Olho do Diabo escrita por LUMUS


Capítulo 5
Extintos animais


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo! Acho que o próximo vai demorar um pouquinho porque estou ficando sem tempo...
Bo leitura! :3



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P.O.V: Lynx

Faltavam cerca de cinco minutos para a meia noite e eu podia ouvir os campistas se esgueirando para sair do Acampamento. Os filhos de Hermes agarravam fogos e bombinhas de fumaça, escondidos em tudo o que era tipo de lugar. Miles, agarrada ao meu travesseiro, tentava me convencer de que aquilo não era uma boa ideia:

–Lynx, eu não sei o que você vai fazer, mas pense bem. Se não sairmos, não nos encrencamos, podemos visitar o Ronald na enfermaria, e o meu kit da Maybelline continua inteiro!

–Eu sei que é uma péssima idéia! Escuta isso! As harpias devem aparecer logo...

–Escutar o que, sua louca? O som das minhas unhas quebrando quando eu tiver que lavar pilhas de pratos?

–Claro que não, Miles. Os passos. Uns estão até correndo.

–Lynx, eu não escuto nada!

Virei no colchão para encará-la:

–Como não? Nunca vi pessoas tão barulhentas...

–Ninguém está fazendo barulho!

–Então eu que sou muito ninja!

Os filhos de Hermes começaram a sair do chalé. Abri um sorriso:

–Prepare-se, Miles.

–O que vamos fazer? Me diga o plano!

–Eu vou salvar o Ronald!...E o seu kit da Maybe-sei-lá-o-que.

–Os deuses me ouviram!-Miles ergueu os braços, agitando-os - As musas tocam canções heroicas!

Franzi a testa:

–E depois eu que sou louca...

O ultimo grupo de filhos de Hermes saiu do chalé. Agarrei o pulso de Miles e a puxei para fora do colchão, encostando o ouvido na porta para escutar melhor. Algum tempo depois, estava o mais absoluto silêncio lá fora.

–Está começando. –sussurrei para Miles –Vamos.

–Como você sabe?-ela jogou o capuz preto na cabeça –Nem chegamos lá ainda!

–Sou ninja, Miles. Sou ninja.

Saimos pela janela e nos esgueiramos pelas sombras, fazendo o mínimo de movimento possível. Cabelos presos e olhos fixos no horizonte. Meus pés seguiam silenciosos um atrás do outro, enquanto os de Miles quebravam galhos atrás de mim.

–Evite os galhos. –eu a disse

–Parece até que isso é caso de vida ou morte. –ela sussurrou de volta

–Se as harpias nos pegarem, vai ser.

Continuamos em silêncio até chegarmos ao topo da Colina Meio-Sangue. Podíamos ver tochas abaixo de nós, e agora, Miles ouvia um eco distante dos gritos, enquanto eu ouvia nitidamente os berros.

Escorregamos pela Colina e paramos atrás da multidão. Ronald estava no meio de tudo, tentando inutilmente convencer Will de que não fizera nada. O filho de Apolo agitou a mão, como se todas as palavras de Ronald fossem insignificantes e avançou, atacando-o. Um soco em seu rosto e Ronald caiu, levantando-se o mais rápido que podia. Mais um soco e meu amigo caiu de bruços, se arrastando antes de conseguir suportar novamente o peso do seu corpo. Seu nariz e sua boca já sangravam quando o terceiro soco veio. Ronald tentou levantar novamente.

–Fique no chão, seu idiota! –ordenei correndo até a multidão de semideuses.

Ronald ergueu a cabeça, me encarando ainda mais assustado do que enquanto levava os socos.

–Lynx...-murmurou

–Tire ele daqui, Miles.

Miles foi até Ronald, ajudando-o a levantar enquanto eu avançava por entre as primeiras pessoas no círculo, parando bem no meio, de frente para o filho de Apolo.

–A indeterminada. –ele sorriu – saia da frente.

Will tentou passar por mim, mas segurei seus ombros, empurrando-o para trás.

–Por que você quer bater no Ronald?

–Ele colocou tinta no meu shampoo.

–Você não tem certeza disso. –afirmei

–Ah, eu tenho. Ninguém mais deixaria um bilhete onde se lesse: “Isso é pela Miles ter demorado tanto a acordar”.

Droga, Ronald. Droga! Não, Lynx. Ele não é do tipo que faz essas coisas.

–Não foi ele. –menti –Fui eu.

O filho de Apolo me analisou:

–Você?

Assenti.

Will deu meia volta:

–A briga acabou.

Olhei a cena, sentindo a indignação crescer.

–Ei! –chamei –Qual é o problema? Tem medo de perder para a indeterminada?

Will se virou novamente, sorrindo:

–Eu não bato eu garotas.

Eu ri:

–Garanto que o único a apanhar aqui vai ser você.

–Lynx –Ronald chamou –Já está tudo resolvido, ok? Vamos embora.

–Ninguém me da as costas, Ronald. Muito menos depois de bater em um amigo meu.

–Lynx, acabou... –Miles tentou, mas era tarde.

Avancei até o filho de Apolo, puxando-o pelo ombro e desferindo dois socos em seu rosto. Will cambaleou para trás, equilibrando-se poucos segundos antes de cair. Ele levou a mão ao nariz, observando-a sair melada de sangue.

–Desgraçada...

Ele veio até mim, mas era muito lento. Dei uma joelhada em seu nariz e desferi um chute circular contra a sua coxa logo em seguida. Will pôs força na coxa para absorver parte do impacto e passou um dos braços em torno do meu pescoço, forçando meu corpo para baixo e socando o meu estômago. Ofeguei antes de passar meus braços em torno de sua nuca e desferir mais joelhadas contra ele, erguendo uma perna no exato segundo em que um pé tocava o chão, mirando seu nariz, seu peito, ou qualquer lugar que eu pudesse causar algum dano. Will me soltou e se afastou.

Eu podia sentir a sensação de sempre ao entrar em uma briga. A sensação de liberdade. De poder liberar toda a raiva suprimida que eu lutava para controlar diariamente. Avancei novamente. O punho dele veio em direção ao meu rosto, mas eu desviei, me abaixando e girando, chutando-o nas costas.

Will caiu e eu avancei novamente, virando seu corpo e prendendo-o entre meus joelhos, socando o seu rosto diversas vezes.

–Lynx –Ronald berrou, mas eu não me importei –Pare!

Mas eu continuei.

–Pare, Lynx! –foi a vez de Miles –Já chega!

Soquei o rosto de Will com mais força, baixando meus punhos sobre ele até alguém passar os braços em torno dos meus e me puxar para longe.

–Controle-se.

Me debati, tentando chegar novamente a Will que se contorcia cuspindo sangue.

–Você consegue, Lynx. Controle-se.

Me virei, disposta a acertar quem quer que fosse e voltar a Will, mas não era ninguém. Fiquei parada, encarando o vazio até um braço agarrar meu pescoço, puxando-me para trás. Dessa vez, era Will. Caímos um sobre o outro, e eu obtive a vantagem de cair por cima, evitando o maior impacto, aproveitando para baixar o cotovelo contra o seu estômago enquanto as costas do filho de Apolo iam de encontro a terra.

Levantei, chutando-o até ter certeza de que não se levantaria mais e deixei meu corpo cair mais uma vez, sobre os meus joelhos. Levei as mãos a cabeça, deixando meus dedos agarrarem os fios.

Quem foi?, me perguntei, Quem me segurou?

Um rugido. Meus olhos se moveram devagar e não fiz nenhum movimento brusco.

Os semideuses começaram a correr, gritando enquanto rugidos, latidos, grasnos e vários sons de animais se aproximavam. Ouvi os passos e me virei na direção do som, vendo os animais que me perseguiram em meu pesadelo abrir caminho na multidão.

Levantei em um pulo. Não eram monstros, e nem estavam atrás dos outros semideuses.

Estavam atrás de mim.

Esqueci tudo o que sabia sobre autocontrole e comecei a correr. Chutei o cisne quando ele apareceu na minha frente e continuei o mais rápido que podia, o que não foi suficiente. Os dois leões me alcançaram, rondando meu corpo. Olhei para os lados, tentando acompanhar as cabeças. Os dois atacaram ao mesmo tempo e o menor mordeu a minha perna, a da coxa machucada pela luta com Ortos. Cai para o lado do leão maior, que me prendeu estre suas patas, rosnando.

Inutilmente, gritei ao ver sua enorme boca se aproximar do meu rosto. Fechei os olhos.

Ouvi cascos, mas estava aturdida demais para dar atenção a isso. O peso do leão saiu de cima do meu corpo.

Fiquei parada, ouvindo cascos e patas chocando-se contra o chão, como em uma perseguição. Fora tudo tão...tranquilo. O golpe final não doera, apesar da minha perna ainda explodir. Aquilo não parecia a morte.

Abri os olhos devagar, com medo do que ia ver, mas nenhuma visão de morte podia ser pior do que a expressão rígida no rosto de Quíron.

Engoli em seco.

–Lynx Singer, – disse-me ele- Nós precisamos conversar.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?



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