O Beijo do Anjo. escrita por Anjinha Herondale Uchiha


Capítulo 12
Oitavo Capítulo.


Notas iniciais do capítulo

https://www.youtube.com/watch?v=B_Zn7S1vPpE



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POV Jace.

Passei o resto da madrugada em claro. A curiosidade tirou meu sono.

A maior preocupação, de fato, não eram nem ter que ficar sem saber. Eu poderia esperar até o dia seguinte.

O pior era não saber quem havia feito aquilo com Clary. Aquelas cicatrizes profundas e espessas em suas costas. Isso eu não podia suportar - Alguém machucando-a, fazendo-a ficar daquele jeito...

Senti automaticamente meus punhos cerrarem e soube na hora que não poderia ficar ali, deitado e sem fazer nada. O responsável pagaria, disso eu tinha certeza.

Um pouco antes das seis eu me levantei, já incapaz de conter meus tormentos, e segui o caminho para o quarto dela.

A mesma se encontrava dormindo, com os cabelos ruivos emoldurando seu lindo rosto e a mão por sobre o peito. Parecia um Anjo, mas tinha o gênio de um demônio.

Caminhei até sua cama e me sentei ao seu lado, com cuidado para não acordá-la de súbito. Como se pudesse sentir minha presença, Clary bufou e se virou - passando um braço por cima da minha perna.

Eu congelei, prendendo até a respiração para que ela não acordasse. Não ainda. Eu queria analisá-la.

Com a máxima suavidade possível, segurei sua mão - Para virá-la, de modo com que a cachoeira de cachos ficassem longe de seu rosto angelical e eu pudesse vê-la direito. Mas, assim que a palma da minha mãe encontrou a dela, seus dedos se enroscaram nos meus. Com força.

"Just when I thought I'd reached the bottom
I'm dying again"

Eu queria apenas desenroscar minha mão da dela e fazer o que eu tinha que fazer - Acordá-la, perguntar o que havia acontecido, se ela precisava de um curativo novo e, depois de fazer tudo isso, voltar para o meu quarto e enfim dormir. Mas meu próprio corpo me traiu, serpenteando meus dedos por entre os dela, retribuindo o aperto. Parecia que não havia lugar melhor para a minha mão do que ali.

Mão traidora!

Clary se mexeu novamente, desta vez murmurando alguma coisa e com uma cara de dor. Fiquei ainda mais preocupado quando uma lágrima desceu por seu rosto.

Não! Me deixem em paz!– Murmurou, quase gritando. - Saiam da minha mente!

Usei minha mão livre para encostar em seu ombro e sacudi-la, mas isso só tornou seus espasmos violentos.

Saiam!– Berrou.

– Clary, Clary! - A sacudi com mais força, sussurrando seu nome como se fosse um mantra. - Clary, acorde! Está tudo bem, Clary. Acorde!

Saiam daqui, suas múmias ardilosas!– Exclamou, se debatendo.

Com toda a força que eu tinha a sacudi pela última vez.

Clary!

Ela acordou, de súbito, e se sentou - com a mão ainda enroscada na minha. Parecia assustada demais para ter noção do que estava acontecendo, mas, assim que seus olhos bateram em mim, ela me abraçou.

Apertando seus braços magros envolta de mim, ela chorou baixinho. Com apenas uma das mãos livres e travado, eu não sabia o que fazer. Minha mente estava totalmente chocada, então eu deixei meus instintos me guiarem e a abracei com força, passando a mão pelos seus cabelos.

Depois de alguns minutos assim, Clary se afastou de mim - com os olhos cheios de dúvida.

Ela olhou para os meus olhos e depois para nossas mãos entrelaçadas. Um lapso de juízo se fez presente e eu desvencilhei meus dedos dos dela, sentindo um frio na mão após perder o contato com sua pele quente.

– O que você está fazendo aqui? - Perguntou, um tanto rude.

Bufei. Sério que ela tinha que ser sempre hostil?

– Vim exigir minhas respostas. Eu não estou conseguindo dormir, Clary. E a culpa é sua.

Minha?

– Sim, sua. Você, do nada, aparece no meu quarto, feito a Jennifer do filme "Garota Infernal" e ainda quer que eu fique indiferente? Pode contando tudo, O.K?

– E se eu não quiser? - Perguntou, com indolência.

Menina teimosa!

– Então eu conto tudo para Alec. - Afirmei, com um sorriso triunfante. - E então, o que vai ser?

Clary revirou os olhos, mas se deu por vencida.

– Ok, Ok. Eu vou te mostrar. - Respondeu, com uma careta. Logo em seguida, olhando para suas costas, murmurou algo com "Isso vai doer".

– Ande, eu não tenho todo o tempo do mundo. - Reclamei, vendo-a tirar os curativos. - Sua doida, o que você está fazendo?

– Shh! Cale a boca, seu tonto! - Resmungou, mordendo o lábio pela dor de arrancar o esparadrapo da ferida.

Depois de recolher os dois curativos e depositá-los sobre a cama, ela cravou as unhas nas palmas das mãos e soltou um suspiro sôfrego.

E, quando eu pensei que já havia visto de tudo na vida, não podia estar mais errado.

___________________

*** To Be Continued...

s2

*Brincadeirinha...*

__________________

Clary ainda mordia o lábio, porém, me olhava como quem esperava um surto.

E eu deveria estar surtando. Deveria estar exasperado, gritando de tão absurdo que aquilo era.

Mas, mesmo parecendo absurdo, era real.

Clary tinha asas. Clary. Tinha. Asas.

Com penas e tudo...

Que coisa louca!

– Posso tocar? - Perguntei, incerto, com a voz em um sussurro. Queria ter certeza de que eram reais. Não podiam ser reais!

Clary hesitou por um momento, mas - por fim - assentiu.

Com hesitação, fui guiando uma mão até a superfície branca, que estava minimamente suja de sangue, e de aparência macia. As penas suaves fizeram cócegas em meus dedos, como de me puxassem para mais pra dentro. Era muito macio, delicado demais. Era inacreditavelmente inacreditável.

Rocei um pouco mais minha mão naquela superfície e vi Clary cerrar os olhos com força e soltar outro suspiro.

– Isso dói? - Perguntei, pronto para recuar a mão.

Mas Clary segurou meu pulso antes mesmo que eu me afastasse e abriu os olhos.

– É uma sensação... Incrível. - Respondeu, soltando meu pulso.

Acariciei mais uma vez e Clary tremeu, ofegando de leve.

Depois de algum tempo, afastei minha mão.

– O que aconteceu para... Você sabe... - Indiquei para as asas, ainda abalado.

– Eu não sei. - Respondeu. - Elas simplesmente... nasceram.

Ah.

Clary fechou os olhos e soltou mais um suspiro.

– Jace, o preço para ter as asas é suportar a dor do "nascimento" delas. Por isso que as Iratzes não funcionam.

– Quem te disse isso, Clary? Quem te falou sobre as suas asas?

– Minha mãe. - Respondeu, com uma careta. - Quer dizer, a Arcanja Jocelyn - que se diz ser minha suposta mãe.

Soltei uma risada frustada.

– Você conversou com um anjo? Clary, a clave precisa saber disso. Você não precisa suportar essas... você sabe... sozinha. Eu posso...

– Não, Jace. - Disse, com os olhos desesperados. - Você tem que me jurar que não vai falar nada para a Clave. Por favor, não diga nada. - Implorou.

Clary deu um impulso para frente e segurou meu rosto com as duas mãos. Seu olhar era direto no meu.

– Por favor, Jace. Prometa que não vai contar nada à Clave. Por favor.

– Mas por quê? Eles vão te ajudar.

Ela negou com a cabeça.

– Eles vão me matar, isso sim. A Clave teme o que desconhece. - Respondeu, fechando os olhos por um breve instante antes de abri-los novamente. - Você, mais do que ninguém, deveria saber disso.

Engoli em seco.

– Clary, eu não...

– Shh! - Ela colocou um dedo por sobre meus lábios. - Alec acabou de acordar, ele vai passar por aqui em breve. Você tem que ir.

Neguei com a cabeça.

– Mas e os seus curativos? - Perguntei. - E a nossa conversa?

Ela sorriu fraca e docemente.

– Vou pedir para Isabelle me ajudar com os curativos e, mais tarde, nós conversamos novamente.

Cocei a cabeça, questionando mentalmente. Mas não havia nada que eu pudesse fazer. Alec me mataria se me visse no quarto da sua irmã mais nova.

– Ok. - Concordei, me levantando. - Mas você ainda tem muito para me explicar, mocinha.

– Eu sei. - Ela respondeu, suspirando mais uma vez. - E eu irei, prometo.

Me dei por vencido e assenti, me virando para a porta.

– Ahn, Jace?

– Sim? - Perguntei, me virando para ela novamente.

– Obrigado.

– Não há de que, baixinha. - Respondi, oferecendo um sorriso e saindo do quarto.

Era tudo tão inacreditável.


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Notas finais do capítulo

E ae? Mereço Reviews?

Psicobeijinhos
Psicoticamente, A.