Royal Lie escrita por Lady Holmes


Capítulo 1
Único.


Notas iniciais do capítulo

Tentei fazer dentro da proposta do desafio de abirl, espero que tenha dado certo viu? Outra coisa: me aventurei no reino da primeira pessoa e do flashback, duas coisas que não tenho costume algum de fazer. Espero que não esteja uma droga total por causa disso. Por favor, eu gostaria muito de suas opiniões sinceras, é importante para mim como escritora. Ajuda a ter certeza que consegui passar o que era desejado. Eu sei que o nome ficou tosco, mas eu já tinha feito a capa, e ela é tão linda que fiquei com preguiça de fazer outra. Até algum dia pela vida de nyah! Beijos xoxo



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Eu não o vi chegando. E, mesmo tentando explicar para mim mesma que eu não tinha como saber, eu deveria. Era tão óbvio. Eu possuía um lema. Uma maneira de vida. Deveria ter ficado com esse lema até o fim.

Mas em minha defesa, se é possível fazer uma defesa, toda essa dor valeu a pena. Porque, querendo ou não admitir ao mundo, eu o amava. Eu amava Alexander Sterling e não havia nada que eu pudesse fazer para mudar isso.

Já fazia mais de um mês que eu havia retornado a Carmel, uma cidadezinha da Califórnia. Pelos últimos seis meses, eu estive em Londres. Em um intercâmbio que minha família insistiu que eu fizesse. Para conhecer outras pessoas, minha mãe disse. Por mais que eu não sonhasse com esse intercâmbio, eu estava ansiosa. Viver por seis meses longe dos olhares exigentes de minha família parecia-me uma ótima escolha. Agora, deitada em meu quarto segurando o recorte de jornal, já não tinha tanta certeza.

– Venha jantar Lola! - Gritou meu irmão. Eu apenas me remexi na cama. Não iria descer. Não conseguia comer. Nem dormir, nem ao menos ler. A única coisa que conseguia era encarar esse pequeno recorte de jornal, já amassado, que tinha em minha mão esquerda.

A família real britânica tem o orgulho de anunciar o casamento do príncipe Alexander Sterling com a duquesa Camille Jane Noble.

Eu já havia lido diversas vezes. Até poderia contar como os jovens noivos haviam se conhecido. Mas aquilo apenas me deixava enjoada. Como era possível uma criatura tão bela e amável ter um coração de pedra desse jeito? Mentir descaradamente como se nada estivesse acontecendo? Já não sabia mais explicar. E, repassando os seis meses mais felizes de minha vida, eu poderia dizer com toda a certeza: não houve uma pista se quer do que estava por vir.

*

Fazia uma semana que estava em Londres quando nos conhecemos. Eu não sei bem como colocar em palavras, mas achei que seria uma boa maneira de começar a superar toda essa história. Escrevê-la. Sei que um dia ela daria um bom livro. Não um feliz, com um final de contos de fadas. Mesmo assim, um interessante. Um que eu gostaria de ler quando entrasse na livraria em busca de algo novo... Onde foi que parei? Ah sim, bem, vejamos...

Era frio. Bem, eu sabia que seria, era Londres. Mesmo assim sentia falta do clima de Carmel, ameno e delicioso. Estava esperando o trem, precisava ir a um lugar que havia lido sobre. Era um parque onde havia a estátua de Peter Pan, mas o lugar ficava do outro lado da cidade. Por isso me encontrava ali, sentada com um dos meus livros favoritos em mão.

­- Eu não preciso do espelho de Ojesed para saber que você é tudo que eu desejo. Essa foi a primeira coisa que ele disse para mim. Acredito que isso seja pelo fato que eu tinha Harry Potter e o Cálice de Fogo entre minhas mãos. E não pude deixar de rir da criatividade. Eu estava prestes a dizer que ele não ia conseguir nada comigo quando olhei para cima e o vi.

Preciso admitir outra coisa: eu gosto de pessoas bonitas. Vocês sabem todo o papo de: não julgue um livro pela capa? Tudo besteira. Porque quando você vê uma pessoa bonita, automaticamente você quer conhecê-la. Eu tenho coragem de admitir isso, por mais mesquinho que seja.

Então eu ri. E ele sorriu. E foi aí que a coisa toda começou. Foi aí que fiz a melhor e a pior decisão da minha vida.

– Alexander Sterling. - Ele disse, se apresentando. Com seu cabelo moreno para o lado e os olhos azuis sorrindo para mim.

– Lola Kane. - Aceitei o aceno de mão que ele ofereceu.

– Americana?

– Da Califórnia.

– E o que faz em Londres?

Eu não sabia a respostas. Porque eu não estava estudando. E nem fazendo amigos, o real motivo que meus pais desejavam com a viagem. Apenas estava ali.

– Deveria estar estudando. Ou me divertindo. Na realidade, estou apenas conhecendo a cidade.

Meu trem chegou e eu levantei. E Alexander fez o mesmo. Levantou-se e caminhou comigo.

– Você também pega esse trem? - Perguntei curiosa.

– Não. Mas hoje sim. Você precisa de um guia turístico para a diversão. Eu acho que eu seria um ótimo guia. Vamos?

Foi assim. Desse jeito mesmo. Eu sei, se algum dia alguém realmente ler isso vai dizer que é mentira. Que eu estou dizendo isso para deixar a história mais divertida. Não é assim. Alexander era esse tipo de garoto. Ele não tinha ninguém para impedi-lo. Eu certamente não iria. Ainda estava boba com sua beleza.

E ele foi um ótimo guia. Conhecia os melhores lugares. Lugares que eu havia lido em livros antigos e atuais. E em menos de uma semana que já nos conhecíamos, com ele me levando em lugares conhecidos e desconhecidos, já tínhamos uma relação que eu nunca tinha tido antes. Eu estava começando a pensar que meu lema: amor é o processo químico da desilusão, estava errado. Que o amor poderia ser bom. Que eu poderia ter algo como o que li milhares de vezes. Uma aventura. E um romance.

Boba fui eu. Idiota fui eu.

Mesmo assim, demorou mais três semanas para que realmente alguma coisa acontecesse.

Eu estava o esperando. Era uma noite de sexta e ele havia prometido que ia me levar para jantar em um lugar diferente de tudo que eu conhecia. Disse-me para colocar um vestido e um salto alto e estar pronta às oito e meia da noite. Eu já o esperava na sala de estar do apartamento que vinha vivendo. Meu celular vibrou e vi que era uma mensagem dele. Desce. Peguei uma bolsa que combinava com o vestido branco, justo em meu corpo e transpassei a alça. Dei uma última olhada no espelho. Meus cabelos negros estavam presos em um coque. Meus olhos delineados com um lápis preto e minha boca contornada com um batom vermelho sangue. Eu me achei bonita e decidi que agora não havia nada mais que eu pudesse, ou quisesse melhorar. Peguei um casaco e entrei no elevador.

– Você está linda! - Ele disse, dando um beijo em minha bochecha esquerda. Eu apenas sorri, não consegui dizer muita coisa depois de vê-lo em um terno.

Eu sempre amei homens em ternos. Realmente não sei o porquê disso, mas era verdade.

– Você não está mal também. - Eu tentei falar como brincadeira e ele sorriu.

– Vamos?

– Vamos!

Seguimos para um táxi que nos esperava. Ele entregou um papel para o taxista, assim eu ainda não saberia para onde estávamos indo. Eu gostava de surpresas, mas até certo ponto. Se durassem muito, eu começaria a ficar ansiosa.

Chegamos a um restaurante que eu conhecia pela fama. Até mesmo vivendo em Carmel, eu já tinha ouvido falar sobre o lugar.

– Alexander! - Eu falei surpresa. - Você tem noção da fortuna que deve ser comer nesse lugar?

– Eu conheço o dono. - Ele apenas respondeu. - Vamos? - Ele ofereceu o braço para que eu engajasse nele e foi o que fiz.

Na entrada do restaurante, um homem pediu se podia pegar meu casaco, que lhe entreguei de bom grado. Alexander foi à frente, falando alguma coisa com a hostess que apenas acenou em concordância e fomos guiados a mesa mais reservada do lugar.

O restaurante era maravilhoso. Não apenas a comida, que era divina, mas o local. A mesa a qual fomos levados ficava mais afastada do resto. E tinha a melhor vista de todo o salão. Eu podia ver o Big Ben majestoso e o Big Eye com suas luzes a noite. Eu sei que Paris é chamada de Cidade Luz, mas Londres a noite também era de tirar o fôlego.

Alexander continuava o mesmo. Com suas piadinhas e seus momentos sexys. O que mais me surpreendia era como ele me entendia. Como éramos parecidos. Tínhamos tantas coisas em comum ao mesmo tempo em que tínhamos coisas diferentes. Mas ele foi o primeiro garoto, que não fosse fictício, a colocar um sorriso em meu rosto. Um sorriso verdadeiro.

O jantar não poderia ter sido mais agradável. Alexander não me deixou ajudá-lo a pagar a conta, mas deixou que eu pagasse o táxi de volta ao meu apartamento, antes que eu começasse a recitar coisas sobre feminismo no século XXI.

– Quer subir? - Perguntei antes de entrar na portaria do prédio.

– Não posso. - Ele falou. - Tenho que acordar cedo amanhã.

– Bem, espero que não demore a preparar nosso próximo itinerário. Quando nos encontramos novamente?

Ele não respondeu, sorriu. E se aproximou mais ainda de mim.

– Logo. O mais rápido que eu conseguir. - E eu ri.

Mas não vi o que estava para acontecer. Por mais livros de romances que eu já tenha lindo. Eu não vi que ele estava se aproximando de mim mais que o normal. Mais do que estava acostumada. E então senti meu coração pular pela garganta quando ele deu um beijo em minha bochecha e parou a centímetros de meus lábios. Senti seus braços envolverem minha cintura e ele me puxar para mais perto, terminando qualquer distância entre nós. A língua de Alexander pediu passagem e eu lhe garanti imediatamente.

Percebi, depois quando deitei na cama naquela noite, que se não fosse ele me segurando, eu teria ido ao chão, porque eu havia ficado sem forças para ficar em pé. Algo que nunca em minha vida havia acontecido antes. E eu já havia beijado outros caras antes. Mas nenhum era como Alexander.

Eu deveria ter corrido uma maratona para fugir dele após aquela noite. Era o certo. Era o que minha mente intrometida me dizia para fazer. Mas me neguei e, sabendo as conseqüências, continuei com esse relacionamento. Eu estava cega. Cega de amor.

Entendam que antes de me entregar completamente a Alexander, se passou três meses que estávamos juntos. Mesmo assim eu nunca havia ido a sua casa ou escutado muitas coisas sobre sua família. Ele me disse que tinha um irmão mais novo e uma irmã com dois anos. E que seus pais era exigentes, mas muito amáveis. Porém, foi apenas isso. Eu não fazia ideia quem ele era. Apenas sabia as pequenas coisas. As coisas que eu percebia quando estávamos juntos. Como o quanto ele odiava o vento cortante, ou acordar cedo de manhã. Mas amava ver o sol se pôr e nascer, porque era a promessa de um novo dia. Como ele mexia no cabelo quanto não sabia o que dizer e sorria torto quando eu o pegava me olhando sem razão alguma.

Foi a primeira noite que ele passou comigo em meu apartamento. Foi a noite que eu não lhe neguei nada, por mais que ele nem estivesse pedindo.

Era combinado que ele chegaria as sete com DVDs para assistirmos. Mas ele se atrasou em meia hora, coisa que ele nunca fazia. E tinha os olhos vermelhos por algum motivo que não quis me contar. Contudo eu sabia que havia chorado. Eu apenas fiquei no escuro sobre o motivo.

Em momento algum ele pareceu triste ou cabisbaixo quando estava comigo e ele colocou o filme de terror que havia trazido no aparelho, sentando-se comigo no sofá.

Terminamos o primeiro filme, mas depois nem eu mesma percebi que o segundo havia começando, porque nem olhamos para a tela da televisão. Quando realmente recobrei sentido de onde estava, ele me carregava para meu quarto e me deitava sobre a cama.

Eu lhes disse que já havia beijado outros caras antes de Alexander. Bem, eu nunca havia transado com algum. E quando eu percebi o que estava acontecendo eu entrei em pânico.

Afastei o corpo de Alexander de mim, tentando colocar os pensamentos em ordem.

– O que aconteceu? - Ele pediu. Ele tinha o rosto de confusão mais fofo de toda a Inglaterra.

– Eu... É que eu... Bem, nunca estive assim com outro cara.

Alexander sorriu me deixando cada vez mais constrangida.

– Você é virgem Lola? - Ele perguntou.

Okay, eu fiquei tão vermelha nesse momento que até mesmo minha voz desapareceu. E então apenas afirmei com a cabeça.

Nesse exato momento eu desejei ser uma ema e enterrar minha cabeça debaixo da terra.

– Não precisamos fazer isso se não quiser. - Ele disse saindo completamente de cima de mim.

Parei por um segundo. Daqui dois meses eu estaria em um avião, voltando a Carmel e Alexander ficaria para trás. E eu perderia a oportunidade de me entregar ao único homem que amei na vida. Era errado. E eu não faria isso.

Com um ataque de coragem que nunca tinha tido em toda minha vida, me levantei da cama e caminhei em direção a ele. Bem perto de seu rosto eu sussurrei:

– Eu quero ser sua. Completamente sua. - E ele sorriu me deitando novamente na cama.

Sobre esse dia, tudo que vocês precisam saber é que Alexander foi o mais doce, mais gentil e mais romântico homem da existência. Talvez se eu prestasse mais atenção a isso tivesse percebido que ele era um príncipe. Eu estava apaixonada de mais para perceber qualquer coisa.

E então nesses último dois meses a relação cresceu. Eu nunca tivera um namorado e Alexander estava se provando o perfeito namorado para mim. Mas eu sabia que logo teria um fim e mesmo assim, desejei aproveitar até o último instante. Decisão egoísta e masoquista, eu sei. Foi apenas no aeroporto que ele se despediu de mim.

O pior momento da minha vida foi quando entrei aos prantos no avião. Eu não sabia que haveria outro. Um para quando eu chegasse em casa.

A maioria de vocês vai dizer que Alexander não mentiu para mim. Que eu nunca perguntei a ele: você é o príncipe da Inglaterra e ele me respondeu não. Mas a mentira por omissão é tão terrível quando qualquer outra. Ainda mais quando você descobre que dois dias depois de deixá-lo no portão do aeroporto, ele está noivo de outra garota e que ele a conheceu enquanto estava com você. Então, dizer que ele não mentiu para mim? Isso é besteira. Ele mentiu. Ele me machucou e não há nada que se possa dizer para mudar isso.

*

Era madrugada quando escutei. Como já disse antes, eu não conseguia dormir desde que lera aquele maldito jornal. Então quando uma pedrinha foi jogada em minha janela naquela noite, eu estava acordada para escutar. E para escutar a segunda e a terceira. Quando finalmente a quinta bateu, eu decidi que era melhor averiguar e levantei da cama.

Ali estava ele. Em uma jaqueta de couro preta e uma jeans escura e eu via uma moto estacionada não tão longe. Era Alexander e ele sorriu quando me viu na janela. Mas eu não fiz o mesmo.

Sem nem ao menos pensar eu coloquei um casaco e um par de pantufas e desci, enfurecida com a audácia que ele tinha de aparecer na frente de minha casa. Já estava difícil com um oceano nos separando, assim só iria piorar.

– O que você está fazendo aqui Alexander? Ou melhor, príncipe Alexander? Veio visitar a plebéia? - O sorriso do rosto dele diminuiu, mas não desapareceu por completo.

– Lola eu posso explicar...

– Não precisa, eu entendi bem. Príncipe Alexander e duquesa Camile se conheceram no em uma festa no dia doze... – Eu citei o jornal - Foi um dia antes da noite Alexander. Da nossa noite! Da noite que eu me entreguei a você! Como você pode?

– Eu não estou apaixonado por ela Lola!

– Mesmo assim, é com ela que você está noivo! - Eu pude ver que nossa conversa havia acordado alguém dentro de minha casa, mesmo assim continuei. - Você veio fazer o que aqui? Terminar o que começou? Terminar de destruir minha vida?

– Lola... - Foi quando de outro lugar, duas pessoas apareceram. Eu não reconheci o homem. Mas a garota eu sabia quem era. Era Camile.

– O que ela está fazendo aqui? Eu não acredito que... - Mas a duquesa não me deixou terminar de falar.

– Alexander me trouxe aqui, pois sabia que você não iria acreditar se ele contasse. - Eu fiquei confusa. - Nós rompemos o noivado. Não há nada e nunca houve nada entre nós. Foi algo que nossos pais fizeram. Eu estou apaixonada por Sebastian, meu professor de violino. E Alexander só tem olhos para você Lola.

Um, dois, três. Dez segundos se passaram até eu entender o que isso significava. Que ele estava ali, não para rir mais ainda de mim. Mas para dizer que me amava.

– Lola, eu nunca me casaria com outra. Era por isso que havia chorado naquele dia. Porque mais pais já estavam decididos. Bem, meu pai. Mas agora... Minha mãe conversou com ele. E Camile com os pais dela e, com a ajuda de nossas mães, ficamos livres de qualquer noivado que possa ter existido.

– O que quer comigo então, Alexander? - Eu escutei a porta da minha casa abrir e meus pais saíram para a entrada. Mas não me virei. Ao contrário. Continuei encarando o meu príncipe.

Ele se aproximou, chegando perto o bastante para que eu sentisse seu hálito de menta. E então, em um sussurro, como quando eu decidi me entregar a ele, disse:

– Eu quero que seja minha, apenas minha. Eu quero que seja minha mulher. - E quase grudando nossos lábios por fim ele disse:

– Quer ser minha princesa? Quer se casar comigo Lola?

Eu não respondi. Mas vi que Camile havia aberto um sorriso. E provavelmente meus pais estavam se perguntando o que estava acontecendo. Mas eu esqueci tudo isso por um segundo e sussurrei de volta, enquanto Alexander me tomava para um beijo. Um que como o primeiro, fez meu mundo balançar.


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