Entre conflito e tristeza e amor escrita por Lulu Tril


Capítulo 3
Vidente




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Não sei se era por causa do que tinha acontecido hoje. Mas sonhei com o dia mais constrangedor e ao mesmo tempo aliviado que tive desde que conheci o Shin-chan.

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Era um final de semana como sempre. A única diferença é que comecei a namorar o Shin-chan a duas semanas. Mas fora isso, era normal.

Eu fui a sua casa para jogar basquete na quadra coberta. Mas então a mãe dele nos impediu dizendo que ainda era cedo para sair. Olhei para o relógio e a ponta curta estava apontando para o número dois.

– Vocês têm certeza que vai deixar o meu bolinho de morango com chocolate estragar?

Entreolhamos. A habilidade culinária da Mikoto-san era excepcional. Não tinha como recusar umas coisas dessas. Sentamos na mesa e ela cortou pedaço de bolo e colocou no prato para nós. Claro que não se esqueceu da Mako-chan e deu um pedacinho de morango amaçada para ela.

Como sempre, os seus doces eram deliciosos. Aquele chocolate derretendo na boca e o cheiro do morando que dar para sentir mesmo mastigando...

– Nossa que gostoso Mikoto-san!

– Obrigada Kazunari-kun. Eu fico muito feliz quando você diz isso. – sorriu a bela mãe de cabelos esverdeados até nas costas.

– Que sorte sua ter uma mãe tão boa heim Shin-chan!

– Humf, eu sei.

– Ohh, tsundere. – Mikoto-san e eu falamos ao mesmo tempo.

– Quietos! Eu não sou tsundere!!

Nós demos gargalhadas. Nunca achei que iria me dar tão bem com a mãe dele. Ela é... Muito alegre. Nunca vi o pai por causa do seu horário de trabalho. Mas segundo as conversas da Mikoto-san, ele também não é tão caladão que nem o Shin-chan. Na minha mente, a família dele era muito rígida e antiquada para ele ter crescido desse modo.

– Kazunari-kun! Olha! Minha filhinha está comendo sem derramar toda comida no chão! Não acha que é lindo? Mas que fofura! Lovery!! Que dó que um dia eles crescem... E COMO CRESCEM. – olhou para o lançador com expressão triste. – Eu nunca vou esquecer que você nem batia na minha cintura quando começou a andar. – enxugou a lágrima (de atriz) que escorreu pelo canto do seu olho.

– Mãe. Não exagera.

Que engano meu pensasse de um modo tão superficial. Claro que o Shin-chan cresceu em uma família boa. Ele era bom. Sei muito bem disse do que qualquer um. Bem. É o que eu espero.

Todos aqui nesta casa tinham um olhar puro, determinado, e alegre. O verdinho não expressa muito além do seu poker face. Mas a mãe era totalmente cristalina. Uma vez perguntei como ela consegue. Quero dizer, é difícil manter uma relação social quando adulto sem disfarce.

“- Sabe Kazunari-kun. Por você gostar do meu filho do jeito que ele é, e eu sei que é meio que diferente dos outros, achei que você era mais esperto.”

Senti o mesmo desprezo quando o Shin-chan diz “por isso você é burro Takao”.

“- Deixa eu ser claro, Kazunari-kun. – me olhou fixamente. – Eu sinceramente não me importo coisa nenhuma do como os outros me vê ou como acham de mim. Que se danem eles. Além do mais, a maior infelicidade das pessoas é isso. Se importar com algo que não está relacionado com a sua felicidade. A minha felicidade tem nome e esse nome é família. O resto é resto. Não me interessa em hipótese alguma. Ou você um dia se importou de como os outros achariam sendo amigo de um garoto tão esquisito? ”

Um olho determinado e cheio de vida. Nessa família esse fato era evidente. Não tinha como não perceber. Com certeza a minha resposta foi não. Eu nunca me importaria do que os outros falam de mim. Se isso for ligado a Shin-chan ainda mais. Se eu fosse escolher ou não amar ele ou ser enforcado, pode preparar o velório para o outro dia. Não consigo mais viver sem ele.

Essa conversa foi antes de namorar ele. Nunca na vida dela iria imaginar que eu disse aquele não porque eu amava o seu filho, mas sim como um bom amigo.

Disfarçamos muito bem. Não queremos causar problema para eles. Só quando a gente achar que pode contar ou quando não ter como mais disfarçar.

Sim, ela nunca iria desconfiar de dois amigos loucos por basquete...

– Então kazunari-kun. – a Mikoto-san me chamou fazendo com que voltasse á realidade. Eu parei na primeira pratada pois não sou tão fan de doces que nem eles. Ao contrário do Shin-chan, que já estava na terceira pratada e a sua mãe na quarta. – Eu queria conversar muito com você

Ela sorriu angelicalmente. Só que eu reconhecia aquele sorriso. De onde mesmo que eu já vi aquilo? Ah, sim, lembrei. Da minha amiga Sacchin. Opa. Isso é um mau sinal. Esses sorrisos nunca prestaram.

– Por que você está no modo de defesa? Eu não vou fazer nada de mais querido. – piscou algumas vezes antes de falar.

– Mas por que você queria falar com o Takao mãe? Alguma coisa de errado?

– Não filhote, não é isso. Só bater papo. Mesmo eu sendo velha, preciso falar com os jovens.

– Velha? Quem é velha? – eu perguntei erguendo uma das sobrancelhas. – Com toda sinceridade Mikoto-san, você parece muito jovem.

– Muita gentileza da sua parte Kazunari-kun.

Não minha gente. Eu não falei isso por gentileza. Ela REALMENTE aparenta ter uns vinte e quatro anos.

– Tudo bem! – sorri para ela. – O que vamos falar então?

– Que tal me dizer desde quando namora o meu filho? – disse ela ainda sorrindo.

Engasgamos e cuspimos o chá no mesmo momento. A mesa agora estava encharcada de chá verde.

– O que!? Você!? Como!? Eu... Não... AHHH!?!?!?

– Cool down Kazunari-kun! Acalma primeiro antes de dizer qualquer coisa.

– Mãe! Você... Eu... Quero dizer... Nós...!! ­ - Shin-chan estava vermelho que nem maçã. O contraste aparecia muito bem por causa do seu cabelo esverdeado.

– Você também meu filho. Respira.

Tentamos seguir o conselho da Mikoto-san. Só que era impossível continuar calmo agora. Era impossível fazer qualquer coisa além de dizer palavras sem sentidos e ficar vermelho. Tudo girava em torno da minha cabeça: surpreso, indignado, vergonha, vontade de fugir pela janela e me jogar na frente de um carro...

TUDO parecia estar girando agora.

Olhei para o meu lado. Acho que o Shin-chan também deve estar passando o mesmo que eu. Ele nem consegue olhar para a cara da sua mãe. Deixo adivinha o que ele está pensando nesse exato momento: “Eu quero me esconder dentro daquele vaso e nunca mais sair de lá” ou na pior da hipótese “Depois eu vou matar o Takao”. Ou os dois junto.

Pensei um momento nessa opção, e disse para mim mesmo que devo me preparar se caso isso chegue a acontecer.

– E aí rapazes? Podemos continuar?

Nem eu, nem ele dissemos nada. Estávamos muito vermelhos de mais para poder dizer qualquer coisa. De repente olhar para o chão virou algo muito interessante.

– Tudo bem. – ela deu os ombros. – Mas pelo menos senta.

É incrível que nessa situação, o raciocínio humano cai para como se fosse um de cachorrinho obediente.

– Deixo continuar já que o gato comeu a língua de vocês. – tomou mais um gole do chá. Só ela parecia indiferente nessa confusão. – Não precisa de TODA essa reação. Eu não toquei nesse assunto para brigar com vocês ou questionar algo.

– Mãe, eu... – Shin-chan tentou dizer algo, mas a Mikoto-san impediu ao tocar na sua mão e balançando a cabeça lentamente.

Então ela olhou para mim.

– Kazunari-kun. – prendi a respiração e senti todo meu corpo endurecer. Não consegui mexer se quer um músculo quando ela me chamou. – Quero, e sei que você cuida muito bem do meu filho.

– Sim senhora. – foi o máximo que pude dizer.

– Eu fico muito feliz por vocês dois. Nenhuma outra pessoa se importou tanto com meu filho. Ou melhor, ninguém tentou muito se relacionar com ele. – fez por um momento uma expressão triste, e logo continuou a falar. – Não sabe o tamanho da felicidade quando você veio em casa dizendo que era amigo do meu filho com tanto... alegria e sinceridade.

“– Olá senhora Midorima! Eu sou o Takao Kazunari! Estudo na mesma sala que o seu filho, e também sou do mesmo time! Somos super amigos! Tipo melhores amigos! Menos o dia em que o unlucky person dos cancerianos é os escorpiões. A senhora é muito mais jovem do que eu imaginava! E mais alta também!! Fico feliz em conhece-la. A senhora tem um filho maravilhoso. Só um pouco supersticioso e...

– Cala a boca Takao.

– Mas é verdade!

– Não liga para ele mãe. Takao não bate bem da cabeça.

– Para de ser tsundere Shin-chan!

– Eu não sou tsundere e pare de me chamar desse jeito!!

– Isso que é tsundere nanodayo.

– Não me imite!!

– Está vendo Senhora? Ele sempre é assim. Como eu sofro em ter um amigo tão diferente...- deu gargalhadas.”

– O meu medo. – deu uma pausa como se escolhesse as palavras certas antes de falar qualquer coisa. – O meu medo é que alguém machuque vocês. Tanto no sentido físico, e, principalmente, machuquem os seus corações.

Meu coração foi apertado com tanta intensidade, que esqueci como que respirava. Sim, pensei comigo mesmo fechando lentamente os olhos e continuei depois de ter abrido as novamente com a mesma velocidade. O meu medo também é esse. Que um dia alguém nos machuque. Ou melhor, que machuquem ele. Olhei nos canto dos olhos para o lançador. Shin-chan não é tão forte e insensível quanto parece. Ele também é como qualquer outra pessoa: tem medo, insegurança, dúvida, fragilidade...

O que eu posso fazer por ele?

Será que um dia ele se arrependerá de nos?

Pensei nessa pergunta e o desespero bateu forte. Foi como se alguém arrancasse o meu coração.

Então senti algo relar na minha mão que ficava em baixo da mesa. Usando o howk eye, percebi que era o Shin-chan estendendo o dedinho para relar na minha mão. O aperto no coração foi imediato. Mas desta vez, a dor não foi ruim. Peguei a mão dele e entrelacei os nossos dedos querendo dizer que tudo ficaria bem. Quando ele devolveu o aperto, parecia que ele percebeu o que eu senti.

Olhei novamente para a Mikoto-san, mas desta vez, nos seus olhos. Ela sorriu com uma expressão tranquilizante. Como se um peso tivesse sumido do seu corpo.

– Eu só quero que sejam felizes... – ela pegou a mão de cada um de nos e juntou na sua frente. A mão dela era frágil, e carinhosa.

– Nos também mãe.

Virei imediatamente para o meu lado. Eu escutei direito? Foi ele quem disse aquilo? Aquele cabeça dura e teimoso do Midorima Shintarou acabou de dizer que quer ser feliz comigo? Tipo, “nos”? Eu e ele? Sério?

Percebi então que o Mikoto-san também estava surpresa que nem eu. Ela não deveria ter imaginado umas coisas dessas.

– O que foi? Por que vocês estão me olhando desse jeito? – o lançador frangiu a testa.

– Acho que coloquei muito açúcar no bolo. – murmurou a mãe.

– O que?

– Nada filho. Pensei alto. – ela me lançou um olhar dizendo: “eu acabei de ouvir o que escutei?”.

Assenti e voltamos a olhar para o Shin-chan que nem bobos. Após um bom tempo de silêncio, ele abriu a boca não aguentando mais de ser a atração do momento.

– Mas desde quando você sabia mãe? Não faz muito tempo que... – não terminou a frase. Corou as suas bochechas e desviou os olhares para a mesa.

– Sabe. Eu acho incrível que vocês filhos acham que podem esconder coisas dos seus pais. Chega a ser irônico. Foi mais do que obvio! Eu não sou sua mãe a 16 anos a toa não filhote. – sorriu orgulhosa. – Você começou a sorrir mais, contava as coisas da escola e sempre aparecia um sujeito chamado Takao no meio da história.

– Sério Mikoto-san!? – meus olhos chegaram a brilhar.

– Claro Kazunari-kun. A maior parte, na verdade todas, estava reclamando que fala de mais e enche o saco. Mas sei muito bem do meu próprio filho para perceber o brilho dos seus olhos. Era o mesmo que o Toushirou quando estávamos no colegial. Só cego para não perceber. – sorriu como se estivesse se divertindo.

– Mas o pai disse que vocês começaram a namorar no terceiro ano da faculdade.

– E você acha que eu não iria me divertir com aquele olhar de cachorrinho? – ergueu uma das sobrancelhas. Uma coisa, ou melhor, duas coisas eu tenho certeza. Uma é que ela é uma sádica que nem a minha amiga Sacchin. E a segunda é que não posso deixar elas se conhecerem. Mas NUNCA, para o bem da humanidade. – Eu nunca o deixei sofrer. Só que a reação dele é muito divertida para eu não “brincar”.

Senti um calafrio e ao mesmo tempo dó para o pai do Shin-chan que ainda nem conhecia. Doce e sedutora armadilha do amor. Só que as armadilhas dela devem ser mais profundo do que o normal.

Shin-chan por sua vez, estava segurando a testa como quem não queria ter ouvido aquilo da boca da mãe. Então as evidências viraram claras. Se ela parece tanto com a Sacchin. Portanto...

– Por a caso Mikoto-san. – tentei disfarçar o suor que escorreu pelo canto do meu rosto. Não. Não podia ser. – Por a caso mesmo. Se eu estiver errado me desculpe. Mas você não fez essa conversa só para divertir com a nossa reação, não foi né?

Não precisei de palavras. Ela piscou rápido algumas vezes, pensou colocando a ponta do dedo da mão na bochecha, inclinou a cabeça, e sorriu.

Tudo bem, ela fez isso só para ver a nossa reação.

– Você acha que eu iria fazer umas coisas dessas Kazunari-kun? – perguntou como se ela fosse a vítima da história.

– Não. Eu anão acho. Agora eu tenho certeza.

– Mãe... – o lançador olhou desacreditado.

– Não me olhe assim filho. Não posso fazer nada se a minha bola de cristal indicou que vocês estavam namorando.

– O seu o quê!?

Ah, não. Não bastava o Shin-cha com essa coisa de item da sorte do Oha-asa, a Mikoto-san também é desses tipos de pessoas super supersticiosas? Só faltava o pai carregar amuletos e pingentes por tudo lugar.

– O meu bola de cristal, ora. – ela disse como se fosse obvio.

Claro que era obvio. Todo mundo tem uma bola de cristal para prever o futuro.

Lancei um olhar duvidoso para o lançador. Ele assentiu, e eu suspirei.

– Deixo parar de brincar. É verdade que eu tenho uma bola de cristal em cima da despensa. Mas não foi preciso para ver o que estava acontecendo. - sorriu mais uma vez. – E é verdade que eu queria confirmar e queria que soubessem que estou do lado de vocês.

– Mikoto-san... – eu estava quase me emocionando.

– Agora só falta dizer para o meu marido na janta. Claro que você estaria para comer o macarrão ao forno, não é Kazunari-kun? – isso não era uma pergunta.

... O quê? – soou o uníssono da voz do Shin-chan com o do meu. Nem sei quem estava mais surpreso. Tentamos discutir ou pelo menos dizer alguma coisa. Mas o olhar da Mikoto-san que deu logo em seguida não permitiu isso.

Então decidimos jogar basquete no parque, que era o objetivo de eu ter vindo à casa dele, até a janta ficasse pronto. E acredite. Se eu não comparecer a janta para comer o macarrão ao forno da Mikoto-san, seria pior para mim.

E eu estava morrendo de medo do pai dele. O melhor, da reação dele.

X

– Então foi você que deixou o meu menino apaixonado. – foi isso que ele diz sorrindo quando ouviu da Mikoto-san que o seu filho estava namorando com um garoto da mesma sala e do mesmo time de basquete. Foi ela, pois nenhum de nós estava disposto a dizer.

Fiquei de boca aberta fixado no pai do Shin-chan. Quando ele entrou pela sala de estar e me viu, tive uma tremenda vontade de correr pela janela pela segunda vez da minha vida, e foi no mesmo dia. Ele era muito alto. Até mais alto do que o lançador. O cabelo preto e os olhos verdes penetrantes eram intimadores. Calculei quantos metros eu iria voar ele me desse um soco.

Mas pelo contrário do que eu estava imaginando, e temendo, ele escutou tudo calmamente. Como se fosse absolutamente normal e comum. Deve ser. Mas não é assim que a sociedade encarava.

Aberração”, me preparei.

Indecente”, não iria discordar.

Não aceito”, não tinha argumento para discordar.

Mas foi totalmente ao contrário do que estava pensando, tornando toda a minha tentativa de diminuir a dor que causaria em vã.

Ainda continuava olhando para essa família que nem idiota. Talvez eu seja mesmo. Todos estavam jantando como se tudo estivesse em ordem. Até o Shin-chan estava comendo o macarrão.

– Não vai comer Takao-kun? Ou não gosta de macarrão? – perguntou o Toshi-san gentilmente. Apesar de ter a aparência muito parecido com o lançador, a sua expressão era repleto de paz e calma sem ficar franzindo o cenho. Ao contrário do meu parceiro que todo momento lançava um olhar com a expressão tensa dizendo: “se entrar na minha área vou arrancar a sua cabeça e marcar três pontos tacando dentro da cesta de basquete”.

– O senhor... – tentei continuar a frase, mas nem sabia o que deveria perguntar.

– Sim?

– Por que o senhor não usa óculos? – foi o que saiu da minha boca.

Após de ter feito a pergunta, percebi a burrada que eu acabei de cometer. Todos pararam de comer para me encarar como se eu fosse um idiota. E talvez realmente eu fosse um idiota. Shin-chan suspirou e a Mikoto-san estava rachando de rir ficando até sem ar. Queria cavar um buraco enorme e me enterrar lá.

– Eu uso lente de contato normalmente, mas quando é consulta prefiro óculos. – respondeu gentilmente a minha pergunta idiota.

A mãe do Shin-chan ainda estava rindo.

– Takao-kun. – Toshi-san me chamou e virei uma estátua. – Eu acho que palavras não são necessárias, pois acredito que a minha esposa já deve ter dito tudo o que é necessário. Por isso, somente uma coisa.

Esperei a palavra. O coração não parava de acelerar e as minhas mãos suavam. Ele me olhou diretamente, e sorriu de leve.

– Bem vindo a família.

Fiquei vermelho e comecei a dar gargalhadas. Sei lá porque eu ri. Era o que veio, e aceitei. Deve estar achando que eu sou um bobo. Mas agora estou me convencendo que talvez eu seja mesmo. Um bobo alegre feliz de mais e não sabe demonstrar além de dar risadas do nada. Nos cantos dos meus olhos acumulavam lágrimas, e enxuguei com a palma da minha mão.

– Obrigado.

Foi tudo que eu consegui dizer enquanto tentava recuperar o fôlego.

O jantar estava ótimo e agora eu tenho outra família. Nada era como eu imaginava que seria. Sem confrontos, sem rejeições e sem brigas.

– Mas me diga filho. – perguntou o Toshi-san sorridente – Qual de vocês vai se vestir de noiva no casamento?

Déjà vu. Engasgamos com o macarrão desta vez tentando engolir bebendo o suco de laranja. O que ele acabou de perguntar?

– Que linda ideia meu amor! – exclamou a mão – Claro que vai ser o nosso querido filho. Bem que, como eu tenho um filho e uma filha, o ideal seria eu ver um de terno e outra de vestido. Mas dentro de mim ele sempre será aquele bebezinho que parecia uma boneca de porcelana. Depois que passou dos cinco anos, nem quis mais vestir as roupinhas que eu comprava.

– Claro mãe. Você comprava roupa de garota.

– Mas você ficava mais bonita do que qualquer uma. – retrucou ela.

– Mãe!

– Isso eu também tenho que concordar Shintarou. Para ter uma ideia, nunca, ninguém, que viu você quando criança achava que você era menino. Todos diziam: “é a garotinha mais linda que eu já vi na minha vida”.

– Sério Toshi-san? – eu estava a ponto de ter ataque de gargalhada.

– Sério Takao-kun. – disse o pai do lançador. Com certeza ele é mais brincalhão do que do seu filho.

– Para pai! E você cala a boca Takao!

Shin-chan estava gritando corado. Mas isso só aumentou a vontade de brincar com a reação dele. Mikoto-san tinha certeza. Como não “brincar” com aquilo?

Por isso decidi entrar na onda deles.

– Qualquer coisa nos dois se veste de noiva e tudo fica resolvido. Ou você gostaria que eu me vestisse Shin-chan? – pisquei para ele de propósito. Ele ficou ainda mais vermelho e mexia a boca que nem peixe fora da água tentando dizer algo, mas nenhuma palavra foi pronunciada.

– Ui! Eu não sabia que vocês já estavam assim. – sorriu a Mikoto-san sadicamente.

– Acho bom a gente ter umas conversinhas que nunca tivemos meu filho. – disse Toshi-san seriamente.

– Vou dar algumas dicas para você também Shintarou. Ou é melhor dar “essas” dicas para o Kazunari-kun?

Shin-chan estava tão vermelho que pensei que iria explodir. Porém é claro que a gente não iria parar só por causa disso.

– Mas voltando no assunto principal. – continuou a mãe. – Você deve ter se esquecido de como você era linda. Então, veja isto!

Ela pegou o seu celular e me mostrou uma foto. Mas não era qualquer foto. Era o foto do lançador criança vestido que nem uma boneca.

– Puxa vida! Meu Deus!! Tem certeza de que é o Shin-chan!? Você era muito fofo e lindo. Claro que isso não quer dizer que você não é lindo e fofo. Claro que é. E sempre será meu adorado e amado... Ai! Por que você está me batendo Shin-chan!?

– Por que você baka nanodayo!

– Tsundere nanodayo.

– Não me imite!!

– Shin-chan...

– CALA A BOCA TAKAO!!

O seu grito juntamente com as suas bochechas roxas de tão constrangido, ficou naquela noite de lua crescente. Deixando a única pessoa inocente da família, Midorima Mako-chan, chorar por ter gritado muito alto e assustada a coitada. Como consequência, foi obrigado a cuidar dela até pegar no sono. E eu do seu lado voluntariando a brincar com ela.

Ele brigava em voz baixa por causa da sua irmã, mas ainda vermelho os olhares intimadores era até fofos. Porém não iria me atrever a dizer umas coisas dessas para o lançador depois de ter feito tudo o que fiz, ou melhor, fizemos.

Ela só adormeceu depois das dez horas. Mikoto-san disse para pousar esta noite, mas recusei dizendo que tinha aula no outro dia. Peguei a minha bolsa, e por minha surpresa, Shin-chan me acompanhou até a porta.

– Até amanhã Shin-chan! – acenei sorrindo.

– Humf. Não se atrase com o rickshaw Takao.

– Ok. – dei mais uma risada. – Ah, e eu estava esquecendo uma coisa.

Antes de ele perguntar o que era, o abracei com força me afundando no seu peito. Foi muita coisa para digerir em um dia só. Ainda nem acredito que acabei de conhecer o pai dele e jantado o macarrão da Mikoto-san. Quem diria então do fato de que eles tinham aceitado a nossa relação. Para falar a verdade, nem a gente mesmo ainda não estávamos entendo bem a “relação”.

Mas mais uma surpresa (como se não bastasse o bastante para o resto da minha vida), ele me abraçou de volta levemente. Fiquei com dó de soltá-lo, todavia ele mesmo fez esse serviço por mim.

– Vai logo antes que fica muito tarde. – ele estava vermelho somente nas orelhas. Não aguentei. Beijei o seu rosto e corou ainda mais. A culpa é dele de ser tão fofo.

– Boa noite Shin-chan! – sair correndo para ele não perceber que eu estava mais vermelho do que ele.

Não lembro quem disse, mas concordarei plenamente ao escutar de novo:

O amor é um vício.


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Notas finais do capítulo

Gostaram??
Finalmente capítulo 3 (^^;)
Eu ia deixar um clima tenso nesse capítulo mas não consegui por muito tempo por que "brincar" com essa casal é mais do que hobby para mim. rsrsrs.
Bem. Se gostaram ou não gostaria muito de opinião de vocês.
Até a próxima!! vV



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