Megaman 9 escrita por Tronos


Capítulo 5
Capítulo 05




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Alguma coisa nos últimos dias melhorou e muito meu relacionamento padrão com a pessoa que me vestia. Ela parecia sorrir mais e não se importava em conversar comigo, e parecia ter pego o hábito de acariciar meu colarinho, ou a gravata, ou mesmo a manga oposta à mão que estivesse me acariciando sempre que estava distraída. Não tinha do que reclamar, na verdade. Ela dormia comigo todas as noites, e sempre parecia acordar mais confortável do que quando o fazia de pijamas, e agora, sempre que ela ia tomar banho, me levava junto, e quando voltávamos, tinha um ferro me esperando no quarto, quentinho e maravilhosamente relaxante, alinhando minhas fibras e acabando com os amassados.

Nossos corações estavam verdadeiramente alinhados dessa vez, por isso, enquanto sangrava o pulso pra sincronizar as fibras de vida, meu tecido cobriu seu corpo de uma forma diferente de antes. Ainda era extremamente revelador, mas eu podia sentir o poder percorrendo as fibras, das fibras para os seus músculos. Nossos pensamentos se enrolaram um no outro e nossos corações se tocaram, tão próximos quanto poderiam ficar.

Seu olho esquerdo assumiu um projeto amarelo e vermelho, e eu pude ver por ele, pude sentir seu sangue e seu corpo de um jeito inteiramente novo. Não era apenas sua pele agora, era os músculos e os ossos.

–Incrível! – Ryuko riu consigo mesma, o poder explodindo delas como ondas num lago, os dentes afiados olhando ameaçadoramente pra frente – Você é muito forte Senketsu! É impressionante!

“Quando nossos corações estão alinhados, é que nosso poder se revela. Quanto mais próximos forem um do outro, mais forte nós vamos ser” – eu disse, e sorri, sentindo seus lábios espelharem o meu gesto – “Pode ir com tudo, Junketsu não tem a menor chance agora, Satsuki não esta nem perto do seu coração”.

Ryuko virou a espada, avançou. A velocidade foi tamanha que o ar não foi rápido o bastante pra ocupar o espaço dela, criando uma explosão de vento na área. Seus cabelos eriçaram pra trás, enquanto ela pulava e girava, a lamina tesoura apontada direto para o pescoço, barrada com um milissegundo de vantagem pela espada de Satsuki.

A formidável Bakuzan que, segundo ela, era ainda mais afiada que a lamina tesoura, se partiu em pedaços. Uma onda de vento arrancou pedaços de terra do lugar, e Kiriyuin foi arremessada pra trás, batendo a testa no chão e girando descontroladamente até arrancar Gamagori no chão, que tinha a intenção de pega-la. Ambos pararam, literalmente, enfincados na parede, o rosto de Ira pressionado contra uma parte muito sensível do corpo da presidente arrogante do conselho estudantil.

Foi bom que as ondas de vento tenham arrancado toda a plateia dali, senão boa parte do respeito que detinham por ela teria sido perdido. Ambos caíram no chão, inconscientes, e teria sido de cabeça se Sanageyama e Nonon não tivessem amparado suas quedas.

Ryuko girou a lamina tesoura e guardou na bolsa do quadril, enquanto dava as costas aos dois e liberava minha transformação. Notei com o canto dos olhos o último membro da Elite four tentar fazer algum movimento, mas foi a própria Satsuki que o parou. Curiosamente, ela tinha um sorriso sangrento no rosto e um brilho ainda mais estranho nos olhos.

–Deixe-os... Ela venceu.

–Satsuki-sama...

–Vamos Sanageyama... eu quero tomar um chá agora.

–Hai...

Ryuko tinha seu próprio sorriso estranho enquanto saía da academia, brincando com os suspensórios.

“Pensei que ia interroga-la agora...”.

–Não precisa ter pressa, Satsuki é orgulhosa demais pra voltar atrás na própria palavra, ela vai me contar tudo o que sabe.

“Entendo...”

–Ara... parece que você conseguiu mesmo.

Ryuko parou de andar onde estava, e fez uma careta pro professor desleixado e preguiçoso.

–Migisuki-teme... O que você quer?

–Ora... eu disse que ia te dizer tudo, não é? – Ryuko pareceu surpresa por um momento, até sorrir amplamente – Como conseguiu vencer Satsuki e Junketsu... acho que posso te contar a verdade, venha comigo.

–Sim!

Menos de meia hora depois, nós estávamos na frente de uma grande tela, ligada a pelo menos dez computadores onde membros da Nudist beach digitavam furiosamente, baixando, configurando e a analisando vários bytes por segundo. Ryuko comentou baixinho que era como estar na Nabuko Donosor, mas eu não entendi o que isso queria dizer.

–Tem várias coisas que precisamos explicar, Ryuko, mas acho mais fácil começar pelo seu Kamui....

–Senketsu – ela interrompeu, com uma careta. Acabei sorrindo comigo mesmo por isso.

Migisuki sorriu também, mas foi um daqueles sorrisos chatos de quem pensa que esta lidando com uma criança.

–Claro, o Senketsu... enfim, você já sabe o que são fibras de vida não? O material primário pelo qual uniformes Goku e Kamuis são feitos.

–Sim... você já me explicou sobre isso, aparentemente Senketsu e Junketsu são roupas super fodonas feitos inteiramente de fibras de vida, não é?

–Basicamente... eu quero te mostrar as pessoas que trabalharam, pela primeira vez, com esse material. Cada uma delas são como monstros em forma humana, que poderiam te matar em um segundo, como se não fosse nada.

Ryuko moeu os dentes de irritação, mas focou na tela, onde várias imagens foram aparecendo.

–Primeiramente, acho que podemos falar do seu pai, Matou Isshin, ou como era o conhecido, O cientista. Foi ele que criou a lamina de tesoura que você usa, e também fez o seu kam... o Senketsu, usando seu sangue. É por isso que ele se adapta tão perfeitamente a você.

Era por isso que o sangue da Ryuko era tão delicioso, eu fui feito com base nele...? Quer dizer que eu nasci com o propósito de ser vestido com ela?

Ryuko mordeu os lábios, o seu ritmo cardíaco aumentando levemente. Por algum motivo, ela não ficou muito confortável com essa notícia, eu teria que perguntar mais tarde o por quê.

–...Foi também ele que fundou a Nudist beach, usando o dinheiro de suas várias patentes. Toda essa organização é voltada com o único propósito, combater essa pessoa...

As fotos do pai de Ryuko e, de certa forma, o meu, foram jogadas pro lado da tela com um aceno de mão, desaparecendo e dando lugar a outros. Era uma mulher de pele clara, cabelos prateados e azuis e roxos e amarelos e vermelhos e verdes, usando pelo menos um milhão de roupas espalhafatosas.

–Quer dizer que vocês combatem a Lady Gaga?

Era pra ser um comentário sarcástico, mas todos dentro da sala riram, mesmo os programadores até então em silêncio.

–Desculpe... é uma piada que temos por aqui, mas não... Essa mulher é a mãe de Kiriyuin Satsuki, Kiriyuin Ragyo, ou como ficou conhecida, “­Le´ madam”, a madame. Ela pode parecer... excêntrica, mas é uma pessoa super forte que comanda um império da moda, a Revoc´s, que controla setenta por cento do comercio de roupas do mundo. Quer dizer que setenta por cento das roupas existentes no mundo são produtos dessa mulher.

–Isso não parece uma boa notícia...

–Realmente, não é. Ainda não sabemos quais são seus planos exatamente, mas estão voltados, claramente, para dominação mundial.

“Tsc... uma esnobe com fome de poder, por que isso não me surpreende?!” – comentei, e Ryuko fez uma careta em concordância.

–Já que falamos sobre o Cientista e a Madame, podemos falar sobre a Estilista...

–A estilista?

Migisuki tocou na tela, e uma única foto de uma garota toda vestida de rosa com cabelos louros compridos presos em dois rabos gêmeos ao lado da cabeça olhava diretamente pra câmera. Ela segurava um guarda chuva cheio de frus’frus e sorria pra câmera com um jeito inocente e fofinho que enviou arrepios nas minhas fibras. Seja quem fosse aquela pirralha, não era nada de bom. Ryuko não teve a mesma sensibilidade, e cascou o bico.

–Você tá dizendo que essa petite poderia me matar, facilmente, em um segundo? É zoeira né? Olha pra ela, a pior coisa que deve ter acontecido na sua vida foi lascar a unha.

–Não seja idiota Ryuko, nós perdemos trinta agentes só pra conseguir essa foto, essa pessoa é um monstro em forma humana, mesmo parecendo uma idol girl, ela é forte o bastante pra combater soldados armados como se não fossem mais perigosos que filhotinhos de gato.

–Sei... E se ela se chama estilista, é por que...

–Exatamente, ela é uma especialista em fazer Kamuis e outras roupas envolvendo fibras de vida... bem, não é a maior especialista nisso, mas chega lá. A próxima pessoa que eu vou te mostrar é, sem dúvida, o mais perigoso nessa lista de monstros, e também o mais imprevisível. Nunca fomos capazes de adivinhar se ele é um amigo ou inimigo...

–Por que?

–Só temos duas fotos dele – ele as jogou na tela, e Ryuko franziu a testa. Era um garoto de cabelos brancos com olhos azuis florescentes. Ele usava calças pretas e sapatos da mesma cor, com uma camisa branca com as mangas dobradas no cotovelo e uma gravata preta lisa, caindo até a cintura. Uma das fotos era cheia no seu rosto, com ele usando óculos e acenando pra câmera, na outra ele fitava o fotógrafo com um olhar sério – Numa delas ele espancou o agente até a beira da morte, na outra convidou o outro agente pra tomar sorvete...

“Ele parece alguém estranho”.

–Mas por que ele é tão especial, parece ser tão jovem quanto eu...

–Esse é um dos pontos – Migisuki bagunçou os cabelos, caindo sentado na cadeira de rodinhas – Ele é muito mais velho quanto parece, não temos a mínima ideia da idade dele, mas aparentemente, foi ele que ensinou seu pai e a Estilista como trabalhar com fibras de vida... ele é uma pessoa altamente imprevisível que tem discípulos dos dois lados.

–Espere, esse cara treinou o meu pai?!

–Mais do que isso, essa pessoa é o mestre do seu pai, segundo Isshin, ele o criou desde que tinha dez anos e foi embora quando ele completou vinte, deixando seus ensinamentos sobre como fazer fibras de vida e Kamuis com ele. Ishhin nunca me contou o porque, ou como, ou os detalhes dele, mas ele o chamava de Pai... Vendo por esse ângulo, esse cara seria seu avô, Ryuko... Nós o chamamos de O alfaiate.

Ryuko ficou em silêncio por um bom tempo. Quando levantou os olhos, eles estavam sérios e objetivos.

–Fale-me do Senketsu, e deixe os detalhes idiotas pra lá.


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