The Forest City escrita por Senjougaha


Capítulo 72
Capítulo 72 - Ousada


Notas iniciais do capítulo

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— Você o quê?! - Iria perguntou, incrédula.

— Shhh! - tapei sua boca, desesperada.

O que ela estava fazendo ali?

Eu chamara Yukina para contar tudo o que aconteceu durante o encontro e ali estava ela.

A japonesa baixinha me encarava, pensativa.

E sorriu.

— Fico orgulhosa que dessa vez tenha escolhido consciente de suas ações - ela disse.

Iria ainda estava perplexa.

— Eu sabia da sua estupidez, só não sabia que o nível era tão elevado assim - resmungou.

— Eu sei as consequências - me defendi - é diferente da primeira vez.

A lobisomem deu de ombros como se o assunto tivesse morrido para ela.

Mas era óbvio que não tinha.

Durante o dia todo, Iria me encarava de soslaio com uma expressão estranha.

Preocupação? Curiosidade?

Eu não sabia.

Bufei e bati a porta do armário, me assustando com os olhos avelãs que encontrei me encarando de tão perto.

— O quê? - perguntei.

Ele não disse nada.

Revirei os olhos e virei as costas para ir pra sala, mas acabei tropeçando em Michelle e meus livros foram ao chão.

— Olha por onde anda, bruxinha! Borrei meu batom! - ela praguejou.

Respirei fundo e me abaixei para pegar tudo.

Claro que com minha destreza física, acabei esparramando mais.

— Porra - resmunguei.

— Dan! - ela sorriu e correu para agarrar seu braço.

Meneei a cabeça sem pensar, em reprovação. Acho que revirei os olhos também.

Ficar perto daqueles dois grudados me deixava tensa, nervosa, irritada e tudo de ruim.

“Supere isso, Sardene”, eu disse à mim mesma.

A voz zombeteira de sempre não se manifestou, o que era estranho.

Mas eu a sentia bem desperta dentro do meu consciente, esperando pela oportunidade perfeita.

Encarando o chão e pegando minhas coisas espalhadas, já podia imaginar o dragão metido dando atenção para a verminosa, mas me surpreendi depois.

Ele a ignorou e se abaixou para me ajudar.

Em nenhum momento durante a ajuda Daniel me olhou ou me tocou, apenas pegou meus pertences e os equilibrou, livro por livro, caderno por caderno no chão.

— Ahn… Obrigada - murmurei, peguei tudo e saí dali o mais rápido possível.

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Infelizmente, minha fuga não foi tão bem sucedida.

Eu havia me esquecido completamente que na aula seguinte ele era a minha dupla.

Sentia uma pressão estranha no espaço entre minha cadeira e a dele.

O que me irritava era sua tranquilidade anormal.

Passei a aula rabiscando, como sempre. A diferença era que no final os rabiscos não formavam nada.

E Yukina não tinha se arrastado rumo à minha mesa para tagarelar.

Daniel colocou o dedo em minha testa e o ergueu, fazendo uma linha vertical.

— Seu cenho está tão franzido que vai ficar amarrotado - reclamou.

O ignorei.

Rabisquei o caderno com ainda mais força e raiva.

Por que ele tinha que reparar que eu existia justo naquele momento?

Nenhum comentário zombeteiro? Nenhum desdém?

“Não vai me iludir, dragão de merda”, murmurei em pensamento.

O sinal bateu e rapidamente joguei minhas coisas dentro da mochila.

Fugi rumo à minha laranja berrante e me enfiei lá dentro.

Dei partida, abri os vidros e saí da faculdade.

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Narrado por Daniel.

 

— Fico feliz que Selene esteja tentando seguir em frente - ouvi Yuki dizer baixinho - Liam realmente gosta dela.

Seth grunhiu.

Era mais que óbvio que meu irmão desajuizado não estava nada satisfeito com a ideia.

Ainda não tinha entendido a situação completamente, então continuei ouvindo.

— Acha que ela vai dar seu sangue à ele de novo? - Yuki perguntou.

— Nem Selene seria tão tola - Iria se exaltou - ela sequer gosta dele, digo DE VERDADE. Ela ainda tá na do Daniel.

Assenti.

A elfa de fato ainda estava iludida com a possibilidade de qualquer rastro humano em mim.

Confesso que isso agradava meu ego.

— Iria - Yuki a repreendeu - ela está tentando. Tem alguém melhor do que Liam, que realmente AMA Selene?

O vampiro amava a elfa?

Eu sabia que minha prima imprudente tinha feito algo para manter sua alma, mas não sabia que o tal Liam ainda podia ter sentimentos.

Isso meio que me incomodou um pouco.

— Seth, o que acha disso? - Iria perguntou, tentando ganhar alguns pontos na discussão.

— Selene é livre pra fazer o que quiser - ele respondeu, irritado.

Ouvi meu irmao se levantar e sair.

— Solara? - Iria insistiu - só eu acho isso uma péssima ideia?

— Minha irmã já é bem grandinha - ela disse, amarga - eu sinto muito pelo que aconteceu com ela, mas eu tenho meu próprio relacionamento amoroso pra cuidar.

Pude ouvir a elfa desagradável se levantar e seguir os passos de meu irmão.

Bufei.

Selene estaria encrencada se dependesse da ajuda da irmã.

Mas por que eu estava me incomodando com isso?

Dei de ombros e resolvi esquecer a conversa.

[...]

No intervalo entre as aulas, tive o vislumbre de cabelos platinados pelo corredor.

Foi só por alguns segundos, mas foi o suficiente pra diferenciar uma elfa da outra.

Selene estava visivelmente ansiosa.

Como eu sabia isso? Nem eu posso dizer.

Algo no fundo de mim sabia.

Ela assoprou a franja comprida do rosto e bateu a porta do armário, tentando equilibrar os materiais nos braços finos.

Seus olhos bicolores se arregalaram de susto ao me ver ali.

Até mesmo eu me surpreendi.

— O quê? - perguntou, soando irritada.

Ouvi seu coração disparar.

Tanto pela surpresa, quanto pela minha presença.

É claro que eu já tinha percebido que quanto maior a proximidade entre ela e eu, mais rápido seu coração batia.

Era engraçado.

Selene revirou os olhos com impaciência e girou nos calcanhares para ir pra sala.

Não tive tempo de puxá-la e evitar o esbarrão.

Minha mão ficou no ar, estática e a humana loira fez uma carranca para a elfa.

— Olha por onde anda, bruxinha! Borrei meu batom! - exclamou a humana em voz estridente.

Segurei-me para não revirar os olhos. Um hábito que não era meu.

Selene simplesmente a ignorou e se abaixou para pegar suas coisas.

— Dan! - estanquei no lugar quando a humana me chamou.

Grudou em meu braço como se fosse uma parasita.

Eu não estava desejando atenção no momento.

A ignorei e resolvi que seria uma boa fuga ajudar a elfa das sombras, que me encarou surpresa.

Apenas empilhei item por item no chão e quando terminamos, Selene murmurou um obrigada seco e saiu dali numa velocidade que nenhuma humana conseguiria.

Bufei.

Sabia que na aula seguinte nos sentaríamos juntos.

Infelizmente.

De fato eu odiava a raça dos elfos, mas aquela em especial era curiosa.

Também sabia que se eu me permitisse conhecê-la melhor, os resquícios de humanidade em mim enterrados seriam facilmente atraídos pela elfa demoníaca enquanto meu sangue de dragão iria ferver em ódio.

Durante a aula, Selene rabiscava fervorosamente em seu caderno de sempre.

Parecia frustrada com seus próprios pensamentos, com a vida, com o lápis, com tudo.

E descontava no papel.

Toquei sua testa com o dedo, surpreendendo-a. Subi, formando uma linha vertical e sentindo sua pele morna e macia.

— Seu cenho está tão franzido que vai ficar amarrotado - me expliquei antes que ela me fuzilasse com sua heterocromia.

Fui ignorado. Ela apenas continuou seus rabiscos e quando o sinal tocou, jogou seus pertences dentro da mochila e sumiu.

Continuei na sala por mais algum tempo, provavelmente fui o ultimo a sair.

Selene estava… Ousando me esquecer?


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Notas finais do capítulo

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