Abismo da Sanidade escrita por SeriousWriter, Bêrenicius


Capítulo 17
Capítulo XVI - Solidão


Notas iniciais do capítulo

Well, well. Acho que agora é lei todos os personagens terem seu flashback. É hora de entender um pouco mais sobre a Jinx!
~SeriousWritter



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A fuga apressada da cidade de Santa Monica, que logo se tornaria um palanque para os milhares de zumbis famintos que para lá se direcionavam, foi calma, mesmo com a meia dúzia de zumbis que Mark atropelou ainda presos nas frestas da van, que até algum tempo atrás era tão branca quanto as folhas de papel que recheavam o porta-luvas do automóvel.

Sara estava inconsolável. Roxanne e Jenna tentavam acalmar a moça que, visivelmente, estava coberta de culpa.

– Quem é Ian? - Gregory pergunta curioso com todo esse estardalhaço

– É melhor falarmos sobre isso depois, Greg - Roxanne sugere. O nome do sobrinho deixava Sara cada vez pior.

– Acho que devíamos parar, Mark - Klaus sugere

– A cidade de Sylmar está bem perto, iremos parar por lá - Mark responde ao companheiro. A curiosidade de Gregory teria de esperar um pouco.

[...]

Em menos de uma hora, correndo em alta velocidade, o grupo chega a cidade mais próxima. Sylmar era uma pequena cidade e, ao contrário de Santa Monica, aparentava estar bem mais calma.

– Acho melhor não deixarmos o carro do lado de fora desta vez - Chloe diz a Mark - Não sabemos o que acontecerá pela frente

– Tem razão, Chloe - Mark responde com seu tom simpático de sempre - Dessa vez estaremos prevenidos

A grande van ensanguentada, antes branca, entra sorrateiramente na cidade de Sylmar. A cidade era pequena, portanto não havia muitos carros nas ruas. A maioria das pessoas abandonaram seus automóveis no meio das estradas que ficaram congestionadas com a enorme quantia de pessoas tentando fugir das grandes cidades com a crença de que tudo ficaria bem longe das megalópoles. Estavam todos errados. O país todo, até onde o grupo de Dean sabia, sofreu com essa praga, ou sabe-se lá o que tenha causado tudo isso. Uma pergunta que todos se faziam é sobre como estava o restante do mundo. Ninguém sabia absolutamente nada sobre as causas desse apocalipse, porém nada disso importava. Se não sobrevivessem a isso, nunca saberiam o que realmente aconteceu.

– Mais que droga! - Mark grita batendo em fúria no volante da van

– O que houve? - Jeremy, que desde a despedida de Martha não falava nada, soltou a pergunta

– A gasolina da van acabou - Mark dá a notícia - E aparentemente não há nenhuma forma de conseguirmos combustível por aqui.

Ainda era noite. Pelo tempo que o céu já estava escuro, logo deveria começar a madrugada e o grupo não havia dormido ainda.

– Devemos logo encontrar um local para passar a noite! - Klaus adverte - Temos que descansar e não podemos ficar aqui parados! Logo teremos companhia - Klaus aponta para frente, a cerca de 50 metros havia um zumbi caminhando na direção da van. Mesmo com a entrada sorrateira o grupo chamou a atenção dos antigos moradores de Sylmar.

– Vamos nos apressar com isso então pessoal! - Dean explica

Mark e Dean, que estavam na parte da frente, como sempre fazem, descem da van para abrir a porta traseira, onde o restante do grupo havia se aconchegado. Com uma pessoa a menos, a van tinha sido um ótimo veículo, até a gasolina acabar.

– Vamos fazer silêncio, prestem atenção a qualquer movimento estranho ao redor - Klaus dá as coordenadas - Vamos procurar por algum local seguro, onde possamos passar a noite, ou o que ainda resta dela

O grupo retira seus pertences da van. Eles haviam perdido alguns suprimentos na fuga de Santa Monica e o que restara não seria suficiente para mais que dois dias. As armas de fogo eram poucas: o revólver de Roxanne, a pistola de Mark, a escopeta de Jinx e um rifle que Jeremy segurava, as outras armas ficaram para trás no carro perto da entrada de Santa Monica, como um presente a algum sobrevivente que conseguisse chegar até lá. Dean segurava uma barra de ferro, Gregory se contentou com um machado. Chloe estava ao lado de Dean e empunhava uma faca. Jenna segurava uma pá e logo atrás dela e de Roxanne, Amy segurava um pedaço de madeira. Sara estava ao lado de Gregory segurando um bastão. Klaus era o único homem desarmado. Segundo ele mesmo, sua arma mais poderosa estava consigo o tempo todo: sua considerável inteligência, que lhe era aparente.

O grupo caminha pelas ruas de Sylmar, a cidade era repleta de pequenas casas. Nada de grandes edifícios como em Los Angeles e Santa Monica. Sylmar indicava que o grupo estava se aproximando do interior da Califórnia, onde se encontrava o destino do grupo, Sacramento.

Roxanne e Klaus guiavam o comboio. Com vários pares de olhos, parecia ser impossível perder alguma coisa de vista, mas nesse apocalipse nada era impossível. Alguns indesejáveis surgem detrás das cercas de uma casa, a esquerda de Roxanne. Dessa família composta por cinco pessoas, apenas uma, aparentemente uma menina, não havia conseguido passar pelos vãos da cerca. Os quatros mortos partem para o ataque contra o grupo de Dean. Roxanne levanta seu revólver e aponta para o zumbi mais próximo, o que aparentava ser o pai da família. Antes de atirar, Klaus intervém.

– Não é prudente gastar suas balas com esses zumbis, Roxanne - Klaus explica - Só são quatro, nós estamos em maioria, podemos cuidar disso com mais calma

Roxanne não diz uma palavra, apenas abaixa o revólver e torce a cara. A mulher não gosta de ser contrariada.

Jenna e Dean cuidam dos dois zumbis mais próximos, a pá de Jenna parecia bem afetiva frente ao pedaço de ferro que Dean empunhava com voracidade.

Gregory fica com os dois restantes. Os dois zumbis deveriam de ser gêmeos, pois suas roupas, assim como o que restava de suas fisionomias, eram idênticas. Os dois jovens zumbis atacam Gregory ao mesmo tempo. O grande porte de Greg não amedrontava os dois mortos, muito pelo contrário, aguçava-lhes a fome ainda mais.

Com um único movimento, como em um lance no golfe, Greg passa o machado nas duas cabeças, que caem com um som seco no chão.

O grupo segue reto, dando as costas ao que parecia ser a mais jovem da família. A pequena zumbi grunhia para a refeição que lhe dava as costas.

Poucos haviam falado de Sylmar, até onde Jeremy havia lhes dito, Sylmar era conhecida por ter um grande número de fábricas.

– Bem, uma fábrica parece ser um local apropriado para passarmos um tempo, o que acham? - Jinx pergunta

– Acho uma boa ideia, Jinx - Jenna, que estava ao lado de Mark concorda com a colega

Jinx ignora Jenna e, de relance, lhe fuzila com um olhar.

– Devemos continuar a procurar por aqui então - Mark concluí - Devemos nos apressar na busca, vamos!

O grupo continua a andar pelas ruas de Sylmar. Resolvem entrar na rua à direita, a Glenoaks Boulevard.

Como em um chamado, uma fábrica surge ao final da rua. A fábrica era grande e aparentemente estava completamente abandonada.

– Apesar de parecer completamente assustadora - Mark tenta arrancar um riso dos companheiros - Vamos passar a noite bem aí! - Ele diz apontando para a grande fábrica ao final da pequena rua.

A breve caminhada até a fábrica foi tranquila, não houve nenhum empecilho no caminho.

[...]

A fábrica parecia estar calma por dentro. Havia apenas um grande e amplo pátio, com um piso superior anexado. O piso superior devia ser o local onde os 'chefões' ficavam, pensou Amy.

O grupo se dirige até a pequena escadaria circular que dava acesso ao piso superior, onde se encontravam algumas salas.

Chegando lá em cima eles revistam as salas. Tudo estava bem, até o momento, por mais estranho que isso pudesse parecer, não havia nenhum zumbi na imensa fábrica.

O grupo se organiza nas salas, para enfim terem uma noite de sono. Klaus, Amy e Roxanne resolvem montar guarda próximo a escadaria.

Jinx e Mark ficam com a primeira sala do pequeno corredor.

– Está tudo bem, querida? - Mark pergunta.

O casal já estava aconchegado no canto da sala. Jinx estava nos braços de Mark. Era uma sensação que lhe agradava.

A luz fraca da sala foi apagada e os dois estavam a sós na pequena sala. Jinx começava a imergir em suas mais profundas lembranças.

[...]

Era uma noite chuvosa. A pequena Jinx, com apenas 11 anos de idade estava na frente de seus pais e presenciava uma briga terrível entre os dois. Apesar de inocente, a garotinha sabia que aquele era um momento decisivo para ela, tanto quanto para seus pais.

Em meio a discussão a garota não conseguia acompanhar a velocidade com que as palavras eram ditas. Só conseguia entender seu nome sendo dito repetidas vezes. A discussão cessa por alguns instantes. A garotinha havia se recostado na parece, seus pais voltam o olhar para ela.

– Vamos Jinx! - a mãe da garota a puxa pelo braço

Do lado de fora, o pai de Jinx ligava o carro. As duas entram no carro e o homem pisa no acelerador.

A chuva respingava na janela do lado de trás, onde Jinx estava sentada ao lado mãe. Aquilo tudo apenas parecia um passeio, nada fora do comum.

O carro para no centro da inquieta Los Angeles, que aquela hora da madrugada não estava movimentada. Jinx e sua mãe descem do carro, o homem permanece a frente do volante.

– Filha, você vai ficar aqui. Nós buscaremos você depois, okay? - a mulher, com um tom tão frio quanto o daquela noite recita a pobre garotinha a sua pena

Deixada para trás naquela sombria, fria e chuvosa noite, a pequena Jinx não fazia ideia do quão árduo seria o seu futuro

[...]

Hoje, em meio ao apocalipse, Jinx sabia o que havia acontecido naquela noite. Hoje ela compreendia perfeitamente que havia sido abandonada pelos próprios pais. A maior fraqueza de Jinx havia começado naquela noite. A solidão era algo que Jinx não suportava e quem quer que fosse que estivesse ameaçando, da forma que fosse, seus 'domínios' sobre as pessoas seria considerado um inimigo para Jinx. Ter pessoas ao seu redor, como parte de seus 'domínios' era algo que preenchia o medo da solidão. Jinx jurou nunca mais ficar sozinha, nem mesmo em um apocalipse


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Bem, acho que a partir desse capítulo é possível prever futuros conflitos. Deixem suas previsões nos comentários! Thanks!
~SeriousWritter



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