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Seria um dia entediante o suficiente para fazer Chloe seguir sua rotina diária: sair da faculdade e ir direto para casa tirar seu cochilo antes de levantar para estudar o resto do dia. A garota morava com o padrasto, já não tinha noticias do pai a anos. A moça de 27 anos tinha perdido a mãe a exatos 2 anos.

Tudo corria normalmente, o sinal do intervalo ressoava pelos corredores da grande universidade de Yale indicando que era a hora de voltar para sala.

Chloe começou a perceber que o garoto do fundo da sala, talvez seria Brian seu nome, a observava fazia alguns dias. Chloe era uma garota bonita, mas nunca chamou a atenção de nenhum garoto. Sua integridade e pureza a tornavam uma pessoa tímida o suficiente para não criar relações afetivas com qualquer rapaz que fosse.

Bria era o que nomeariam como o "Estranho" da sala. Seus profundos olhos negros induziam a uma imagem não muito amigável do rapaz.

Chloe e Brian já estavam juntos na mesma sala a quase dois anos, e só agora Chloe notava sua presença. O olhar penetrante do garoto não era agradável a jovem, que sempre ao olhar para trás, evitava fixar no obscuro olhar que lhe fitava friamente.

Naquele dia, Brian havia ido falar com Chloe. O rapaz a elogiou e a convidou para sair naquela noite. Chloe nunca foi uma pessoa sociável, suas amigas e inclusive seu padrasto a incentivam a começar a criar laços com garotos da sua idade, mas mesmo assim ela relutava com o pedido do garoto.

– Não há com o que se incomodar, Chloe - Megan, amiga de longa data de Chloe a incentivava - E além de tudo ele é lindo, se fosse eu no seu lugar

aproveitaria cada minuto com ele - a amiga termina o conselho com risadas exaltadas.

Chloe se sentia incomodada com aquilo, era algo que alfinetava sua mente constantemente, parecia que havia um certo medo, um certo receio. Não se sentia pronta, mas sabia que um dia teria que começar a se relacionar com garotos para então realizar seu grande sonho: o de ser uma mãe tão boa quanto a que teve, a falecida Brigida Acknes.

O sinal toca novamente, a turma teria que trocar de sala, essa já era a penúltima aula. Brian passa pela multidão de alunos e se dirige em direção a Chloe

– E então, qual é sua resposta? - Havia uma certa urgência, uma certa falta de sanidade no olhar daquele garoto

– Eu aceito - Chloe dá uma resposta em um tom tão baixo, quase inaudível, mas a necessidade do rapaz em saber aquela resposta detectou qualquer sinal de fala da moça

– Ótimo, então já vamos sair daqui e ir direto para o cinema? - o rapaz sugere, seu tom de voz era um pouco frio, algo que arrepiava a garota

– Sim, pode ser assim mesmo - a garota responde e logo corre em direção a sala de aula, deixando o garoto para trás.

Ao mesmo tempo cresciam uma alegria e um entusiasmo que não eram comuns na moça, mas ao mesmo tempo ainda pulsava, no seu âmbito mais profundo, sua intuição, indicando de que algo não muito bom a aguardava pela frente.

As próximas duas aulas que se seguiriam seriam momentos angustiantes, Chloe aguardava ansiosamente pelo seu primeiro encontro. Ao longe, no fundo da ampla sala de aula, Brian mantinha um semblante sério e calculista, como se estivesse repassando mentalmente tudo o que iria acontecer em sua ida ao cinema com Chloe.

Parecia estranho que uma moça de 27 anos fosse ter o primeiro encontro. A separação de seus pais, quando ela ainda tinha 12 anos, deixou marcas profundas em como a menina via a vida. A morte da mãe, 13 anos depois, só veio para reforçar isso. A grande sorte na vida de Chloe era a presença, insubstituível, do padrasto, Jake, que a acolhera como filha em sua casa. Jake ganhava muito bem e levava uma vida de certos luxos junto com a afilhada, da qual não tinha obrigação nenhuma em acolher dentro de casa. Quando Brigida veio a falecer, Jake prometera a Chloe que cuidaria dela. A garota sempre fora frágil e Jake notara isso

desde a primeira vez que a vira, em um café movimentado nas ruas de Los Angeles, quando a garota tinha apenas 13 anos, pouco tempo depois da separação de Brigida.

A aula do professor Western parecia ter sido encerrada na mente de Chloe e naquele momento ela se pôs a pensar sobre o passado. Sua mãe, que Chloe tanto idolatrava, havia traído seu pai com o nobre Jake, que parecia ser o homem mais correto do mundo? Era algo que Chloe preferia não pensar naquele momento, havia outras preocupações para o momento, e o encontro com Brian era o principal para o momento.

A última aula chega, Chloe acabara de contar a suas amigas que havia aceitado o convite de Brian

– Ótimo! Aproveite muito isso - Megan comenta com alguns risos - Sabe do que eu estou falando não é?

– Isso, Meg tem razão, vá com tudo, Chloe - Gina apoiava Chloe

Chloe tinha uma personalidade pura e livre de qualquer desvirtude que a vida pudera lhe causar, tinha um pensamento inocente, mas sabia do que é que as amigas estavam falando.

Perder sua virgindade era algo que sequer estava incluso em sua lista de desejos ou necessidades. Naquele momento olhava para suas amigas e se perguntava de onde surgia tamanha futilidade.

O sinal bate, as aulas do dia terminavam. Ainda eram apenas 18h e a noite começava a aparecer nos céus alaranjados de Los Angeles.

No caminho até a saída da universidade, Chloe refletia em sua mente o que desejava que acontecesse. Talvez um beijo não lhe cairia mal para aquele dia. Imaginava que isso viria a ser revigorante, e a garota precisava reacender a chama de vontade de viver dentro de si. Chloe tira o telefone do bolso e liga para seu padrasto:

– Jake, queria te avisar que hoje eu vou ao cinema, tudo bem? - Chloe anuncia com um tom festivo

– Com Megan e Gina? - Jake já esperava o mesmo de sempre, a noite das meninas, como Gina gostava de chamar

– Não - Chloe faz tom de mistério - É com um garoto da minha sala, ele me convidou para sair hoje

– Que maravilha, Chloe! - Jake comemora - Estou feliz por você querida, mas se cuide, certo? Tente não voltar muito tarde. Beijos

– Obrigado, Jake. Beijos - a garota desliga o celular

Era um número grande de jovens que estudavam naquela universidade, Chloe observava a saída de todos eles e esperava somente ver o rosto de uma pessoa. Brian vinha andando calmamente em direção a Chloe.

– Pronta? - o rapaz pergunta em um tom frio

– Sim - Chloe deixa escapar um largo sorriso

A noite seria inesperada para Chloe, talvez um cinema pudesse lhe fazer criar momentos inesperados que lhe marcariam drasticamente no futuro.

Chloe caminha feliz, de braços dados com um rapaz de mente fria e calculista, que via naquele encontro uma espécie de oportunidade.