Lágrimas Secas escrita por TalesFernandes


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Então pessoal, o final está quase chegando, esta foi uma ótima série, provavelmente mais uns dois episódios e a série acaba.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/494488/chapter/9

Após aquele dia do acidente, fui afastado por 2 meses da Escola de Treinamentos. Júlia me chamou bem cedo para irmos até um local que dizia ela ter descoberto uma vista linda das montanhas. Fiquei com receio dela estiver pensando em ir para as próprias montanhas, local proibido pelo General, mas ela apenas achou um pequeno local aonde a cerca estava arrancada, com duas cadeiras prontas com uma vista perfeita, onde o ângulo dava para ver com clareza a gigantesca montanha direita, ao mesmo tempo a esquerda. Tudo o que se podia ver era neve e mais neves, e algumas elevações desiguais no topo.

– Isto é perfeito. – sussurro para Júlia bem perto de seu ouvido.

– Sim, igual você. – dou um sorriso por esse elogio e ela me dá um beijo.

Ficamos um tempo sentados na cadeira de mãos dadas olhando para toda aquela paisagem, analisando cada detalhe com muita precisão.

– Finalmente algo dá certo em minha vida. – observo.

Ela apenas vira para o meu rosto e dá um sorriso, seguido por um longo beijo quente e apaixonado. Em um certo momento, estávamos perdendo o controle, os beijos foram ficando mais rápidos, e já estávamos começando a tirar as peças de roupa um do outro.

– Júlia eu.. – coro diante daquilo tudo, e quando ela percebe aonde aqueles beijos iam dar, ela cora fortemente e volta a sentar na sua cadeira.

– Olhe, desculpe, é só que.. eu não estou preparado para isso. – tento me desculpar olhando para uma Júlia corada.

– Desculpe, eu que fui muito impulsiva. – ela começa a olhar para os pares de montanhas que se erguem diante de nós.

Um silêncio chato se ergue entre nós, mas finalmente após reunir coragem decido tomar alguma iniciativa.

– Sabe Júlia, eu estive pensando melhor no dia em que perdi minha família. – ela dá um pequeno salto de susto da cadeira ao ouvir minha voz, e depois começa a me encarar melhor com um sinal de que pode continuar.

– Estive pensando, esse mundo é muito injusto. Esses dias vejo um filho de um famoso morrendo e tendo comoção no mundo inteiro, mas quando minha família morreu apenas os guardas que nos salvaram ficaram sabendo, se mesmo que isso não causou alguma emoção neles. – uma pequena e teimosa lágrima escorre pelo meu rosto, mas logo se seca.

Júlia se ajeita na cadeira e fica fitando o espaço em volta, pensando em alguma resposta inteligente.

– Sabe o porque disso, Frank? Pois esses casos de mortes acontecem tanto, que não tem tanta notoriedade na mídia, pois já são assuntos repetidos, e a mídia de hoje em dia se preocupa com assuntos que irão trazer polêmica, por isso vítimas do mundo inteiro de estrupo, morte, assassinato, a mídia não mostra, porque acontecem com pessoas comuns, e não com famosos que tem uma legião de fãs. – ela completa seu pensamento e me fita com um ar de interesse para poder saber minha opinião.

– Por isso mesmo, esse mundo é injusto. Tudo é movido por dinheiro, não existem emoções neste local. Beijos perderam o valor, sexo é algo de diversão, tudo está errado nisto aqui. – algo me fez ficar um pouco emotivo hoje.

– Mas olhe, um modo de amenizar esse mundo cruel, é termos alguém para dividirmos as angústias. – ela pousa sua mão levemente sobre a minha.

– Tudo bem, vamos voltar para a casa. – dou um leve beijo em seus lábios.

Enquanto caminhávamos, ficamos conversando sobre coisas banais, assuntos aleatórios, algo que gostamos bastante de fazer. Quando finalmente chegamos no pequeno condomínio bastante imponente e dificilmente diferenciado dos restantes, entramos e suspiramos o ar quente de dentro agradecidos. Cada casa era feita com um pequeno sistema de aquecedor, já que naquele local nunca havia verão.

– Vamos ver um filme? – propus e Júlia assente com a cabeça em concordância.

Enquanto escolho o filme, Júlia vai para a cozinha e prepara algumas pipocas. O filme era uma mistura de romance com comédia, e de fundo no começo tocava uma música que por sinal era muito boa, dos anos 80.

O filme começa, e Júlia já havia voltado com uma vasilha gigante com pipoca sabor Bacon quentinha saindo do Microondas. Uma da melhores coisas neste duro frio, é um filminho bom e uma pipoca no capricho.

Em um momento do filme, percebo que Júlia encosta sua cabeça em meu ombro e sua respiração fica cada vez mais pesada. Logo percebo que ela se encontrava deitada em meu colo, e logo após de ver os créditos finais passando na tela da televisão, ajeito ela com cuidado no sofá e vou guardar toda a bagunça que fizemos durante o filme.

Quando finalmente termino de lavar tudo, percebo que Júlia se remexia no sofá até que finalmente acorda num pulo.

– O que foi? – pergunto assustado olhando para ela espatifada no chão.

– Nada, foi apenas um pesadelo. – ela se levanta com cuidado, colocando as mãos na costa de dor. – Essa doeu.

Não pude evitar de soltar uma leve risadinha, mas não o bastante para que ela perceba.

– Mas é desastrada mesma! – falo em tom de deboche e não consigo segurar o riso.

– Muito engraçado, Frank. – ela fala num tom sério, e quando vê meu rosto de espanto ri de minha expressão e me taca um travesseiro bem na cara que estava ao lado do sofá.

– Agora vamos, quero dar uma volta. – ordena ela deixando claro em seu tom de voz que não aceita discussões.

– Tudo bem, vamos lá, quer mais algo minha mestra? – solto outra risada de deboche, mas ela apenas se encaminha até a porta e a abre lentamente me olhando com uma cara assassina.

– Ahn bem.. quer dizer, vamos passear! – corrijo a frase.

– Foi o que pensei que ouvi, rum. – ela não consegue segurar seu riso no tom sério da voz, e logo após saímos de casa.

A princípio, apenas pensei que o calor que senti ao sair fosse apenas uma das raras brisas quentes que passa no fim da tarde, quando a padaria no fim da rua estava queimando seus lixos, mas ao perceber que tudo em volta estava vazio, percebo que isso era um tanto quanto estranho.

Esse calor que estou sentindo não era normal, e percebo que Júlia também mexe seu corpo dentro das suas duas blusas de frio inquieta com o tal calor. Quando me dou conta, estou soando ferozmente, as gostas cristalinas de água descendo pela minha testa.

Olho para trás afim de procurar algo, mas nada vejo. Continuo andando normalmente sem falar nada, até que o calor sobe e não aguento mais esconder.

– Pelo amor de Deus! Que calor é este? – declaro com a voz um pouco alterada.

– Estou sentindo também, e parece que vem do Sul, na direção da entrada do alojamento, onde fica aquelas lojinhas. – observa Júlia, e dá meia-volta, fazendo um convite para irmos lá dar uma checada.

– Tudo bem, vamos lá ver o que está acontecendo. – estava tão curioso quanto Júlia, aquele calor súbito nessa região polar do Norte dos Estados Unidos não era algo normal, principalmente pelo fato dos soldados terem nos avisados que nunca tem verão neste local, e quando o sol tem algum efeito sobre este local, abaixa apenas uns 2 graus, algo que nem dá para perceber.

Enquanto andávamos, esses pensamentos ocuparam minha mente tempo suficiente, pois quando acordei para a vida, vi que já havíamos chegado no local. As barracas estavam vazias, sem nenhum letreiro feito de neon em cima delas indicando que tipo de coisas vendiam ali. Algo me estranhou, está muito calmo.

Não tinha mais os vários caminhões de guerra entrando e saindo dos locais de abastecimento situados nos últimos locais da estrada, e as barracas não havia nenhum soldado, e os fornos onde ficavam as comidas estavam funcionando em pleno luz do dia, mas sem qualquer supervisão. Também sinto um cheiro de comida queimada, e temo que seja por causa do posto abandonado.

Ao julgar pelo modo em que as coisas em volta estão arrumadas, e alguns sacos sujos espalhados pelo caminho, este local foi abandonado ás pressas. Um pânico toma conta de mim, e por um minuto nem senti quando Júlia disse algo.

– Disse algo? – pergunto.

– Isso aqui está vazio. – repete ela com um tom assustado.

– Percebi a mesma coisa. – dou uma rápida analisada no local, a fim de saber o porque dessa rápida retirada, quando bem mais distante, vejo um clarão amarelo subindo no céu.

– Veja! – disse apontando para a longa mancha amarela subindo no céu, o que indiscutivelmente era fogo.

O chão em nossa volta começa a tremer, e percebo que aquela bola de fogo estava atingindo alturas muito altas. Percebo uma onda de calor enorme passando por nós, e depois sentindo cada célula do meu corpo vibrar com o vento que nos passa. Era como se o vento realmente passasse dentro do meu corpo, então lá no local da explosão, posso ver que a bolha se expande numa velocidade incrível, e antes de pensar em algo, percebo o que aquilo se trata.

Uma bomba atômica.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Lágrimas Secas" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.