The Forest City escrita por Senjougaha


Capítulo 27
Capítulo 27 - Mimada


Notas iniciais do capítulo

Vi muitas pessoas indignadas com o capítulo anterior. Confere? Hahah.



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Cheguei em casa bufando e chutei minha mochila assim que entrei no quarto, pra me jogar na cama logo depois. Ignorei as tentativas de sorrir ao meu pai quando ele elogiou meu boletim que chegara pelo correio poucos minutos antes de eu chegar. E apenas assenti quando ele disse a super novidade de que Coraline iria morar conosco.

Por que diabos Daniel tinha convidado aquela songamonga da boca melecada de frango frito? E por que eu estava tão, TÃO puta da vida com aquilo?

Me levantei e corri até o espelho do banheiro para encarar meu reflexo pálido e meus olhos anormais. Assoprei a franja comprida e fiz uma careta.

– É só ciúmes de amigo… - repeti para mim mesma umas vinte vezes.

Mas quanto mais eu repetia aquilo, mais um buraco negro de ciúmes e vergonha me invadia. Parecia que me engoliria a qualquer momento. Dei um tapa na minha bochecha e suspirei.

– Patética - murmurei para mim mesma e me arrastei em direção ao closet para escolher alguma roupa.

Tinha um encontro pra ir. Com um cara bonitinho que não era um dragão e não sorria de lado. Também não fazia meu estômago afundar e eu me sentir aquecida e protegida perto dele, o que era ótimo. Quem precisava de tudo aquilo? Bufei e escolhi um vestido boitinho, indo tomar banho logo depois para melhorar meu humor. Liam não merecia que eu descontasse tudo nele. Mas infelizmente, era o que eu fazia sempre que algo dava errado.

Saí do banheiro e dei de cara com meu pai encarando o vestido emcima da cama.

– Aonde a mocinha pensa que vai? - ele perguntou já irritado.

– Tenho um encontro com Liam - respondi amuada.

– Liam? - ele franziu o cenho.

– É da escola - dei de ombros e peguei o vestido, voltando para o banheiro logo depois.

– E ele é legal? - meu pai insistiu já não tão irritado - você gosta dele.

– Ele é legal - respondi somente e ouvi a campainha tocar - seja gentil, pai.

Ele assentiu com os olhos brilhando numa animação constrangedora e suspeita, pra depois descer as escadas com pressa e abrir a porta. O segui logo depois.

– Vamos? - perguntei tentando soar animada.

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– Sei que já disse isso, mas você está muito bonita - Liam disse pela milésima vez dentro do carro.

Me segurei para não revirar os olhos e sorri.

– Obrigada, pela milésima vez - respondi.

Ele riu nervoso e estacionou o carro numa vaga do parque. Estava totalmente vazio e a chegada do inverno fazia com que tudo parecesse melancólico.

– Logo teremos neve - ele disse enquanto forrava uma toalha no chão para nos sentarmos.

Assenti e me sentei.

– Vai fantasiada de quê amanhã? - ele perguntou tentando puxar assunto.

Pisquei diversas vezes tentando inventar alguma coisa coerente, mas resolvi dizer a verdade.

– Éramos pra ter ido comprar algo hoje, Yukina e eu - respondi.

Ele franziu o cenho e compreendeu. Ele havia atrapalhado nossa tarde de compras. Bom, não completamente considerando que depois que cheguei em casa tudo o que fiz durante o tempo livre foi afundar numa poça de ciúmes. Da qual ainda não tinha me esquecido, embora tentasse.

– Desculpe, era só dizer - ele disse soando sincero.

Dei de ombros.

– Ia parecer algum tipo de desculpa esfarrapada - respondi e tomei um gole de fanta laranja.

– É, ia - ele riu.

Ficamos praticamente o tempo todo daquele jeito. Ele puxava algum assunto aleatório, eu dava de ombros e logo nós ríamos de algo sem sentido. Era agradável. Mas eu queria ir pra casa.

Deixei escapar um suspiro e Liam não o ignorou.

– Você gosta dele, né? - ele disse do nada.

Arqueei uma sobrancelha e segurei um bocejo.

– De quem? - perguntei sem entender nada.

– Daquele Daniel - ele disse frustrado.

Deixei escapar uma risada. Não daria o braço a torcer assim tão fácil, mortal!

– De onde tirou isso? - perguntei.

– Todas as garotas gostam dele e do irmão - ele deu de ombros - só deduzi que você também.

Virei a cabeça de lado e semicerrei os olhos, irritada. Eu já sabia que todas as garotas suspiravam e tinham delírios com Seth, mas em relação à Daniel aquilo era novidade.

– Não sou como as outras garotas - respondi ríspida.

– Eu sei, mas é que você está tão distante e comecei a me perguntar… só consegui pensar nisso - ele respondeu.

Revirei os olhos. Me senti livre fazendo aquilo e toda minha paciência se foi.

– Nem toda garota gosta de falar o tempo todo, Liam - me limitei a dizer só isso.

Encarei o céu que começava a ficar cheio de nuvens carregadas e dei graças aos céus por isso. Uma tempestade naquele momento cairia MUITO bem, considerando meu humor. Franzi as sobrancelhas e suspirei, começando a me sentir culpada pelo modo como tratei Liam a tarde toda. Ele me mimou e tudo mais, e tudo o que eu fiz foi me manter distante.

– Desculpe - pedi olhando no fundo de seus olhos.

Ele deu de ombros e sorriu de leve.

– É quem você é, Selene - ele disse - não force por mim, ok?

Concordei e o vento começou a ficar forte, fazendo meus cabelos virarem chicotes loiros e os dele virarem uma tremenda bagunça. Não que o meu estivesse num estado melhor. Ri, e Liam me acompanhou.

– Eu gosto de você - ele soltou quando o vento parou.

De repente tudo ficara silencioso. Revirei os olhos e dei um tapa leve em seu braço.

– Pare de brincadeira, Liam - respondi - você não é nenhum masoquista pra isso.

– Posso estar virando - ele disse sério.

Oh meu Deus. Ele estava falando sério.

– Pense nisso, tudo bem? - ele pediu.

Virei a cabeça de lado e abri a boca para lhe responder imediatamente. Lhe diria que já tinha pensado muito bem e que…

– Pense melhor - ele pediu com olhar suplicante - pense em mim bastante.

Seu olhar era tão intenso que não tive como dizer que não estava interessada num garoto bonitinho. Porque ele não me dava nos nervos, não sorria de lado, não dirigia feito louco, não brilhava feito Edward e não era um dragão.

Mas ele era humano. E estava ali dizendo que gostava de mim, a garota reclusa da cidade. O que eu podia fazer? Ele só estava pedindo pra que eu pensasse nele. “Oh Selene, não é um pedido de casamento!!!”, briguei comigo mesma e corei.

– Tudo bem - respondi limpando a palma das mãos no vestido.

O sorriso dele brotou aos poucos e foi alargando aos poucos. Era tão bonitinho.

– Certo, então vamos - ele disse - vou levar você pra casa, o encontro acabou...

– Ok…

– Por hoje. - ele completou e piscou, sem me dar a chance de responder algo.

Ele tirou a toalha do chão e guardou as coisas numa velocidade incrível, que nem tive tempo de ter alguma reação e ajudar em algo.

Logo estávamos no carro, depois em casa. O tempo parecia estar voando e com ele, a tempestade se aproximava. A por mim tão ansiada tempestade.

– Obrigada por hoje - disse eu enquanto abria a porta do carro.

– Eu que agradeço - ele respondeu e mais rápido do que um humano poderia ser, depositou um beijo na minha testa e voltou a dar partida no carro.

Depois de me recuperar da surpresa, assenti e desci.

As primeiras gotas de chuva me deram as boas-vindas antes de eu entrar em casa. Fiquei alguns segundos as sentindo em minha pele. Permiti uma leve transformação e senti cada gotinha viva me tocando. Parecia que estavam respirando. Tudo parecia criar vida e respirar quando eu estava transformada, e eu amava isso.

Infelizmente, estava começando a amar quem eu era como elfa. Era sensível, corava fácil e me apaixonava por sorrisos quando na verdade nem eu mesma sorria com frequencia. Mas já ia me esquecendo de como ser a Selene humana amarga, auto-protetora e insensível. Aquilo era bom ou ruim?


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