POV’S NARVI

Tem algumas noites que estamos em Jotunheim.

Papai me disse que o sol não nasce aqui, e eu pude perceber que aqui não há luz alguma, tudo se resume a gelo, frio e escuridão.

É bem diferente da casa do vovô, mas aqui eu me sinto bem, me sinto em casa.

Mamãe vive falando que eu tenho o pensamento de alguém que já viveu muito, mas ela não entende que eu não sou como as outras crianças.

Eu sou um semideus, isso não me faz superior a outras crianças, me faz somente ser diferente das demais.

Palavras de mamãe, é claro.

E ser diferente é legal.

– Narvi, faz horas que você encara esse prato vazio. Não sente fome, meu pequeno príncipe? – mamãe sorri para mim e se senta ao meu lado.

– Não. – respondo calmamente – Onde está Sigyn? – questiono.

–

POV’S HELENA

Narvi não come bem há alguns dias, ele está sempre tão alegre e falante, me rodeando cheio de perguntas e sorrisos, e de alguns dias para cá está calado, sério, sombrio.

Loki diz para eu não me preocupar, que é somente uma questão de adaptação ao novo ambiente, e eu finjo que está tudo bem.

Flashback On

Estávamos em Jotunheim a mais ou menos uma semana, e o pequeno Narvi corria pelo imenso castelo de gelo, feliz da vida.

– Narvi, cuidado! Assim você acabará se machucando meu amor! – pego ele em meus braços e encho sua face, corada pelo esforço físico, de beijinhos molhados.

– Eca mamãe! – ele diz, rindo – isso é nojento! – continua, agora ficando sério.

– Helena? – me chama Loki, caminhando na nossa direção, acompanhado de uma mulher, muito bonita por sinal, cheio de sorrisinhos direcionados a ela.

EPA!

– Sim? – encaro-o com um mínimo sorriso nos lábios.

– Quero que conheça uma amiga, essa é Sigyn, a deusa da fidelidade, e bem, ela é minha segunda esposa. E Sygin, essa é Helena, minha esposa midgardiana e rainha de Jotunheim. – diz simplesmente, com um sorriso divertido nos lábios.

QUE?

– Me desculpe, mas o que disse? – questionO, piscando freneticamente os olhos.

– Essa é Sigyn, minha esposa de Asgard! – diz ele, se aproximando.

– Você tem uma – engulo em seco – segunda esposa? – prossigo, encarando-o nos olhos, Narvi rapidamente pula de meus braços e direciona o seu sorriso doce à Sigyn, o mesmo sorriso que ele direciona a mim. – Que conversa é essa?

– Eu sou um deus, Helena, é normal em nossa cultura asgardiana, um deus ter mais de uma esposa. Entende? – questiona Laufeyson, encarando-me descaradamente.

AH MAS EU AINDA MATO ESSE DESGRAÇADO!

– Entendo. – sorrio para ele cinicamente – Mas não quer dizer que eu aceite, meu querido.

– Bem, vocês estão apresentadas, eu tenho coisas para fazer... – sai rapidamente de cena, como se nada tivesse acontecido.

BEM TÍPICO NÉ?

– Sabe, eu o conheci primeiro... – começa ela, cheia de sorrisos para meu pequeno Narvi.

– Escute, Sigyn. – sorrio cinicamente ao pronunciar seu nome – Não quero conversar com você, sua presença aqui pouco me interessa, não somos amigas, então não quero saber de suas histórias.

– Mantenha a calma, minha rainha. – diz ela debochada.

– Sim, sou sua rainha, e esse é o meu reino, você está sob meu teto e minhas regras, se eu fosse você, começaria a tratar melhor a sua rainha. – pego meu pequeno no colo e caminho em direção ao quarto de Narvi.

Flashback Off

Desde que Sigyn apareceu aqui a minha vida tem sido um completo inferno.

Loki é bastante atencioso com ela, sempre mimando-a, sempre carinhoso.

Não que ele não seja comigo também, é só que eu não consigo lidar com isso.

“Não ser a única” é tão doloroso.

Eu o odeio por não ter me contado isso antes, mas ele diz que se eu soubesse de tudo, nunca teria vindo para Jotunheim com ele, e ele queria manter Narvi sob seus cuidados, e não conseguia simplesmente me deixar para trás.

Porque me ama.

Quantas traições eu terei que superar para viver ao lado do Loki?

Me sinto tão cansada de toda essa loucura, eu só quero voltar para casa.

Mais uma vez meu coração está em pedaços, e a culpa é toda do Laufeyson.

Ah, mas eu vou me vingar.

Pode apostar!