The Forest City escrita por Senjougaha


Capítulo 17
Capítulo 17 - Requisitada


Notas iniciais do capítulo

Peço desculpas se esse capítulo não ficou tão bom quanto vocês esperavam e se houverem alguns erros. Estou sem tempo e criatividade, a faculdade me rouba tudo isso :(



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Meu pai surtou. Claro que sim. Mas a tarde foi divertida e até mesmo ele confessara isso. Seth e Daniel tiveram seu aparente momento humano de irmãos e voltaram a trocar olhares assassinos. Já Yukina estava sempre a mesma: saltitante. Logo escureceu e após acabar com todo o estoque de comida de casa (eles estavam se contendo), Seth e Daniel foram para casa relutantes e Yukina não me deixava dormir.
Quando finalmente consegui, a manhã chegou tão rápido que pareceram minutos. Logo os raios de sol me esquentavam até os ossos e a cortina não parava de roçar minha bochecha, além de Yukina pulando e gritando com a escova de dente na boca.
– Acorde, acorde! – ela me cutucou.
“Quantos anos ela tem?”, pensei me sentando e piscando os olhos para se acostumarem à luz.
Meu pai apareceu na porta com a testa franzida. Havia uma pergunta retórica estampada em seu rosto: “o quê diabos está acontecendo aqui?”.
– Ela é sempre assim – resmunguei saindo da cama e indo em direção ao banheiro.
Ouvi as portas de meu guarda-roupa sendo abertas e uma exclamação de surpresa. Só não sabia se era pela bagunça ou pelo tanto de roupa.
– Selene, você tem tanta coisa bonita... e bagunçada! – ela exclamou.
– Pegue o que quiser emprestado, menos meus coturnos – eu disse lutando mais uma vez para que o creme dental parasse na escova.
– Tá falando sério? Vou pegar essa saia então – ela gritou agitada.
Dei de ombros e terminei minha higiene. Peguei qualquer roupa de lá, a deixando com a cara mais indignada do mundo.
– É assim que você escolhe suas roupas? – ela perguntou.
– Sempre estou atrasada, então se tornou um hábito – respondi.
– Você se veste sempre tão bem que achei que passasse horas escolhendo – ela resmungou – mas você simplesmente tem sorte...
Simplesmente não entendi o que ela queria dizer e não fiz esforço algum. Terminei de me vestir e a arrastei escada abaixo antes que ela resolvesse trocar de roupa escolhendo qualquer de olhos fechados, só pra ver se tinha sorte também. Eu não duvidaria.
Tomamos café da manhã correndo. Era tarde e Yukina gostava de enrolar. Meu pai lhe disparava perguntas e eu tinha quase certeza de que ele queria pistas do quanto eu sabia. Perguntas do tipo "o quão amigas vocês são?" e Yukina respondia algo positivo e empolgador demais pro meu gosto. Como se tivéssemos crescido juntas. Meu pai assentia animado e satisfeito, parecia aprovar a amizade. Mas claramente havia uma limite da quantidade de coisas que deveríamos falar.
Quando consegui arrastar Yukina à escola, me senti aliviada. Estava dispersa em pensamentos e tentava consertar o cadeado do meu armário, mas aquilo era tecnologia arcaica demais pra mim.
– Não está quebrado - disse uma voz familiar atras de mim - você só não sabe usar.
Me virei e nunca imaginei que poderia ficar tão feliz em ver uma irmã que só vira uma vez na vida. O sorriso dela era resplandecente e caloroso. Me lembrava o Sol.
– Solara?
– Gostou da surpresa? - ela perguntou com os olhos brilhando.
– O que está fazendo aqui? - perguntei.
– Vim ver você - ela fez beicinho - temos alguns assuntos pendentes pra falar sobre.
Franzi o cenho e resmunguei algo como "me procure após as aulas", mas não adiantou. Ela me arrastou escola afora, deixando Yukina pasma.
No caminho, trombamos com Seth. Sabia que ele conhecia Solara, mas a expressão facial dele foi impagável. Parecia estar vendo um fantasma.
– Olá, Seth - cumprimentou ela casualmente e pegou na minha mão - vamos, Sel!
– Não coloque apelidos escrotos em mim - resmunguei e ela riu alto.
Era óbvio que os alunos prestavam atenção em nós. Solara conseguia ser tão escandalosa quanto Yukina, mas de forma mais manhosa. Como se a irmã mais nova fosse ela.
Seth me segurou quando minha irmã me puxou. Parecia hesitante.
– Vou com você - ele disse nervoso.
Dei de ombros. Jamais me acostumaria com a loucura daquela família (e da minha também), então minha reação geralmente era sempre dar de ombros.
Chegamos ao começo da floresta, atras do estacionamento da escola.
– Vou ser direta - começou Solara - você sabe o que a mamãe é, certo?
– Você me trouxe aqui pra falar disso? - perguntei irritada.
– Que assuntos eu teria com você que não pudessem ser ditos em público? - ela perguntou ficando irriatada também - não nos conhecemos, não sei nada sobre você além do que mamãe me diz e muito menos teríamos outro assunto pra falar.
– Então não fale nada - eu disse dando alguns passos em direção à escola.
– Eu venho até aqui pra te explicar o que somos, falar sobre um acontecimento importante pra nós duas e você tem essa reação? - ela gritou frustrada.
– Talvez eu não queira saber - dei de ombros.
Alguns minutos de silêncio ameaçador pairou sobre nós. Seth estava desconfortável. Então ele não devia fazer ideia de como era presenciar uma briga entre Daniel e ele.
– Selene, acho que você devia escutar o que ela tem a dizer - ele disse baixinho - parece importante.
Aquilo me irritou. Nada mais previsível e irritante alguém pensar que irmãs gêmeas seriam iguais. Ou as mesmas. Eu tinha uma vida, Solara tinha outra, caramba!
– Eu não sou Solara - rosnei semicerrando os olhos e o encarando.
– Eu sei que você não é - ele disse parecendo mais calmo, parecendo Daniel.
Solara suspirou e se sentou num tronco cheio de musgo. Quase consegui rir pensando em como estaria a saia plissada dela assim que ela se levantasse.
– Vou resumir porque essa coisa de escola humana parece ser algo que importa pra você - ela disse abanando as mãos, como Adalind fazia quando desprezava algo - bobagem.
Revirei os olhos. Definitivamente não éramos iguais.
– Adalind é a rainha dos elfos e como sua filha mais velha, eu sou a suscessora - ela disse cutucando as cutículas - mas o povo quer conhecer VOCÊ.
Ela falava tudo aquilo como se fosse normal, comum. Mas parou de dar atenção às unhas laranjadas e olhou para mim quando disse "você". Como se fosse algo frustrante. Ela era a suscessora, okay! Estava totalmente de acordo com isso.
– Resolva isso - resmunguei - não quero conhecer mais nenhum esquisito.
Seth arqueou a sobranecelha, numa pergunta estampada em seu rosto: "esquisito?"
– Não me copie - rosnei, fui em sua direção e com o indicador, abaixei forçadamente sua sobrancelha.
O dia estava sendo uma droga e eu me sentia mais droga ainda. Seth riu.
– Selene, não é tão simples assim - ela disse séria - e você complica tudo. Mamãe vem visitar você constantemente desde que éramos pequenas e você nunca a recebeu de bom grado. Sempre fugiu. Agora o povo está inquieto e quer conhecer a princesa mais nova e saber que tipo de poder ela tem. Estão começando a se perguntar, a duvidar, estão correndo boatos e isso não é bom.
– Bem, sinto muito lhes decepcionar, mas eu não tenho poder algum - respondi aliviada e orgulhosa de mim mesma.
– Você tem um mês pra se descobrir, Selene - ela disse ameaçadoramente - não duvide de mim como suscessora, nem como irmã mais velha. Eu vou cuidar de você.
– Sol... - comecei, mas ela me interrompeu.
– Quando esse prazo de um mês terminar, eu enviarei alguém pra buscar você - ela disse e deu uma pausa, pensativa, me avaliando - ou melhor, eu mesma virei buscar você. Nem tente fugir ou pedir ajuda ao seu namorado Daniel. Ele não tem direito de interferir.
– Daniel não é meu namorado - resmunguei.
Mas me senti estranha. E Seth claramente ficou incomodado.
– Fico feliz que a única coisa que você e eu discordamos é isso - ela deu seu caloroso sorriso habitual.
Revirei os olhos e comecei a roer a unha do mindinho. Ela suspirou e me fez parar.
– Selene, olhe para mim - ela ordenou e uma parte de mim me obrigou a obedecer - você só precisa ir lá, ser coroada à princesa e voltar. Pode continuar com essa vidinha que você gosta, mas tenha em mente uma coisa: você não é humana. Nunca será. Se tentar fugir dessa realidade, estará correndo de si mesma e isso não será favorável nem a mim e nem a você. Um mês deve ser o suficiente pra você pensar nisso e Daniel, Yukina e Seth vão treinar você.
– Vamos? - perguntou Seth desafiando-a, mas claramente intimidado.
– Sim, vão - ela sorriu - porque vocês amam minha querida irmãzinha.
Então, um facho de luz do sol surgiu, iluminando e aquecendo tudo, pra depois desaparecer. Levando Solara junto.


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