Fogo e Gelo Edward e Bella escrita por Bia Braz


Capítulo 10
10- Intimidade




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Capitulo 10- Intimidade

Por Bella

Naquela noite, eu tive a indescritível sensação de paz e alegria. Antes de ir deitar, comecei a pensar na roupa que usaria no dia seguinte. Eu queria estar bonita, também queria estar atraente. Abri meu guarda roupa e vi que minhas roupas de cavalgagem não eram nem um pouco atraentes, longe disso, então fui ao quarto da Annebell e pedi-lhe para experimentar algumas de suas calças. Ela mostrou-me algumas e eu levei para o meu quarto as que me agradaram mais. Calças mais umas blusinhas de mangas japonesas. Após decidir qual roupa usaria, não demorei a cair em sono, coisa que há alguns dias era impedida por estar insegura e me sentindo só.

O galo cantou e o sol apareceu na janela, me despertando. Tomei um banho frio e arrumei-me rápido, vestindo as calças de seda da Annebell com palas grossas na cintura. Amarrei o cabelo em rabo de cavalo, para que eles não caíssem nos meus olhos, vesti a blusa que tinha escolhido, com botões atrás e por ultimo pus a bota por cima da calça.

Com medo de estar atrasada, desci correndo as escadas, passando em seguida na dispensa. Preparei lanches em uma cesta, peguei forros para piquenique e, ansiosa por encontrá-lo, fui para varanda da frente esperar que ele chegasse. De cabeça baixa, conferi todos os itens na cesta: torradas, biscoitos, patês, geléias, sucos. Sim. Estavam todos lá.

—Bom dia, feiticeira?—Senti um beijo em meu pescoço e com o susto eu me virei, deparando-me com o Jake me apertando num abraço. Forcei um pouco o peito a afastar, mas ele me apertou mais. Eu fiquei sem ação ao ter o beijo dele em meu pescoço. Percebi que ele estava me confundindo com a Annebell, e sorri por dentro. Resolvi fingir um pouco. Queria saber até onde ele nos confundiria.

—Tá bom, Jake.—O empurrei, sem nem ao menos mudar a voz.

—Sonhou comigo? Eu pensei em você a noite toda— confessou com cara de bobo.

Olhei em seus olhos e tive vontade de rir. Pus as mãos no ombro dele, olhando para o seu rosto.

—Está vendo alguma diferença em mim, Jacob?—Sorri zombeteira, vendo o seu rosto de paspalho procurar algo na roupa que eu usava. Que desligado! Ele mereceu o que aconteceu. Como uma pessoa não percebe qual das gêmeas namora?! Ele não é o meu Cullen que por algum motivo ainda desconhecido por mim sabe nos diferir em qualquer situação. Mesmo antes de termos compromisso.

Jacob continuou me olhando de cima abaixo e então apertou minha cintura.

—Está cada dia mais linda.— Disse por fim, não tendo encontrado nada de diferente nas roupas. Eu sorri de novo do tanto que ele era patético. Nem o perfume diferente ou a voz ele notara.

—Jacob Black, sou Bella.

Ele arregalou os olhos e deu um passo atrás como se tivesse sido queimado. Olhou-me da cabeça aos pés com olhar de desculpa. Bobão.

—Bella, eu pensei que você fosse a...—Sorriu sem jeito, vendo depois que eu não tinha ficado chateada pela confusão. Sorri de seu rosto espantado. Eu estava de muito bom humor. Minha vida estava muito melhor do que eu tivesse planejado e eu não tinha mais motivos de estar chateada com o meu amigo de anos.

—Tudo bem, sem problemas. Você é muito palerma, Jake. Quero saber quando você vai aprender a nos distinguir.

Sorri, e ele me abraçou amistosamente, percebendo que eu estava bem.

—Ai, Bella, eu pensei que você nunca voltaria a falar direito comigo, muito menos sorrir ou brincar.—Me ergueu feliz do chão. —Tive tanto medo de você não me perdoar nunca. Eu senti muito sua falta. Estava morrendo de saudade de você.—Continuou me apertando no abraço. Eu sorri e encostei a cabeça em seu peito.

O abraço foi aconchegante. Um abraço de amigo. De irmão. Sim! Era isso. O que senti pelo Jacob ao longo dos anos foi amor de irmãos. Decididamente, ele estava perdoado. Não havia mágoa nenhuma em meu coração, pelo contrário, eu estava agradecida por ele ter escolhido a Annebell, pois só assim eu pude me decidir pelo meu Cullen.

—Jake, eu também estava com saudade de você. Não consigo ficar com raiva de você— concedi e olhei em seu rosto. —Naquele dia na recepção, eu te tratei mal por você estar se preocupando comigo, mas eu não quero que tenha dúvidas ou receios. Eu estou feliz—confidenciei carinhosa. Ele tocou sorridente o meu rosto.

—QUE BRINCADEIRA É ESSA? QUAL DAS DUAS É A ANNEBELL?—Sr. Swan vociferou do quintal, vindo ansioso em nossa direção.

Olhei em volta e só então pude entender do que ele falava. Annebell estava atrás de nós, parada, nos olhando. Ela gesticulou com os olhos para que eu olhasse para frente. Parado, lá estava o Cullen, também nos olhando. Em câmera lenta, baixei o olhar e vi para a mão do Jacob em minha cintura, olhei por fim para meu padrasto e expliquei.

—Sou Bella, pai. É que eu peguei a roupa da Annebell para cavalgar.—Afastei um pouco do Jacob. O Sr. Swan me olhou reprovador. —Minhas roupas não eram confortáveis o suficiente.— Disse sem jeito, peguei minhas cestas na mesa e dei passos em direção ao meu noivo, que estava na parte de fora da propriedade, segurando dois cavalos selados.

Olhei-o da cabeça aos pés e suspirei ao vê-lo tão alinhado e forte. Parei ao seu lado sem saber como me comportar perto da minha família. Minha vontade era pousar os braços em seu pescoço e beijá-lo nos lábios, mas me contive e esperei a sua reação.

—Bom dia—cumprimentou-me formalmente, tirando as cestas da minha mão.

—Bom dia, senhor.—Devolvi o tom formal e nesse momento percebi que ele estava com sacolas alçadas no seu cavalo. —O que são?—perguntei surpresa.

—Comida—respondeu como óbvio, me ajudando a subir no cavalo. Ele olhou com o semblante sério para minha família, deu um breve cumprimento ao Sr. Swan e ao Jacob e em silêncio saímos. Ele não cumprimentou a Annebell, não deixei de notar.

Subimos a nossa rua trotando, passando pelo parque. Ele seguiu calado em minha frente, depois acelerou a corrida. Entramos floresta dentro, indo rápido para as montanhas. Meu cabelo, embora preso, por diversas vezes eram puxados pelas galhas quando eu passava a rápido galope.

Mais de uma hora se passou então chegamos a uma clareira, onde tinha uma nascente cristalina e flores espalhadas por todos os lados. Ele diminuiu os passos, colocou o seu cavalo para beber água e olhou em minha direção, levantando a mão para que eu fosse até ele. Vagarosamente, fui em sua direção. Parei o cavalo, ele me ajudou a descer, virou-se e o levou até a água, ainda sem trocar uma palavra.

Peguei o atoalhado em minha cesta e a estiquei no chão, próxima a uma sombra da árvore. Sentei e fiquei olhando para ele. Ele fitava compenetrado o rio, de costas para mim, com a mão no bolso. Então levantei, dei passos em sua direção e sem hesitar o abracei por trás, minhas mãos se encontrando em seu abdômen. Repentinamente, ele virou o rosto, como se não esperasse aquela minha atitude, e me puxou para sua frente, abraçando-me ao seu peito.

—O que há, senhor Cullen?

—Nada.

—Eu pensei que íamos nos divertir hoje, nos conhecermos mais e ficar à vontade. O que o está importunando?

Ele me soltou do abraço e sentou, pegando pedrinhas no chão e jogando no rio.

—Eu sei como você se sente—murmurou baixinho.

—Do que o senhor está falando exatamente.—Sentei ao seu lado, ele pegou em meu rosto.

—Ser apaixonada por alguém que quando você menos espera está disposto a se casar com outra pessoa.

—Do que está falando?

—De você ter se vestido da gêmea ladra para enganar o Black.—explicou sem alterar o tom.

Coloquei a cabeça sobre o seu ombro, amando os músculos que ele tinha.

—O senhor está enganado. Eu não vesti a calça da Annebell para esse fim.—Senti minhas bochechas queimarem. Ele virou a cabeça em minha direção e fitou atentamente meu rosto.

—E aqueles abraços com o Black?—questionou neutro.

—Senhor, o Jacob é meu amigo desde criança, não tenho motivos para não receber um abraço dele. Ele realmente pensou que eu era Annebell, e por um segundo eu resolvi galhofar com ele, por ele ser tão desatento, mas essa não era a intenção inicial. Eu não queria enganá-lo com o fim que o senhor pensa que foi. Quando eu vesti essa roupa, queria estar bonita para o senhor—confessei com as bochechas quentes de timidez.

Ele alisou minha bochecha e sorriu torto, olhando para a blusa e para a calça.

—Foi?

—Foi— assegurei e me levantei para sair do sol. Estendi a mão convidando-o a levantar e sentar comigo embaixo da árvore. Ele não levantou e fez um gesto com o dedo pra que eu me virasse de costas. Levantei a sobrancelha sem entender.

—Dê uma voltinha.—Sorriu malicioso, olhando-me da cabeça aos pés. —Se você se vestiu para mim, deixe que eu veja se está bonita.—Eu girei meio desconcertada, ficando de costas e de frente novamente, então ele puxou minha mão, fazendo com que eu deitasse em seu colo igual uma criança. —Você é lindona de qualquer jeito— elogiou beijando minha bochecha.

—Obrigada.—Fechei os olhos e deitei minha cabeça em seu ombro, sentindo sua respiração em meu pescoço.

Ele levantou comigo no colo, como se carregasse um bebê e caminhou até embaixo da árvore onde estavam os alimentos e o atoalhado no chão. Ele me colocou deitada e se deitou ao meu lado, apoiando sua cabeça com o braço.

—Me conta um segredo—pedi, passando os dedos em seus cabelos. Ele ergueu a sobrancelha.

—Pergunta.—Pôs uma mão em minha cintura, aproximando mais os nossos corpos.

—Como consegue me diferenciar da Annebell?

Ele gargalhou, passeando os dedos em minhas costas.

—Deite de bruços que eu te falo— pediu com o semblante suspeito, uma risada maliciosa em sua boca. Apoiei minha cabeça nos braços e deitei de bruços.

Descaradamente, ele deu uma varrida com o olhar pelas minhas costas, no mesmo instante que suas mãos passeavam delicadamente entre os botões da minha blusa, que fechavam atrás. Senti um calafrio me percorrer com seus dedos ásperos, mas fechei os olhos e me permiti sentir a carícia. Ele seria meu marido em uma semana mesmo, então precisávamos ganhar alguma intimidade.

—Se eu falar você vai brigar? Vai ser falta de respeito com uma dama?—Um botão se desfez e sua mão entrou, passeando na pele das minhas costas.

—Não. Sou eu quem está perguntando—respondi sem abrir os olhos.

—Hmmm, quando eu vi vocês duas no cinema de rua, notei várias diferenças.

—Quais foram?

—Uma está no traseiro.—Ele desceu com a mão nas minhas costas, parando no cóccix, os dedos por cima da minha nádega. Eu retesei, levando um susto e ele sorriu, voltando com a mão para minhas costas.

Limpei a garganta e tentei soar calma.

—Está faltando com a verdade. Isso não nos diferenciaria.—Fiz careta, e ele passou a mão em meu rosto, alisando minha bochecha.

—Seus olhos são mais para cinza, o dela tem mais tons dourados.

—Ainda não é uma explicação convincente.

—Você é mais bonita, Bella. Desde quando você era criança seus traços são mais delicados.—Ele passou o dedo em minha sobrancelha. —Sua sobrancelha direita tem uma falha. Seu queixo é mais largo um pouco que o dela, te dando aparência de superior.—Ele voltou os dedos para os botões da blusa. —O seu olhar provoca arrepios de medo e ao mesmo tempo gela o estômago.

—Sério?—Arregalei os olhos por tê-lo feito me falar tantos detalhes. Mais um botão se abriu e eu já sentia corrente de vento em minhas costas. A mão dele passeava. —Eu adoro o fato do senhor saber nos diferenciar. —aprovei e fechei os olhos de novo, amando seus dedos ásperos deslizando na linha da coluna.

—Eu sei que ela é sua irmã, mas há algo nela com relação a você que eu não gosto.

—A Annebell é muito ciumenta. Desde criança ela não gosta de me dividir com ninguém— expliquei.

—Os olhos dela. Quando eu vejo vocês de longe, basta olhar nos olhos eu sei a diferença. Na verdade agora eu sei todas as diferenças. De frente, de costas, de lado—enumerou com um sorriso satisfeito, a mão nunca minha pele. —Bella, tecnicamente eu não estou quebrando nenhuma regra com minha mão aqui, né?—Mais um botão se abriu e respirei fundo quando ele subiu para minha nuca, depois desceu lento. Fechei os olhos dizendo não à autocensura. Eu não estava o atacando. Era ele. Eu estava quieta.

—Sua irmã é sem sal— continuou. De olhos fechados, eu sentia vibrações pelo meu corpo. Sua mão esfregava cintura, massageava terno, preciso, com nímio cuidado.

Abri os olhos e o vi fitando-me intensamente. Por um segundo enrubesci por estar exposta assim, mas ele sorriu matreiro, o que aliviou o meu constrangimento.

—Como o senhor ficou rico?—Inventei um assunto, tentando nos distrair.

Ele deitou sobre o braço, mas continuou com uma mão acariciando minhas costas.

—Quando o Newton me colocou para correr, a Rô me deu mil dólares para que eu não saísse de lá sem ter o que comer. Então fui para o Texas e comprei uma mina de ouro esgotada. De lá ainda consegui tirar alguns mil dólares em ouro, então o dinheiro que consegui lá comprei de terras em Beverly Hills. Algumas terras com três dias vendi pelo dobro do preço. Depois comprei uma mina de carbono, então abri uma fábrica de aço, entrando na concorrência para fornecer aço para a Ford. Virei fornecedor. Vendi a fábrica e comprei pequenas linhas de trens. Vendi, comprei mais terras e construí casas. Vendi algumas e comprei prédios. Tudo em dez anos. Hoje compro terras com bons preços, administro aluguéis e estou investindo em ações. Recentemente comprei ações de uma empresa chamada Coca Cola. Não sei se vai dar lucro, mas às vezes temos que arriscar.

Suspirei, preocupada com a notícia que eu lhe daria.

—Sabia que a Rosalie Newton está viúva?—Fechei os olhos novamente, percebendo que sua mão parou de se mover pelas minhas costas.

—Quê?

Corajosamente, abri os olhos, tentando medir sua expressão.

—Isso mesmo. O marido dela morreu tem poucos meses.

Seus olhos ficaram vazios, olhando fixamente para algum ponto em meu rosto que não eram meus olhos. Ele deitou de costas e apoiou a cabeça em suas mãos, olhando para o céu.

—Que coisa... Fico pensando em como uma coisa desencadeia outra— comentou ausente.

—Como assim?

—Hmmm, se eu não tivesse te chamado para jantar, sua irmã não teria dormido com o Jacob e você ainda iria se casar com ele—refletiu.

Suspirei, com algo em mim doendo pelo que eu iria propor. No mesmo instante senti meu estômago contorcer pela dúvida. Fechei os olhos para esconder minha dor.

—Eu sei o que o senhor quer dizer... Se o senhor soubesse que a Rosalie estava viúva não teria me convidado para sua casa...—continuei de olhos fechados, a incerteza e a tristeza crescendo no peito. —Senhor Cullen, o senhor não está preso a mim. A qualquer momento o senhor pode desfazer do compromisso—salientei com amor próprio. Novamente suas mãos passaram a mover-se em minhas costas. Abri os olhos e ele me olhava intensamente, com a boca torcida num sorriso contido.

—Vai ameaçar terminar comigo de novo? A terceira vez em pouco mais de uma semana de compromisso?—desafiou, inclinou e beijou meu rosto.

—É que eu pensei que talvez o senhor quisesse...

—Diabo de mulher. Cala a boca.—Ele me puxou e me beijou, as mãos acariciando minhas costas. A intimidade de ter seus dedos na pele nua era uma intimidade que Jake nunca havia tido. Enlacei seu pescoço e correspondi ao beijo sentindo paz. Seu beijo era gentil, carinhoso, deslizando a língua sutilmente em meu lábio. Ofeguei e me senti querida. Ele encerrou o beijo falando algo tipo: pare de me atacar. Depois corre. Sorri e ele abotoou minha blusa.

A manhã se passou e preparamos o lanche sobre a toalha. Sua cesta estava recheada de bolos frescos, biscoitos. Tinha frutas de seu pomar. Eu tinha certeza que ele tinha azucrinado as ideias da Esme para que ela fizesse a nossa refeição. Juntei com as torradas, patês e geléias que eu trouxe, assim, nosso piquenique ficou completo. Ele comia muito, elogiando tudo em todo o tempo. Terminamos de comer, e ele avisou que queria ir embora, dizendo que iria receber uns malditos visitantes de Seattle para negócios. Mais que feliz eu concordei, pois ainda tinha que organizar assuntos do casamento duplo em uma semana.

Ele me levou em casa, entrou para falar com a minha mãe e foi embora. Suspirei e subi as escadas lembrando que após o banho iria ligar para Jane, com o telefone que o Mike me dera no sábado.

Acordei na terça com o despertador. Marcara no dia anterior um encontro na estação de trem de Port Angeles. Então eu devia me arrumar e sair o mais rápido possível. Eu não sabia se o Cullen me procuraria ou ligaria para mim este dia, mas se ele ligasse, eu queria estar disponível o mais rápido possível.

Ao chegar a Port Angeles, discretamente procurei um local isolado na estação, pagando um funcionário para que ele me cedesse uma sala particular. Esperei no local combinado, então vi uma loura cheia de cachos, com maquiagem forte, usando uma roupa vermelha púrpura, que lembrava longe o perfil da Rosalie Newton, ou pelo menos a lembrança que eu tinha dela, e chamei-a para sala em particular. Ela me seguiu sem nada falar.

—Quer dizer que vai casar com Edward...—Ela me avaliou, e eu nada disse. —Eu avisei a ele que se ele quisesse compraria uma dama. Bastava ter dinheiro para pagar o preço de uma—destacou mordaz. Lancei-lhe um olhar gelado, mas não me permiti atingir por suas palavras.

Percebendo o seu deslize ela completou.

—Olha, Forks, não pense que eu vou fazer mesuras, afinal você está tirando meu ganha pão.

Olhei-a séria.

—É só isso que ele significa para você?

Ela deu de ombros, com indiferença.

—Ele é muito bom de cama, se é isso que quer saber. Mas ele é estranho. Não sei exatamente o que se passa com ele. Primeiro exige exclusividade, porém fica dias sem me ver. Depois quando chega se torna insaciável.

Respirei fundo, tendo certeza de que ela falava do mesmo homem que eu conheço.

—O que quer de mim, senhorita Forks?—Ela sentou-se.

—Quero que me fale o que sabe do Sr. Cullen, já que está com ele há mais de três anos.—Suspirei me sentindo mal por ter chegado a essa situação.

—Você quer saber o que ele gosta que eu faça na cama?—Ergueu a sobrancelha.

—Não!—Balancei a cabeça veemente. Eu não queria nem imaginar o que outra mulher poderia ter feito com ele. —Eu queria que me falasse dele como pessoa.

—Hum... Não tenho muito que falar. Só que uma vez pensei uma coisa...

—O quê?—Inclinei-me na cadeira, atenta.

—Eu nunca pensei que ele se importasse com sentimentos, sempre pensei que ele só queria companhia. Mas uma vez ele me perguntou se eu gostava dele. Eu demorei a responder e, antes que eu pudesse falar, ele saiu. Depois disso eu comecei a pensar que ele nunca foi amado por ninguém, porém, é impossível. Um homem com tanto dinheiro como ele deve ter milhares de mulheres apaixonadas por ele.

Respirei fundo.

—E você... O ama? Se ele não tivesse dinheiro você...

—É claro que não. Se ele não tivesse dinheiro, embora ele seja bom amante, eu nunca teria chegado nem perto dele.

Suspirei aliviada, abri minha bolsa, tirei o cheque que ele me mandou para feitos do casamento, uma pequena fortuna de joias particulares, coloquei em uma caixinha e lhe entreguei.

—Quero que saia da cidade o mais breve possível.

Ela pegou a caixinha, abriu e arregalou os olhos, colocando sobre os dedos as joias que tinham dentro. Depois empinou o nariz.

—Eu só estou aceitando, senhorita Forks, por que me apaixonei por outro e creio que Edward não vai aceitar que eu tenha um amante e ainda continue me sustentando. Se não fosse por isso, você não iria me comprar.

—Até mais.—Foi o que eu disse e saí.

Peguei o trem rumo a Forks. Cheguei em casa aliviada, pois tinha menos um empecilho em meu caminho. Voltei-me aos afazeres do meu casamento, confeccionando cartões de lembranças em papel manteiga, fazendo flores artificiais com biscuit para enfeites em cima dos bombons. Mais tarde, já cansada, pensei involuntariamente no que a Jane disse sobre ele ser um bom amante. Senti um calafrio ao lembrar suas mãos me tocando no meu lugar íntimo e apertei as coxas. Decidi da próxima vez que fosse vê-lo ir com vestido de botões de baixo acima- fiz a nota mental sorrindo de meu oferecimento.

—Bella, a Meredith está te chamando.—Minha mãe me chamou. Eu me levantei da mesinha onde trabalhava. Fui até a varanda de casa e a Meredith e seu noivo estavam de bicicleta dupla.

—Anne-Bella...—Ergui a mão, interrompendo-a.

—Isabella, ou só Bella.—Corrigi.

Ela sorriu.

—Bella, chama o seu noivo para andarmos de pedalinho no lago—chamou animada. Pensei no convite, tentada a aceitar, mas com certeza meu noivo estaria bem ocupado, já que não apareceu, não me ligou e não me convidou ontem para ir hoje a casa dele.

—Esperem que eu vou ligar para ele. —Dirigi-me ao telefone apreensiva, torcendo que ele não se importasse que eu o tivesse importunando. Eu não queria que ele com seu comportamento inesperado destruísse o encanto dos nossos dias.

Disquei, chamou uma vez.

—Alô.—Surpreendentemente foi ele quem atendeu com sua voz grossa.

—Oi, senhor Cullen. É a Isabella—saudei insegura, me perguntando por que o temia. Por um acaso eu não era noiva dele?

—Oi. Por que não está aqui?—Inquiriu direto. Surpresa, dei uma pausa de silêncio.

—Er... Eu não sabia que deveria, aliás...

—Ora essa, e esta casa não é sua?—questionou aborrecido.

—Nós ainda não nos casamos— acentuei com a voz mais firme.

—E no que isso muda? Uma semana a mais ou uma semana a menos.

Respirei fundo. Era difícil ganhar uma briga com ele, ainda mais que eu não estava disposta.

—Senhor meu noivo, gostarias de passar à tarde comigo para assim podermos conversar?

Ele pigarreou, mostrando surpresa.

—O que gostaria de fazer?—Sua voz suavizou-se.

—Ir a praça, andar de pedalinho no lago, não sei. Coisa de noivos...

—Você realmente não tem o que fazer, não?

—Até mais senhor.

Desliguei, avisei a Meredith que não iria, subi e vesti uma das calças da Annebell. Coloquei, sorrindo, uma blusa de botão atrás e pedi que o nosso cocheiro me levasse à mansão Cullen, já que meu carro estava lá desde a semana passada.

Ao chegar em frente a sua propriedade, de longe, o vi encostado em seu carro, parecia carrancudo. Desci da carruagem, sem ajuda, pois estava de calças, e subi pela passarela de cimento em sua direção. Surpreso, ele me acompanhou os meus passos até que eu estivesse em frente a ele. Ao ver seu rosto perfeito, perdi o fio da meada. Não lembrava mais o porquê de ter ido lá.

—Boa tarde, senhor.—Ofeguei, por causa da rapidez que tinha subido. Ele me olhou como se visse um fantasma. —Algum problema?

—Por que desligou o telefone em minha cara?

—Por que eu não queria discutir por telefone.—Olhei para a chave em sua mão. —O senhor ia sair?

—Eu pensei que você quisesse ir fazer programa de noivos—desdenhou, insatisfeito.

Quebrei a distância e pousei as mãos em seu ombro, dando uma pequena avaliação em suas roupas. Ele estava bem alinhado, com uma das dezenas de roupas que eu pedi que o alfaiate fizesse. Indisposta a brigar, pousei o nariz em seu pescoço e inspirei seu perfume de banho recente.

—E quero. Eu vim lhe buscar exatamente para irmos— expliquei apaziguadora e acariciei seu peito. Senti uma mão sua em minha cintura, mostrando que ele não estava tão bravo assim.

—Isabella, eu fico muito irritado quando você não vem cumprir suas obrigações— avisou sério e carrancudo, mas suas duas mãos já estavam me abraçando. Eu me senti aconchegada naqueles braços fortes.

—E quais minhas obrigações?—Sorri por dentro em imaginar que ele sentia minha falta.

—Ficar aqui. Almoçar aqui. Abrir as janelas. Verificar se a Esme está fazendo a comida direito. Escolher flores para os vasos da casa. Essas coisas—enumerou impaciente, com o nariz em meu pescoço. —Obrigações.

—Amanhã eu venho—murmurei feliz, sonhadora.

—Espero—demandou sem cede, mas a sua irritação só me deixava lisonjeada. Seu modo de dizer que sentia minha falta era com zanga. —Então vamos fazer o seu programa de noivos.—Puxou minha mão e abriu a porta do carro para mim.

Eu entrei e não deixei de perceber que ele fez careta para a calça que eu estava. Eu precisava das calças pantalonas da Annebell, pois elas me deixariam mais à vontade para andar de pedalinho no lago. No trajeto, ele ficou calado. Sem medo, atravessei os bancos e mexi em seu cabelo, que estavam molhados e penteados para o lado. Ele me olhou surpreso. Eu beijei-lhe na bochecha, conciliadora. Ele sorriu de canto, aprovador.

Ele alugou um pedalinho no parque e entramos lago adentro, com ele pedalando o pequeno brinquedo flutuante em forma de concha.

—Eu nunca tinha andado em um desses antes—comentou ainda sério.

—Nossa, meu pai me trazia aqui quando eu tinha cinco anos—disse dando um aceno para a Meredith que passava próxima com seu noivo em seu pedalinho alugado.

—Ah, minha cara, enquanto você se divertia, fazia piano e tomava chá, eu estava trabalhando. Nunca tive tempo para diversões— ressaltou com certa amargura.

—Mas agora o senhor tem. Não precisa enriquecer mais do que já é.—Aproximei-me e deitei o rosto em seu ombro.

—Rá, casando-me com uma dama, acho meio difícil. É mais fácil ter que trabalhar mais ou ficar pobre de novo—zombou amargo.

—O senhor trabalhou hoje de manhã?

—Sim, recebi um maldito que quer colocar preços de banana em minhas terras na Califórnia.

—Ele não tem dinheiro suficiente?—Acariciei o seu pescoço com o dedo.

—É desses pés rapados cineastas. Dizendo ele que vai transformar minhas terras em um bairro cinematográfico, por isso quer que eu faça a caridade.—Bufou.

—Onde é?—questionei para estender o tema, já que ele nunca tinha falado de negócios.

—Em Los Angeles. Ele disse que o nome do bairro vai se chamar Hollywood.

—Eu adoro cinema!—comentei animada. Ele sorriu. —Seria bom que alguém ajudasse o cinema a expandir-se.

Ele se virou para mim.

—Isso quer dizer o que? Que é para vender minhas terras a preço de banana?

—Não. Mas o senhor poderia ser sócio. O senhor já investiu dinheiro em tanta coisa. Disse que algumas vezes perdeu, outras ganhou. Poderia investir nesse ramo novo.

Ele me olhou por minutos, ainda pedalando pelo lago.

—Quem te ensinou a negociar?

Sorri.

—O senhor está me ensinando.

—Tudo bem.—Encolheu os ombros com indiferença. —Vai que dá algum dinheiro. Não vou vender minhas terras não. Também tenho umas terras em Las Vegas, o que acha que eu faço com elas?—questionou interessado, parecendo disposto a me ouvir.

—Não venda terras, senhor. Sempre compre. Terras não se acabam, dinheiro, sim.

Ele parou de pedalar e olhou-me intensamente. Em seguida, puxou-me e me sentou de lado em seu colo. O pedalinho balançou, então ele afastou mais para o meio, mantendo o equilíbrio no brinquedo.

—Estou desperdiçando tempo com você falando em negócios.—Beijou o meu braço descoberto pela blusa de mangas japonesas.

—Senhor, é dia claro. Tem outros casais aqui—censurei sorrindo.

—Diacho, você não é minha noiva? O que tem beijar seu braço?

—Eu gosto. Mas... Será só o beijo no braço?—desafiei sugestiva e passei um braço em volta do seu pescoço. Eu mesma me assustei com o quão direta fui. Ele ficou calado uns segundos.

—Bom, para a minha casa nem pensar. Não quero ter a chance de estragar tudo.—Fez uma careta —Então vamos para ali.—Colocou-me sentada de novo e pedalou até uma sombra, onde tinha algumas samambaias, entrando embaixo delas. —Isso é bom. É um exercício para a perna.— Disse com euforia sobre o pedalinho, parecendo uma criança. O flutuante parou, e ele puxou meu braço. —Pronto, vem aqui.—Sentou-me em seu colo, deitando minha cabeça em seu braço. —Você está encenando um papel? Fingindo que gosta dos meus carinhos?—Alisou minha bochecha, beijando meu ombro.

—Não. Eu realmente gosto dos seus carinhos—garanti, levantei a mão e acariciei sua nuca, vagarosamente.

Ainda desconfiado, ele me deu vários beijos na bochecha, no queixo e finalmente na boca, forçando passagem sutilmente. Não era normal que ele me desses beijos gentis. Desde o primeiro beijo ele sempre foi exigente. Mas agora ele devia estar tentando respeitar as regras, coisa que realmente não precisava. Ainda assim, era um beijo que me fazia ofegar e abraçá-lo mais. Sua mão apertou minha cintura, e eu me abandonei. Era a melhor sensação que eu já tinha experimentado. Ter seus lábios no meu era o certo, não havia dúvidas. Sentia que esperava há anos por ele.

A mão que estava em minha cintura, se enfiou entre os meus botões nas costas e já começava a abrir. Eu não protestei, pelo contrário, arfei em sua boca ao sentir seus dedos apertando minha costela. —Diacho, Bella, vamos embora. Você não tem juízo, não, para ficar me tentando assim?— Disse soltando meus lábios e indo para minha mandíbula.

—Não fui eu...—Comecei a justificar e parei, enfiando mais meus dedos em seus cabelos.

—Eu não disse que foi você.—Ele agora beijava meu pescoço, mordiscando. —Só disse que você não tem juízo.— Sorriu e me sentou direito ao seu lado. Um silêncio se fez, então ele ficou meio de lado no banco, acariciando o meu rosto e se inclinou, para novamente beijar meu braço.

—Eu não sei muito bem como fazer isso... Namorar, noivar, respeitar... A única pessoa que tive algo perto de namorar foi com a Rô, quando eu tinha quinze anos. Mesmo assim, no segundo dia que estava com ela já rolávamos nos fenos, então...—Pus o indicador na boca dele, fazendo com que ele parasse de se explicar.

—O senhor está se saindo muito bem.—Sorri meiga.

—Mas...

—Mas nada.— Calei-o e desta vez fui eu quem puxei seus lábios e lhe beijei. Era um beijo casto, mesmo assim, cheio de determinação. Afastei-me, e ele estava sorrindo, satisfeito com a minha iniciativa.

—Vamos? Depois brincamos mais disso.—Começou a pedalar e saímos da sombra de árvores e samambaias, indo direto para o porto entregar o brinquedo de aluguel. Dirigiu-se ao dono para fechar a conta, e eu direcionei ao carro. De longe, ouvi o dono dos brinquedos reclamando de algo com ele.

—É por que o seu material não presta!—O Cullen gritou.

—Se não presta, por que andou?

Edward pôs a mão no bolso, tirando algumas notas de cem.

—Você quer vender esses brinquedos de merda?—xingou. Ao ouvir seus impropérios, fui rápido em sua direção, pegando em seu braço para tirá-lo de lá. Andamos em silêncio até o carro.

—O que foi isso?—Balancei a cabeça reprensiva.

Ele deu partida, irritado.

—Ele estava reclamando por que enchemos de samambaias nos pedais e poderia quebrar.

Sorri.

—E só por isso o senhor já desfez do negócio dele? O senhor tem que controlar seus impulsos.

—O que você queria que eu fizesse, Isabella?

—Nada exatamente. Só acho que o senhor tem que saber quando está errado. Pode ser que tenhamos estragando o brinquedo, indo por entre algas e samambaias—conciliei. Ele calou-se.

—Tá, amanhã eu compro outro e mando para ele— concedeu aborrecido. —Também vou comprar um para nós dois, assim eu nunca mais preciso alugar nada dele.

Puxei o rosto dele e o fiz olhar para mim.

—Sr. Cullen, nem tudo se resolve com dinheiro. Nem todos os problemas do mundo se resolvem com dinheiro. Pedir desculpas, às vezes, resolve.

—Com certeza ele prefere um novo.—Fez careta como se eu estivesse falando asneira e seguiu.

Respirei fundo, e decidi que essa eu tinha perdido. Chegando em minha casa, pedi que ele ficasse em baixo com a minha mãe e subi para um banho. A roupa que escolhi era um vestido de gola alta, com ombros de fora, justo em cima, com botões atrás, de cima abaixo, e o vestido se abria em saia godê abaixo da cintura.

Desci, aproveitei sua presença e pedi que ele assinasse os cartões de lembranças para os bolos-bombons e bem-casados.

—Não vou assinar droga nenhuma!— negou se afastando da mesinha onde eu confeccionava. —Não vou por meu nome em um papel em branco. Depois compram ou vendem coisas em meu nome e eu nem vou poder remediar—argumentou agitado. Minha mãe nos olhou com olhos arregalados.

—Senhor, é normal se fazer isso—expliquei sem ceder. —Tradição. Ninguém vai redigir contratos em papéis desse tamanho. Esses cartõezinhos vão dentro das caixinhas em que as pessoas levam bolos-bombons para casa como lembrança—Mostrei a caixa. Aprendia que tudo que envolvesse ele, teria discussão.

—Não! Eles comem na festa e não precisam levar para casa! Pra quê caixinhas de bolos?—Fez careta teimoso. —De qualquer maneira, esses cartõezinhos vão ficar tudo melado de bolo. Não vou assinar.

—É para as pessoas fazerem votos, sonhar...—Suspirei, quase vencida.

—Isabella, você quer que eu assine cartões para uma ideia de asno como essa?

Respirei fundo e olhei para a mamãe, que fazia tricô, fingindo não prestar mais atenção. Eu sabia que tinha perdido mais essa, mas outras eu iria ganhar.

—Quantas pessoas terão nessa festa?—perguntou e sentou-se na poltrona.

—Bom, até agora quatrocentas e cinquenta, contando com os parentes do Jake. Mas se a sua família confirmar presença, teremos...

—Minha o quê?—Ele me interrompeu, levantou e ficou em minha frente, muito ameaçador.

—Sua família, senhor Cullen, ou o senhor acha que eu não convidaria a Alice Cullen, o Sr. Carlisle e o Emmett Cullen?

Ele bufou e começamos a discutir de novo. Ele argumentou que não tinha família e que eu estava querendo juntar todos os povos da cidade para esta festa. Também disse que não fazia questão de vê-los e que para ele, eles nunca existiram. Lógico que eu não poderia falar sobre minha amizade intensa com Alice, uma vez que ele iria perguntar de onde eu a conhecia e eu não queria mentir para o meu futuro esposo.

—Eu não quero que eles venham!—Gritou.

—Por quê?—Desafiei no mesmo tom.

Ele mexeu freneticamente no cabelo, andando de um lado ao outro.

—Eles não irão saber se comportar. Virão vestidos com trapos.—Falou por fim.

—Você é um... Um...—Joguei, irritada, as mãos no ar. —Você é esnobe! É sua família!—Me alterei como uma lavadeira. Pisquei longamente, respirei fundo e soltei os ombros. Ele me olhava duro. —Não se preocupe. Já mandei fazer roupas para Alice e vou mandá-los ver o alfaiate—murmurei baixinho, exausta. Ele arqueou a sobrancelha, me olhando com os olhos entrecerrados, então se sentou ao lado da minha mãe, pegando na mão dela.

—Está vendo, Renée? Bella agora vai sair vestindo todo mundo que vê—contou com intimidade, coisa que só meu padrasto fazia.

—É sua família, senhor— disse simplesmente, olhando doce para ele.

Ele revirou os olhos e torceu os lábios em desagrado.

—Pronto, Bella? Acabou a sessão tortura?— questionou rispidamente, a mão da minha mãe sendo acariciada pela sua.

—Por enquanto.—Sentei em frente à mesa me sentindo cansada, derrotada.

Ele levantou e veio até mim, esfregando em seguida os meus ombros. —Então vamos para casa. Ainda quero fazer algumas coisas antes de saírmos. — Disse carinhoso. Eu levantei, ele me abraçou e beijou o topo da minha cabeça. Suspirei mais uma vez, lembrando o quão instável era o seu humor.

Minha mãe sorriu disfarçadamente. Eu queria saber se algum dia ela o censuraria por alguma coisa. Ela estava tão encantada por ele quanto eu, mesmo presenciando seus altos e baixos de humores.

À noite, fomos a uma festa com todo tipo de jogos. Edward era a pessoa mais velha do grupo na casa da Ângela, mas todos os jogos e diversões eram novos para ele, e parecia estar se divertindo muito. No começo ele não estava xingando, e toda vez que falava mais alto, eu lhe apertava a mão, para que ele controlasse o tom. Ele sempre parecia um pouco chocado por ver que os jovens da sociedade o aceitavam. E não era porque ele fosse fácil de se aceitar. Era franco, intolerante com qualquer idéia com a qual não concordasse, e sempre agressivo, embora eu estivesse sempre de olho em suas ações.

Por fim, ele estava se sentindo tão a vontade que ainda xingou duas vezes desgraça e diabos. As pessoas pareciam não ligar, embora eu soubesse que minutos depois que saíssemos, ele seria o alvo das fofocas. Ele era tão direto que disse a Ben Cheney que ele era um bobo por estar satisfeito em dirigir a loja do pai, que devia se expandir, trazer algum negócio novo de Seattle, caso insistisse em ficar em Forks. Disse a Ângela Cheney que ela devia pedir ajuda para mim, para comprar vestidos, porque os que usava não eram tão bonitos como deviam. Sujou de caramelo as cortinas da Sra. Coper e, disse que no dia seguinte, mandaria entregar-lhe cinqüenta metros de seda, de Seattle. Disse a Lauren que devia encontrar um homem melhor do que Tyler, e que tudo que Tyler queria era alguém para tomar conta de seus três filhos órfãos.

Eu rezei para que o chão se abrisse e me engolisse, quando o Cullen convidou todos para irem jantar na sua casa na quarta à noite.

—Ainda não tenho nenhum móvel embaixo, portanto faremos como Isabella fez para mim uma noite: um tapete, almofadas para se deitarem, velas, flores, champagne, tudo.

Enrubesci envergonhada com as risadinhas que as minhas amigas deram. É lógico que eu sabia o que se passava em suas mentes. Então ele passou indiscretamente a mão em minha cintura.

—Algum problema, lindona?—Deu uma fungada em meu pescoço.

Suspirei e balancei a cabeça em negativa, torcendo que fôssemos embora logo. Antes de sairmos, ele se despediu dos presentes, e sem mais e nem menos me ergueu em seu colo, andando pelo cascalho em direção ao seu carro. Feliz, por estarmos finalmente sós, sorri de sua nova e excessiva confiança e ousadia pública, e o abracei forte, sendo carregada como uma criança.

Ele era meu.

Edward POV

Não quis deixá-la voltar tarde sozinha, então após sairmos da casa da Sra. Coper, deixei Bella em casa e voltei feito um paspalhão para casa. Já em meu escritório, esperando o Jasper para trabalharmos, acendi meu charuto e fui para a janela, ainda sentindo o cheiro dela em minha roupa.

—Vai ficar ai suspirando ou vamos fazer esses balancetes?—Jasper perguntou com um sorriso irônico. Continuei fitando a propriedade.

—Eles são todos crianças inexperientes. Não sabem o que é a vida.—Comentei com amargura.

—Quem exatamente?

—Isabella e seus amiguinhos de merda. Nasceram esbanjando. Nunca tiveram que se preocupar com o que comer ou vestir. Bella agora resolveu esbanjar o meu dinheiro. Ela pensa que a comida vem da cozinha, as roupas da sua costureira e o dinheiro do banco.

—Não acho isso dela. Ela parece ser uma menina muito equilibrada. Além disso, ela não vem esbanjando o seu dinheiro. Vem gastando o próprio dinheiro com essa festa de casamento. Até hoje, ela não descontou aquele cheque que você lhe mandou e nem me pediu dinheiro. O fato dela ter sido trocada pelo Black deve ter ensinado algo a ela como mulher.

Olhei impaciente para ele.

—Qual a mulher que não se conformaria?—Apontei para a casa, para os quadros valiosos, para as molduras de ouro.

—Cullen, ela não está atrás do seu dinheiro. Se fosse, ela teria o aceitado desde que jantou a primeira vez com você.

—Rá, com certeza é pelo modo como me comporto.—Sorri ironicamente. —Ela não agüentaria mais de cinco minutos comigo se eu não tivesse algo para lhe dar. Você precisa ver como várias vezes ela fica envergonhada diante das minhas atitudes.—Além disso, pensei, às vezes ela se veste de Annebell, creio que para ver se reconquista o Black a tempo. Não confio nela. Ela pode sair às escondidas para encontrar com ele assim como fez quando veio jantar aqui sendo noiva dele. —Quero que você a vigie—exigi.

—Eu não acredito nisso, Cullen. Está me mandando ficar em seu encalço, espionando-a?

—Jasper, ela é uma pessoa importante, com nome importante e agora vai se casar com o homem mais rico de Washington. Você acha que isso não desperta interesse em vários seqüestradores?

—Que eu saiba ela é importante desde que nasceu, e, no entanto sempre andou pelas ruas. Ela sempre teve sua pequena fortuna e isso não atraiu seqüestradores. É só isso mesmo ou está com medo dela continuar vendo o Newton?

Fechei os punhos para as provocações do Jasper.

—Ela passa grande parte das quartas na igreja. Quero que descubra fazendo o quê.

—Rá, com certeza ela está tendo flertes com o belo reverendo—zombou ironizou, e eu respirei fundo, segurando a minha fúria diante do seu comportamento debochado.

—Merda, Jasper, não estou com medo de maldição nenhuma!—Passei a mão no cabelo, controlando a agitação. —Só cale a boca e fique de olho nela. Diabos!

—Sabe, Cullen,—Ele segurou o olhar em minha direção. —Tenho pena da Isabella. Ele não sabe com quem está se metendo.

—Ah, com certeza sabe. Uma mulher vive e encena qualquer papel para por a mão em dinheiro. Não será diferente para ela. Ultimamente ela tem sido até carinhosa.

Maldita. Maldita. Maldita.

Bufando e com censura nos olhos, Jasper saiu da sala, sem ao menos voltarmos ao nosso trabalho. Emputecido, voltei a olhar para a janela, onde eu avistava abaixo, menos de um quilômetro a mansão dos Newtons, e à direita, pouco mais de dois quilômetros, a mansão dos Forks.

Por que era tão difícil admitir para o Jasper as minhas dúvidas? Por que era difícil admitir para mim mesmo que quando estava perto dela minha vontade era acreditar, tentar ser normal, tentar ser aceito, tentar agradá-la, tentar ser feliz? O pior era a maldita vontade de vê-la, de não deixá-la mais ir embora, de não deixá-la passar o dia seguinte todinho na igreja. Bem, que fosse. Não tinha tempo pra ela. Eu precisava trabalhar! Estar andando com seus amiguinhos esbanjadores que não precisam trabalhar tem me prejudicado. Estou começando a achar que sou um deles, quando na verdade não sou. Poderia ter sido... Se não tivessem me roubado o meu nome... Se não tivessem me roubado o que era meu por direito.

Bella POV

Com minha roupa acolchoada, a peruca de velha, a pele maquiada e os dentes pintados, dirigia uma carroça velha até as minas. Eu tinha uma necessidade inadiável de expor meus sentimentos para a alguém e Alice sempre fora tão doce que com certeza me entenderia. Além disso, ela era a prima do Edward.

Passei pelos pontos cheio de guardas das minas, dando para eles as propinas em alimentos para que eles me deixassem passar e fui direto para a residência dos Cullens das minas.

Alice me esperava na porta.

—Oi, Alice, vamos distribuir a comida e depois conversamos.—Eu só conseguia entrar nas minas Rosalie Newton porque fingia ser mascate. Por baixo das verduras tinham sapatos, roupas, remédios. Caridades que algumas damas reuniam e, escondidas dos maridos, doavam. Elas não podiam vir, portanto só quem ainda vinha era eu, a Ângela e a Emilly. Todas disfarçadas.

Se fôssemos pegas pelos donos das minas, eles não esperariam para nos entregar as autoridades de Washington. Dentro das minas existia uma lei própria. Ele nos dariam cabo antes mesmo que percebêssemos, e nunca mais ninguém ouviria falar sobre nós. Portanto, era uma caridade intensamente arriscada que fazíamos.

Horas mais tarde, estávamos de volta à humilde casa de Alice.

—Então, Bella, você vai casar com o meu primo—comentou enquanto preparava o café moído que eu tinha trazido especialmente para ela.

—Segunda feira.

Ela arregalou os olhos.

—Uau! Mas você duas semanas atrás não queria nem almoçar com ele no leilão!

—Aconteceu.mMurmurei envergonhada por ter sido tão rápido. —Quero você lá, Alice.

—Ah, claro. Para ser ridicularizada como fui pela Jéssica no leilão? Não mesmo, Bella. Não tenho roupas.

—Eu mandei fazer roupas para vocês. Joseph Newton permitiu que qualquer Cullen entrasse ou saísse. Você só precisa ir a minha costureira fazer os ajustes do vestido que eu escolhi para minha dama de honra. Seu pai e primo devem ir ao meu alfaiate.

—Meu pai, não vejo problema, mas o Emmett não posso imaginar como ele vai agir. Ele é meio turrão e orgulhoso. Acho meio difícil ele querer ir.

Suspirei e tentei adivinhar como seria o Emmett Cullen, para que Alice estivesse falando assim dele.

—Vou descrever o Emmett e você diz se estou correta. Primeiro, você não tem jeito de saber se Emmett gostará ou não da idéia de ir ao casamento, porque ele é completamente imprevisível. Ele pode rir e ficar feliz por ir, ou pode gritar e recusar-se a ir. Correto?—Sorri.

Alice arregalou os olhos.

—Não me diga que Edward é assim? Se for, ele é um verdadeiro Cullen. Ele não puxou a...—Ela se interrompeu e pôs a mão na boca. Esperei que ela continuasse, mas ela não continuou. —Você vai ser casar com ele porque a sua irmã gêmea tomou seu noivo?—Perguntou hesitante.

—Quem te contou essa história?

—Todos dizem.— Disse sem jeito, e eu suspirei, sentindo-me cansada disso. Sentei-me à mesa, em frente ao fogão.

—Sabe, Alice, tudo aconteceu repentinamente. Eu não pensei que pudesse acontecer tantas coisas assim em tão pouco tempo... Passei anos tendo compromisso com o Jake, e ele era perfeito. Ótimo amigo, sempre nos demos bem em tudo. Os únicos problemas que já tivemos estavam relacionados a intimidade. Mas no geral, sempre nos demos bem. Eu era como uma nuvem calma atrás do sol.

Alice me olhava atentamente.

—Imprevisivelmente, conheci o Sr. Cullen e, desde então, só temos conversas harmoniosas se não conversamos sobre o mundo secular, porque se não, acabamos gritando um com o outro como se eu fosse a criada e ele o cavalariço. Desde que concordei em me casar com ele, já até quebrei um jarro em sua cabeça. Em um minuto, tenho vontade de brigar com ele, mas no mesmo instante tenho vontade de abraçá-lo e protegê-lo de qualquer censura.—Olhei para as minhas mãos, bebericando lentamente o café que ela serviu.

—Cada minuto que fico perto dele me sinto mais confusa. Eu tinha certeza que amava o Jake. Mas hoje quando comparo os dois, não imagino por que eu amava o Jake. Se eu tivesse que escolher, eu escolheria o Cullen dez vezes.

Enquanto falava, eu pensava: como queria que fosse diferente. Como eu queria que nossa história não fosse assim. Como eu queria que tivéssemos mais tempo de compromisso para que eu não me sentisse envergonhada em revelar meus confusos sentimentos.

—Por que vai se casar com ele?—questionou benevolente.

—Por quê?—Levantei, exasperada. —Eu me pergunto isso todos os dias: por que quereria viver com um homem que me deixa furiosa, que faz com que me sinta como uma mulher de rua, que me procura e me beija como um mundano, então me afasta e diz: pare de me tentar, Isabella ou mais tarde terá mais, lindona, como se fosse eu quem o procurasse? —narrei ansiosa. —Algumas vezes me ignora, outras me olha de lado. Às vezes, me seduz. Não me respeita, trata-me como se eu fosse uma criança retardada num instante e no outro me entrega somas incalculáveis de dinheiro e me manda fazer o serviço de dez pessoas.

Joguei os braços no ar.

—Creio que estou louca. Nenhuma mulher em sã consciência aceitaria um casamento como este. Não com os olhos abertos. Posso entender que às vezes as mulheres estão tão apaixonadas por um homem que não conseguem ver as falhas. Mas eu vejo o Cullen como ele é. Um homem com uma enorme vaidade e orgulho, e também um homem sem vaidade alguma. Toda vez que penso nele, descubro uma contradição.

Sentei-me outra vez, cansada.

—Sim, estou louca. Completa e inteiramente louca.—Suspirei resignada.

—Tem certeza?—Perguntou Alice com calma.

—Claro. Nenhuma outra mulher iria...

—Não, Bella, estou perguntando se você é mesmo capaz de ver suas falhas, estando tão apaixonada. Sempre achei que se alguém me amasse conheceria meus defeitos e mesmo assim me amaria. Não ia querer um homem que pensasse que eu era uma deusa para descobrir depois que tenho um gênio terrível. Receio que não pudesse mais me amar.

Com um olhar intrigado, olhei para Alice.

—Mas amar alguém deveria significar...—Interrompi, colocando a mão na boca.

—Hum? O que é mesmo estar apaixonada por alguém?—Perguntou sorrindo.

Levantei, distraída e fui até a janela.

—Amar é querer estar com a pessoa, querer ter os seus filhos, amá-lo mesmo quando faz alguma coisa que você não goste. É pensar que ele é o maior e o mais nobre príncipe do mundo, rir quando ele diz alguma coisa que a magoe pela quinta vez em uma hora. Preocupar-se em saber se ele gostará do que está vestindo, se ele ficará orgulhoso de você, e sentir-se derreter internamente quando ele a aprova.

Parei e fiquei em silêncio durante um tempo.

—Alice... Quando estou com ele, estou viva.—Sussurrei. —Eu não estava viva antes de encontrar Edward. Estava conformada e escondida atrás do sol. Eu só existia, me movia, comia, obedecia. Edward me faz sentir poderosa, como se eu pudesse fazer milhares de coisas. Edward...—Interrompi, sentindo uma imensa saudade em meu peito.

—Sim? O que tem Edward?—Alice sorriu grande e pegou em minha mão.

—Edward Cullen é o único que eu amei e amo.—murmurei espantada com a epifânia.

Alice saltitou e começou a gargalhar.

—Qual o problema, Bella? Por que essa cara?

—Por que, Alice?—Murmurei entristecida. —Ele nunca vai acreditar em mim. Duas semanas atrás eu dizia que amava o Jacob. Estou sendo leviana em amá-lo em tão pouco tempo.—Suspirei frustrada. —Além disso, amá-lo foi fácil. Conviver que será difícil. A não ser que passemos horas trancados em um quarto...—Eu me envergonhei de ter falado tão abertamente que se existia um lugar que nos dávamos bem era em meio a carícias.

—Você só vai saber, se casar com ele.—Alice continuou rindo.

Dei uma olhada pela casa baixa, simples e parei o olhar em seu rosto.

—Alice, todos aqui são como Edward?

—Sim, mas meu pai está mais controlado. Porém, é orgulhoso, difícil e turrão. O pior é o Emmett, sempre de mau humor e sempre procurando briga. Eu pensei que Edward por ser rico fosse...

—Ser rico o deixa muito mais desconfiado e problemático.—Interrompi. —Quem era o pai do Edward e o que aconteceu com ele?

—Anthony era o irmão mais velho. Morreu em um acidente, antes do Edward nascer.

—Hum... Alice, tenho que ir. Tenho que resolver algumas coisas para o casamento.—Peguei sua mão. —Espero você no meu casamento, e leve seu pai e primo.—Em um impulso abracei Alice, sentindo felicidade em ter encontrado alguém para conversar e descobrir tanto sobre mim.

Deixei o endereço da costureira e saí. No caminho de casa, repassava toda a nossa conversa. Eu já sabia que estava apaixonada pelo Edward desde o dia em que o vi sem barba, porém, antes disso eu já queria protegê-lo, quando a Jéssica o desdenhou no comércio. Eu não contava que o amasse. Era um amor muito diferente do que eu já senti pelo Jake. Pensar em beijar o Jake hoje, é como se eu estivesse cometendo um incesto. Sorri alto no meio do caminho. Agora tinha certeza que nunca estive apaixonada pelo Jacob.

Lógico que eu não iria admitir isso para o Cullen. Ele com certeza iria me julgar. Mas o importante é que eu tinha certeza. Eu amava Edward Cullen e sempre iria amar. Apressei meus passos, pois ainda tinha que trocar de roupa e tirar a maquiagem do meu rosto antes de ir para casa. Programei mentalmente o restante da semana. Hoje à noite teríamos um jantar. Na noite da próxima sexta-feira, iria pedir que o Jacob levasse Edward e o Jasper para uma despedida de solteiro e pediria ao Edward a casa para que eu fizesse uma reuniãozinha com as mulheres da irmandade. Sorri, animada. Seria o meu chá de panela, igual ao da Ângela... Mas se eu conseguisse persuadir aquele homem forte que eu vi no cartaz a fazer o que eu queria... As mulheres iriam adorar.

Cheguei em casa depois do almoço, pedi que Susan o requentasse para mim. Subi, troquei de roupa e tomei banho. Ao descer, olhei por diversas vezes para o telefone, ansiosa por ouvir a voz rouca do meu noivo, porém, passei direto e fui a cozinha almoçar, depois me atrelei em meus trabalhos manuais com os papéis de seda e biscuit.

A tarde se passou rápida, e eu corria contra o tempo. Às seis horas, pedi que o cocheiro me levasse até a mansão Cullen. Sabia que eu estava atrasada para o jantar o qual ele tinha convidado nossos amigos, mas tinha certeza que a Esme teria se saído bem sem mim, já que fazia quase uma semana que eu não metia os dedos nos seus afazeres.

Ainda que eu tivesse chegado tarde para a organização, não deixei de ir a cozinha ver como estavam os preparos. Também dei uns ajustes na organização na sala de jantar, arrumando diversos tapetes e almofadas espalhados. Os preparativos estavam tudo em ordem então fui até o escritório do Cullen, encontrando-o assinando documentos.

—Boa tarde, senhores.—cumprimentei. Jasper sorriu, Cullen não levantou o olhar.

—Isso são horas de aparecer aqui?— inquiriu, como se falasse com um de seus empregados. Rolei os olhos, sem deixar-me importar.

—Estava ocupada.—Aproximei da mesa. —O senhor não vai tomar banho?

—Pra quê?—Continuou assinando. Jasper pediu licença e saiu.

—O jantar. Os convidados devem estar chegando.

Ao ver que o Jasper tinha saído, ele enfim levantou os olhos dos papéis, pegou minha mão e me puxou para sentar em seu colo.

—Esses desocupados não tem o que fazer não?— questionou já sorrindo, beijando o meu rosto.

—Foi o senhor quem convidou.

—Eu sei, lindona. Estou subindo—Ele me levantou, deu um tapinha em meu traseiro e saiu. Eu não reclamei do tapa, já estava acostumando com suas atitudes grotescas, só restou ir para a sala receber quem chegasse.

Estava conversando com alguns convidados enquanto eles comiam a entrada de patê de nozes. Olhei para a porta, e Edward estava lá, com a barba impecavelmente feita, um terno cinza claro, que deixava suas formas másculas e belas. Antes que ele chegasse até mim, Lauren se atravessou no caminho e pôs as mãos nos braços dele.

—Senhor Cullen, desmanchei o compromisso com o Tyler.—contou toda carente.

—Coisa boa, Lauren.—Ele riu, dando um beijo demorado na bochecha dela e um abraço forte. Quando ele a soltou, ela sorria, um pouco desajeitada. —Com certeza você encontrará alguém melhor. Você é muito bonita.

—Obrigada, senhor Cullen.

Ele olhou-a de ponta a cabeça, intrigado.

—Por que vocês me chamam de senhor Cullen?

Aproximei e lhe servi um conhaque.

—Porque o senhor nunca pediu que lhe chamassem de Edward— respondi docemente, vendo a Lauren suspirando por ter sentido o seu perfume.

Se eu não tomasse cuidado, iria perder o noivo.

—Então quero que todos vocês me chamem de Edward.— Disse erguendo o copo, então olhou para mim. —A não ser você, lindona. Você só me chamou de Edward uma vez e naquela ocasião eu gostei muito.—Enlaçou minha cintura e me puxou para perto dele, dando uma fungada em meu pescoço. Ouvi risinhos e o afastei com a face vermelha e a garganta seca de tanto embaraço. Com certeza todos sabiam ao que ele estava se referindo.

Ângela pegou uma almofada e lançou em direção a ele. —Algumas vezes você não é um cavalheiro, Edward!—Ele pegou a almofada antes que ela o atingisse e todos ficaram suspensos, temerosos por qual seria a reação dele. Inclusive eu.

—Cavalheiro ou não, vejo que seguiu meu conselho e comprou um vestido novo—piscou, puxou minha mão e me abraçou de frente, fazendo com que eu me inclinasse para trás —Tudo bem, Isabella, você pode me chamar de Edward.—Riu e me beijou no pescoço. O empurrei envergonhada diante da demonstração de carinhos perto dos meus amigos e me afastei, afetada.

—No momento, senhor Cullen, prefiro chamá-lo assim— encenei uma matrona, e todos sorriram. Logo o jantar foi servido.

Quinta de manhã, acordei com ele buzinando na porta da minha casa, impaciente. Fui até a janela com o cabelo bagunçado e roupa de dormir. Ele fez um gesto para que eu fosse até a varanda do meu quarto.

—Vamos sair.—Somente avisou, próximo ao jardim, embaixo da sacada.

—Não posso, senhor, tenho muito a fazer para a festa.

—Nós vamos, Isabella. Eu perdi você ontem a manhã toda, com você enfiada naquela igreja. De tarde você não foi à minha casa e à noite ficamos fazendo sala para os seus amiguinhos. Hoje vamos recuperar o tempo. Desça que nós vamos sair. —demandou. Eu sorri animada e corada com a expectativa, tomei um banho frio e rápido, vesti mais vez uma roupa da Annebell e desci extasiada pela surpresa.

Ele me esperava com a porta aberta, eu dei um beijo em seu rosto e entrei animada no carro.

—Para onde vamos?—Ajustei-me ao banco. Ele olhou o que eu estava vestida da cabeça aos pés e repuxou os lábios. Sem responder.

—Vamos para onde, senhor?—Perguntei novamente quando ele estava dando partida.

—Para perto das montanhas. Tem uma estrada aleatória para carruagens, e como iremos passar pouco tempo lá, melhor irmos de carro.— Disse subindo o caminho de cascalhos.

Lá, sentamos em frente ao rio cristalino, e ele atirou pedrinhas na água. Natural. Sem roupagens. Não parecia o ranzinza de sempre. Era nada mais que um menino jogando pedras no rio. Apoiei o queixo em seu ombro.

—Por que quis vir para cá, Edward?—Ele olhou-me toda, com um sorriso de canto.

—Venho aqui quando quero fugir de tudo desde que era criança. Recentemente eu comprei essas terras e fiz uma cabana no alto do morro.— Disse apontando para uma subida íngreme. —Vinha muito quando queria pensar.—Ele sorriu e olhou-me. —Agora vim porque quero ficar com você. Quero te mostrar o que eu sou quando não estou naquela casa, nem pensando em negócios. Segunda, quando estávamos aqui, eu consegui esquecer tudo. Por isso resolvi voltar.

Ele me sentou em seu colo, minha cabeça em seu ombro.

—Eu já conheço você, Edward. Conheço todos os seus defeitos e suas qualidades.

—Ah, é?—Ele beijou o meu queixo. —Isso é bom. Eu também queria conhecer você, minha pequena dama. Tudo que eu sei de você é que quando você era pequena morria de medo de sujar seus vestidos. Lembro-me de uma cena, você se lembra?

—Não. Que cena?

—Você devia ter uns sete anos e estava toda vestida de rosa, com lacinhos no cabelo e chapéu. Então você desfez o laço do cabelo e estava chorando com medo de sua mãe descobrir. Eu fiz novamente o seu laço e você me abraçou, mesmo eu sendo um menino do estábulo.—Sorriu encabulado.

—Então era você! Eu me lembrava de você, mas não tinha certeza!

—Sim, era eu. Eu tinha a maior pena de você. Sempre submissa desde criança. Não pensei que iria virar uma dama tão mandona.—Ele sorriu e fez uma careta —Eu odiava o Black. Odiava o fato de ele achar que era seu dono desde aquela época.

—Agora meu dono é você.—Sussurrei feliz, passando a mão em seu rosto.

Ele fechou o semblante e virou um pouco o rosto. Fiquei uns minutos o desvendando enquanto acariciava seu rosto. Não cheguei à conclusão nenhuma.

—O que foi, Edward?

Ele me encarou, sorriu torto e beijou meu queixo.

—Vai me chamar de Edward sempre?—Parecia gostar que eu o chamasse assim.

—Sim. Você disse que eu podia.

—Isso nos dá mais intimidade, não?—Ergueu a sobrancelha, sorrindo, e se levantou do chão, indo até onde estava o atoalhado, onde me colocou deitada de bruços. Ele mal me colocou no chão, sentou ao meu lado e desabotoou a parte de trás da minha blusa. —Sabe Bella, hoje faltam quatro dias para o casamento. Penso que eu tenho direito a mais um pouco de intimidade.—Senti os dedos acariciando a minha coluna por dentro da blusa, formando um arrepio. —Isso é permitido, não?

Assenti submissa, ele riu. Sua mão apertou minha cintura, massageando. —Estou fazendo algo errado?—Beijou meus braços, passando os dentes.

—Não, Edward. Sou sua noiva.—Respirei fundo e fechei os olhos, pois sua boca finalmente se direcionou as minhas costas, enquanto ele abria tudo, expondo toda a pele.

—Você tem o gosto bom. Diga-me, minha Bella, por que está andando com as roupas de sua irmã todos os dias?—Ele beijou todas as partes, e eu arqueava, sentindo arrepios e vibrações.

Sorri e continuei com os olhos fechados, amando sua boca subindo as costas, indo para o pescoço. Estava arrepiada e não me importaria se ele me despisse mais e me tomasse ali. Eu descobri que o amava e então já era dele. Mas a pergunta do momento era: eu ia dizer para ele que usava as calças da Annebell porque ele disse que meu traseiro era mais bonito que o dela e eu agora o queria acentuar nas calças da Annebell? Ou que eu usava as blusas de botão atrás para que ele se sentisse tentado a abrir e assim me acariciasse? Ou que fazia isso porque eu amava ser desejada por ele, receber cada carícia, cada beijo, cada toque? Que no momento eu queria estar nua com ele me acariciando? Eu iria algum dia ter coragem de admitir tudo isso para ele?

Nunca.

Ele beijou minha nuca, as mãos deixaram de acariciar minhas costas e desceram lentas para minha nádega por cima da calça, apalpando, apertando. Uma perna sua estava em cima de mim e eu sentia sua respiração ofegante em minhas costas. —Droga, Bella, você não vai dizer não?—Mordiscou minha orelha com a voz grossa. —Agora você vai ficar armando para me seduzir, é?—Ele apertou minha coxa, descia e subia a mão da coxa à cintura. —Me trouxe aqui e ainda deita de bruços de propósito?

Olhei-o por baixo dos cílios respirando difícil. Ele sorria cínico.

—Sim, senhor. EU te trouxe aqui de propósito— acentuei sorrindo. Eu aprendia o meu Cullen. Ele propositalmente brincava, tentando me deixar encabulada, mas no fundo ele estava tentando me seduzir. Desde o dia em que eu disse que ele era um ótimo sedutor, ele era consciente que tinha esse poder.

—Levante-se. A gente brinca disso depois. No momento, eu tenho responsabilidades a cumprir.—pediu risonho. Continuei deitada, dissoluta, com a cabeça sobre os braços. Ele beijou novamente minhas costas, sorrindo, abotoou os botões de um a um, então me ajudou a levantar. —Vamos para casa que deve estar cheio de carregadores lá TE esperando. Ontem eu contratei alguns para te dar o que fazer e te manter ocupada lá: dentro da nossa casa.


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Notas finais do capítulo

Oi, gente.Bom, para os novatos, leiam Entre o Amor e o Poder. Ela ganhou como melhor do mês de março. Fico muito agradecida a quem votou.A estória coração pirata foi excluída do site. Ela era uma completa adaptação. Peço que adicionem a minha comu, pois caso aconteça algo com minha conta aqui, como aconteceu com duas amigas minhas, e elas tiveram que reabrir e repostar, vcs continuam lendo na minha comu.Ok?http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=98954049Já postei mais dois capítulos de CORAÇÂO PIRATA no outro site,deem uma passada lá, quem não tem orkut.Mas de qualquer maneira adicionem a comu, lá, sempre está atualizada e com letras grandes. kkkkMil beijos