Ian tinha acabado de entrar no gigante banheiro masculino da casa de Si. Tinha 4 cabines dentro.Que tipo de banheiro é esse?Ele tinha entrado com seu Cowboy na mão quando ele escutou uma voz familiar vindo da cabine. Junto com a descarga, ela disse:

–O que o tempo fez com você, hein Kabra?

Ian olhou para o espelho, e quase teve um ataque cardíaco.

–EVAN?

–Não, Fredy Simpson. -Evan disse irônico.

–Ma-mas,ma-ma,ma-ma-mas...MAS VOCÊ ESTÁ MORTO.

–Eu sei que estou morto, Kabra.

–BOM, SE VOCÊ ESTÁ MORTO, SIGNIFICA QUE VOCÊ NÃO ESTÁ VIVO

–Uau,além de canalha,você também virou burro,é isso?

–Não,não é isso.Se você está morto,como pode estar aqui?-Evan tinha morrido a quatro anos,nos seqüestros dos Vesper.Foi baleado no peito.-E,uau,você ainda está igualzinho a quatro anos atrás.

–É, estou sim. Mas pelo que vejo, você mudou bastante, não é?

–Ah, sim, claro.Pelo que pode ver, voltei a usar roupas-

–Não foi isso que eu quis dizer. -Evan o cortou-Quis dizer que você ficou pior do que já era antes. Não acredito que você fez tudo aquilo com ela.

O rosto de Ian ficou sério.

–Não sei do que você está falando, Tolliver.

–Ah, não sabe?Então sua próxima viagem vai te ajudar bastante a refrescar sua memória.

–O que?Viagem?Do que está falando, Tolliver?

–Você. Três viagens. Mudar. Pedir desculpas a Amy Cahill- Ele falou isso enquanto ia sumindo lentamente-Eu só vim aqui para te avisar. Por que,apesar de eu não suportar você, eu te devia uma por não acreditar quando disse que não era Vesper Três.Lembre;Viagens, mudar, Amy. Entendeu?-Quando terminou de falar, já tinha desaparecido por completo.

–Não. Eu não entendi nada. TOLLIVER!Não, não, não. Eu só posso estar ficando maluco. Não é possível. Evan Tolliver está morto à anos.Ele nunca esteve aqui.Aposto que foi o Cowboy-Ele jogou a bebida fora- Ou deve ser a atmosfera desse lugar.Todo mundo diz que a atmosfera do casamento deixa a gente louco.

Ele subiu as escadas, e chegou a seu quarto .Quando abriu a porta,viu uma saliência,na forma de um humano,se mexendo em baixo das cobertas.

–É isso ai, Catrine,agora,que tal nós-

–Quem é essa tal de Catrine?-Disse uma voz com sotaque russo cortando Ian. Quando ele se virou, viu uma figura alta, loira, brilhando um pouco, sentada na cama.

–IRINA?-Ele ia desmaiar quando Irina o segurou e começou a sacudi-lo.

–Não, não, Kabra. Você não pode desmaiar, entendeu?Você tem que ficar acordado para podermos ir.

O Kabra, agora acordado, disse:

–Opa, opa, opa.Ir?Ir para onde?

–Ora?Evan não te avisou das viagens?

–Er... avisou, mas-

–Então você já sabe por que estamos aqui. Vamos- Ela disse enquanto o puxava para a cama.

–Na verdade, não. Eu não sei por que estamos aqui. Na verdade, eu sei por que EU estava aqui, e não sei se quero fazer com você. Sabe como é Irina,você é bem mais velha do que eu...e acho que não seria a mesma coisa fazer isso com um morto.Então, se você puder devolver de bom grato a Catrine...

–Calado, Kabra!Estou tentando te ajudar. Então, se você puder ficar calado para eu te explicar, seria bem melhor. -A essa hora ela já tinha o jogado na cama e se sentou.Em poucos segundos, o quarto foi desaparecendo e foi surgindo um grande campo ensolarado, cheio de flores, e ao lado dele,uma colina, que levava a uma mansão.

–Reconhece este lugar?-Perguntou Irina.

–Claro, é a casa de Graçe Cahill. Mas por que, não, melhor,como, a gente chegou aqui e por que estamos aqui, e como a casa dela continua intacta-

Ele foi cortado por um garoto correndo com um cachorro. Ele devia ter uns oito anos, porém era muito forte para a idade. Era loiro, e ria que nem um idiota.

–hahahahahahahahahah. Corre mais,Arnold.Deixa de ser lerdo.hahahahha.

–E-era, era o Hamilton?

–Sim.

–C-co-como ele fico menor, e-e-e- e menos parrudo e mais idiota?

–Você que ainda não se tocou, e ele é o idiota?Por favor...

Ai, o pequeno Hamilton, esbarrou em uma figura com cabelos ruivos bem escuros, correndo e carregando um monte de aparelhos. Ela também parecia ter uns oito anos de idade.

–Ai!

–Ai digo eu. O que você pensa que está fazendo, cabelo de tomate?

–Cabelo de tomate?Escuta aqui, seu projetinho de jogador de futebol, você esbarra em mim, e depois ainda me xinga ?Devia é estar pedindo desculpas.

–Não peço desculpas para tomates.

–Aaarggghhh! A é?Pois você vai ver. Quando eu e meus irmãos terminarmos a maquina de explodir tortas de morango em pessoas, você vai ser a primeira cobaia!

Ian começou a rir.

–Aquela é a Sinead?Como ela era diferente. Ela está bem mais alegre. E também está sem as cicatrizes. Nossa, como ela era bonita quando pequena.

–Pois é.Você vai ver, que antes de Grace morrer,tudo era diferente.É claro,a família ainda se odiava,mas vocês, os caçadores de pistas jovens, ainda estavam se preparando.Ainda eram mais...como dizer...mais humanos.

–Isso aqui é que nem os fantasmas de Sgrooge, né?Nós podemos vê-los, mas eles não podem nos ver.

–Exato.

Eles seguiram adiante até uma parte do campo onde tinha mais gente. Devia ser uma daquelas festas anuais na casa de Grace. No centro, tinha uma enorme mesa cheia de comida, bebida, inclusive uma gigante jarra de suco de uva.

–Lembra dessa jarra?

–Por que eu me lembraria dessa jarra, é uma jarra.

–Deixe-me refrescar essa sua memória de peixe Ian. Hoje, aqui, são 13 anos atrás da atualidade. Você e Amy tinham sete anos, Hamilton, Sinead e seus dois irmãos tinham oito, enquanto os outros pirralhos tinham quatro. Tente lembrar o que aconteceu nessa data, nesta mesma reunião.

–Hum... Ah!Foi o dia que eu conheci os irmãos Cahill,não foi?

–Sim, e você lembra o que aconteceu nesse encontro?-Irina foi interrompida por um fungo (de nariz). Nesse encontro, já tinham se passado sete meses desde a noite do incêndio que matara Hope Cahill e (aparentemente) Artur Trent. O fungo, veio de uma criançinha, parecia um anjinho, ao lado de um garotinho moreno. Eles estavam ao lado da mesa.

–Nat, quer parar de chorar?Eu já disse, a mamãe foi ali e já volta. Não precisa ficar desesperada.

Olhar para aquela garotinha fez desaparecer instantaneamente o sorriso de Ian. Ele não podia acreditar no que via. Era Natalie. Ela era tão linda, tão frágil. Parecia que por qualquer coisa, a qualquer hora, poderia quebrar. E quebrou. E não sobrou nada, a não ser cacos escondidos de baixo da cama.

–Me tira daqui.

–Ãhn?Por que?Você não estava gostando?

–Estava, mais não estou mais. Anda, me tira daqui.

–Não, Kabra.Viemos até aqui para você poder-Ele a cortou.

–NÃO INTERESSA. QUERO QUE ME TIRE DAQUI AGORA E-

–Er... dá para parar de me encarar, garoto?

Eles foram interrompidos pelo pequeno Ian. Os dois sentados na cama viraram para saber por que diabos ele tinha dito aquilo. Quando fizeram isso, viram um pequenino garoto, da idade de Natalie, encarando Ian (o pequeno). Ele estava de mãos dadas à uma garota ruiva,segurando uma foto numa moldura de vidro, de olhos verdes meio tristes, mas muito arregalados.

–Eu perguntei se você poderia parar de me encarar.

–Ah -disse Dan- Não.

–Não?

–Não. Vocês são esquisitos.

–Como é que é?

–O que ele disse, Ian?

–Você não vai fazer nada, garota?

–Ahn... é que...

–Você não fala?-Disse Natalie

–Eu... Desculpe. Po-por ele.Ele é Dan.

–Legal. e você é...

–E-eu?

–Não, a minha avó. Claro que é você, tonta.

–NÃO CHAMA A MINHA IRMÃ DE TONTA, TONTO.

–NÃO GRITA COM MEU IRMÃO!

–NÃO GRITA COMIGO!

–NÃO GRITA VOCÊ COMIGO!

–PAREM DE GRITAR, POR FAVOR.

Dan ficou quieto, fazendo Natalie parar de gritar também. Dan disse: -Amy, foi você que gritou?

–é-é... é que...bem...

–Ótimo, a garota voltou a gaguejar-Disse Ian- Por que vocês vieram aqui afinal?

–A gente veio chamar vocês pra brincar, mas eu não quero mais.

–A gente não ia poder brincar, mesmo... a mamãe não deixa-Ela foi cortada com Ian pisando em seu pé-Ai!Ian!

–Calada, Natalie. Claro que a gente pode brincar. A gente... a gente só não quer.É isso.

–Eu quero brincar... –Natalie sussurrou.

–Bom, a gente também não quer mais brincar com vocês né Amy?Não é Amy?Amy?

Amy estava olhando Ian. Como ele é bonito... Não parece ter sete anos que nem eu.Ele é meio mal...como eu vou falar com ele?Ele não gosta que eu gagueje. Mas ele me deixa nervosa. E acho que vou... acho que vou...

–O que foi agora, ”Amy”?Vai gaguejar de novo?

–Ah, não!-Disse o Ian de 20 anos.-Não, não,não!Eu lembrei de hoje.Lembrei o que acontece.Eu me recuso a olhar!-Ele então fechou os olhos.

–Eu vou...- disse Amy- eu vou...

Blargh!

–AAAAARRRGGHHHHH!ELA VOMITOU EM MIM!ELA VOMITOU EM MIM.EU VOU TE MATAR, SUA MENDIGA GAGA!ERA A MINHA CAMISA FAVORITA!-Disse Ian.

–Faz ele parar, faz ele parar!-Disse o outro Ian entre dentes.

Em seguida, Nat começou a chorar, dizendo: O meu irmão está sujo de vomito!Dan começou a rir, e Amy começou a gaguejar desculpas.

–DESCULPA?DESCULPA?TENTE SE DESCULPAR COM MINHA CAMISA, SUA IDIOTA. -Em seguida, Ian pegou a Jarra de suco de uva, e jogou em cima de Amy.

–AAAAAAAHHHHHH

–Como se sente agora, hein?E agradeça muito por não ter sido algo que saiu do estomago de alguém! Sua... sua...-Ele arrancou o porta-retrato da mão dela-Hum...o que é isto aqui?

–Ei!Devolve!-Disse Dan

–Nananinanão.Uma foto por uma camisa,não acha, Nat?

Ela fez sinal que sim, apesar de não fazer idéia do que ele estava tramando.

–Ótimo- disse Ian- Então, nesse caso... -Ele jogou a foto lá longe, mas conseguiu ouvir o barulho de vidro quebrado.

–NÃO!A foto dos meus pais!-Ela e Dan saíram correndo para pegar a foto chamuscada, a única coisa que sobrou no incêndio. Mal sabia Ian que os pais deles tinham sido mortos... ele não foi ao enterro.

–Vamos, Nat. Mamãe deve ter uma camisa no carro.-E foram.Logo, só tinha restado as pessoas rindo da cena,Ian, e Irina.

–Eu... eu não sabia do que era a foto antes de jogá-la.

–Não tente se explicar de algo que você fez à 13 anos,Ian.Não importa mais.Agora, vamos á outro lugar do passado.Um passado mais próximo...

E o campo sumiu. Eles logo, logo estavam na mansão Kabra, toda enfeitada de natal. Uma imensa árvore estava no meio do cômodo central, e tinham vários Cahill conversando e rindo. Ian conseguiu ver Hamilton e Sinead conversando com as gêmeas Holt,Viu Dan rir de algo que Wizard falou,além de também ver...Natalie.Ela estava deslumbrante,com certeza.Usava um longo vestido dourado, e seus cabelos tinham cachos perfeitos.Ela estava conversando com uma garota loira,possivelmente Lucian.

–Nat... está tão linda.

Eles foram até um cômodo, o quarto de Ian. Entrando lá viram uma caixa de lenço de pápeis, e uma garota ruiva com o rosto vermelho, devia ter chorado muito. Ela estava em cima da cama de Ian, com algo quase em cima dela. Era Ian.Estavam se beijando intensamente;e nas pausas do beijo Amy dizia, e Ian só assentia:

–Sinto tanta falta dele

–hum-hum

–Ele era um ótimo namorado, não acha?

–Claro

–Não devia ter morrido.

–Com certeza.

–Eles... estão falando de...-Disse o outro Ian-

–De Evan.

–Uau.

–É. Você sempre conseguiu fazer as garotas esquecerem seus problemas, não é?

Ian deu um sorriso presunçoso.

–É... Fazer o que?É um dom meu.

–Não foi um elogio. -O sorriso de Ian desapareceu.

–Ian... -Disse Amy- Isso não é certo.

–Por que não?

–Ora, porque você me viu chorando na cozinha por causa do meu namorado e então você me leva até aqui para me consolar e então, enquanto estou chorando, você vem e me beija?

–Desculpe amor, mas é que você fica tão linda quando está triste.

–Bo-bom,é q-qu-que...

–E ainda mais quando gagueja.

–Ian...

–Por favor, Amy! Me diga, quem você está traindo fazendo isso?

–Ni-ninguém...

–Então?-Disse Ian beijando o pescoço de Amy.

–Ok, então... -disse Amy cedendo, beijando os lábios de Ian.

De repente, o quarto foi sumindo, e eles foram parar num espaço em branco.

–Então, depois de 2 semanas, você pegou Amy beijando Jake Rosebloom em sua biblioteca.Você gritou com ela, e, por mais que estivesse com a razão, você a tirou quando espancou Jake, e quando Amy tentou pará-lo,você a empurrou e a fez cair perto da lareira,fazendo-a bater a cabeça, e desmaiar.

–Aquilo foi um acidente, eu estava fora de controle.

–Como disse antes, não tente consertar coisas que já se passaram.

–Mas-

–Calado!

–Ok. E agora, para onde vai me levar e fazer com que eu “mude para uma pessoa melhor”?-Disse Ian com uma voz fina e irônica.

–Na verdade, eu iria te mostrar a sua vida de três anos atrás. Iria te mostrar que perder Amy, fez você se afastar de sua irmã, e também fez com que você achasse que o amor não vale a pena. De novo. Só que como você já estava com 17 anos, também queria “se divertir”,não abriu mão do prazer,só do amor,fazendo você se transformar em um canalha.

–Olha só, sua-

–EU IRIA mostrar também como você reencontrou Amy dois anos a trás e ficou meses tentando reconquistá-la, porém, quando finalmente conseguiu,quando finalmente fez Amy Cahill ficar irrevogavelmente apaixonada por você,você já não queria mais amá-la.Não queria,só por medo de perde-la de novo.

–NÃO É VERDADE!

–Sim, é.E por fim, te mostraria que quando Amy o convidou para ir até sua casa e que disse que se, quando acordasse, você ainda estivesse lá, ela saberia que você a amava. Te mostraria que depois de dormirem juntos, você acordou às cinco horas da manhã,a olhou durante meia hora antes de repetir as palavras:Sinto muito,não vou passar por isso de novo.Antes de ir embora.Iria te mostrar tudo isso,se fosse adiantar.

–Como assim “se fosse adiantar”?

–Estou ficando preocupada com você, Kabra.Estou preocupada de você não perceber os motivos de você ir a essas viagens.

A esse ponto, já tinham voltado ao quarto.

–Adeus, Kabra.Espero que você seja esperto o bastante para notar o que virou.-Em seguida, desapareceu.

–I-Irina?Irina?IRINA?Eu mereço...

Ian saiu correndo até a cozinha sem perceber que não tinha mais ninguém da festa lá. Só uma Catrine que acabou de acordar dizendo: Adorei a noite anterior, Ian. Você é melhor que eu pensei.

–Quesejanãovêqueestouocupadoagora?SI?SI?SIIIII?EU VI A IRINA SPARKS!

Quando ele chegou à cozinha, não viu ninguém. Estava ofegando e cansado.

–Preciso beber... -Ele pegou um Cowboy e engoliu tudo com um gole. Quando foi despejar mais, acabou derrubando no chão metade da garrafa. droga,se a Srta. Princesinha descobrir isso vou levar mais um sermão . Agora, onde tem um pano?Enquanto Ian procurava um pano, ele acabou escorregando na bebida e, tentando se apoiar,colocou a mão em cima da mesa, derrubando o enorme bolo de casamento no chão.

–Argh.Tem bolo no meu cabelo!

Então ele escutou uma voz indo até a cozinha.

–Siii.Você viu a minha encharpe?Eu estava a usando ontem e quando acordei eu não a... SEU IDIOTA!O QUE VOCÊ FEZ?

–Eu?Primeiro, Amy, não grite comigo. Nada de mais. Só derrubei o bolo de ensaio e-

–Não tem. Bolo. De ensaio.

–Então o que foi esse bolo que eu derrubei?

–O que você acha?

–Ah, não...

–É, espertinho, o que eu digo para a Sinead agora?

–MEU BOLO!

Ambos viraram e viram uma Sinead estática na porta olhando horrorizada para os dois.