise retribuiu-o.

Anita-pequenita! – disse, num tom demasiado alegre para o meu gosto. – Não sabiam que vinham. A Camila costuma avisar-me sempre.

Oh, não vim com ela – senti a sua mão puxar a minha, levando-me para mais perto. – Pedro, este é o Kentin. Kentin este é o Pedro, um amigo meu.

Amigo, sei…

É uma honra finalmente conhecer-te, Kentin – afirmou, antes de estender a mão para que nos cumprimentássemos. Acenei com a cabeça e não disse nada. – Eu acho que o chefe não se importa de oferecer mais uma para o amigo da Annelise – disse. – O que vai ser, jovem?

Vodka, por favor – pedi, fazendo encara-me com uma sobrancelha erguida.

Pura? Sem mais nada? – assenti e ele olhou para a Anne, à procura de uma resposta.

Ele é russo, Pedrocas. Uma vodka não é nada para ele – o rapaz pareceu compreender e começou a preparar duas bebidas.

Sabes, em russo, vodka significa “aguinha” – sussurrei-lhe ao ouvido. Ela soltou uma gargalhada e virou-se para mim.

Tu tens cara de quem fica bêbado rápido, mas a tua maldita genética não te deve deixar – comentou, fazendo uma falsa tristeza na voz.

Precisas muito mais que uma bebida se me queres levar para a cama, Anne. Lamento destruir os teus planos – respondi, causando-lhe outra gralhada.

– Nem nos teus sonhos, Kentin – proferiu antes de se virar para a frente e pegar nos dois copos que Pedro pousar lá. Agradecemos ao rapaz e caminhamos para o meio do amontoado de pessoas.

– Porque é que tens bebidas grátis? – disse, junto à sua orelha. Ela virou-se para mim e pôs-se em bicos de pés. Como não conseguiu chegar na mesma ao meu ouvido, baixei um pouco o pescoço e o tronco.

– Digamos que o meu pai fornece aqui bebidas, então, em troca de publicidade da minha parte ao bar, eles oferecem-me o que pedir, desde que não seja as coisas mais caras.

– E tu fazes publicidade a isto?

– Pode não parecer, mas quando tens pais com uma empresa tão bem sucedida no país e uma boa fortuna tanto aqui como na Inglaterra, tens certas pessoas que te seguem e fazem tudo o que tu fazes. É uma merda, eu sei, mas ao menos dá-me vodka grátis.

Eu nunca tinha pensado que a Annelise fosse uma espécie de celebridade por aqui. Mas até faz sentido. Um fotógrafo veio ter connosco e cumprimentou a Anne, pedindo-lhe para tirar uma foto de maneira a ver-se o copo, mas nada muito descarado. A pequena colocou-se ao meu lado, passei um braço pelos seus ombros e abri um sorriso. Logo senti o flash nos meus olhos e o homenzinho foi-se embora, agradecendo.

– Prepara-te, esta não foi a última da noite – comentou antes de começar a dançar.

«»

– Ei, não achas que já bebeste demais? – perguntei, procurando encarar os seus olhos.

– Provavelmente – comentou antes de se rir. – Mas tu disseste que era para desanuviar e eu não vejo melhor maneira que isto. Um pouco irresponsável, sim, mas tu estás aqui para tomar conta de mim, então – suspirei e tentei tirar-lhe o copo da mão, mas ela afastou-se bruscamente e vi os seus olhos brilharem. – Eu adoro esta música! – gritou. Quer dizer, eu presumo que o tenha feito, já que eu só consegui perceber devido ao movimento dos seus lábios.

[música]

Logo o seu corpo se começou a mexer. Bebeu o resto da sua bebida e deu-me o copo. Pousei-o numa mesa ao nosso lado e tentei acompanha-la, já que começara a dirigir-se para o meio das pessoas. Coloquei uma mão na sua cintura e puxei-a para mim. Senti-a encostar-se toda a mim, tentado obrigar-me a dançar com ela.

Under the tree where the grass don't grow, we made a promise to never get old” – Anne cantou, após se virar para mim e pedir para que baixasse um pouco o pescoço – “You had chance and you took it on me. And I made a promise that I couldn't keep” – comecei a cantar com ela, pondo as minhas mãos na sua cintura que balançava ao ritmo mexido da música do meu artista preferido. – Já te disse que tenho um pequeno guilty pleasure com as músicas do Robbie Williams? Eu e ele temos o mesmo apelido, se calhar somos primos – e riu-se, como se tivesse feito a melhor piada do mundo. – Tenho tanta piada – voltou a gargalhar. O seu corpo já encontrava a raspar contra o meu, fazendo-me sentir o seu peito, que digamos, bem… Alguém pareceu gostar disso… Se é que me faço entender… –These are the days we've been waiting for. And days like these you couldn't ask for more – voltou a cantarolar e passou os braços à volta do meu pescoço, puxando-me para si. – Sabes, tens uns olhos mesmo bonitos – sorriu e soltou uma pequena gargalhada, como se tivesse lembrado de algo engraçado. – Eu lembro-me que quando te vi a primeira vez, não conseguia parar de olhar para os teus olhos – riu-se mais um pouco. – Se não fosse o Germano eu acho que teria tido uma enorme crush em ti. Rattle the cage and slam that door and the world is calling but just not yet. – Voltou a cantar aos berros, como se estivesse mesmo a sentir as palavras que lhe saiam pela boca. – Eu gosto tanto desta música. Amanhã lembra-me para fazer uma versão acústica disto, ou assim – murmurou e colocou a cabeça encostada à parte superior meu abdómen. Ela é tão pequena, meu Deus. Ergueu a cabeça e olhou para mim. – Fogo, Kentin. Tu és mesmo bonito. Tipo, mesmo muito. Bem mais bonito que o Germano, mas não lhe digas – riu-se. – Ele foi outro que me abandonou. Tu não o vais fazer, certo? Vais ficar sempre comigo, não é? – perguntou, com um sorriso que não chegou aos olhos castanhos.

Claro que sim, Anne – murmurei, junto à sua orelha.

Podes dizer aquelas palavras outra vez? Aquelas em russo que disseste no outro dia, na praia? – sem lhe responder, puxei-a para mim. Beijei a sua testa e depois o seu nariz, apertei mais um pouco a sua cintura e curvei o meu pescoço até conseguir chegar com a minha cara ao seu. Beijei-o levemente e vi a sua arrepiar-se. Voltei a beija-lo uma e outra vez. Annelise acabou por colocar as suas mãos no meu cabelo, despenteando-o mais. Depositei um último beijo e coloquei os meus lábios no seu ouvido.

Я люблю тебя, мой маленький** – sussurrei antes de beijar a pele da orelha. Afastei-me um pouco e encarei-a. Ela encontrava-se corada e ofegante.

Isso é tão sexy, Deus… – falou, ao fim de alguns segundos. Não consegui desviar os meus olhos dos seus lábios e comecei a nutrir um enorme desejo de prova-los, de saber a que sabem. – Não olhes para a minha boca Kentin, se não vou ser eu quem te vai beijar – disse, num tom lento, fazendo-me olhar para os seus olhos. – Eu não sei, mas tu fazes-me ter sensações esquisitas. Quando me abraças, eu fico com vontade de vomitar o intestino delgado e depois cheiras mesmo beeeeeem e isso é tão atraente. Tu és atraente – disse, acariciando a minha bochecha, antes de me puxar para si. A sua boca encontrava-se a centímetros da minha. Ela fechou os olhos e inclinou-se para a frente. Ela vai beijar-me. Ela vai beijar-me!

Kentin, respira! Ela está bêbada, afasta-a, por favor. Não a traias dessa maneira, sê homem!

Desviei a cara dela, fazendo-a acertar na minha bochecha direita. A morena logo abriu os olhos e observou-me com o olhar triste.

Tu não gostas de mim? Eu não sou atraente para ti? – fez beicinho. Oh, foda-se, Annelise, não me lixes mais. Autocontrolo não dura para sempre!

Claro que és, Anne. Ma-

Então beija-me! Vamos curtir, não está ninguém a ver. Podemos divertimo-nos tanto – fez uma voz sedutora na última frase. Abanei a cabeça negativamente e afastai-me mais um pouco dela

Annie, tu estás bêbada. Acho melhor irmos para casa – disse, entrelaçando a minha mão com a dela. Comecei a puxa-la para fora da multidão e quando estávamos a chegar a porta, tivemos de parar para ela se despedir do tal Pedro.

Toma conta da Annelise, se não, eu garanto-te que não sobrevives mais dois dias para contares a história – murmurou, com um olhar completamente sério.

Eu irei – respondi-lhe. – Mas porquê dois dias e não um? – ele encarou-me e abriu um sorriso malicioso.

Vejo que ela ainda não te contou… Era de esperar… Dois dias, porque sei que alguém viria da Inglaterra aqui sem pensar duas vezes, só para tratar de ti pessoalmente. Mas não te preocupes, Kentin, eu sozinho chegava bem para te entreter até ele chegar.

Ele, quem? – perguntei, erguendo uma sobrancelha.

Keeeentiiiiin, vamos emboraaa – ouvi uma voz atrás de mim. Pedro abriu a sua expressão normalmente gentil e acenou-me com um movimento de cabeça, antes de virar costas e voltar para o seu trabalho.

Virei-me para a Anne e caminhamos para o carro. Assim que nos sentamos, ela encostou a cabeça no vidro e suspirou.

Sabes, eu até gosto quando me chamas Annie – murmurou, antes de adormecer. Observei-a e coloquei a minha camisa sobre o seu corpo, para que estivesse mais quentinha. Arranquei o carro e comecei a conduzir para o meu apartamento.

«»

Logo que estacionei o carro na garagem e saí do mesmo, fui buscar a Annelise ao lado do passageiro e coloquei-a sobre os meus braços. Comecei a andar até ao elevador e por sorte este encontrava-se cá em baixo. Carreguei no número do meu andar com a ponta do nariz e deixei as minhas costas encostarem-se à parede fria do espaço. A rapariga mexeu-se um pouco no meu colo, colocando a cabeça encostada à curva do ombro.

Assim que chegamos ao meu andar, tive de colocar a Anne no chão, encostada totalmente a mim para não cair enquanto abria a porta. Quando o consegui fazer, voltei a pegar nela e dirigi-me para o meu quarto. Pousei-a na cama e tirei-lhe as sapatilhas, cobri-a e saí da divisão para ir lavar os dentes. Depois que voltei ao quarto, sentei-me no outro lado da cama, e comecei a despir-me para vestir as calças de pijama. Normalmente durmo de bóxeres, mas não o vou fazer com ela aqui. Deitei-me ao seu lado e puxei-a para mim. Sim, talvez me esteja a aproveitar um bocadinho, mas, olhem, eu também mereço ser recompensado depois de todo aquele autocontrolo. Annelise passou os braços pelo meu tronco e apertou-me, colocando a cabeça junto do meu pescoço, fazendo-me cocegas com a respiração.

Boa noite, meu amor – murmurei, antes de me deixar levar pelo cansaço


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Notas finais do capítulo

*pequena
** Eu amo-te, minha pequena
—___
Bem, o que acharam?
Espero que tenham lido as notas inicias e que pensem com muito carinho sobre aquilo que disse. Fico à vossa espera nos comentários, meus anjos