Abismo da Sanidade escrita por SeriousWriter, Bêrenicius


Capítulo 7
Capítulo VI - Passados inglórios


Notas iniciais do capítulo

Voltei! Eu simplesmente amo escrever essa história, o público ainda é baixo, mas já me sinto feliz com os poucos comentários que recebemos. Acho que agora posso dizer que o grupo terá um pouco de paz, ou talvez não? haushaush leiam e aguardem os próximo capítulos :v
~SeriousWritter



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/493108/chapter/7

O luto já era algo rotineiro em tempos como aqueles. As pessoas, depois de terem a sorte e talvez a habilidade para sobreviver, ainda tinham de manter a cabeça no lugar. Enfrentar momentos de forte tensão e sofrimento não passavam de momentos comuns para a maioria da pequena, quem sabe audaciosa, população de sobreviventes.

Dean andava pensativo, a perda de Claire viera a sua mente somente agora, a conversa com Greg o deixara pensativo demais.

Mark e Jinx pareciam a beira de uma reconciliação, mas não era fácil para Mark ver Jenna sofrendo com a morte da amiga.

– Jenna precisa de ajuda, querida - Mark chama a atenção de Jinx - Talvez você poderia conversar com ela, ela de fato não anda nada bem.

– Mark, vou ser sincera, não quero falar com aquela mulher. Talvez eu não seja mais capaz de tolerar certos tipos de pessoas - Jinx encerra o assunto antes mesmo de ele ter começado. Mark reluta em continuar, mas logo percebe que a atemporal mulher pela qual resolvera se apaixonar estava ficava irritada quando o assunto em pauta era Jenna.

O grupo mantinha o destino: chegar até Sacramento, que ainda estava muito longe, e torcer para que as coisas melhorassem um pouco.

Sacramento estava a mais de 400 milhas de distância.

O lugar, Sacramento, era a única 'esperança' que o grupo ainda tinha de sobrevivência. Cada membro do grupo se mantinha de pé por conta de algo que lhes alfinetava a mente, algo que lhes inquietava, algo que lhes faziam ficar de pé e seguir em frente em um lugar onde nada parece ser possível acontecer.

[...]

A noite ia chegando na pequena cidade de Santa Barbara. Sara Parker cuidava de seu sobrinho, o jovem Ian, de apenas 11 anos. Ian era filho da única irmã de Sara, Edna Parker. Edna era casada há mais de 12 anos com o galante Christopher Bencker e com apenas um ano de casamento os dois tiveram um filho, o jovem Ian. Ian era um garoto muito feliz, levava uma vida que todo garoto adoraria ter naquela idade. Sonhava em ser jogador de futebol americano e adorava passar os finais de semana com a tia Sara.

Naquela noite Christopher e Edna haviam saído para jantar e como de costume, Ian ficara com Sara.

Sara, sempre atenciosa com os gostos do garoto, havia preparada um jogo que tornaria aquela noite muito mais divertida.

A brincadeira durou horas até que Ian se cansasse e desejasse ir para a cama. Sara já havia preparado e dado seu leite com biscoitos e já havia posto o garoto para dormir.

Umas das coisas que uma jovem universitária de Harvard já havia perdido com as longas e intensas noites de estudos, fora o sono. Sara se sentou no sofá e abriu seu livro, pretendia terminá-lo ali mesmo.

[...] O telefone toca. Já eram 3h da manhã e Sara se assusta com a inesperada chamada. A garota se levanta e vai até o telefone, ela atende:

– É da casa do sr. Bencker? - uma voz forte e calma pergunta

– Sim, é daqui sim - Sara responde desconfiada - Houve alguma coisa?

– A senhorita é parente do sr. Bencker? - o homem do outro lado da linha pergunta

– Sim, ele é meu cunhado, é casado com minha irmã, Edna - Sara responde, pressentindo algo ruim

– Me desculpe ter de dar essa notícia a essa hora da madrugada - o homem falava num tom aconchegante e calmo - O sr. Christopher Bencker e sua mulher, Edna Parker foram encontrados sem vida após um acidente fatal. Meus pêsames.

A noticia viera como uma queda d'água de uma barragem que acabara de se romper. Sara simplesmente caíra no sofá sem reação alguma. O telefone fora largado no chão, enquanto a jovem Parker sofrera com a perda da única irmã, a única parente próxima que lhe restara.

[...]

O grupo continuava andando, em busca de um abrigo para passar a noite, que a pouco chegaria. Sara estava imersa nos pensamentos. O dia da morte de sua irmã fora trágico, mais para o pobre sobrinho, Ian, do que para ela. O que mais doía em Sara era a falta de informação sobre o sobrinho. Sara sentia uma enorme culpa por não ter recorrido a guarda do menino, que por consequência fora levado á um orfanato em Oxnard. Sara se sentia culpada por isso, mas foi colocada na dificil situação, onde tinha de escolher a tão batalhada bolsa de estudos na famosa Harvard ou o jovem sobrinho Ian, de apenas 11 anos. Sara foi direta na escolha, direta e precipitada. Aquela escolha pesava em sua consciência mais do que podia se imaginar.

Havia se passado um único dia desde que o grupo se formou na saída daquele galpão. O dia de hoje havia sido corrido, aquele vilarejo fora um momento tenebroso para todos. A paz parecia algo intocável sob uma redoma repleta de proteção, mas era algo que qualquer um desejava em circunstâncias de extrema tensão. O grupo sentia uma ponta de paz se aproximar quando logo avistaram uma pequena casa - provavelmente de um lenhador da região - se aproximando no horizonte crepuscular.

O grupo entra, sem relutar sobre a presença dos 'indesejáveis'. Havia nada mais que três pequenos 'caçadores de cérebros' na casa, 'caçadores' estes que provavelmente já haviam formado uma bela família, uma família que como milhares outras foram destruídas pela catastrófica praga que limpara o mundo.

Roxanne entra á frente e logo dá cabo do que havia sido uma família. Roxanne não havia dito uma palavra sequer desde a morte de Claire. A inquietante mulher, única negra do grupo e psicologa, observava minunciosamente tudo o que ocorria a sua volta.

Jenna era consolada pela preocupada Sara e pelo inquieto Halcon. Dean sentia uma calma, seu corpo já não estava tão agitado como antes, o rapaz sentia que, finalmente, era hora de descansar o pequeno pedaço mortal de sua existência.

A casa era pequena, apenas três cômodos, mas era suficientemente grande para acomodar os pesados pensamentos daqueles sete sobreviventes. A casa trazia um ar pesado que fazia com que, ao olhar para as estrelas naquele céu noturno e ouvir os incessantes gemidos dos mortos-vivos, qualquer um era levado ao passado que um dia tiveram, um passado não tão fácil como se esperava, um passado totalmente perdido naquele futuro impiedoso.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Estou mantendo um ritmo mais calmo na história, as coisas estão tomando seu curso, talvez já destinado. Como já dizia Clarice Lispector: "Escrever dói", e traduzindo ao meu ver, escrever é liberar seus demônios, é colocá-los para fora, e tudo que se tira de dentro dói, mas nem toda dor é sofrida. Obrigado ;)
~SeriousWritter