Fogo e Gelo Edward e Bella escrita por Bia Braz


Capítulo 11
11 - Casamento




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Capítulo 11 - Casamento

Bella POV

O restante da tarde de quinta, ocupei-me em organizar a casa para o evento com os carregadores contratados por meu noivo. Descemos mais móveis, decidi onde seria a cerimônia e pedi que Esme começasse as compras dos alimentos que seriam servidos. Edward se trancou no escritório com Jasper e alguns visitantes. Vez ou outra eu ouvia seus xingamentos e via a fumaça saindo por baixo da porta. Não era algo que me agradasse ver meu noivo fumando um charuto de baixa qualidade, quando ele nem mesmo parecia apreciar tanto assim. Vez ou outra eu pedia que a nova funcionária contratada durante minha ausência fosse à sala deles e levasse suco, água ou sanduíche. E assim a tarde se passou.

Ao fim do dia, eu estava cansada, pois tinha sido um dia longo e exaustiva, logo resolvi não esperar o jantar e ir embora, pois precisava ir cedo para não dirigir à noite sozinha. Eu não queria chamar atenção num dos dois únicos carros da cidade, principalmente estando só.

Fui até a frente do escritório e encostei o ouvido na porta. No pouco tempo que estive lá, ouvi as discussões por preços de terras. Discreta, não quis incomodar Edward. Já que eles estavam trancafiados desde quando chegamos, devia ser algo importante. Afastei-me da porta, peguei a chave do meu carro e tive a idéia de ir ao quarto dele deixar um bilhete de despedida. E talvez ligasse para ele mais tarde.

Subi as escadas sentindo-me como se tivesse cometendo um assalto. Ao entrar, sentei em sua cama, olhei em volta e suspirei chateada comigo por não ter mobiliado o quarto dele ainda nem colocado cortinas novas. Minha tarefa do dia seguinte seria essa.

Após fazer a avaliação de como decoraria o seu quarto, que futuramente seria o nosso, respirei fundo e deitei de lado na cama, escrevendo em seguida o bilhete de despedida.

Boa noite, meu noivo. Adorei a nossa manhã. Foi bom ser acordada hoje por você. Conto as horas para que acordemos juntos todos os dias. Bella Forks.

Eu descobri que amava o meu noivo e tinha que conquistá-lo por pequenos gestos, por isso o bilhete. Sorrindo da minha atitude romântica desci os degraus, deparando-me com quatro homens conversado em frente ao hall da escada. Embaraçada por ter sido pega descendo de um local da casa que eu só fui uma vez, senti a pele do meu rosto queimar diante das sobrancelhas erguidas do Edward para mim. Todos pararam de falar até que eu alcancei o piso.

—Boa noite, senhores.—Cumprimentei-os formal. Houve uma pausa de silêncio desconcertante e Jasper se adiantou, vindo em minha direção.

—Esta é a noiva do Sr. Cullen, Isabella Forks.—Ambos os visitantes me cumprimentaram, fazendo uma mesura.

Sentindo-me uma intrusa e, com o objetivo de não atrapalhá-los, pedi licença, olhei uma vez no rosto do Edward, que não segurou o olhar, peguei minha bolsa no aparador e direcionei a saída para a garagem.

Já tinha dado partida e iria por em marcha, Edward saiu na varanda e caminhou em minha direção. —O que é isso? Por que está saindo assim?—Parou ao lado do carro com os braços cruzados no peito.

—Eu não queria incomodar.

—Ah, incomoda com seus barulhos a tarde toda e agora vem se preocupar.

—Até amanhã, Sr. Cullen.— Disse e olhei para o retrovisor.

Inesperadamente, seus braços estavam sobre o vidro, enfiando a mão na ignição, desligando e tirando a chave. Fiquei estática, olhando abismada para ele. Ele simplesmente abriu a porta para que eu descesse. Não desci, fiquei olhando-o sem entendê-lo. Ele retribuiu o olhar sério.

—Vai voltar a me chamar de Sr. Cullen de novo? Pensei que já tínhamos passado dessa fase.—Pegou minha cintura, como se eu fosse uma pena, e me tirou do carro. —Venha, eu vou te levar para casa. Tenho que voltar rápido porque tenho serviços a fazer com o Jasper.

Colocou-me no chão e continuou com a mão em minha cintura, quase me arrastando em direção ao seu carro.

—Não precisa. Está cedo e eu vou no meu.

—Bella...—Ele parou em minha frente. —Você não vê que está fazendo tudo errado, não? Eu estou tentando...

—Não precisa.—Aproximei-me do rosto dele e dei um beijo em sua bochecha. —Não está fazendo isso por que quer. Está fazendo por obrigação. Não quero sacrifícios, quero o senhor como você é—adulei-o sincera. Eu não ia mais moldá-lo às minhas próprias vontades.

Ele aproximou mais nossos corpos e beijou meu pescoço. —Tenho certeza que não disse isso, minha dama.—Fez meu corpo inclinar para trás e começou a mordiscar minha orelha. Minhas mãos se enlaçaram em seu pescoço. —Se você realmente pensasse assim e deixasse eu agir como sou, nem iria embora agora, pois a pessoa que eu sou e que quero ser te pegaria nos braços agora e te levaria para minha cama sem deixar você sair até que estivesse cansado de você.—Sua boca começou um caminho em meu pescoço, dando lambidas lascivas. —E pode ter certeza que eu não creio que isso aconteceria antes do casamento. Eu não me cansaria de você tão cedo, então a sua recepção iria por água abaixo.—Sussurrou e beijou o canto dos meus lábios. Fechei meus olhos uns segundos, sentindo o seu beijo enquanto minha respiração acelerava. Percebi que ele parou, então depois de mais uns segundos abri os olhos e ele me fitava intensamente. —Então é melhor você entrar naquele carro comigo agora, me deixar cumprir um papel, e te levar em casa.—Fez com eu ficasse ereta, dando um último beijo pequeno em minha boca. —E para de me provocar!—Sorriu e me empurrou rumo ao seu carro, apoiando as duas mãos em minhas costas até que eu chegasse ao carro dele.

Em minha casa, ele desceu, beijou minha mãe no rosto, o que era incomum, pois os homens comuns beijavam as senhoras nas mãos, mas ele achava que podia tudo com ela, então beijou, afagou seus cabelos, depois deu um beijo em minha testa e foi embora. Mais uma vez ele agiu como se Annebell não existisse, embora ela estivesse na sala.

Não compreendia por que não se suportavam. Apesar que Annebell implicaria qualquer pessoa que se aproximasse de mim, ou que ameaçasse a nossa amizade. No início foi Jacob, agora é Edward. Ela pensa que eu caso por falta de opções, então para ela seria bom que ele desaparecesse, já que ela se sente culpada pelo meu casamento às pressas. Em breve confessarei a ela a verdade.

—Mãe, o que eu faço agora com as lembranças? Edward não quis assinar as mensagens.—Murmurei frustrada, olhando para os cortes de papel-manteiga sobre a mesa de meus trabalhos.

—Esqueça, filha. Sua festa será perfeita e não precisa de mais nada.

—Obrigada, mãe. Annebell, você tem alguma sugestão do que queira que seja feito? Afinal o casamento é duplo.— Disse enquanto jogava os papéis assinados por mim na lixeira.

—Eu não quero saber desse casamento, Bella.—Respondeu emburrada, olhando pelo canto do olho os enfeites de biscuit que seriam colocados sobre os bolos bombons.

—O que foi? Não vai mais colocar os bolos em caixinhas não?—Comentou ao ver que eu arrumava outro tipo de enfeite para os bolos.

—Não. Edward não quis assinar. Aliás, quase ele me esmagou por ter essa idéia.—Sorri com a lembrança. Ela arregalou os olhos. —Calma, Annebell, não nesse sentido que você entendeu. Ele acha que não precisa desse tipo de coisa.

Ela sentou em frente à mesa de trabalhos.

—Bella...—Murmurou com a cabeça baixa e eu olhei atentamente para ela. —Você acha que ele pode ser um homem... Violento?—Sussurrou no fim.

—Creio que não.—Respondi com firmeza,deixei-a na mesa de trabalhos e subi imediatamente para o meu quarto. Precisava descansar, pois no dia seguinte teria um exército para comandar.

Ocupei-me na sexta grande parte do dia com a empresa de festas. Contratei cerca de setenta colaboradores que se ocupariam de servir, cozinhar e organizar. Todos iriam vestir roupas cinza, e entre os colaboradores teriam aqueles que ajudariam as mulheres a descer da carruagem, tirariam os casacos. Enfim, a festa estava 100% encaminhada. O que me restava de serviço agora, até o dia do casamento que seria segunda, era descer com todos os móveis e decorar as partes onde seriam mais alvos de especulações, já que quase todos estavam interessados em conhecer a tão falada casa da colina.

No fim da sexta recebi um bilhete na mansão Cullen confirmando que Alice viria. Suspirei feliz e fui às últimas organizações para o meu pequeno chá de panela que seria realizado logo mais a noite. Porém, antes eu teria que confirmar com Edward a sua saída para o clube com Jacob e com Jasper. Caso eles ficassem, minhas amigas não se sentiriam tão à vontade.

—Isabella, não vou sair. Tenho muito serviço atrasado por causa de você, que vem fazendo uma tempestade em minha vida.

Encostei-me a mesa de trabalho dele e lancei um olhar de súplica.

—Senhor, é coisa de mulheres. Vamos fazer muito barulho, de qualquer maneira o senhor não vai conseguir trabalhar.

—Não vou sair da minha própria casa. Por que casamento tem que ser tão difícil assim?— Disse passando as mãos pelo cabelo. —Você não precisa de mais panelas. Se quiser dinheiro, eu te dou, você vai e compra o tanto de panelas que quiser.—Ele levantou e foi até a garrafa de uísque. —Eu tenho que trabalhar! Deus sabe que depois que casar não vou ter tempo com uma mulher o tempo todo no meu calcanhar e...

Sentei, chateada com as dificuldades, e coloquei a cabeça nas mãos. Jasper saiu e respirei fundo sentindo a derrota, já pensando em como desmarcar com minhas amigas. Edward se agachou em minha frente, colocando as mãos em minhas pernas.

—Er... Eu não quis dizer isso que eu falei... eu estou sem tempo. Estou preocupado. Talvez eu até leve o Jasper para a tal lua de mel em Sitka no Alasca. Eu não posso me ausentar...Segurei o olhar nele, impaciente. Ele levantou e bebeu de uma vez o uísque. —Tudo bem, Bella.—Caminhou em direção a porta. —Se ao menos fosse perder tempo com algo que valesse a pena, mas no clube com o idiota do Black!—Saiu do escritório praguejando.

Jasper POV

Como se não bastasse às obrigações com os negócios, agora tenho que servir de cão guarda para a noiva do bastardo. Só eu mesmo para agüentar isso. Se não fosse a tremenda consideração e o fato de saber que por trás daquela casca existe meu amigo eu não agüentaria tanto mau humor.

O Cullen saiu para o tal clube e eu escondi-me atrás do armário lembrando as palavras dele. Fique de olho nelas, Jasper. Não confio nesse tanto de mulher sozinha. Desgraçado. Fico pensando se conseguiria me livrar de uma acusação de assassinato. Qualquer juiz iria me absorver após eu contar que fui obrigado a presenciar várias senhoras tomando chá. Ele não quer é admitir que está morrendo de ciúme de sua noiva.

Escondi atrás do armário e fiquei observando as mulheres que tinham chegado. Era cerca de quinze damas, entre elas a esposa do banqueiro, prefeito, damas de renome na cidade. Distraidamente, bebi uísque e olhei as mulheres através do painel da porta. Comecei a prestar atenção na conversa.

—Vamos ao ritual, meninas. Bem vindas à reunião da irmandade.—disse Bella. Bem, agora devia começar a sessão macumba, já que a Sra. Coper falou em ritual. Interessado, inclinei mais para frente e dei minha total atenção.

—Como estão as minas, Bella?

—Bom, ainda estamos conseguindo entrar sem sermos impedidas, mas Alice disse que está convencendo as mulheres dos mineiros a instigarem seus maridos a fazerem greves.—Isabella expôs um relatório minucioso de injustiças nos acampamentos das minas, mostrando determinação em instigar uma verdadeira guerra por melhorias nas minas.

O Cullen tinha razão de colocar espião atrás dessa mulher. Ela está falando em sindicatos? Está procurando a morte. Por menos já houve mortes nas minhas. Bebi um gole grande de uísque, agora no gargalo e eu me inclinei mais para frente.

—Bella, peça para o seu noivo falar com o Joseph Newton sobre as melhorias. Eles devem ser amigos, Edward já trabalhou para eles.

—Isso não vai ser possível. Edward não pode nem mesmo ouvir o nome dos Newtons.—Bella sentou-se sobre uma mesa, parecendo uma conspiradora. Assustei e mais uma vez dei razão para o Cullen manter os olhos firmes nela. —Por algum motivo o Newton teme os Cullens, quero descobrir o porque.—Ela refletiu, e aquela garota via além do seu campo de visão. Ela poderia roubar segredos de um estado se tentasse. Mais um gole grande de uísque.

Quando a reunião por fim terminou pude voltar a relaxar. Quem sabe eu poderia ir relaxar na minha cama, pensei, já que o Cullen tinha ido ao clube.

—Sucos, meninas?—Ofereceu a senhora Renée Forks Swan com uma risada sinistra. Elas abriram uma grande caixa e cada uma pegou uma garrafa. No instante seguinte o que eu vi me deixou apavorado. Elas estavam cada uma com uma garrafa de vinho bebendo no bico, como homens. As damas da cidade estavam bebendo vinho no bico!

Fiquei chocado, com o queixo quase caído.

—Viva a noite de núpcias?—Gritou a mãe de Bella e começou a desabotoar vestido, ficando com uma camisola de dormir. Arregalei os olhos olhei para minha garrafa, crente que era traído pelos goles de uísque que tinha tomado. No instante seguinte, as gêmeas Forks também tiraram os vestidos, ficando somente com espartilhos escarlate, soltando os cabelos e usando meias três quarto com cintas ligas. Deus, elas eram perfeitas! Eu precisava de muita bebida.

Eu não podia revelar isso nunca para o Cullen, mas naquele instante não consegui pensar nela como noiva do meu amigo. Duas delas vestidas naqueles trajes destruiriam uma nação.

—Às noites de núpcias do mundo inteiro! Quer sejam antes ou depois do casamento.—Isabella brindou e enlaçou os braços no da irmã, trocando os vinhos e bebendo no gargalo. Rindo, todas elas bebiam goles grandes, quase a esvaziar a garrafa.

Começaram a abrir os presentes e só o que saía de dentro das caixas eram calcinhas minúsculas de renda, coisa que só tinha visto usando as meninas da Jane. Ofeguei e nem respirava com medo da minha diversão acabar. Não acreditava que damas teriam coragem de usar aquele tipo de roupa. Era tanta roupa íntima, rendas, rendas, rendas. Deus, aquilo era o inferno. Elas eram diabas. Enquanto abriam elas colocavam em frente ao corpo e quase morriam de tanto rir.

De repente uma música na vitrola e elas começaram a dançar. Músicas também que eu só tinha escutado em bordéis. Mas pior foi quando elas começaram a dançar de um lado ao outro, fazendo grupos de três, jogando as pernas no ar. Agora todas de roupas íntimas, fossem camisolas, baby dolls, só quem estava de espartilho e tanga era Isabella e sua irmã.

Eu estava sem fôlego, e o Cullen que me perdoasse, mas eu não estava agüentando de vontade de olhar para as curvas das gêmeas. O cara é um desgraçado sortudo, mas eu fui o primeiro a ver!

—Cinco minutos de descanso.—Gritou Renée. —Agora vou passar lições de mãe para filhas.—Ela segurava um livro e as mulheres sentaram no chão, em volta dela. Ela parecia que ia contar uma historinha e eu até me interessei pelo que viria agora.

Ela começou a falar, e novamente eu fiquei chocado. O que ela tinha em mão era o livro Kama Sutra, e ela abria e mostrava. As mulheres riam. Isabella gargalhava enquanto as mulheres caçoavam delas.

—Agora, minhas caras amigas... Tenho uma surpresa. Vamos todas lá em cima e terão uma surpresa.— convidou. Todas correram escadas acima e eu fui atrás, subindo por fora de casa por entre as árvores. Até que cheguei ao quarto e quase caí de espanto.

Tudo que tinha acontecido antes não me preparou para o que via agora. A sala estava toda escura, com exceção de um grande candelabro aceso, colocado atrás de uma tela de seda transparente. E, entre a tela e a luz, estava um homem bem musculoso, praticamente nu, movendo o corpo em poses para realçar seus músculos.

Não bastou para elas vê-lo por trás dos panos, elas arrancaram os panos e fizeram com que ele descesse, passando a mão no homem que usava só uma minúscula tanga.

—Edward é mais forte e mais viril.—Isabella gritou.

—Ninguém é mais forte que eu. Derrubo ele em um minuto.—O pugilista respondeu.

—Ninguém é mais HOMEM que Edward.—Provocou Isabella e o homem exibiu mais o bíceps, em seguida elas começaram a passar a mão nele. Todas. Eu disse todas. Balancei a cabeça e desci. Tinha sido demais para se ver em uma noite. Edward mandou que eu ficasse e protegesse as damas, mas e agora, quem protegeria o pobre homem dessas damas enlouquecidas?

No sábado pela manhã, Edward, impaciente, bateu a porta do escritório pela quinta vez em uma hora.

—Isabella está doente.—Resmungou. —Resolveu ficar doente dois dias antes do casamento. Você acha que ela está desistindo?

—Acho que não. Ela deve ter comido ou bebido algo ontem na festa que a deixou indisposta. Ouvi dizer que várias jovens de Forks estão assim.—Respondi sem querer prolongar o assunto. Edward olhava atentamente um papel. —E você? Está nervoso com o casamento?

—Lógico que não. Casamento.— Disse com descaso, fazendo uma careta. —Coisa simples. As pessoas casam todos os dias.

Inclinei-me sobre a mesa, peguei o papel que Edward olhava há tempos e virei para o lado certo, pois ele lia de cabeça para baixo. Idiota.

—Realmente simples.—Debochei.

Ele entrecerrou os olhos, ficou meio desconcertado e resmungou um obrigado. Idiota. Só sendo um trouxa para pensar que esconde o quão nervoso está.

Bella POV

O dia casamento estava tão bonito que parecia ter sido especialmente criado para aquela ocasião importante. Cheguei cedo a casa de Edward junto com Emilly, Ângela, minha mãe e Annebell. —Bella, seu noivo não pode te ver. Isso não dá sorte.—Ângela lembrou e eu senti uma imensa vontade de vê-lo, já que fazia dois dias que não nos víamos. —Alguém tem que fazê-lo ficar naquele escritório até você conferir tudo.—Continuou e entrou na frente para falar com o Jasper. Após notar que ele iria ficar por lá, entrei, conferi todas as rosas, pratarias, observei os presentes.

A sala principal tinha duas mesas enormes recheadas de presentes vindos do país todo. Prata, porcelanas, cristais. Edward disse que não tinha amigos, mas do país todo chegava presentes de banqueiros, empresários. Edward disse para mim: eles só têm mesmo que enviar lembranças, mesmo que, certo como o inferno, disse ele, sempre mando presentes para os mimadinhos de merda, filhos deles cada vez que se casam.

Tinha vários presentes gêmeos, o que era normal em toda a minha vida. Ao longo do rodapé, do contorno das portas e do teto, tinham sido pregados delicadas rosas presas em metros e metros de trepadeiras que juntas enfeitavam o salão, contornando a lareira e as janelas.

Ainda faltavam cinco horas para a cerimônia, mas sabia que haveria mil e um detalhes de última hora para serem resolvidos. Na ala leste da casa em V, estavam os cômodos dos hóspedes, e hoje Annebell estaria se vestindo em uma das suítes. Antes de entrar na minha suíte, Annebell, chorosa, me abraçou. —Eu queria te dar o melhor homem, Bella.—Antes que eu pudesse responder, Ângela me puxou, alegando ter que ajustar meu vestido. Acenei para Annebell e ela entrou no outro quarto, seguida por Susan.

O meu quarto era separado do Edward por um banheiro de mármore, era sem dúvida o maior, com paredes claras.

—Veja isso.—Ângela apontou para algo fora da minha varanda. Aproximei da porta e tinha um jardim suspenso em meu quarto, com várias roseiras, diversas plantas. Tinha um cartão pendurado.

Peguei o cartão.

Espero que goste, desejo-lhe o melhor em seu casamento.

Jazz

Antes que pudesse dizer outra palavra, a porta foi de repente aberta e a Sra. Esme entrou como se uma tempestade viesse atrás dela.

—Há gente demais na cozinha!—Gritou em minha direção. —Não sei como podem esperar cozinhar com todos eles lá dentro. E o Sr. Edward já tem muito que fazer, ainda mais perdendo um dia de trabalho assim.

—Perdendo...—Ângela disse boquiaberta. —A senhora acha que Bella não tem mais nada para...

Interrompi minha amiga. Esme estava sob o efeito do encanto de Edward e, sem dúvida, o defenderia até a morte.

—Ordene que saiam. Deixe somente os chefes por lá.— Disse enquanto Ângela estava desembrulhando meu vestido de noiva. Ainda precisava ser passado e havia alguns pontos de última hora para serem dados.

—Quem é aquela mulher?—Perguntou Emilly da janela.

—Não tenho idéia.— Disse Ângela indo até lá. —Mas deve ser a mulher mais bonita que já vi. Eu já a vi antes, mas não tenho idéia de onde. Que estranho ela usar preto em um casamento.— Disse Ângela.

—Temos trabalho para fazer. Ninguém precisa se interessar pelos problemas particulares de qualquer um dos convidados.— Disse mamãe de uma forma que me fez levantar a cabeça.

Eu tinha quase certeza de que alguma coisa estava errada. Ignorando o olhar severo da mamãe, fui até a beira do jardim suspenso, onde Ângela estava. Instantaneamente, soube quem era a mulher. Mesmo vista de cima, ela parecia bela e elegante.

—É Rosalie Newton.—Murmurei, sentindo o coração em frenesi e voltei para o quarto.

Por um momento, ninguém falou.

—Provavelmente usando luto por tê-lo perdido.— Disse Emilly abotoando as dezenas de casas do espartilho.

Continuei a vestir-me mecanicamente, mas não conseguia esquecer de que Edward estava no jardim e a mulher que uma vez amara estava indo em direção a ele.

Alguém bateu na porta, e Emilly atendeu.

—É o homem que trabalha com Edward. Ele quer ver você e diz que é urgente, e que tem que vê-la imediatamente.—Olhei para a porta e o Jasper estava de costas. Fiz sinal para minha mãe e vesti um hobby por cima do espartilho, saindo em seguida para falar com o Jasper.

Edward POV

Tinha cansado do barulho dentro de casa e resolvi fugir para a estufa do Jasper, já que pelo menos lá eu tinha sossego. Esperava que ele não me visse acendendo charutos perto de suas plantas maricas. Peguei o último bilhete que ela tinha mandado e relia. —Sua roupa está no guarda roupa lateral de seu quarto. Não se atrase, meu noivo. Compareça ao casamento que comparecerei à noite de núpcias. Bella Cullen.Sentei e olhei para a janela do quarto de Bella. Tinha sentido sua falta e não sabia o porquê dessa merda de não poder ver a noiva no dia do casamento. Queria mandar todo mundo para o inferno e ir vê-la se vestir escondido no banheiro que separava os dois quartos.

Que azar que poderia ter ver a noiva? O que poderia acontecer que impedisse esse casamento? Coloquei o pé no banco e resolvi apagar o charuto. Era preferível sentir o cheiro daquelas rosas que em tudo me lembrava a ela.

—Oi, Edward.—Ouvi uma voz conhecida e pensando ser fruto da minha imaginação demorei a voltar os olhos para a voz; quando me virei, estava lá a mais tentadora mulher que eu já tinha visto na vida. Analisei-a da cabeça aos pés, lembrando de conhecer cada parte do seu corpo. Engoli em seco, tentando esconder as emoções que eu sentia.

—Não parece que se passou um dia para você.— elogiei olhando para o seu colo, seus seios pulando para fora.

—Por dentro eu mudei.—Ela respirou fundo e se aproximou. —Vou dizer logo para o que vim...—Ergui a sobrancelha. —Por anos esperei um dia que pudesse vê-lo novamente. Procurei-o por diversos lugares, contratei detetives, mas ninguém sabia o paradeiro. Só segunda o Mike mandou-me um telegrama dizendo que você estava aqui e que iria se casar. Não perdi tempo. Arrumei minhas malas e mudei imediatamente para Forks. Eu precisava chegar antes para impedi-lo de cometer o mesmo erro que eu... Se você quiser ir embora comigo agora te seguirei para onde você quiser. Se você ainda tiver a mesma paixão que tínhamos quando adolescentes, poderíamos reconstruir a nossa vida juntos porque eu te amo.— Disse de uma vez e acariciou meu rosto.

Coloquei a mão na cintura dela, mas tirei rapidamente, dando em seguida um passo atrás.

—Não, não posso fazer isso.— neguei com calma.

—Você pode! Você sabe que pode. Você se importa com qualquer dessas pessoas? Você se importa com o povo de Forks? Você se importa com... ela?

—Não.

Ela encostou-se de novo a mim, colocando o rosto sob o meu queixo.

—Edward, por favor, não cometa esse erro. Não se case com outra pessoa. Você sabe que me ama. Você sabe que eu...

—Você me ama tanto que me deixou sozinho.—Interrompi com raiva. —Casou-se com seu amante rico e...—Parei, olhando fixamente para ela. —Eu não partirei com você hoje. Eu não vou magoar ela assim. Ela não merece isso.—Olhei para a janela desejando vê-la, mas ela não estava lá. Estranhamente a janela estava fechada.

—Você vai me pôr de lado só para não ferir Isabella Forks? Ela é jovem. Encontrará alguém. Ou ela está apaixonada por você?—Rosalie sentou-se no banco, enrolando seus cachos louros e perfeitos.

—Estou certo de que conhece o boato. Ela ainda ama Black, mas concordou em consolar-se com meu dinheiro. Infelizmente, eu vou junto com o dinheiro.

—Então por quê? Por que se sente obrigado?—Ela levantou-se e novamente se encostou a mim, pegando e acariciando meu rosto. Era estranho, pois eu não sentia frisson ao ser tocado por ela. Por anos eu pensei que sentiria mil sensações ao revê-la.

—Já se esqueceu tanto assim de mim? Eu cumpro meus acordos.—Olhei-a com os olhos fervendo ódio. A mensagem foi clara.

—Pensei que a essa altura já tivesse descoberto.—Ela disse com voz suave.

—Você quer dizer, descoberto por que me deixou sozinho com os mil dólares de pagamento por serviços prestados?—Sorri sarcástico. —Fiz um esforço para não descobrir.

—Quando disse a meu pai que ele tinha que nos deixar casar, porque estava esperando um filho seu, ele colocou-me à força em um trem para Texas. Eliezer Denalli devia a meu pai muito dinheiro, e a dívida foi cancelada quando casou comigo.

—Me disseram...—Interrompi, chocado com sua última informação.

—Estou certa de que lhe disseram que preferira fugir que me casar com você. Sem dúvida, meu pai disse que sua filha tinha se divertido com o rapaz do estábulo, mas que, certamente, não se casaria com ele. Você foi sempre tão vulnerável... Esse seu orgulho tão facilmente ferido...

—E a criança?—Perguntei depois de uma longa pausa.

—Anthony está com nove anos, um menino maravilhoso, bonito, forte e tão cheio de orgulho como o pai.

Continuei calado, o olhar perdido nos jardins.

—Venha embora comigo agora, Edward.—Murmurou Rosalie. —Se não for por mim, que seja pelo seu filho.

—Meu filho.—repeti quase para mim mesmo. —Diga-me.—Olhei em seus olhos. —Esse homem com quem se casou era bom para ele?

—Eliezer era bem mais velho do que eu, e ficou satisfeito de ter uma criança, quer Tony fosse seu filho ou não. Ele amava Tony.—Sorriu. —Eles costumavam jogar beisebol juntos todas as tardes de sábado.

—E Anthony pensa nesse homem como seu pai?—Olhei-a outra vez.

—Tony aprenderia a amá-lo como eu. Se você e eu contássemos a verdade a ele...—Rosalie levantou-se.

—A verdade, Rosalie, é que Eliezer foi o pai de Anthony. Tudo que fiz foi plantar a semente.

—Está rejeitando seu próprio filho?—Perguntou Rô, com raiva.

—Não, não estou. Mande-me o menino e eu o criarei. Sem tê-lo visto. É você, Rô, que estou rejeitando.

—Edward, eu não quero implorar. Se você não me ama agora, pode aprender outra vez.

Passei a mão em seu rosto.

—Escute-me. O que aconteceu conosco foi há muito tempo. Até o momento, não tinha percebido o quanto mudei. Se estivesse aqui há uns poucos meses, teria corrido com você para o altar, mas agora é diferente. Bella...

—Bella!? Você diz que ela não te ama. E você, ama-a?

Bufei, e virei de costas para ela, olhando novamente para a janela. —Eu mal a conheço.—Murmurei, sentindo a garganta travar.

—Então por quê? Por que despreza uma mulher que te ama? Por que dá as costas para seu próprio filho?

—Dane-se, eu não sei! Por que você tinha que aparecer no dia de meu casamento e deixar-me infeliz? Como pode você me pedir que humilhe uma mulher que tem sido tão... bondosa para mim? Não posso fugir e deixá-la plantada no altar.

As lágrimas começaram a rolar pelo rosto de Rô ao sentar-se no banco.

—Eliezer também era bom para mim e amava tanto Anthony! Quando ele morreu, quis encontrar você. Sentia-me culpada, como se estivesse correndo do leito de morte de Eliezer para os braços de meu amante, mas já tinha esperado tanto tempo... Então, Anthony ficou doente e, quando pude viajar para Forks, você estava noivo. Disse a mim mesma que estava tudo acabado entre nós, mas, no último minuto, tive que ver você, tinha que falar com você.

Sentei-me ao lado dela, passei o braço em seus ombros e fiz com que deitasse a cabeça.

—Escute, amor, você sempre foi uma romântica. Talvez não se lembre de nossas brigas, mas eu me lembro. O único lugar onde éramos bons juntos era em um monte de feno. Dois terços do tempo estávamos zangados um com o outro. Com os anos, você se esqueceu de todas as partes más.

—A senhorita Forks é melhor que eu?—Rô assuou o nariz num lenço bordado de renda.

Sorri ao lembrar as atitudes da minha pequena dama Forks.

—Quando faço algo de que não gosta, ela me atinge a cabeça com qualquer coisa que esteja à mão. Você sempre fugia, se escondia e ficava se preocupando se eu ainda a amava.

—Eu cresci, desde esse tempo.

—Como poderia? Você viveu com um velho que a estragava, da mesma maneira que seu pai. Bella nunca foi estragada por ninguém.

—E ela é boa na cama? Também nisso ela é melhor do que eu?—Rô afastou-se.

—Não tenho idéia. Ela tem um pouco de fogo, mas é recatada a esse respeito. Eu não estou me casando com ela por sexo. Isso é algo sempre disponível.

—Se eu pedisse...—Pôs braços em torno do meu pescoço.

—Não adiantaria. Vou me casar com Bella.— Disse com convicção.

—Beije-me.—Murmurou. —Faça-me lembrar. Deixe-me relembrar.—Olhei-a pensativo. Talvez também quisesse saber. Coloquei a mão atrás de sua cabeça e os lábios nos dela. Foi um longo beijo e pus tudo que tinha nele. E quando afastei-me, estávamos sorrindo um para o outro.

—Está acabado, não é?—Murmurou Rô.

—Sim.—Sorri e olhei para a janela.

—Durante todos esses anos com Eliezer, acreditava estar apaixonada por você, mas era um sonho. Talvez meu pai tivesse razão.—Ela permaneceu abraçada comigo.

—Mais alguma conversa sobre seu pai e começaremos a brigar.

—Você não está mais com raiva dele, está?

—Hoje é o dia de meu casamento e eu quero felicidade, portanto, não falemos de Newton. Conte-me sobre meu filho.

—Com prazer.—E Rô começou a contar.

Uma hora mais tarde, olhei meu relógio de bolso e vi que já era hora de voltar e vestir-me para o casamento. Mal tinha dado uns poucos passos, quando vi-me frente a frente a um homem, que, pensei estar olhando em um espelho minha imagem dentro de uns dez anos.

Olhei-o em silêncio, mas parecendo cachorros quando se encontram pela primeira vez. Imediatamente, cada um sabia quem era o outro.

—Você não se parece muito com seu pai.— Disse o Cullen com uma ponta de acusação na voz.

—Não saberia dizer. Nunca encontrei o homem, ou alguém de sua raça.—Rosnei, chamando a atenção para o fato de que nenhum Cullen alguma vez entrara em contato comigo em todos os anos em que crescera no estábulo de Newton.

—Ouvi dizer que há sangue em seu dinheiro.—O Cão latiu e por um segundo retesei.

—Ouvi dizer que você não tem nenhum, sangrento ou não.

Nos olhávamos fixamente, através do espaço que nos separava.

—Adeus. Só queria saber se era o desgraçado que todos diziam.—Carlisle virou-se.

—Você pode me insultar, mas não a dama com quem estou me casando. Você ficará para a cerimônia.

Carlisle saiu sem responder.

Bella POV

Já tinham alguns minutos que o Jasper tinha me chamado para o quarto dele mesmo sem o consentimento da minha mãe e amigas. Eu tinha a clara impressão de que ele estava zangado comigo.

—Sei que seu casamento é hoje, mas tinha uma coisa para lhe dizer. Edward sabe muito bem que a segurança pessoal das pessoas ligadas a um homem tão rico como ele está freqüentemente em perigo.—Olhou para mim. —O que estou dizendo é que Edward me fez segui-la algumas vezes, na semana passada.

Podia sentir a cor fugindo de meu rosto.

—Não gosto do que vi. Não gostei que uma jovem, desprotegida, entrasse em um campo de carvão, mas essa sua Irmandade...

—Irmandade!—Engasguei. —Como?...

—Eu não queria fazer isso, mas Edward insistiu que eu... bem, me escondesse em um armário e permanecesse lá durante o seu chá, no caso de precisarem de proteção.

Deus, o que ele viu?

—Eu tenho medo disso...— Disse suspirando. —Como posso dizer a ele que você está se casando por causa da ligação dele com Newton? Você está usando-o e ao seu dinheiro para ajudar sua cruzada contra as injustiças nas minas de carvão. Raios! Mas eu devia ter imaginado. Com uma irmã como a sua que rouba o próprio...

Levantei-me e disse com os dentes cerrados:

—Sr. Witlock. Eu não ouvirei o senhor julgar minha irmã, e não tenho idéia do que fala quando diz que Edward é ligado aos Newton. Se acredita que meus propósitos são maldosos, vamos agora contar tudo para Edward.

—Espere um minuto.—Levantou-se e pegou meu braço. —Por que não explica?

—O senhor quer dizer que devo tentar convencê-lo de que estou inocente, que não estou levando Edward Cullen ao altar só para ser assassinado? Não, senhor, eu não respondo a tal acusação. Diga-me, planejava usar seu conhecimento de mim como chantagem?

—Arre égua!— Disse, visivelmente relaxado. —Agora que ambos demonstramos nossa raiva, podemos conversar? Você tem que admitir que suas ações não são extremamente livres de suspeita. Há quanto tempo faz aquela farsa das quartas-feiras?

Caminhei até a janela. No gramado abaixo, havia trabalhadores que pareciam estar se preparando para o cerco de um exército. Olhei de volta para Jasper!

—O que nós mulheres fazemos tem sido feito há gerações. A Irmandade foi fundada pela mãe de meu pai, antes mesmo que existisse Forks Washington. Nós somos simplesmente amigas que tentamos nos ajudar e a qualquer pessoa que possamos. No momento, nossa maior preocupação é o tratamento das pessoas nos acampamentos das minas de carvão. Não fazemos nada ilegal.—Meus olhos fixaram-se nos dele. —Nem usamos ninguém.

—Por que, então, o segredo?

Olhei-o sem acreditar.

—Olhe sua própria reação quando soube, e você nem é parente. Pode imaginar como os maridos e pais reagiriam se descobrissem que suas delicadas mulheres passam suas tardes aprendendo a dirigir uma carroça de quatro cavalos? E é o que algumas de nós fazemos...

—Percebo seu ponto de vista. Mas vejo o deles também. O que vocês fazem é perigoso. Vocês podem ser...—Parou. —Você disse que há três gerações vêm fazendo isso?

—Cuidamos de outros problemas, em outras épocas.

—E os... chás?—Ele deu um sorrisinho e neste momento eu soube que ele viu tudo.

Corei e respirei fundo.

—Foi idéia de minha avó. Dizia que tinha ido para sua própria noite de núpcias sem saber de nada e apavorada. Não queria que suas amigas ou filhas tivessem a mesma experiência. Acredito que, talvez, a celebração pré-nupcial evoluiu lentamente no que você...—Engoli em seco. —Viu.

—Quantas mulheres em Forks pertencem à Irmandade?

—Há somente uma dúzia de membros ativos. Algumas se afastam quando se casam.

—Você planeja afastar-se?

—Não.—Respondi olhando para ele, porque, era claro, minha participação poderia depender dele.

—Edward não gostará que você dirija uma carroça dentro dos campos. E não gostará que você corra perigo.

—Sei que ele não gostaria, e essa é, na verdade, a única razão pela qual não lhe contei. Jasper...—Pus a mão em seu braço. —Isso significa tanto para tantas pessoas... Passei meses trabalhando para aprender a agir como uma velha, para ser capaz de realmente tornar-me Leah. Se eu parasse agora, levaria muitos meses para treinar mais alguém e, enquanto isso, muitas famílias de mineiros ficariam sem os pequenos extras que lhes levo.

—Está bem, pode descer do púlpito. Acho que é suficientemente seguro, apesar de ir contra tudo em que acredito.—Ele pegou-me a mão.

—Não contará a Edward? Tenho certeza de que não seria nem um pouco compreensivo.—Perguntei apreensiva.

—Estou certo de que pouco compreensivo ainda é pouco para o modo como ele reagiria. Não, não contarei a ele, se você jurar que só levará batatas e não se envolverá com os sindicatos. E sobre essa revista subversiva que, vocês, mulheres, querem começar...

—Muito obrigada, Jasper. Você é um amigo de verdade. Agora devo ir vestir-me para o casamento.—Antes que ele pudesse falar, já estava na porta, mas parei com a mão na maçaneta.

—O que você quis dizer quando falou sobre a relação de Edward com os Newtons?

—Pensei que soubesse. A irmã mais nova de Joseph Newton, Elizabeth, era a mãe de Edward.

—Não.—Sussurrei com calma. —Eu não sabia.—E saí do quarto.

Entrei no quarto e não entendi por que a janela estava fechada. Logo que cheguei minha mãe foi lá e abriu. Estava começando a tirar o hobby quando Ângela comentou, olhando pela janela.

—Acabo de ver uma coisa estranhíssima.

—O que foi?

—Pensei que fosse Edward no jardim, usando suas roupas velhas, mas era um menino que se parece com ele.

—Emmett.— Disse com um sorriso. —Ele veio.

—Se sobrar alguma coisa dele.— Disse Ângela olhando por sobre a grade. —Dois dos meninos Volturi e os dois irmãos de Meredith começaram a rir dele e o seu Emmett atacou-os.

—Quatro contra um?!—Levantei a cabeça.

—Pelo menos. Agora, estão atrás de uma árvore e não posso vê-los.

Fui até a janela. Inspecionei a área do jardim. Parte da cena estava escondida da casa pelas árvores.

—Mandarei alguém parar a briga.—Declarou Ângela.

—E humilhar um Cullen?— Disse, indo para o armário. —Por nada na vida.—Vesti outra vez o hobby azul escuro de cetim.

—Mas o que é que está planejando, Bella?— Disse Ângela abismada.

—Vou parar uma briga e salvar um Cullen de um destino pior do que a morte: humilhação. Não há ninguém aí atrás?

—Só umas poucas dúzias de garçons e convidados e...— Disse Ângela.

—Bella, não há alguns fogos de artifício lá embaixo? Se alguém os acendesse, criaria uma diversão.—Mamãe disse mansamente.

Ela sabia, por experiência, que era inútil dizer que precisava me vestir. Não quando uma de nós estava com aquela expressão.

—Já estou indo lá, Renée.—Ângela saiu correndo, enquanto eu punha o pé para fora da janela, no gradeado das rosas.

Minutos seguintes o gramado do lado leste estava agitado com as explosões dos fogos de artifícios, e com todos os convidados olhando para aquele lado, corri em diagonal pelo trecho do gramado oeste e para as árvores.

No meio da sombra de um bosque de nogueiras pretas, Emmett Cullen lutava inutilmente com os quatro meninos fortes, em cima dele.

—Parem com isso!— Disse, com a voz mais severa.

Nenhum dos meninos me deu a menor atenção. Meti-me no meio de pernas e braços, agarrei uma orelha e puxei-a. Alec Volturi veio esperneando, mas parou quando me viu. Fiz sinal para que ficasse para trás, enquanto fui atrás de Riley e Alex, puxando ambos os meninos pelas camisas.

Só Arus Volturi continuava em cima de Emmett e, quando toquei-lhe a orelha, ele veio voando para cima de mim, uma incontida massa de raiva. Os três meninos, de pé no fundo, arregalaram os olhos, quando Arus mandou o punho em direção ao meu queixo. Desviei e, não vendo outra saída, acertei o jovem com uma direita. Vários meses dirigindo uma carroça de quatro cavalos tinham dado um bocado de força a meus braços. Por um momento, ninguém se moveu vendo Arus cair lentamente sobre as pernas de Emmett.

Recuperei-me primeiro. —Arus!— Disse ajoelhando-me e dando tapas no rosto do menino. —Você está bem?

—Diabos!—Emmett grunhiu. —Nunca vi dama nenhuma dar um soco como esse.

Arus resmungou, sentou-se, esfregou o queixo e olhou para mim com admiração. De fato, todos os cinco meninos olhavam espantados para mim, como se eu fosse um anjo.

—Não gosto desse tipo de comportamento no dia de meu casamento.— repreendi com altivez.

—Não, senhora.—Quatro dos meninos resmungaram.

—Nós não queríamos fazer nada a ele, senhorita Anne-Bella...

—Não quero desculpas. Agora, vocês quatro voltem para perto de seus pais; quanto a você, Arus, vá colocar gelo no queixo.

—Sim, senhora.—Falou por cima do ombro, todos os quatro saindo o mais rapidamente possível.

Estendi a mão para Emmett, para ajudá-lo a levantar-se. —Você pode vir comigo.

—Eu não vou entrar na casa dele, se é isso que quis dizer.—Falou com raiva, ignorando minha mão.

—Talvez você esteja certo. Para vir ver essa briga usei o gradeado das roseiras, como se fosse escada. Qualquer menino que perde uma luta provavelmente não poderia subir um gradeado.

—Perder uma briga!—Ele era alto e forte, aparentemente minha idade, dezoito anos, bem grande, do tamanho de Edward. —Caso não saiba contar, havia quatro deles em cima de mim e eu venceria se não tivesse aparecido e acabado com a briga.

—Mas está com medo de entrar na casa de seu próspero primo.— Disse, como se fosse uma observação. —Que estranho. Bom dia para você.—Comecei a voltar rápido para casa.

—Eu não estou com medo. Eu só não quero entrar.—Emmett começou a andar do meu lado.

—Claro.

—O que quer dizer com isso?

—Concordo com você. Você não está com medo de seu primo, você só não quer vê-lo, ou comer sua comida. Compreendo perfeitamente.

Vi emoções passarem pelo rosto dele.

—Onde está esse desgraçado de gradeado de roseiras?

Permaneci onde estava e olhei para ele.

—Por aqui.

Edward POV

Antes de voltar para casa, fui detido pela extraordinária visão de minha futura esposa usando só uma vestimenta que sabia que nenhuma dama usa fora de sua própria casa, descendo pelo gradeado das rosas.

Cheio de curiosidade, escondi-me atrás de uma árvore para observá-­la, e ouvi-a meter-se no meio de uma porção de meninos brigando, que eram tão grandes quanto ela. Já estava a meio caminho para ajudá-la, quando a vi derrubar um menino com uma direita de campeão.

Em seguida, vi-a discutindo na sua maneira fria e muito pessoal com um menino grande, com jeito mal-humorado.

—Devia desistir.—Pensei alto, com riso na garganta. Já aprendera que, quando Bella olhava daquele modo, um homem devia não insistir, porque a delicada damazinha ia conseguir o que queria. Ri outra vez quando vi o menino subir pelo gradeado das rosas, e quando a roupa de Bella enganchou e ela tentou se soltar.

Perto do canto, três homens e uma mulher vinham andando e, com mais uns poucos passos, logo veriam Bella. Rapidamente, atravessei o gramado correndo e pus a mão em seu tornozelo, notando tudo que ela tinha por baixo. Um espartilho branco, uma meia três quartos e uma cinta liga.

Quando Bella olhou para baixo e me viu pareceu querer desmaiar. Ela olhou-me vermelha.

—Eu não estou mantendo a pose.—justificou-se envergonhada.

—Lindona, até eu sei que as damas não mantém a pose vinte e quatro horas por dia.

Ela ficou paralisada. E por um momento tive vontade de puxá-la para os meus braços e levá-la pessoalmente para o quarto.

—Você não se importa de eu estar assim aqui fora?!

Sorri.

—Não. E a menos que queira ser vista por todos é melhor entrar.

—Sim.— Disse, recuperando-se e subindo até o alto, enquanto eu a olhava. Uma vez na varanda, debruçou-se sobre o beiral. —Edward, seu presente de casamento está no escritório.

—Ok. Te vejo logo, garota.—Sorri para ela, virei de costas, assobiando, e, com a mãos nos bolsos, cumprimentei as pessoas que passavam.

—Bella.—Ouvi a voz da mãe dela e olhei para cima, recebendo uma piscada e um beijo jogado no ar pela sua mãe. —Se você não se aprontar agora, irá perder seu próprio casamento.—Bella sorriu e acenou para mim.

—Preferiria morrer.— Disse com eloqüência e voltou ao seu quarto.

Dez minutos mais tarde, estava desembrulhando o pacote que Bella pusera em minha mesa. Dentro havia duas caixas de charutos e um bilhete.

Estes são os mais finos charutos cubanos. Todo mês, mais duas caixas dos melhores charutos do mundo serão entregues ao Sr. Edward Cullen.

Estava assinado com o nome de uma loja de charutos na Flórida. Acendi um, Jasper entrou. Levantei a caixa para ele.

—De Bella. Como você acha que ela conseguiu que eles chegassem a tempo?

Jasper parou um momento apreciando o charuto.

—Se estou aprendendo alguma coisa na vida é a não subestimar essa dama.—Ele pegou um bilhete em papel manteiga assinado com o nome de Bella e me entregou. Li atentamente o bilhete em um papel diferente. Nele dizia qual a cor dos arranjos de cabelo que ela usaria. Sorri. Será que ela não tinha se dado conta que eu a diferenciaria da irmã dela ainda que estivesse de olhos vendados?

—Jasper qualquer mulher que compre charutos como esses é realmente uma dama. Bem...— Disse suspirando. —Suponho que é melhor começar a me vestir. Quer me ajudar a vestir aquelas coisas?

—Claro.

Bella POV

O vestido de noiva tinha sido desenhado por mim, elaborado com simplicidade. Era de cetim de seda marfim, cortado em longo e gracioso estilo princesa, sem nenhuma costura horizontal, do decote alto até o final da cauda de quatro metros. Da altura da cintura, subindo sobre o busto, e caindo pelos quadris, tinha um intrincado desenho persa, feito com milhares de pequeninas pérolas pregadas a mão. Os punhos justos, que vinham dos cotovelos aos pulsos, repetiam o mesmo desenho feito com pérolas.

Permaneci muito quieta, enquanto minhas amigas prendiam o véu, de quatro metros e meio de uma renda irlandesa, feito a mão, com um desenho de flores silvestres, contrastadas por folhas pontiagudas. O complicado desenho da renda complementava a maciez do cetim do vestido.

Emilly segurava o buquê de flores de laranjeiras e botões de rosa brancos em forma de lágrimas, feito de maneira que só roçasse o chão quando caminhasse. Mamãe olhou-me com os olhos brilhantes de lágrimas.

—Bella...—Começou, mas não conseguiu falar mais nada.

—Estou levando o melhor dos homens.—Beijei o rosto da minha mãe.

—Sim, eu sei.—Entregou um pequeno buquê e botões de rosa. —Sua irmã mandou. Ela vai usar um vermelho e acha que você deve usar este cor-de-rosa. Acho que ela está certa, vocês não precisam vestir-se iguais.

—Nossos véus são diferentes.— Disse enquanto Ângela prendia as flores sobre o véu, bem acima de minha orelha esquerda.

—Pronta?—Perguntou Ângela. —Acho que é a sua música.

Annebell estava esperando-me no alto da escadaria dupla. Solenemente, nos abraçamos.

—Eu te amo mais do que pensa.—Murmurou Annebell. Havia lágrimas em seus olhos quando se afastou. —Acho que devemos prosseguir com este espetáculo.—Murmurou descontente.

Embaixo do arco das escadas, uma orquestra de cordas, de doze figurantes, tocava a marcha nupcial. Com a cabeça erguida, descemos lentamente as escadas, uma pela curva leste, a outra pela oeste. Abaixo de nós, os convidados nos olhavam, em silêncio. Os vestidos justos eram idênticos, exceto pelos véus, que variavam no motivo e no tipo da renda. A cor dos botões de rosa do lado de nossas cabeças também nos diferenciava.

Quando chegamos ao térreo, a multidão afastou-se e caminhamos direto pelo corredor curto que levava à porta da biblioteca. Ao chegarmos à porta, paramos e esperamos que o piano, colocado à volta da enorme sala, começasse a tocar. Lá, estavam os amigos mais chegados e nossos parentes.

Caminhei devagar e olhei com paciência à minha frente. Vi Alice, que já tinha entrado como dama de honra. À frente dos convidados, em uma plataforma mais alta, no local onde estava um dossel de folhagens e rosas, estavam os homens. Olhei atentamente e eles estavam nos lugares errados.

Eu devia saber que era bom demais para que todos meus planos tivessem dado certo, sem acontecer nada de errado. Do jeito que estava agora, eu caminhava pela nave em direção a Jacob. Rapidamente, olhei para Annebell, para juntas nos divertirmos com o acontecido, mas Annebell estava olhando bem para frente - em direção a Edward.

E meu estômago começou a virar. Isso não tinha sido um simples engano. Com um estalo, lembrei-me das flores que Annebell me mandara. Poderia Annebell ter planejado isso para não se casar com Jacob? Será que ela queria Edward? O pensamento era ridículo. Sorri. Sem dúvida Annebell estava fazendo um sacrifício nobre, ficando com Edward para que eu ficasse com Jake. Como era bondosa, mas como estava errada.

Ainda sorrindo, olhei para Edward. Ele me fixava intensamente, e fiquei satisfeita de que ele me reconhecesse. Pelo menos por um momento, fiquei feliz, mas quando o rosto dele se fechou e ele desviou o olhar, o sorriso deixou o meu rosto. Ele não poderia acreditar que eu tivesse arranjado essa manobra para poder casar-me com Jacob, poderia? Mas é lógico que poderia! Ao nos aproximarmos da plataforma, tentava pensar em como resolver essa situação, com delicadeza.

Na escola de damas pensava ter aprendido todas as situações possíveis em que uma dama pudesse se encontrar, mas nunca pensara que uma dama se encontrasse casando com o homem errado.Quando paramos na plataforma, Edward manteve a cabeça virada e não pude evitar uma pontada de ressentimento ao ver que ele não iria fazer nada para trocar de lugar.

Ele não se importava de ficar com qualquer das gêmeas?

—Bom, comecemos a cerimônia...

—Desculpe-me.— Disse, tentando manter minha voz baixa, de modo que somente nos cinco pudéssemos ouvir. —Eu sou Isabella.

Imediatamente, Jacob entendeu e olhou para Edward, que ainda olhava direto para frente.

—Vamos trocar de lugar?

Edward não olhou para nenhuma de nós.

—Não faz diferença para mim.— Disse desinteressado.

Senti o coração apertar. Jacob queria Annebell e Edward também a aceitaria. De repente, sentia-me tão inútil como uma quinta roda em um carro.

—Mas faz para mim.— Disse Jacob, e os dois homens trocaram de lugar.

Atrás deles, a assistência tinha começado com risadinhas durante a discussão, mas quando Edward e Jacob trocaram de lugar, eram risadas mesmo que se ouvia. Mesmo que tentassem disfarçar, não conseguiram.

Arrisquei um olhar para Edward e vi raiva nos olhos dele. A cerimônia terminou rapidamente e, quando o reverendo disse para beijarem as noivas, Jacob abraçou Annebell com prazer. Mas o beijo de Edward foi frio e reservado. Ele não me olhava nos olhos.

—Posso falar com você no escritório, por favor?—Pedi. —Sozinhos?—Ele concordou com um leve aceno de cabeça e olhou-me como se não suportasse tocar-me.

Nós quatro saímos logo da sala e, uma vez fora as pessoas se achegaram. Edward e eu fomos logo separados, pois os convidados, uns após outros, forçavam o caminho para se aproximarem. Ninguém resistia à tentação de relembrar como Jacob parecia nunca decidir qual gêmea queria e eu tive que ouvir calada cada piadinha.

Alice Cullen me puxou de lado.

—O que aconteceu?

—Penso que minha irmã achou que estava me fazendo um favor, dando-me Jacob. Ela ia sacrificar-se, ficando com o homem que amo.

—Você disse a Annebell que amava Edward? Que queria casar-se com ele?

—Não disse nem mesmo a Edward. De qualquer maneira, sentia que não acreditaria. Eu preferia mostrar a ele como vou me sentir durante os próximos cinqüenta anos.—Por mais que evitasse, surgiram lágrimas em meus olhos. —No altar, ele disse que não se importava de se casar comigo ou com minha irmã.

Alice agarrou o meu braço e afastou-me de um parente que se aproximava.

—Quem se casa com um Cullen tem que ser forte. Seu orgulho foi atingido, e ele é capaz de dizer ou fazer qualquer coisa, quando está ferido. Procure-o agora e diga-lhe o que sua irmã fez, ou diga-lhe que foi só uma falha no planejamento. Diga qualquer coisa, mas não o deixe ficar imaginando coisas, sozinho. Ele transformará tudo em uma montanha de ódio e, então, não haverá esperança de atingi-lo.

—Eu pedi-lhe que me encontrasse em seu escritório.

—Então, o que está fazendo aqui?

Começando a sorrir, habilmente enrolei a longa cauda duas vezes em meu braço esquerdo e atravessei o corredor para ir ao escritório de Edward. Ele estava em frente a uma janela alta, olhando o povo do lado de fora, com um charuto apagado na boca. Não se virou quando entrei.

—Sinto muito sobre o engano no altar. Estou de certa que foi uma falha em meu planejamento.

Ele virou-se, olhando-me com olhar fulminante.

—Rá! Você não queria casar-se com Black?—Não! Foi tudo um engano, nada mais.

Ele deu um passo em direção à escrivaninha.

—Sabe, Isabella, eu desisti de uma coisa hoje...—Em sua voz tinha amargura. —Porque não aceitava a idéia de humilhá-la.—Lançou-me um olhar frio. —Nunca pude suportar um mentiroso.—Atirou-me um pedaço de papel manteiga, dos que eu tinha jogado no lixo quinta feira.

Curvei para pegá-lo. Era um bilhete, laboriosamente escrito, que dizia: Estarei usando rosas vermelhas em meu cabelo, hoje—. O meu nome estava no final. Exatamente a minha assinatura.

—Dane-se, senhorita Forks!

—Senhora Cullen.—Interrompi, e ele gargalhou amargo.

—Tanto faz!—Rosnou com as mãos em punho e dentes cerrados. —Fui honesto com você, mas você...—Afastou-se, respirando fundo, aparentemente tentando se conter. —...Fique com o dinheiro. Fique com a casa. Você se esforçou bastante para isso, não terá que levar-me junto. Talvez possa fazer com que Black acabe com essa virgindade da qual é tão zelosa.—Começou a dirigir-se para a porta.

—Edward.—Chamei, mas ele já tinha saído.

Sentei-me pesadamente em uma das cadeiras de carvalho da sala. Minutos mais tarde, Annebell entrou na sala:

—Acho que devíamos ir para lá e cortar o bolo.— Disse com hesitação. —Você e Cullen...

Toda a raiva subiu à superfície, então me levantei da cadeira e fui em direção à minha irmã com ódio nos olhos:

—Você nem ao menos consegue chamá-lo pelo nome, não é?— Disse furiosamente. —Você pensa que ele não tem sentimentos; você o dispensou e agora pensa que tinha direito a fazer o que queria com ele.

—Bella... Quem te falou isso?—Olhou-me surpresa.

—Está na cara, Annebell, que ele deve ter te procurado antes de me procurar... Está feliz em pensar que os meus noivos preferem você?—Senti a dor cortar o meu peito.

—Bella, o que fiz foi por você. Queria vê-la feliz.—Annebell recuou.

Fechei as mãos e aproximei-me de Annebell, preparada para esbofeteá-la.

—Feliz? Como posso ser feliz se nem ao menos sei onde está o meu marido? Graças a você, é possível que eu nunca saiba o significado de felicidade.

—A mim? O que foi que fiz, exceto tentar tudo ao meu alcance para ajudar você? Eu tentei ajudá-la a voltar ao seu juízo e ver que não tinha que se casar com aquele homem, pelo dinheiro. Edward Cullen...

—Você realmente não o conhece, não é? Você humilhou um homem orgulhoso, sensível, em frente de centenas de pessoas, e nem se dá conta do que fez.

—Presumo que esteja falando do que aconteceu no altar. Eu fiz por você, Bella. Sei que ama Jacob, e iria ficar com Cullen só para fazer você feliz. Eu sinto tanto o que fiz para você, nunca quis fazê-la infeliz. Sei que arruinei sua vida, mas tentei reparar o que havia feito.

—Eu, eu, eu. É tudo que você pode dizer. Você arruinou minha vida e tudo que consegue falar é sobre si mesma. Você sabe que amo Jacob. Você sabe como Edward é um homem horrível. Durante a última semana, mesmo um pouco mais, passou todos os momentos em que estava acordada com Jacob, e o modo como fala dele é como se ele fosse um deus. De cada duas palavras que diz, uma é Jacob. Acho que você estava certa esta manhã, queria me dar o melhor homem.

Inclinei-me para frente.

—Jacob pode deixar seu corpo em fogo, mas a mim nunca fez nada. Se não estivesse tão envolvida consigo mesma ultimamente, e pudesse achar que eu tenho juízo em meu cérebro, teria reparado que me apaixonei por um homem bom, generoso, atencioso. Vamos admitir que tenha as arestas um pouco ásperas, mas você sempre não se queixou de que minhas arestas eram arredondadas demais?

Annebell sentou-se, e o olhar de surpresa em seu rosto era quase cômico:

—Você o ama? Você ama Edward Cullen?—Olhou-me como se fosse um absurdo. —Mas eu não entendo... Você sempre amou Jacob. Até onde posso me lembrar, você o amava.

Comecei a acalmar-me quando percebi que Annebell fizera tudo por amor a mim, querendo que tivesse o melhor.

—É verdade, decidi que o queria quando tinha sete anos de idade. Penso que isso se tornou uma meta para mim, como subir uma montanha. Eu nunca soube o que faria com Jacob depois de termos nos casado.—Murmurei baixinho.

—Mas sabe o que fará com Cullen?

—Ah, sim. Sei muito bem o que vou fazer com ele. Vou fazer um lar para ele, um lugar onde estará a salvo, um lugar onde estarei a salvo, onde eu possa fazer o que eu quiser.

Para minha surpresa, Annebell levantou-se da cadeira com um olhar de fúria no rosto:

—Suponho que não se preocupou em perder dois minutos para me contar isso, não é? Tenho estado no inferno nestas últimas semanas. Tenho me preocupado com você, passo dias inteiros chorando pelo que fiz para minha irmã e, agora, você me diz que está apaixonada por esse rei Midas.

—Não diga nada contra ele!—Gritei, mas logo tratei de acalmar-me. —Ele é o homem mais bondoso, mais gentil e generoso que eu conheço. E acontece que o amo muito.

Ela pôs as mãos na cintura.

—E eu tenho vivido na agonia por estar preocupada com você. Devia ter me contado!

Levei um momento para responder. Talvez tivesse notado a agonia de Annebell nas últimas semanas, mas parte de mim estava muito zangada para se preocupar. Talvez quisesse que minha irmã sofresse.

—Acho que estava tão ciumenta de seu casamento por amor que não queria pensar em você.— Disse docemente.

—Casamento por amor?!—Gritou Annebell —Não posso negar que ele mexe comigo fisicamente, mas é tudo que quer de mim. Passamos dias juntos na sala de operações, mas sinto que há uma parte de Jacob que não conheço. Ele realmente não deixa que eu me aproxime muito. Sei tão pouco sobre ele. Ele decidiu que me queria, portanto foi atrás de mim, usando todos os métodos ao seu alcance.

—Mas eu vejo a maneira como você olha para ele. Nunca me senti inclinada a olhá-lo desse jeito.

—É porque nunca o viu na sala de operações. Se você o visse lá, teria...—Ela suspirou.

—Desmaiado, provavelmente.— Disse sorrindo. —Annebell, sinto não ter contado a você. É quase certo que eu soubesse que estava sofrendo, mas o que aconteceu doeu. Eu era noiva de Jacob, parecia que quase minha vida toda; no entanto, você chegou e tirou-o em uma única noite. E Jake sempre me chamava sua princesa de gelo, e eu estava tão preocupada por ser uma mulher fria!

—E não está mais preocupada com isso?

—Não com Edward.—Murmurei, pensando nas mãos dele em meu corpo. Não, eu não me sentia fria quando ele estava perto.

—Você realmente o ama?—Perguntou Annebell, e parecia que amar Edward era a coisa mais impossível do mundo. —Você não se importa com comida voando por todo lado? Você não se importa com sua atitude com outras mulheres?

—Que outras mulheres?—Logo em seguida, vi que Annebell estava hesitando em responder, e tive que usar todo meu controle para acalmar-me. Se Annebell pensava que ia mais uma vez decidir o que eu devia ou não devia fazer... —Annebell, é melhor me contar.—Prendi a respiração.

Ela parecia decidir se contava ou não, então avancei em sua direção.

—Se você está, ao menos, considerando a possibilidade de manobrar minha vida outra vez como fez no altar, nunca mais falarei com você. Sou adulta, você sabe alguma coisa sobre meu marido, e eu quero saber o quê.

—Eu o vi no jardim beijando Rosalie Newton pouco antes do casamento.— Disse Annebell num fôlego só.

Senti-me um pouco fraca, mas então vi a verdade do fato. Era isso a que Edward se referira ao dizer que hoje tinha desistido de alguma coisa?

—Mas ele veio para mim, de qualquer maneira.—Murmurei. —Ele viu-a, beijou-a, mas casou-se comigo.—Nada poderia fazer-me mais feliz do que isso. —Annebell, você hoje me fez a mulher mais feliz do mundo. Agora, tudo que tenho a fazer é descobrir meu marido, dizer-­lhe que o amo e esperar que me perdoe.Um pensamento terrível surgia.—Oh, Annebell, você não o conhece mesmo. Ele é um homem tão bom, generoso de uma maneira natural, forte de um modo que faz com que as pessoas dependam dele, mas ele é...—Enterrei o rosto nas mãos e senti as lágrimas doerem. —Mas ele não agüenta vergonha de nenhuma espécie, e nós o humilhamos em frente à cidade inteira. Ele nunca me perdoará. Nunca!

Annebell dirigiu-se para a porta: —Irei a ele e explicarei que foi tudo minha culpa, que você não teve nada a ver com o acontecido. Bella, eu não tinha idéia de que quisesse realmente casar-se com ele. Eu só não podia imaginar alguém querendo viver com uma pessoa como ele.

—Não creio que você ainda precise se preocupar com isso, porque ele acaba de deixar-me.

—Mas e os convidados? Ele não pode ir saindo.

—Você acha que ele deveria ficar e ouvir as pessoas rirem de como Jacob não pode decidir qual das gêmeas quer? Ninguém pensará que Edward poderia ter feito sua escolha. Edward pensa que ainda estou apaixonada por Jacob, você pensa que amo Jake, e o Sr. Charlie acha que me casei com Edward pelo seu dinheiro. Acredito que mamãe seja a única pessoa que vê que estou apaixonada pela primeira vez na minha vida.

—O que posso fazer para consertar tudo para você?—Murmurou Annebell.

—Não há nada que possa fazer. Ele se foi. Deixou-me dinheiro, a casa e foi-se embora. Mas para que quero esta casa enorme e vazia, se ele não estiver nela?—Sentei-me. —Annebell, nem ao menos sei onde ele está. Ele pode estar em um trem, voltando para Nova York.

—É bem mais provável que tenha ido para a sua cabana.

Ambas levantamos os olhos para ver Jasper na porta.

—Não tive intenção de ouvir, mas quando vi o que aconteceu no casamento, sabia que ele estaria raivoso.

Enrolei a cauda de meu vestido de noiva em volta do braço.

—Irei a ele e explicarei o que aconteceu. Vou lhe dizer que minha irmã está tão apaixonada por Jacob que pensa que eu também estou.—Virei-me e sorri para Annebell. —Não posso deixar de ficar magoada por você ter pensado que eu fosse baixa a ponto de me casar com um homem pelo seu dinheiro, mas agradeço o seu amor, que fez com que quisesse sacrificar o que se tornou tão importante para você.—Rapidamente, beijei o rosto da minha irmã.

Annebell segurou-me por um momento:

—Bella, eu não tinha idéia de que se sentisse dessa forma. Assim que a recepção terminar, ajudarei você com as malas e...Afastei-me com uma pequena risada.

—Não, minha cara irmã controladora, estou deixando esta casa agora. Meu marido é mais importante para mim do que umas poucas centenas de convidados. Você vai ter que ficar aqui e responder a todas as perguntas sobre onde Edward e eu fomos.

—Mas, Bella, não sei nada sobre recepções desse tamanho.

Parei na porta, ao lado de Jasper.

—Eu aprendi como na minha educação inútil.— Disse sorrindo. —Annebell, não é tão trágico assim. Anime-se, talvez haja um surto de envenenamento por comida e você saberá como lidar com isso. Boa sorte.— Disse e saí da porta, deixando Annebell sozinha com o horror de ter que orientar a recepção de centenas de pessoas.

Fora do escritório, Jasper pegou meu braço e levou-me ao quarto da despensa, ao lado da entrada norte. Ele sorria para mim.

—Tornou-se um hábito para você viver me espionando.— Disse de repente, afastando-me dele.

—Aprendi mais em duas semanas espionando você do que em toda a minha vida. Você falou sério quando disse que ama Edward?

—Você também pensa que sou uma mentirosa? Vou me vestir agora. É uma subida difícil até a cabana.

—Sabe onde é?—Fui perto de lá essa semana duas vezes.

—Isabella, realmente você não pode subir correndo uma montanha atrás dele. Irei buscá-lo, explicarei o que houve e o trarei de volta.

—Não, ele agora é meu - pelo menos legalmente - e vou atrás dele sozinha.

—Eu fico imaginando se ele imagina a sorte que tem. O que posso fazer para ajudá-la?—Pôs a mão em meus ombros.

—Pode descobrir Ângela Cheney e pedir-lhe que vá lá em cima para ajudar-me a trocar de roupa?—Parei e olhei para Jasper. —Pensando melhor, talvez possa encontrar Alice Cullen para mim. Ela é aquela moça especialmente bonita, com um vestido de seda lilás e chapéu. Que entrou como dama de honra.

—Ela é especialmente bonita?—Perguntou rindo. —Boa sorte, Bella.—Saiu, passando antes a mão carinhosamente em meu rosto. Gostei de ter sido chamada de Bella por ele. Mostrava intimidade e carinho.

Meia hora depois, escondido no meio de algumas árvores, Jasper estava esperando com o cavalo alçado com quatro sacolas de comida. —Isto os manterá durante alguns dias. Está certa do que quer fazer? Se você se perder...

—Vivi em Forks toda minha vida e conheço esta área.—Dei­-lhe um olhar duro. —Eu não sou esse bibelô todo que o povo pensa, lembra-se?

—Você colocou bolo do casamento aí dentro?—Alice perguntou a Jasper.

—Na sua própria e atraente latinha.— Disse de uma forma que fez com que eu os olhasse de um para o outro e começasse a sorrir.

—Você deve ir. Não se preocupe com nada. Pense só em seu marido e no quanto o ama.— Disse Alice, enquanto eu montava.


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Notas finais do capítulo

Entre na comunidade.http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=98954049Para os novatos leiam Entre o amor e o poder.