Espelho, espelho meu... Era assim que a bruxa malvada da história da garota burra que comia maça envenenada falava para seu espelho mágico nas historias que eu ouvia na colônia, mas este espelho em que olho não tem nada de mágico e meu cabelo parece com os de uma zumbi que decepei quando entrei no shopping. Acho que vou voltar naquela loja de sapato e trocar estes tênis por um par de botas. Aff! Ouvir minha própria voz esta me cansando, mas ficar em silêncio estava me fazendo ouvir coisas e pensar besteiras, então vou continuar falando sem parar é melhor que me ouvir cantando. Sinto saudades de casa, não era bem uma casa era apenas um aglomerado de pessoas em uma colônia onde meu pai me manteve trancada feito prisioneira.

Sinto falta dele, das pessoas falando umas com as outras nasci e cresci dentro da colônia minha mãe morreu quando eu era criança e meu pai resolveu me colocar em segurança total, nem mesmo dar uma espiadela por cima da muralha de estacas que ergueram para proteger a colônia eu podia, não eu a pequena inofensiva Agatha Niey. Por favor, uma mulher de 19 anos presa sem liberdade nem para beijar na boca era o fim. Papai morreu e nesses dez meses de “liberdade” eu completei 20 anos, sai da colônia, matei alguns zumbis, arranjei uma moto muito veloz o difícil é conseguir gasolina.

Não sou inofensiva nunca fui se papai soubesse mais de mim saberia o porquê os garotos tinham certo receio em chegar perto de sua filhinha, eu costumava participar de pequenas lutas clandestinas, não que eu seja rebelde nada disso, mas era única diversão que eu tinha, me arriscar. Sou assim mesmo arrogante, sarcástica, irônica, nunca disse não a um desafio e adoro provar o quanto sou capaz, mas isso é apenas defesa eu ainda sonho em ver o mundo que eu via em livros e ouvia em historias, um mundo bom e feliz onde as pessoas faziam piquenique em praças em dias de domingo, ir à praia, dançar, fazer um luau com fogueira e ouvir musica ao vivo se bem que não faço menor ideia de que seja um luau ou um piquenique.

Pronto estas botas ficaram melhor, vou visitar a seção de utilidades e pegar mais algumas facas, não sei quantos zumbis terei que enfrentar até eu chegar a praia. Sim á praia já vi ruínas de prédios demais agora quero ver o mar espero que quando isto voltar ao normal eu possa aprender a surfar igual vi em um filme quando eu era criança. Por hora eu preciso apenas de facas, munição para a pistola que era de papai que eu sei usar melhor que imaginava e comida. Muita comida.