The Chase escrita por Oswin Oswald


Capítulo 7
A Horse with No Name


Notas iniciais do capítulo

Sim, eu demorei. A culpa é do Nyah que saiu do ar e roubou minha inspiração.
Link da música que aparece durante o capítulo: https://www.youtube.com/watch?v=zSAJ0l4OBHM



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Quando voltaram para o carro, o clima estava muito mais pesado entre os dois, a imagem dos túmulos gravada na memória de Sherlock Holmes e Mary Watson. O presságio de morte de seus amados pairando sobre eles como uma sombra. Ambos estavam decididos a acabar com isso de uma vez por todas. Um dia e uma noite— era tudo o que tinham. E iria ser o suficiente.

On the first part of the journey I was looking at all the life
There were plants and birds and rocks and things
There was sand and hills and rings
The first thing I met was a fly with a buzz
And the sky with no clouds
The heat was hot and the ground was dry
But the air was full of sound

Enquanto sentava no banco do passageiro, Mary brincava com a arma em suas mãos. Qualquer coisa que pudesse distraía-la ou deixá-la mais calma agora serviria. Queria resolver isso com as próprias mãos, mas sabia com quem estava lidando. Bom, tinha uma ideia do que ele era capaz pelo menos. Mas a assassina também sabia que a raiva de se apoderara de Sherlock era única, e poderia ser muito útil agora. Era exatamente por isso que ela o deixara no comando.

– Veja se há um mapa ou algo parecido no porta luvas. – Sherlock disse ao entrar no carro.

Mas não havia. Os dois então dirigiram por mais uns trinta minutos até acharem um mapa do estado, neste caso, da Flórida. Estenderam o papel em cima do carro e colocaram-se a analisá-lo. Sherlock odiava trabalhar sobre pressão, mas admitia que o ódio o fez esquecer disso. A pressão agora parecia até amigável.

I've been through the desert on a horse with no name
It felt good to be out of the rain
In the desert you can't remember your name
'Cause there ain't no one for to give you no pain
La, la, la, la, la, la, la, la, la
La, la, la, la, la, la, la, la, la

– Precisamos de algo que nos indique a próxima localização.

After two days in the desert sun my skin began to turn red
After three days in the desert fun, I was looking at a river bed
And the story it told of a river that flowed
Made me sad to think it was dead

– Se for um deserto… Não temos muitas opções de desertos disponíveis que sejam perto daqui. – Ela comentou, seu dedo percorrendo a área no mapa que indicava a localização deles.

Sherlock não respondeu, mas ligou a música novamente no rádio do carro. Ele percebeu que há uma contagem de dias na letra, e que isso poderia ser uma pista. Uma vez em seu palácio mental, o detetive começou a acessar tudo o que sabia. A música inteira falava sobre nove dias. Nove dias, viagem a cavalo... deveria ter algo assim em algum lugar de sua mente. A voz de Mary atingiu seus ouvidos, mas ela não era importante agora. Ele sabia que um cavalo poderia viajar de 30 a 50 quilômetros por dia, mas precisão era algo importante agora.

After nine days I let the horse run free

'cause the desert had turned to sea

There were plants and birds and rocks and things

There was sand and hills and rings

The ocean is a desert with its life underground

And a perfect disguise above

Under the cities lies a heart made of ground

But the humans will give no love

Nove dias, a música dizia. De 270 a 450 quilômetros ou, como era usado nos Estados Unidos, de 167 e 279 milhas.

– “O oceano é um deserto com vida subterrânea e um perfeito disfarce acima.” – Ele parou ao lado de Mary, tirando uma caneta do bolso. – O que estamos procurando é um rio. Algo entre 167 e 279 milhas daqui. – Ele desenhou círculos contendo as distâncias ditas.

Mary não pode deixar de sorrir. Sabia que Sherlock a havia ignorado antes, mas agora tinha certeza de que estava correta.

– Aqui. – Ela apontou no mapa.

– Aqui o quê?

– O rio. Está dentro dos limites e, bom, olhe para o nome dele.

O sorriso agora passou para o rosto dele.

– Claro. Rio St. Johns.

________________________

De onde estavam, a pequena cidade de Port Charlotte até St. Jonhs eram aproximadamente quatro horas de viagem. Por isso quando chegaram lá já se passava do meio dia. Eles saíram da ponte que passa por cima do rio e estacionaram o carro no acostamento. Mary tinha sua arma no bolso e nem mesmo esperou o detetive desligar o carro para sair.

– “O oceano é um deserto com vida subterrânea e um perfeito disfarce acima. Sobre as cidades há um coração feito de pedra, mas os humanos não darão amor.” – Ela recitou enquanto olhava em volta. – Procuramos uma entrada subterrânea. Mas onde?

Eles olharam em volta, procurando em vários lugares diferentes— se é que há realmente lugares para procurar uma passagem escondida no acostamento de um rio. O olhar de Sherlock foi para o chão, feito de areia. Areia... Isso o lembrava de algo. A foto de Molly. O padrão de pedras nas marcas deixadas por aqueles arranhões poderia indicar o caminho. Ele andou por mais alguns metros, seu olhar nunca deixando o chão, até alcançar a base da ponte. Mary o seguiu até lá, sabendo que ele tinha pelo menos uma pista. Parado em frente ao enorme pedaço de concreto que se estendia por sobre a cabeça deles e quilômetros acima do rio, o detetive passou seus dedos pela parede. Estava procurando uma saliência, qualquer evidência de que poderia haver uma porta ou algo— Bingo.

Um click mínimo pode ser ouvido, e os olhares dos dois se encontraram. Mary sacou a arma e Sherlock tateou mais um pouco até encontrar a passagem, que acabou por se revelar sendo uma porta por onde uma pessoa poderia passar confortavelmente. Assim que a porta se abriu, luzes se acenderam no teto, revelando um longo corredor cinza.

Sherlock Holmes sacou a arma que estava no bolso de seu sobretudo e tomou a dianteira, seus passos ecoando enquanto adentravam aquele esconderijo. Era uma armadilha, ambos estavam cientes disso. Ele também sabia que Molly estava ali dentro, em algum lugar, e a possibilidade de livrá-la de tudo isso o deixava ainda mais nervoso. As palavras de Mycroft ecoavam em sua mente. “Todas as vidas acabam. Todo coração se quebra. Se importar não é uma vantagem, Sherlock.” Mas agora ele discordava. Se importar era sim uma vantagem, a vantagem que o faria esmagar o crânio do bastardo que tinha feito isso com a mulher que ele amava e com seu melhor amigo. Depois do que acontecera na Suíça, ele admitia estar com um pouco de medo, afinal, seguindo pela mesma lógica os dois poderiam muito bem estar mortos uma hora dessas. Mas não. Eles não estavam. Não poderiam estar.

Os dois andaram por alguns metros e conforme andavam as luzes iam se acendendo. O caminho por onde passaram estava escuro novamente, a porta fechada atrás deles. A expressão de Mary mostrava o quanto ela também estava tensa, por mais que tentasse esconder. Pelo visto, esta era a primeira vez que alguém com que a assassina realmente se importava estava em perigo.

– Como se sente estando na situação inversa agora, A.G.R.A? Não ser a assassina deve ser novo para você.

– Ao contrário, Sherlock. Já enfrentei situações assim antes. E se você pudesse se concentrar ao invés de transferir sua “preocupação” para mim, agradeceria.

O corredor virava para a esquerda, para a direita e acabou levando-os a uma escada. As luzes se acenderam a sua frente e se apagaram atrás deles, e isso continuou por mais uns dez metros. Até que chegaram a uma sala maior. Bom, maior que o corredor, pelo menos, porque ela não era tão grande assim.

– O Detetive e a Assassina. Esperava por vocês. Bem vindos.


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Notas finais do capítulo

Rumo a reta final agora!! :D