Medo de Amar escrita por valdz


Capítulo 21
Capítulo 21


Notas iniciais do capítulo

Sei que sumi, sinto muito. Eu não queria sumir, mas não tive inspiração pra escrever nesses tempos T-T

Sinto muito, muito mesmo!

Espero que gostam do cap x.x



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Capítulo 21 – Nada melhor que um carinho das garras sangrentas de Freddy Krueger.

***

Agarrei as barrinhas do carrinho, desejando que o oxigênio pudesse entrar e sair de meu corpo de forma normal. Sem sucesso, comecei a sentir que o desespero estava me dominando por completo. Eu não sabia o que fazer, só conseguia sentir medo.

Meu maior desejo agora era que alguém me tirasse daquela casa terrível.

Eu queria poder estar rindo como os dois garotos em minha frente. Queria estar me divertindo com a bobagem do terrorismo dali. Queria parar, apontar para uma atração e dizer “minha nossa, que bicho ridículo! Nem dá para assustar alguém” como eu sempre fiz.

Mas não. Isso mudou radicalmente em questão de horas, e eu nem sei o porquê. Eu me sentia fraca, tremia sem parar. Minha respiração estava quase tão descompassada quanto as batidas de meu coração. Eu soava frio, sem contar na tontura levemente agoniante que eu adquiria ao observar cada coisa daquele lugar.

Gritei alto quando senti a mão de um zumbi me tocar, encolhendo-me no banco. Se as lágrimas não fossem molhadas, eu sequer teria as notado naquele momento.

Agora eu já não tinha controle sobre meu corpo, ele tremia, se arrepiava, se mexia de forma compulsiva e exageradamente sem limites. Eu não sabia o que estava acontecendo, mas sabia que estava com medo... eu só queria que esse maldito pesadelo acabasse...

Foi quando senti o vagão balançar, fazendo com que eu me desiquilibrasse e caísse do carrinho. Bati com o corpo no chão e me ergui de forma rápida, já querendo vomitar só de imaginar a quantidade de germes que aquele chão imundo continha.

Mas meus medos só pioraram quando avistei o carrinho já longe, e eu completamente perdida na escuridão daquela casa de horrores.

Não sei por quanto tempo fiquei ali, parada, chorando, soluçando e me remoendo no canto por cada medo que brotava em minha alma, mas tudo piorou quando senti algo gelado tocar em meus ombros.

Meu corpo não parou um segundo sequer, e não era ao ver o Freddy Krueger na minha frente que ele iria parar.

Gritei de forma estridente, me erguendo do chão e correndo para qualquer lugar longe daquele assassino diabólico. As coisas não melhoraram quando ele continuou correndo atrás de mim, gritando meu nome.

Alguns minutos mais tarde, senti meu corpo pesar e não tive opção a não ser bater de cara no chão. Notei que ele havia pulado em minhas costas. Recomecei a gritar, chorar, tremer, ou seja, demonstrar todas as formas possíveis de que estava com medo.

Freddy puxou-me pelos ombros, retirando um tipo de máscara do rosto, em seguida as luvas falsas de garras. Ele sorriu acanhado quando seu rosto finalmente se revelou.

Só consegui chorar o dobro, jogando-me em seus braços, ainda com medo de tudo. Certo, eu tinha medo de que ele fizesse algo comigo ou qualquer outra coisa pior, mas eu estava com um medo maior do local em que eu estava presa há séculos.

O moreno retribuiu o abraço, afagando meus cabelos negros com cuidado.

– O que aconteceu, Roxinha? – perguntou Alan, visivelmente preocupado com meu estado estranhamente patético.

– Q-quero... s-s-sair da-da-qui... – pedi ainda soluçando. Ele assentiu e tentou me acalmar.

Somente quando eu já estava parando de chorar tanto que ele se levantou, me ajudando logo em seguida. Envolveu seus braços carinhosos em minha cintura, deixando que eu afundasse minha cabeça em seu ombro. Suas vestes poderiam estar diferentes, seu rosto poderia estar mais sombrio pela falta de luz e ele poderia estar manchado de sangue falso, mas o seu perfume suave continuava o mesmo... isso me acalmou por um tempo.

– Vem, vou te levar pra fora daqui. – afirmou ele, ameaçando se afastar para me guiar, mas eu o segurei.

– Não... – murmurei, ainda chorosa – Não me solta, Alan... eu ainda estou... com medo.

Alan suspirou compreensivo. – Mas eu não vou poder te guiar te abraçando, Roxinha...

Antes que ele terminasse o que fosse dizer, puxei-o pela camiseta rasgada listrada e pulei em seu colo, obrigando-o a me segurar pelas coxas num impulso. Alan riu baixinho, descendo as mãos até que ficassem detrás de meus joelhos. Ajeitei-me em seu tronco, firmando minhas pernas envolta de sua cintura e repousando minha cabeça em seu ombro, voltando a inalar seu cheiro natural e artificial ao mesmo tempo.

Ao menos eu teria meu calmante durante todo o percurso a minha disposição, né?

***

Estava de olhos fechados, ainda respirando o perfume de Alan quando senti que ele estava prestes a me soltar. Abri os olhos num susto tremendo, agarrando o pescoço dele com força, usando a mesma quantidade de energia física em minhas pernas envoltas de sua cintura.

Ele ofegou, sussurrando que eu o estava sufocando. Choraminguei um pouco risonha, soltando ele aos poucos. Desci de seu colo com o maior cuidado possível. Assim que toquei o chão, vi que Alan estava ofegante e vermelho na região do pescoço.

– Foi mal... – sussurrei e cocei a nuca, envergonha diante daquela situação – Fiz você me carregar esse tempo todo e ainda te sufoquei.

Ele riu, fazendo com que eu risse um pouco também. Ergueu o olhar para mim, bagunçando-me os cabelos negros, quase cinzentos.

Eu estava com medo mas confusa também.

– Por que estava tão mal lá dentro, Rox? – questionou, ainda me olhando nos olhos.

Tentei não desviar o olhar. – Fiquei com medo... Você nunca sentiu medo na vida não?

Alan sorriu, como se estivesse feliz pelo fato de que meu sarcasmo já estava voltando aos pouquinhos, e minhas lágrimas se esvaindo.

– E você, por que está vestindo isso? – retruquei, apontando com o dedo para suas vestes macabras.

– Eles pagam bem nessa época do ano. – Riu e eu o acompanhei.

De repente ele parou e me encarou de forma séria. Me senti um pouco desconfortável, sentindo um pouco de medo também. Ele desviou o olhar para o chão por alguns minutos.

Silêncio.

– Eu fui te visitar no hospital semana passada.

Engoli em seco. Havia até me esquecido dos monstros que enfrentei e do tempo que passei no hospital. Segurei o tremor que meu corpo desejava exibir com as lembranças monstruosas.

Alan sorriu triste. – Você estava horrível...

– Obrigada. – Ri dividida entre a ironia e a tristeza.

– Falei com seu irmão também.

– Quem?

– Percy não é seu irmão?

Sorri, abaixando a cabeça. Garotos são tão engraçados em certos momentos.

– É, é sim. – confirmei, ainda observando minhas mãos entrelaçadas em frente ao corpo.

Alan suspirou e levantou a cabeça, parecendo observar as primeiras estrelas que já brilhavam no céu. Ele levou as mãos até os cabelos, deslizando as mesmas pelo rosto. Caminhou vagarosamente até um banco do parque. Acompanhei-o, sendo cuidadosa ao sentar ao seu lado. Ele ainda escondia o rosto entre as mãos. Aquilo era, de certa forma, torturante.

– Muita gente foi visitar você, sabia? – Alan sussurrou tão baixo que se eu não estivesse perto e focada nele, não teria ouvido – Me senti um bobão depois de ver que você era especial pra tanta gente... Me perguntei se era especial pra você.

– Alan... – sussurrei de volta, querendo abraça-lo.

– Eu sei que é besteira. – falou ele, sem mexer um sequer músculo – Afinal de contas, nos conhecemos há, o que? Dois dias, sem contar as semanas que você ficou no hospital? É muita idiotice eu já querer ser algo na sua vida.

– Não, não é!

– É sim, Roxinha, é sim. – rebateu, se levantando sem me olhar – Mas tá tudo bem, esquece. Você ainda tá se recuperando. Ainda não é hora de eu te encher o saco.

Alan olhou no relógio que tinha debaixo da manga listrada e fez um bico torto. – Tenho que voltar ao trabalho.

Alan se virou para mim rapidamente, depositando um beijo em minha testa de forma moderada – nem lentamente e nem rapidamente – e se foi, dizendo que nos veríamos outro dia.

Não sei exatamente por quanto tempo fiquei me questionando o que se passava na cabeça daquele garoto quando senti meu braço ser puxado para frente, bruscamente. Bati meu corpo contra algo um segundo depois.

Ergui os olhos, extremamente assustada e dei de cara com um Phobos ofegante, corado e... assustado?

– Rox! – disse de forma aliviada, me espremendo cada vez dentre seus braços.

– Phobos...? – cochichei, retribuindo o abraço de forma hesitante.

– Nunca mais suma assim, está me ouvindo? – Me afastou de imediato, me olhando profundamente nos olhos.

Assenti assustada.

– Que merda! – Voltou a me abraçar, beijando-me o topo da cabeça diversas vezes – Que merda, Roxanne... Que susto... Você tá bem.

Não sei por quanto tempo ficamos abraçados daquela forma, mas a voz cheia de ternura e preocupação de Phobos fez com que eu me esquecesse até de como se respirava.

***

Phobos estacionou o carro em algum lugar qualquer perto do meu prédio, saindo do carro e me abrindo a porta. Sorri agradecida quando ele me puxou pela mão.

Depois de eu quase mata-lo de susto com meu sumiço, Phobos resolveu me trazer pra casa, dizendo que remarcaria o encontro para depois que a maldição fosse embora.

Não entendi muito bem do que ele estava falando mas aceitei. O parque já me causava arrepios mesmo.

Abri a porta de meu apartamento com o deus do medo no meu encalce. Entrei e acendi a luz, vendo que não tinha nenhuma outra luz acesa. Estava prestes a convidar o garoto atrás de mim quando sinto minhas costas baterem contra a parede ao lado da porta.

– Desculpa. – murmurou ele, suspirando – Mas eu estou querendo fazer isso faz um bom tempo.

E antes que eu sequer pudesse tentar raciocinar sua frase da forma certa, eu senti os lábios de Phobos sendo colados aos meus.

Enquanto ele fechava os olhos para aproveitar o momento, eu arregalava os meus pela surpresa. O deus grego deslizou a língua macia de um jeito leve em meus lábios, indicando o que queria. Entreabri os lábios, hesitante, mas fui relaxando ao sentir Phobos mordiscar meu lábio inferior suavemente antes de invadir minha boca.

Suspirei ao sentir suas mãos deslizando por mim, uma até a minha nuca e a outra até minha cintura, puxando-me para mais perto de si. Seus dedos brincavam com os fios de cabelos rosados de minha nuca enquanto sua língua acariciava a minha.

Foi quando ele me soltou que eu senti algo irracional crescer dentro de mim.

Seu sorriso de canto surgiu. Senti meu corpo estremecer. Me desviei de seu toque, me afastando o máximo possível daquele deus.

Eu não sabia porque mas eu queria vomitar só de saber que ele havia me beijado. Queria arrancar alguns órgãos específicos de mim mesma por saber que eu havia meio que gostado daquilo. Estava me odiando por amá-lo.

Queria desaparecer. Queria me encolher no canto até não amar mais ninguém. O amor fere. Eu não quero me machucar, ainda mais dessa forma, com um deus grego? Não, não, não. Isso é errado!

– Rox? – chamou-me confuso, tentando se aproximar.

Me encolhi para que seus dedos não se aproximassem de meus fios negros. Ele recuou e ficou me encarando. Eu só senti mais medo ainda de que ele fosse me ferir, não importando como. Eu queria ir para a cama e só acordar quando o mês acabasse.

– Você está com medo de mim? – Eu senti que ele já sabia a resposta.

Meus olhos marejaram quando ele tentou se aproximar de novo. Tudo que eu consegui fazer foi recuar cada vez mais, até sentir minhas pernas baterem no sofá, fazendo com que eu caísse sentada sobre ele. Coloquei os pés no sofá, abraçando meus joelhos enquanto sentia uma tremedeira tomar conta de meu esqueleto.

Por que isso estava acontecendo comigo? Os deuses me odeiam tanto assim?

Phobos me olhou uma última vez, abaixando a cabeça e desviando o olhar para qualquer canto. Eu não me sentia tão confortável perto dele. Meus deuses, o que eu tenho?!

– Eu já esperava isso... – admitiu, rindo pelo nariz de forma sarcástica – Fui um idiota.

Eu queria dizer que não. Que estava tudo bem. Que eu gostei, que eu o amava e que eu queria ficar nos braços dele para sempre... Mas eu só conseguia me encolher e choramingar, com medo de admitir meus sentimentos.

– Sinto muito.

Foram suas últimas palavras antes de sumir, deixando-me só com meus pensamentos torturantes. Não sei se conseguiria dormir.


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Notas finais do capítulo

E finalmente o medo mais indesejado chegou... Medo de Amar /o/
Ironia né não? ksoaskpkspoap

espero que tenham gostado, fiz ele com mt carinho ;-;
não se esqueçam de comentar, isso ajuda muito *-*

Um beijo e até o próximo /o/



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