Olho do Diabo escrita por LUMUS


Capítulo 6
Castigos e complicações


Notas iniciais do capítulo

Oi, pessoas! O fim desse capítulo veio para aumentar o "mistério" que cerca a Lynx e levantar duvidas sobre ela. Espero que gostem! :D
Boa leitura!!!



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P.O.V: Ronald

Aquela noite, todas as harpias foram liberadas pelo Sr. D. Assim que sai da enfermaria, lotada de semideuses pisoteados no tumulto, fui a Casa Grande.

–Você tem noção do que aconteceu essa noite? –ouvi a voz de Quíron perguntar

–Ajudei um amigo. –Lynx responder, parecendo irritada –Não é minha culpa se só quer ver o lado negativo.

–Acontece, - Quíron também não parecia calmo, nem paciente como de costume –que o lado negativo não pode ser ignorado. Você espancou um campista e colocou todos os meio-sangues em risco.

–Desista, centauro –o Sr.D bufou –Essa é mais ignorante que todos os outros.

–Com licença, -Lynx rebateu –não sou eu quem está embriagando uma cabeça de leopardo, senhor.

Ao menos ela lembrava de como chama-lo.

Bati na porta, empurrando-a e dando passos lentos para dentro da sala. Lynx estava de pé na frente de Quíron, e o Sr. D sentado, bebia uma Diet Coke enquanto dava vinho a sua cabeça de leopardo. Uma parte da perna e da coxa da minha amiga estavam enfaixadas e era possível ver círculos de sangue se formando sob as ataduras, escapando do machucado causado pela mordida do leão.

–Ótimo –o deus ironizou ao me ver –Mais um inconveniente.

–Eu só...-apontei para a Lynx –Quíron, o que aconteceu hoje não foi culpa dela. Tudo bem. Ela vai se mostrar infantil, imatura, estabanada, descontrolada, desmiolada... Se é que já não fez isso. Mas essa noite, ela só quis me ajudar.

–Ela não parou,-Quíron me lembrou- mesmo quando já havia acabado.

–Caramba! –Lynx exclamou –A rede de fofocas aqui é braba, eim? Como sabe disso?

–Lynx. –repreendi

Quíron se moveu para ficar de frente para nos dois:

–Ronald, entendo que quer retribuir o favor que ela lhe fez, mas não se trata disso. Muitos campistas podiam ter morrido hoje, simplesmente porque sua amiga se recusou a parecer fraca.

–Ela é orgulhosa, Quíron. E nenhum de nós gosta de parecer fraco.

O Sr. D soltou uma risada irritante:

–Bem, você não se importou em deixa-la lutar por você.

–Senhor, -Lynx virou a cabeça para olhá-lo –Não lembro de nenhum de nós ter pedido sua opinião.

–Controle sua língua, Indeterminada. –O Sr. D a encarou –Só mais uma insolência, e eu lhe mando para Hermes negociar com alguém que queira uma garota detestável.

Ela abriu a boca. Ia rebater.

–Lynx. –interrompi –Pelos deuses, espere lá fora.

–Mas...

–Por favor.

Ela emitiu ruídos inaudíveis para expressar a insatisfação, mas se arrastou para fora da sala.

–Quíron, os...distúrbios da Lynx não são como os nossos. –contei assim que ela fechou a porta da sala –Ela tem TDAH, dislexia e tudo o mais, mas alguma coisa nela a impede de manter o controle quando ela quer proteger alguém que gosta. E acredite em mim, ela tenta se controlar todo dia.

–Espero que sim, Ronald. Mas, se ela não consegue por si própria, temos que ajuda-la, não é?

–Se com ajudar você quer dizer castigar, não. Não devemos.

–E o que você sugere? Que deixemos passar? Que exemplo isso vai ser aos outros semideuses, Ronald?

–Quíron, -esfreguei as mãos uma na outra, nervoso –Ela só precisa de espaço...

–Ela precisa de disciplina! –o Sr. D se manifestou –Ela vai para a cozinha, lavar toda a louça desse Acampamento, até a limpa. E me agradeça por isso. Eu podia tirar tudo o que resta de sanidade naquela cabeça oca e transformá-la em um golfinho. A jogaria no território de Poseidon e torceria para que fosse filha de Zeus.

Lembrei da luta com Ortos. Lynx o eletrocutara. E tinha cabelos pretos e olhos azuis. Será que...?Bem, se fosse, era até compreensível o fato de que ela não havia sido reclamada. Por que Zeus, o senhor do Olimpo, reclamaria Lynx Singer?

–Eu concordo com o Sr. D, Ronald. Ela precisa de disciplina, e vai lavar a louça. Ao menos a suja.

–Então ao menos me castigue também. Ela se meteu nisso por minha culpa, não acha? E se o Will não tivesse inventado essa história de briga, ela não teria em quem bater e nenhum campista teria atravessado as fronteiras.

–Isso não muda o que ela fez, mesmo com a luta acabada, nem os riscos que os semideuses correram com todos aqueles animais. Ela mesma ia morrer esta noite, Ronald! A Lynx precisa aprender o que é o controle, e vamos ensiná-la de agora. Mas, eu acho justo que você a ajude. E o Will também. Agora vá para o seu chalé, e leve sua amiga para o de Hermes. Vocês vão ter muito o que fazer amanhã.

Suspirei, mas assenti.

Descemos as escadas e encontramos Lynx apoiada no fim do corrimão. Os braços cruzados e os olhos semicerrados.

–Só pra deixar claro, eu concordo com o Ronald –ela disse –Eu preciso de espaço! Além disso, que tipo de castigo é esse? Lavar a louça? Sério?

–Sim. –O Sr. D se adiantou –Com lava. Mas não se preocupe, você e o sue amigo podem limpar os chalés depois. E a Casa Grande também.

–Ah, mas é claro. –Lynx forçou um sorriso –Talvez eu jogue aquela sua cabeça de leopardo fora. Ela está mesmo poluindo o ambiente. Ou talvez o problema seja o senhor.

–Bem, o Sr. D manteve o tom inalterado –não sou eu quem quebra a sinergia nos locais.

A calma dele só sirviu para irritá-la ainda mais. Pus a mão sobre sua boca e a puxei para fora da Casa Grande.

–Vamos lavar a louça e limpar os chalés amanhã. –avisei –Mas lembre Quíron, que tudo o que ela realmente precisa é espaço.

Tanto eu quanto a Lynx saímos pisando duro. Não era muito justo. O que me lembrava o motivo de tudo aquilo ter começado.

–Não foi você que escreveu o bilhete e pôs a tinta no shampoo do Will, foi?

–Não. –ela respondeu –Mas sei que também não foi você.

–Então quem foi? Mais alguém que goste da Miles?

–Ou alguém que queria que nos ferrassemos.

–Então demos justamente o que esse alguém queria?

–O Will ia bater em você aqui se não tivesse descido a Colina, Ronald. De um jeito ou de outro esse alguém conseguiria o que queria.

Paramos em frente ao chalé de Hermes e eu abri a porta. Os semideuses lá dentro sentaram em suas camas e olharam para Lynx. Alguns sorrindo, outros assustados. Ela iria arrumar alguns amigos com quem pregar peças nos outros aquela noite.

–Ei. -sussurrei para ela –Não vá na deles. Já se encrencou demais.

–O que posso fazer? –ela sorriu, entrando no chalé –Sou boa nisso.

Pensei em argumentar, mas era Lynx Singer. Não adiantaria de nada.

–Só tome cuidado.- pedi por fim –Boa noite, Lynx.

–Boa noite, Ronald.

Dei as costas ao chalé de Hermes e segui para o de Atena. Miles esperava na porta.

–Preciso falar com você –ela segurou meu braço, me puxando para longe dos chalés

–O que é? –perguntei quando paramos.

–É sobre a Lynx.- ela começou –Hoje, quando atravessamos as fronteiras...A Lynx abriu uma brecha nelas, Ron.

Senti meus olhos se arregalarem.

–Isso quer dizer que...

–A Lynx não é capaz de atravessá-las. –Miles cravou os olhos nos meus, séria, dando ênfase na gravidade da situação. –As fronteiras se abrem para ela.


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Notas finais do capítulo

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