Você tremia como se tivesse visto um fantasma

E eu me rendi

Não tenho as coisas de que você mais precisa, você disse

Onde você estava?

Segui ela até sua cela.

–Me deixa em paz!- Anna grita quando eu adentro o local.

–Me desculpe! Foi momento, e-eu não consegui ev-vitar, ela que me beijou, não fui eu! A culpa é dela! Xingue ela!- eu estava gaguejando, eu sou um boiola mesmo!

–MENTIROSO!- ela taca uma lanterna na minha direção, mas eu facilmente desvio.- Você é um cretino, Carl! V-você acha que eu não vi você indo na direção dela?- ela se vira de costas pra mim e continua chorando.

–E-ela me obrigou, disse que mataria a Judith se eu não beija-se ela!- fui obrigado a mentir. Ta louco! A Clarisse podere ser gostosa e legal, mas eu não ia perder a minha namorada por causa de uma puta daquelas, fala sério, ela sabia que eu tava namorando e ainda sim me beijou!

–O que?- ela se virou imediatamente me encarando nos olhos.- Ah meu deus meu amor, me desculpa!- minha mentira funcionou! YUPI!- Aquela vadia! Ela parecia gostar tanto da Judith! Ela ia matar UMA BEBÊ! Covarde!- Anna andava de um lado para o outro no “quarto” e parecia procurar alguma coisa, até que ela tira uma arma de dentro de um armarinho.- É capaz dela fazer mal a alguém, eu preciso impedir isso!

–UOUOUOU, vai com calma amor! Uma arma não se resolve as coisas! Eu tenho certeza de que a Clair nunca mais vai fazer nada!- eu estava assustado, ela ia acabar matando a Clair! Eu sabia que ainda tinha alguma coisa lá no fundo do meu coração cutucando, dizendo que eu amo a Clair, mas eu queria, naquele momento ficar com a Anna.

–Nesse novo mundo, a arma é a melhor maneira de se resolver as coisas. Aquela vadia vai pagar por ter brincado com fogo!- e assim Annabelle saiu do quarto, com passos fortes e rápidos, bufando, ela ia matar a Clair. Sai correndo atrás dela, mas quando cheguei no corredor, ela não estava mais lá, ouvi um grito e fui correndo na direção do refeitório. Quando cheguei lá Annabelle estava no centro de uma rodinha e Clair estava chorando ajoelhada e com as mãos para cima, enquanto Anna estava com uma arma apontada para sua cabeça.

–Se alguém der mais um passo, eu atiro!- Anna disse, por que Julie tentou chegar na filha, mas Daryl a segurou, com medo de que Anna realmente matasse Clair.

–P-porque você está fazendo isso Annabelle?- meu pai diz gaguejando.

–Ela queria matar a Judith, só pra ter o MEU Carl! Pergunta pra ele!

–E-eu não sei do que você está f-falando, e-eu não f-fiz nada, p-p-por favor, eu juro que eu não...- Clair tenta falar chorando e soluçando, mas é interrompida.

–CALA A BOCA!- dessa vez Anna gritou alto e estridente, fazendo eco em todo o refeitório.

–Isso é verdade?- Rick pergunta para mim e eu assinto, não posso perder minha reputação, ou ser chamado de mentiroso, muito menos posso perder minha namorada, a Clair é só mais uma, não vai fazer falta. Clair olha pra mim com olhar de piedade e meu coração se aperta, penso em ceder e salvar sua vida, mas uma parte de meu cérebro diz que eu seria muito cruel com Anna se fizesse isso. Então eu só a encarei fixamente sem expressão, logo seu olhar de piedade se tornou olhar de raiva e com uma extrema agilidade e força, Clair tira a arma de boca dela, a qual Anna atira e seu alvo vira o chão, Clair se põe em pé e tira a arma da mão da Anna, a joga no chão e dá um soco no seu nariz, logo pega a arma de volta e aponta para o pescoço de Annabelle, tudo isso em menos de cinco segundos, nem deu tempo de alguém ter uma reação. Pego minha arma no coldre, assim como quase todos, menos Daryl e Julie que olhavam a cena espantados, e miro na coluna de Clair, atiro.

Um tiro, Clair cai no chão e morde o lábio de dor. Julie sai correndo, mas novamente Daryl a segura.

–É MINHA FILHA! ME LARGA! SEU CRETINO! CLAIR!- ela gritava, mas era puxada para trás por Daryl, logo ouvimos o barulho de uma cela fechando, Daryl havia a trancado numa cela.

Clair não emitia nenhum som, só sua respiração, mas perdia muito sangue e se revirava no chão, suas mãos faziam gestos e ela tremia muito, logo desmaiou.

–TIREM ELA DAQUI!- meu pai gritou. Daryl foi correndo e pegou Clair no colo.- Se eu ver essa garota aqui na prisão de novo, eu juro, eu a mato!

Daryl sai correndo para sua cela e Hershel vai atrás.

Eu não possuía expressão na minha cara, a arma caiu de minha mão, mas eu não me importei, eu provavelmente havia matado uma pessoa, e não era qualquer uma, era Clair, e tudo isso aconteceu por causa de uma idiotice minha e por causa de meu orgulho. Porque eu fiz isso? Eu matei a Clair, por causa da Annabelle, onde eu estava com a cabeça? A Clair é mil vezes melhor do que a Anna! Fui para meu quarto e tranquei a grade, fechei a cortina e comecei a chorar, joguei tudo que estava numa mesinha para o chão e comecei a socar a parede, minhas mãos já estavam sangrando mas eu realmente não me importava, dei um tapa com estrema força na minha bochecha, em seguida dei outro, e outro, e outro...

–Burro! Estúpido! Cretino! Assassino!- gritava. Eu soluçava alto então eu me deitei na cama dela, joguei a Daisy no chão e chorei mais ainda, pois o cheiro dela estava no travesseiro, aquele cheiro do shampoo de morango que Julie tinha achado para ela. Eu nunca mais iria ver ela, nuca mais...

*Daryl pov.*

Saí correndo com Clair nos meus braços, e percebi que Hershel vinha atrás, então ao invés de ir para o meu “quarto”, fui para a nossa enfermaria improvisada. Quando cheguei lá, coloquei Clair na maca e passei as mãos nos cabelos, desesperado, tive que tirar a Julie de lá, pois ela poderia ser atingida também. Aquela Anna é louca, sei que Clair nunca faria aquilo com Judith, ela amava a Judith como se fosse sua irmã.

–A bala não entrou tão fundo para ter atingido a coluna, mas deve ter quebrado algum osso, eu tenho que retirar a bala antes que infeccione, e ela terá que ficar um tempo de recuperação.

–Mas Rick disse que se visse ela novamente a mataria!- digo.

–Então eu vou retirar a bala e ela vai ter que rezar e ter sorte para sobreviver. Pobre menina, mas o que ela faria seria completamente desumano, por causa de um garoto? Ora...

–Você sabe que ela não seria capaz de fazer aquilo!

–Eu nunca gostei mesmo dessa menina, ela era uma má influência para Beth, por favor, me desculpe a palavra rude, mas ela era uma vagabunda!- e dito isso eu dei um tapa na bochecha de Hershel.- Agora sim é praticamente impossível de ela sobreviver, não retirarei a bala!- e saiu, sem mais nem menos, e deixou Clair ali, sangrando. Ouvi passos, Rick.

Procurei desesperadamente rápido uma mochila e botei tudo quanto é remédio e gaze, junto com dois rolinhos de esparadrapo. Quando Rick chegou deu para ver a fúria em seus olhos. Fiz correndo um curativo na coluna de Clair e botei novamente sua blusa amarrando a mochila no seu braço. Rick apontou uma arma para mim e logo Tyreese aponta outra.

–Sai de perto dela!-Rick ordena.

–Por favor Rick, não faça nenhuma merda, todos sabemos que você é um bom homem.

–Ninguém é bom homem neste novo mundo!- pega Clair e coloca em seu ombro. Sai da enfermaria e Tyreese continuou comigo, com a arma apontada, logo foi saindo e trancou a cela comigo dentro. Comecei a chorar.

–Ela vai morrer, ela vai morrer...- repetia para mim mesmo.