Viúvas Negras escrita por Estressada Além da Conta


Capítulo 3
Arquivo 3: A Caminho




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/494278/chapter/3

— O quê?! — Mai exclamou, revoltada — Eu vou!

— Não, você não vai.

— Por quê?!

— Quer que eu te lembre do que aconteceu nas últimas mansões em que você esteve? — Ele estava claramente se referindo ao caso Urado. Mai ainda tinha calafrios quando se recordava do som de pisadas marcadas com sangue. Desde então, SPR teve muitos casos em casarões e mansões—aparentemente fantasmas gostavam de espaço—, mas nenhum se igualava ao caso Urado.

— Isso foi um caso à parte!

— Você podia ter morrido.

— Não morri!

— Pura sorte.

— Ah, então eu sou a pessoa mais sortuda de todas, né? Pois, até onde eu sei, há vários, milhares de outros jeitos de morrer além de ataques de espíritos frustrados!

— Você não vai. Você é um imã para problemas e tudo indica que o caso não é simplesmente um fantasma qualquer com problemas para achar o caminho para o além.

— E qual é o problema?! No fim, você está lá pra me salvar, não é?

A sala ficou silenciosa. Todos olharam para Naru com ansiedade. Eles sabiam que, mesmo parecendo frio, ele se preocupava com todos. Eles sabiam que Naru a protegeria sem hesitar, assim como sabiam que Mai confiava a própria vida a Oliver. E ele também sabia disso, ela jamais escondeu esse fato. Ela tinha absoluta certeza que se Naru não a conseguisse salvar, ele não iria sem uma luta.

— Naru, eu sei que você se preocupa comigo, mesmo que seja porque vai ser difícil arrumar outra secretária com esse seu poder de repelir as pessoas, mas eu não posso ficar aqui parada sabendo as pessoas que eu considero minha família estão correndo perigo nos mãos de um fantasma maluco. — Ela deu uma breve pausa para respirar — Por favor, não me impeça.

—... Eu te proíbo de sair do meu lado durante esse caso.

— YAY! Obrigada, Naru-chan!

Tão feliz estava que nem reparou quando seus braços trouxeram seu chefe para perto. 

———————————————————————————————

Mas dito chefe reparou.

Ah, que sensação boa tê-la ali, contra seu peito. O esper podia sentir as suaves curvas de uma adolescente que ainda havia muito para que crescer. O cabelo cheirava a morango. Ela cheirava a morango e... Chá de hortelã. Provavelmente resultado das constantes demandas de chá, que geralmente acaba em outra discussão. Naru decidiu que gostava da sensação. Pena que acabou rápido, uma vez que Mai tirou seus braços finos de seu pescoço, voltando ao seu lugar ao lado do chefe. Pelo menos, o rosto corado era uma bela visão.

— Quando partimos, Naru-bou?

— Quanto tempo do Japão até a ilha?

— Não muito. Nossa senhorita permitiu que usássemos o jatinho particular. Algumas horas devem bastar. — Kyo respondeu, com um sorriso — Podemos levar seu material ainda hoje, assim podem viajar com mais conforto.

— Partiremos amanhã. Mai.

— Sim?

— Não se atrase.

— Eu não vou!

— Duvido.

— Como é?! Escuta aqui, seu...

— Mai. Chá.

— Algumas coisas nunca mudam... — Yasuhara riu.

———————————————————————————————

A viagem de avião foi rápida. Eles pousaram em uma ilha que era praticamente um aeroporto. Kenji explicou que essa era um tipo de "portão de entrada". Dali, teriam de ir de barco, pois a neblina deixaria o caminho impossível de ser visto. E foi no final da explicação, quando se dirigiam para o porto, que uma figura apareceu. Era uma mulher. Ela tinha longos cabelos negros e pele muito pálida. Vestia-se com calça negra, camisa branca, uma casaca também negra e sapato muito bem engraxado. Sentava-se na tora onde se amarrava barcos, bem no fim do píer. Apoiava as mãos numa bengala, e o queixo nas mãos. Sorria o sorriso do próprio Gato de Cheshire. Os caninos brancos, maiores e mais ameaçadores que os de humanos normais, cutucavam o lábio inferior pintado de carmesim.

— Olá, barqueira... Bom te ver de novo... — Kenji murmurou. Parecia assustado. O sorriso da mulher aumentou.

O silêncio pairou, ninguém tinha coragem de falar. A presença dela era perturbante.

De forma lenta, ela abriu os olhos.

Olhos negros, com um círculo dourado nas beiras da íris.

E, então, veio a voz.

Voz baixa, rouca e, ao mesmo tempo, suave como veludo.

Parecia ressoar por toda a ilha.

— Hm. É bom vê-lo novamente. — Então os olhos, que muito lembravam os de gato, fitaram a SPR — E vejo que trouxeram visitas.

— Barqueira. — Kyo interveio — Precisamos passar.

— Claro, claro. Eu sei disso. Só me respondam uma coisa...

— Sem charadas, barqueira.

— Sem charadas. — Ela concordou facilmente. Muito facilmente — Só uma pergunta.

— Vamos acabar logo com isso. — Noll fitou a mulher — Qual sua pergunta?

— O que você está disposto a perder, Oliver?

Todos os presentes imediatamente ficaram tensos. Naru continuou impassível.

—… Nada.

— Boa resposta. — A mulher sorriu novamente, chamando-os para o barco com um aceno de mão, olhos fixos em uma certa secretária.

O primeiro encontro com a barqueira não fora algo muito agradável, diria Mai, alguns anos depois.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Viúvas Negras" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.