The Forest City escrita por Senjougaha
Notas iniciais do capítulo
O de hoje é curtinho, mas no capítulo da festa, postarei nas notas a playlist escolhida, okay? Aí vocês lêem ouvindo... ♥
Depois de “fazer as pazes” com Daniel, voltei para casa, antes que meu pai pirasse de vez. Ele já estava na porta, me esperando e batucando o a maçaneta enquanto tirava paciência de seu âmago.
– Desculpe, pai - pedi com um olhar suplicante - Yukina e eu fomos correr.
– Desde quando você pratica esportes? - ele perguntou totalmente desconfiado.
Suspirei e murmurei que deixaria de ser uma sedentária, fazendo-o gargalhar e me puxar para dentro de casa.
– Amanhã teremos neve - ele anunciou enquanto tirava o prato de lasanha do microondas.
– Traz lembranças - eu disse encarando a lâmpada no teto.
Ele depositou o prato na minha frente e esperou que eu terminasse de comê-lo.
A porta se abriu e o vento gelado invadiu a casa.
– Raios, eu odeio inverno! - Coraline gritou enquanto tentava fechar a porta sem fazer tanto barulho devido ao vento.
Levantei a cabeça e segurei uma gargalhada. Ali estava a irmã da Rainha de Gelo, dizendo que odiava inverno.
Coraline me fuzilou com o olhar por saber exatamente do que eu estava rindo e abriu a geladeira para procurar seu tão amado suco de tangerina.
– Onde esteve durante o dia todo? - ela perguntou bebendo da caixinha.
– Selene agora pratica esportes - meu pai disse anda achando graça daquilo.
Minha tia semicerrou os olhos e depositou a caixinha de suco no balcão com força.
– Que ótimo, correrei com você também - ela sorriu sombriamente.
Algo me dizia que o conceito de “correr” dela era totalmente diferente do meu.
– Ah - murmurei enquanto levava o prato na pia e o enxaguava - legal, estou indo dormir, beijo.
Depositei um beijo na bochecha do meu pai, que estava com os cotovelos cheios de espuma e sabão em pó e abracei Coraline antes de subir a escada e tomar um banho.
Lembrei de como fora o meu dia e repassei tudo em minha mente como um filme. Já estava me arrependendo de ter dito aquelas coisas para Daniel. A vergonha que não senti ao dizer para ele me conquistar me dominou naquele momento e minhas bochechas queimaram como nunca.
Suspirei e terminei de me banhar, para logo depois eu me jogar na cama. Me revirei diversas vezes até encontrar uma posição confortável e continuar a divagar.
Não fazia ideia de porque Daniel tinha ficado tão bolado com o que eu dissera. Adormeci tentando adivinhar, e devo dizer que foram tentativas frustradas. Era impossível para mim acreditar que ele retribuía meus sentimentos, então simplesmente descartei a ideia e o sono me venceu.
–-------------------------------------------------------------------
Ultimo dia de aula. Era aquela a definição do dia. As férias de inverno estavam debaixo do meu nariz e a sensação era… maravilhosa. Até eu me lembrar dos planos de Seth e Coraline de me treinar durante as férias toda. Na neve.
Bufei e me sentei na cadeira, aguardando a professora que parecia estar fazendo cosplay de Lolita gótica começar a falar. Qual era a daquela roupa preta cheia de babados?
Yukina se senta ao meu lado com um desânimo anormal, considerando que… Bem, que ela é ela.
– O que aconteceu? - perguntei apoiando minha cabeça na mão direita e fazendo contorcionismo no pescoço para enxergá-la.
– Nada - ela respondeu e forçou um sorriso.
Franzi o cenho e resolvi deixar para lá. Se ela não queria se manifestar, provavelmente era algo que ela podia resolver. Se não pudesse, eu estaria ali e Yukina sabia daquilo. Não iria me intrometer.
– Aula livre - a Lolita que deveria ser uma professora anunciou - ultimo dia.
A sala desatou a conversar. Não que as pessoas já não estivessem conversando antes. A fala da professora simplesmente fez com que o botão “aumentar volume” fosse pressionado.
Incrivelmente, Yukina não tagarelou. Ela tentou puxar algum assunto mas tudo parecia se perder no ar. Revirei os olhos.
– Desembucha - eu disse batendo na mesa e me virando para encará-la direito.
Yukina pulou, como se eu tivesse interrompido seus pensamentos. O que provavelmente era o caso. Pensou um pouco e mais um pouco, até por fim suspirar e abrir a boca para dizer.
– Amanhã é meu aniversário e Daniel não me deixa fazer festa lá em casa - ela resmungou e cruzou os braços.
– Só isso? - perguntei gesticulando para que ela continuasse se tivesse mais coisa.
– Como assim “só isso”? É um aniversário importante para mim! - ela disse exasperada.
– Devo perguntar quantos anos? - perguntei arqueando a sobrancelha.
Ela sorriu e jogou a cabeça para trás, numa gargalhada mais do que sonora. Certo. Aquilo era um “não”.
– Que tipo de pessoas você pensa em convidar? - perguntei semicerrando os olhos.
– Bom… alguns amigos da Cidade Floresta e amigos humanos - ela murmurou e começou a contar nos dedos.
Suspirei. Aquilo seria uma zona.
– Você não pode misturar as coisas - eu disse me aproximando dela - não tem como uma festa para humanos ser divertida para imortais e vice e versa.
– Você acha? - ela perguntou desconfiada e desapontada.
– Tenho certeza de que seria um caos - resmunguei imaginando a cena.
– Ah - ela murmurou - droga.
– Se você organizar essa festa de forma que atenda a só um tipo de convidado, tenho certeza de que Daniel vai reconsiderar - eu tentei tranquilizá-la.
– E se ele não reconsiderar? - ela cruzou os braços.
– Farei o que você está pensando em pedir e cederei minha casa - respondi e comecei a rabiscar o caderno.
– Você faria isso? - ela começou a saltitar na cadeira - Sel?!
– Se, e somente SE a festa for para humanos - eu sussurrei erguendo o dedo indicador para dar ênfase - meu pai piraria se soubesse que estou me relacionando com o outro lado.
– Certo! - ela gritou chamando a atenção dos outros alunos e me abraçou apertado.
– Eu preciso de oxigênio - resmunguei fazendo-a me soltar.
– Você poderia ficar responsável pela playlist de músicas? - ela perguntou ignorando minha falta de ar.
– Certo, certo - resmunguei e voltei a terminar meus rabiscos.
– Então comece já - ela cruzou os braços - a festa é amanhã e quero tudo perfeito.
Deixei o lápis cair.
– O quê?! - perguntei em um tom de voz alto demais.
A sala se virou para me encarar e eu me encolhi. Daniel arqueou uma sobrancelha do seu lugar, mas provavelmente já sabia o que estava se passando. Semicerrei meus olhos para ele, em sinal de que ele deveria deixar de ser xereta e ele simplesmente sorriu. Meu interior virou uma verdadeira bagunça, mas ignorei. Revirei os olhos e me perguntei onde estaria Seth para me acalmar naquele momento.
– Meu aniversário é amanhã e eu não quero a festa em outro dia - ela explicou batendo na mesa de leve a cada palavra.
A cada ordem, melhor dizendo.
– Certo - resmunguei e arranquei a folha de rabiscos, deixando-a de lado na mesa e comecei a pensar em músicas para a festa - vai ter tema?
Os olhos de Yukina brilharam com a pergunta e imediatamente me arrependi de tê-la feito.
– Boa ideia! - ela apertou meu braço numa animação impossível de se conter - o que sugere?
Suspirei e pensei enquanto batucava a mesa com o lápis.
– Bom, considerando que EU SEI que você vai chamar alguém que não é humano além de Daniel, Seth, provavelmente Liam e eu… - comecei a encarando com um olhar acusador - coloque um tema de fantasia, sei lá. Sendo assim, se coisas estranhas acontecerem não vai dar tanto na cara e ninguém vai começar a se questionar.
– Você nasceu pra ser minha amiga - ela resmungou ainda saltitando na cadeira.
– Apague esse fogo na bunda - resmunguei de volta e voltei à minha lista de músicas.
– Que cor eu faço a decoração? - ela divagou.
– Temos a tarde toda para resolver isso - tentei me livrar.
Iria para casa assim que saísse da escola. Só assim eu me safaria de escolher decoração. Digamos que eu não era expert nessas coisas.
– Você vai tentar fugir - ela acusou fazendo beicinho.
Congelei na cadeira e pensei em métodos de negar.
– Cores - ela exigiu e cruzou os braços, com a cabeça levemente inclinada para o lado.
– Certo - murmurei - que tal vermelho e preto?
Pensei que ela fosse protestar e fazer careta, dizendo o quão cafona era aquilo, mas ela aprovou.
– Ei, ei - chamei - você vai aceitar tudo o que eu disser??
– Claro - ela disse como se fosse óbvio - estamos fazendo isso juntas, não estamos?
Um sentimento de culpa avassalador me atingiu e com os olhos arregalados, assenti. Voltei à minha lista de músicas enquanto Yukina listava suas próprias escolhas na ultima folha de seu caderno e falava sozinha sobre que vestido usar. Suspirei.
Tinha uma festa de aniversário inteirinha para organizar em menos de um dia, para uma feiticeira-gato com suspeitos anos de idade.
E com certeza tinha que me preparar mentalmente para os imprevistos que os penetras dessa festa causariam. Algo me dizia que seriam muitos.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Mais uma vez: perdão pelos erros de digitação heheh.