The Forest City escrita por Senjougaha


Capítulo 15
Capítulo 15 - Vigiada


Notas iniciais do capítulo

Daniel narrando. Sempre vou avisar quando outro personagem assumir a narração, quando eu não disser nada, é porque Selene é que narra, okayyy?



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Seth estava demorando chegar. Havia mandado ele trazer Selene à minha casa, mas pelo tempo que havia se passado, ela devia ter fugido dele. Garota esperta.
Yuki não parava de falar sobre suas falhas tentativas de criar uma cor de batom que ao menos chegasse perto da cor dos lábios de Selene.
– Você não pode me culpar - ela choramingou enquanto picava cebolas - eles são de um tom tão lindo! Os mais naturalmente vermelhos que já vi em meus cento e poucos anos de vida! Qualquer garota daria tudo para tê-los e mesmo eu não consigo reproduzir a cor...
Suspirei. Claro que ela não conseguia. Não devia ficar pensando o tempo todo que só por ser uma feiticeira, conseguiria tudo. Além do mais, era Selene quem ela estava tentando copiar.
– Controle sua inveja - brinquei bagunçando os cabelos dela e abrindo a geladeira.
– Não se trata de inveja - a voz dela saiu num murmúrio - Selene não vai ser minha amiga se eu não estiver à altura dela.
Quase deixei a garrafa de leite cair. Encarei Yuki, que tinha um olhar perdido e sofrido no rosto. Ela nunca tivera amigos de verdade, e os poucos de mentira que tivera quase a mataram numa fogueira à 100 anos atras, com expressões de puro horror e nojo. Como se ela fosse a cria do mais perverso ser. Era o destino de todas as bruxas descobertas na época. Mas Yukina não era uma bruxa.
– Tenho que estar sempre bonita e animada pra fazê-la feliz e ser aceita - ela completou erguendo a cabeça determinada e terminando de picar as cebolas.
Me afastei lentamente. Talvez Yuki só estivesse em depressão de novo ou se lembrando de seu passado, com medo da repetição. Mas dessa vez eu duvidava. Ela realmente se esforçava para que Selene gostasse dela e queria que fossem amigas. Franzi o cenho. Nunca iria entender as mulheres.
– Mas ela já aceitou você - eu disse a olhando pelo canto dos olhos.
– Não - ela gemeu - Selene aceitou VOCÊ, e como consequência ela me atura...
– Yukina, cale a boca - ordenei ríspido e irritado, a fazendo ficar emburrada - Selene jamais se importaria com essas coisas que você está dizendo, ela se importa com você. Além disso, pare de tentar copiá-la, é irritante. Ninguém pode superar ou se igualar à Selene.
Eu disse a ultima parte sem pensar. Mas era verdade. Ninguém jamais teria aqueles mesmos olhos que diziam tudo e ao mesmo tempo nada, lábios vermelhos, pele pálida, sorrisos raros, sombracelhas arqueadas, olhos irritadiços, cabelos mesclados em tons de loiro que você jamais imaginaria existir... Soquei a parede abrindo um buraco no azuleijo. Odiava me pegar pensando nela daquele jeito.
Yuki me encarava boquiaberta. Era só o que faltava ela ainda ter o péssimo hábito de se divertir lendo auras. Pelo jeito, continuava e aquilo no momento se tornou um problema. A encarei de volta ameaçador, mas ela não teve medo. Resisti à tentação de socar a mesa, o chão, tudo que visse pela frente...
– Daniel - ela começou balançando a cabeça surpresa demais pra falar - você está...
A porta da frente se abriu interrompendo o que Yuki diria e Seth entrou com um sorriso vitorioso. Nas mãos dele e o encarando com expressão assassina, estava seu troféu. Selene.
Ela conseguiu se soltar dele e lhe desferiu um tapa no rosto. Tão furiosa que não deu atenção à vermelhidão de sua mão e à provavel dor que sentiu. Seth era um dragão de fogo venenoso e se continha perto dos humanos (por obrigação), mas ainda assim um toque demorado o suficiente podia matar. Me lembrei de que Selene não era humana.
Suspirei e passei a mão no cabelo, dando atenção ao buraco na parede. Era bem grande.
– Daniel - ela estava atras de mim e soava irritada - controle seu irmão. Bote uma coleira ou sei lá.
Me virei e seu olho azul estava escondido sob uma camada de franja, enquanto o negro me fitava inexpressivo.
– O que ele fez com você? - perguntei calmo, voltando ao normal.
– Me raptou e me mordeu - ela respondeu de prontidão, mostrando uma marca de dentes na bochecha, antes escondida pela franja.
Seus olhos demonstravam indignação e estavam arregalados. Não consegui evitar a risada que veio depois.
Yuki como se acordasse de um transe onde observava a aura de todos ao seu redor, pulou e puxou Selene, a arrastando para a mesa.
– Fizemos o almoço - ela bateu palmas.
Selene a encarava e parecia pensar se fugia ou se ficava quieta ali mesmo. Essa era uma das raras vezes em que se podia saber o que ela estava pensando. Mas seu estômago roncou e a primeira opção foi descartada imediatamente com um sorriso fraco vindo dela.
Não preciso dizer que uma só colherada parecia ser o suficiente para aquietar um estômago tão barulhento quanto o dela. Parecia impossível se comparado à Yuki, Seth e eu, que comíamos vorazmente e tentávamos nos segurar o quanto podíamos.
Até mesmo meu irmão não queria assustar Selene e esse era um enigma que me deixava desconfortável.

– E então? - pude ouvir mesmo do meu quarto a pergunta sem sentido de Yukina.
Elas estavam na sala desenhando, comendo pipoca e vendo TV. Eu não deveria estar escutando. Mas tinha impressão de que Seth, do meu banheiro também estava, então...
– E então o quê? - Selene perguntou desconfiada.
– Aposto que ela arqueou a sobrancelha esquerda - murmurou Seth saindo do banheiro e pegando um suéter meu no guarda-roupa.
O encarei incomodado. Como se não bastasse ele ter tido uma paixonite por Solara, agora perseguia Selene. E usava meu banheiro, minhas roupas.
– Você já namorou? - Yuki perguntou como se fosse óbvio o que queria dizer.
– Já, algumas vezes - ela respondeu e ouvi o som de um lápis rabiscando.
– Tipo quantas? - Yuki perguntou surpresa.
– Tipo... - ela pareceu pensar - três.
– E você amou algum deles? - Yuki questionou ansiosa.
– Não - Selene respondeu prontamente e pude me sentir relaxar - eram só garotos idiotas.
Não havia notado que havia ficado tenso, esperando pela resposta. O lápis voltou a rabiscar e eu fechei os olhos como se nunca tivesse ouvido nada. Mas Seth deu uma risada baixa e terminou de vestir o suéter.
– Será nosso segredinho então - ele disse e piscou para mim.
Nunca o tinha visto mais viado.


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Notas finais do capítulo

E então?



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