Abismo da Sanidade escrita por SeriousWriter, Bêrenicius


Capítulo 18
Capítulo XVII - Fuga.


Notas iniciais do capítulo

Bem pessoal, demorei bastante, mas aqui está um novo capítulo! Leiam e vejam a novidade ao final do capítulo
~SeriousWritter



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A madrugada em Sylmar corria bem. Ao contrário das inúmeras noites mal dormidas do grupo, aquela madrugada parecia uma compensação por tudo o que eles já haviam passado nas últimas semanas desde o começo do apocalipse. Roxanne se perguntava até onde essa 'compensação' iria. A experiente mulher sabia que algo ruim viria para equilibrar a balança. Nada acontece por acaso, Roxanne sabia isso por experiência própria.

[...]

Dean não havia conseguido dormir direito, mesmo com a noite tranquila que o grupo teve. A presença de Chloe era uma ameaça à seus alicerces emocionais. A moça, de certa forma, lembrava muito Verônica. Talvez Chloe fosse tudo aquilo de bom que Dean sempre via em Verônica e que hoje ele já não tinha tanta certeza se tudo aquilo de fato foi verdadeiro por parte da ex-noiva.

O maior desejo de Dean era reencontrar Verônica. Seu coração batia freneticamente e aquilo, para Dean, era um aviso. O rapaz tinha a absoluta certeza de que Verônica estava viva. A vida de Dean sempre fora repleta de pendências e Verônica era um assunto que necessitava de uma conclusão urgentemente.

Dean estava dividindo uma sala com Chloe, Jenna, Greg, Jeremy e Sara. Somente Jinx e Mark ficaram a sós. A forma como Jinx havia subido as escadas, com um olhar melancólico, indicava a necessidade de ficar a sós por um tempo. O apocalipse, ao contrário do que era para Dean, parecia ser insuportável em relação a certos assuntos para o restante dos sobreviventes.

– Bom dia, Chloe! - Dean diz alegremente com um sorriso

– Bom dia, Dean - Era visível que a timidez de Chloe aumentava com Dean por perto. Desde o 'incidente' no supermercado os dois não haviam se falado.

Somente Sara ainda estava dormindo. Dean parece não ter entendido muito o motivo pelo qual a moça ficou tão depressiva desde a fuga de Santa Monica.

– Dean, Mark está chamando o grupo para termos uma conversa - Jeremy dá a notícia sem qualquer emoção na voz. Dean percebeu que as ações do rapaz para com ele haviam mudado desde que ele havia salvo Chloe no supermercado. Aquilo claramente era sinal de ciúme, Dean já havia percebido.

– Certo obrigado por avisar, Jeremy - Dean responde educadamente, dando um breve sorriso e um aceno com a cabeça - Já estamos indo

Sem saber do que a conversa com Mark e o restante do grupo se tratava, Dean e Chloe vão juntos até a sala ao lado.

– Bem pessoal - O grupo já estava todo reunido, com exceção de Sara, que ainda dormia na sala ao lado. Mark inicia a conversa - Depois de um bom tempo nós teremos um pouco de paz para uma conversa. Roxanne me contou o porquê de Sara ter tido aquela crise ontem. Achamos importante que isso seja compartilhado com todos vocês.

– Sara, como já aparenta, é uma garota culta. Ela me contou que estudava em Harvard - Roxanne começa a explicar sobre a situação - Sua irmã, Edna, teve um filho, Ian. Ian costumava ficar com Sara nos finais de semana, já que o pai de Ian, Christopher era órfão e os pais de Sara e Edna moravam fora do país. Em um certo fim de semana, Sara, durante a madrugada, recebeu uma ligação com a trágica notícia de que sua irmã, única parente próxima que lhe restara e seu cunhado, estavam mortos. Sara ficou em uma posição difícil , pois, teria de escolher entre cuidar do sobrinho, que tinha apenas 11 anos ou continuar com a tão disputada bolsa de estudos em Harvard.

– E o que foi que ela escolheu? - Greg interrompe demonstrando grande curiosidade

– Ela escolheu continuar em Harvard e o sobrinho foi mandado para um orfanato em Oxnard. A van com a qual chegamos até aqui era do orfanato onde Ian havia ficado. Lembrar de Ian justo agora e ainda saber que ele pôde ter passado por lá, isso definitivamente deixou Sara chocada - Roxanne demonstrava compaixão na voz, imaginava tudo o que Sara teve que suportar nesses últimos tempos.

– Acham que o garoto pode estar vivo? - Mark pergunta, com certa esperança na fala

– Pela forma como Sara o descreveu é bem possível que ele tenha aguentado tudo isso - Roxanne explica, exaltando seus conhecimentos na área da psicologia

– Ao que parece, as chances de que ele esteja por perto são significativas, concordam? - Klaus intervém com uma análise

– Acham que seria bom se déssemos uma olhada ao redor daqui para ver se encontramos algo a respeito do garoto? - Dean sugere a busca por Ian

– Não seria nada demais - Gregory comenta - Aliás, quanto mais vivos encontrarmos e termos ao nosso lado, mais chances temos de sobreviver, não acham? - Greg estava neutro na situação, qualquer que fosse a decisão do grupo, ele estaria de acordo

– Isso é verdade - Roxanne exalta as palavras de Greg - É um pequeno risco que vale a pena correr

– Então devemos começar isso o quanto antes - Jinx intervém, parecia disposta a procurar pistas sobre Ian - Devemos aproveitar que o dia só está começando

– E vamos nos dividir em grupos ou iremos todos juntos? - Jenna aparece com a dúvida

– Acho que será mais rápido se nos dividirmos - Mark concluí - Bem, vamos nos preparar. Alguém precisa ir acordar Sara - Mark diz, soando como quem não queria ser esse 'alguém'

– Pode deixar que eu mesma faço isso - Roxanne se levanta com um semblante sério, parecia decidida a ajudar a companheira - Irei explicar tudo a ela, logo estaremos prontas

[...]

Roxanne acreditava que o fato de Ian estar longe em meio a esse apocalipse, poderia causar, constantemente, abalos emocionais em Sara como o que houve na van. A psicóloga dentro dela dizia que a única solução para impedir que Sara despencasse psicologicamente era a presença do sobrinho, mas havia um ponto nisso tudo que exigia atenção. Mesmo não tendo conhecido o garoto, Roxanne sabia que certamente Ian estaria bem diferente do que antes de ser mandado para o orfanato, principalmente sua relação com a tia, que jamais viria a ser a mesma.

Roxanne para na porta da pequena sala e observa, rapidamente, Sara dormindo. Roxanne sabia que aquele sono pesado, que tantas vezes já tivera em sua vida, era resultado de uma incansável luta interna contra a dor e a desilusão. Em muitos anos de carreira, após ter conhecido vários pacientes com os mais distintos casos, a ex-médica sentia uma profunda necessidade de, em meio ao caos que se espalhou pela Terra, ajudar àquela pobre mulher, que em pouco se assemelhava à médica. Talvez o sofrimento que Sara estava passando no momento, se parecessem com o sofrimento que Roxanne teve durante a infância.

A médica caminha, silenciosamente, até parar ao lado da moça de cabelos loiros. Ela então se abaixa e sussurra para a moça, na tentativa de acordá-la.

– Rox? – Sara acorda lentamente – O que houve?

– Sara, eu e o restante do pessoal estávamos tendo uma conversa – Roxanne inicia a explicação – Era sobre Ian. Achamos que ele pode estar vivo e que vale a pena iniciar uma procura por ele. O que acha?

– Roxanne, eu realmente acredito que Ian possa estar vivo – Sara parecia normal, mais contida em seus próprios pensamentos. Aquele momento de angústia por conta de Ian já havia terminado – Mas você sabe que dificilmente conseguiremos ter uma boa convivência não é?

– Sara, nós duas sabemos que isso não é impossível – Roxanne tenta demonstrar suas ideias – E, aliás, precisamos de qualquer um do nosso lado que não esteja morto. Esse garoto precisa de pessoas próximas a ele, as coisas podem mudar dessa vez. Essa é a hora de se redimir. As coisas podem mudar, Sara.

– Eu realmente quero que elas mudem – Sara se levanta e abraça a colega de grupo.

Roxanne e Sara saem juntas da sala para se juntar ao restante do grupo na sala ao lado

[...]

O grupo todo já estava reunido na primeira sala do pequeno corredor na parte de cima da grande fábrica. Estavam se preparando para iniciar as buscas por sinais do jovem Ian

– Bem pessoal, nós sairemos dessa fábrica e da cidade e não voltaremos, levem tudo o que estiverem carregando - Mark explica aos companheiros do grupo - Iremos procurar pelo garoto, mas continuaremos a seguir o caminho para Sacramento. Nossa próxima cidade é Santa Clarita.

– Vamos nos apressar pessoal! - Gregory alerta o restante do grupo - Logo começará a cair à noite, devemos ir.

– Gregory tem razão - Dean concorda com o amigo e dá as ordens de partida - Vamos pessoal, não há mais nada por aqui.

[...]

O tempo que o grupo ficou naquela fábrica quase fez com que os sobreviventes se esquecessem dos perigos lá fora. Em quase um dia inteiro, não houve sinal de gente morta nas redondezas da fábrica e logo tudo tratou de ficar mais calmo. Porém, a comprida rua que dava acesso ao centro de Sylmar quebrava toda e qualquer esperança de passar mais algum tempo sem se deparar com as atrocidades deste apocalipse. Cerca de 15 zumbis perambulavam a cerca de 50 metros da entrada da fábrica, talvez tivessem sido atraídos pelo cheiro do banquete que aquele grupo lhes representava.

– Acho que não precisamos seguir por essa rua - Klaus estava na frente, ao lado de Dean - De acordo com o mapa da cidade e o que pude observar, há uma pequena faixa de mata atrás dessa fábrica, que dará direto para a estrada.

– É uma boa ideia irmos por esse caminho, talvez possamos pegar outro carro, o que facilitaria nossa locomoção e a busca - Jenna concorda com os planos de Klaus

– Então seguiremos por essa pequena mata - Mark dá meia volta e o restante de seu pessoal o acompanha.

Dean ainda olhava para os zumbis, que andavam em passos lentos em direção ao grupo. Pareciam não notar que era inútil tentar ir atrás daquelas presas impossíveis. A fome dava vida àquela inútil perseguição.

O rapaz da às costas ao bando de zumbis e parte em direção ao grupo.

Os sobreviventes cruzam a extremidade esquerda da fábrica e avistam a pequena, porém densa, floresta que parecia não se estender muito. Parecia um ótimo local para desviar dos inúmeros zumbis que certamente lotavam as lojas e ruas do centro de Sylmar, todos certamente atraídos pela chegada de visitantes, que como se estivessem em um local indesejado, saem por entre os fundos.

– Fiquem atentos! - Klaus adverte - A floresta é pequena, porém não sabemos o que nos aguarda ai dentro. Prestem atenção!

– Fiquem todos juntos! - Dean aconselha o grupo enquanto adentra a rara imensidão verde das cidades da Califórnia.

A cidade de Sylmar já era calma o suficiente para causar desconfiança, mas aquela floresta tinha um ar mais pesado que o normal. Dean guiava o grupo empunhando seu bastão de ferro. Seu olfato havia se tornado muito mais aguçado desde que começou a precisar dele para sobreviver. O cheiro das folhas secas caídas no chão camuflavam qualquer possível detectamento de aproximação de zumbis pelo cheiro. Era como se os sobreviventes tivessem perdido um de seus sentidos.

O silêncio da floresta tornava a audição inútil, nada, nem mesmo o barulho das árvores balançando era detectável em meio à tensão que pairava no ar. Outro sentido se tornara inútil naquela fuga de Sylmar.

Os olhares fixos e atentos a qualquer movimento que viesse das árvores fez com que gradativamente o grupo fosse se distanciando. Pouco a pouco, cada sobrevivente parecia caminhar sem rumo dentro da vasta noite que se iniciava em Sylmar. Aquele momento parecia hipnotizante. Os sobreviventes estavam a cerca de 5 metros de distância uns dos outros.

A esquerda de Jinx, que caminhava lentamente em direção a uma árvore quase morta, ouve-se grunhidos. Os olhares, antes hipnotizados, se voltam estacados para onde Jinx estava. Parecia tarde tentar ajudá-la. Os grunhidos cresciam rapidamente e por entre os sobreviventes agora estavam dezenas de zumbis. Não havia opção a não ser correr enquanto tirava os mortos do caminho.

Cada sobrevivente correu para uma direção oposta, não seria possível se reagrupar naquela situação.

A moça agora se encontrava caída com três zumbis quase colados nela e outros vários se aproximando. Jinx agora estava ali caída e sozinha.


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Notas finais do capítulo

Certo, vamos ao assunto. Foi decidido que Abismo da Sanidade será relançado, com pequenas mudanças na escrita e no designer. Não pensem que esse é o fim, longe disso, esse apenas é o começo de uma longa jornada ;) Obrigado a todos que chegaram até aqui e que espero que continuem com o relançamento.
~SeriousWritter



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