Datas escrita por Luna


Capítulo 3
Parte III


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem dessa parte final!



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Prova de matemática. Pânico total. Não consegui entender nada naquela confusão de números. Fiquei pensando, “Como vou passar no ENEM se não sou capaz de resolver aqueles problemas!? Estou no segundo ano. Ainda tenho um ano e meio de matéria para aprender. Sou boa em todas as outras matérias e posso não conseguir passar pra a UFF, minha universidade dos sonhos, por não consigo aprender matemática!?”. Achei isso tão injusto. Fiquei com muita raiva, mas ao mesmo tempo, com muito medo. Me senti incapaz. Incapaz de realizar meus sonhos, incapaz de deixar minha mãe orgulhosa, com muito medo de ser mais uma pessoa esmagada por uma vida que não escolheu. Senti meus olhos ficarem úmidos. Não podia chorar no meio da sala. Entreguei a prova e desci os três lances de escada, já aos prantos.

Meus amigos me acalmaram e me consolaram daquele jeito diferente de consolo, me fazendo rir do meu choro e me mostrando como o motivo era idiota. Realmente adoro meus amigos, adoro o modo como eles me fazem rir de tudo!

06 de julho de 2013:

Já é tarde, quase duas horas da manhã, mas não consigo dormir. O dia foi cheio demais e confuso demais para eu conseguir descansar.

Hoje tinha tudo para ser um sábado típico, passei a tarde toda na internet, já tinha esquecido a choradeira do dia anterior. Estava feliz, feliz; alegre, alegre, quando Ele apareceu no chat e disse “oi”. Estávamos “de bem”, eu estava começando a acreditar que tinha superado ele e que-aos poucos- estava deixando de amá-lo, então meu coração não pulou quando eu li o “oi”. “Oi!”, digitei de volta.

“- Te vi chorando ontem,” ele digitou, “Está tudo bem?”.

“- Sim, só fiquei um pouco chateada por causa da prova de matemática.” “Se quer me consolar chegou atrasado”, pensei, mas achei melhor não digitar essa parte.

“- Você estava chorando por causa de uma nota baixa? Que motivo bobo! Você não pode…”.Nem li o resto. Não pude acreditar que ele estava me passando um sermão depois de me ver chorar!

“- Para de escrever agora!”, digitei. Saí do notebook, chocada com a audácia e com a cara de pau dele e peguei meu celular. :

– Deixa eu te explicar uma coisa, eu disse, antes mesmo que ele dissesse Oi ao atender o celular. : “Eu sou uma pessoa que precisa de muita atenção, muito carinho. Você me viu chorando ontem, não sabia por que e não chegou perto de mim para saber o motivo. Passou por mim várias vezes depois e agiu como se não tivesse visto nada. Você me conhece a anos, já devia ter percebido como eu sou. Se você quisesse ter o direito de me passar sermão, devia ter me consolado ontem. Eu sou uma pessoa que não precisa de muitos amigos. Não preciso estar com meus amigos á cada segundo do dia, só preciso ter certeza de que eles se importam comigo. Você não me dá essa certeza há muito tempo. Então, a próxima vez que você me ver chorando no pátio, preocupe- se em me consolar, não em me dizer como as minhas atitudes são infantis.” Desliguei sem dar chance para ele dizer nada. Naquele momento, tive a certeza de que ele era coisa do passado. Tolinha eu.

Meu celular tocou. Era ele. Dessa vez, quem não teve chance de falar fui eu. :

–Quer namorar comigo? - Ele disse.. Como assim, namorar? Tinha acabado de brigar com ele!

– O quê? Tá doido!?

– Não. Eu quero namorar você. - Meu cérebro congelou, não sabia o que dizer ou o que pensar. Quero dizer, esperei tanto tempo por esse momento, mas agora que ele chegou, parece tão errado!

Devo ter ficado em silêncio muito tempo, ele começou a perguntar se eu ainda estava ouvindo. Então, eu disse. :

– Não posso namorar você. -“Quero muito, mas, não posso! ”, pensei, meus olhos cheios d’água. :

– Por que não!? - Ele perguntou.Respirei fundo para controlar as lágrimas. “Não posso chorar agora, ele vai notar.”:

– Você não está preparado para ter um relacionamento além da amizade comigo. Só nos machucaria. Entenda, eu não quero ser “mais uma” na sua vida. Não que eu acredite em amor eterno, ou ache possível encontrar o “amor eterno” tão nova, mas, eu quero ser alguém especial pra você. Quero fazer parte das histórias que você vai contar para os seus netos, sejam eles meus netos também, ou não.

– Só me dá uma chance! – Ele disse. “Queria tanto te dar uma chance!”, pensei. Mas não podia. :

– Se você quer namorar comigo, tenha a certeza de que me ama.

– O que?

– Eu amo você. Com todos os seus defeitos e apesar de todas as vezes que você me fez sofrer, eu te amo. E eu não vou suportar menos que isso. Você é a única pessoa a quem eu me entregaria completamente. Mas não posso correr o risco de me entregar a você, sabendo que você me trocaria em um piscar de olhos. Não posso correr o risco de você me magoar e aceitar namorar com você agora, seria correr esse risco. Arruinaria a minha vida se você terminasse comigo do mesmo modo que você fez com outras meninas. Teria que mudar de escola. Não suportaria vê-lo todos os dias, mas não suportaria ficar longe dos meus amigos. Agora eu entendo que eu teria que ser forte e suportar as consequências dos meus atos, mas de dentro da situação, não sei se veria saída, tenho medo do que eu seria capaz de fazer comigo mesma, com a minha vida.

– Mas, eu te amo… – Ele disse num fiapo de voz. Eu ri amargamente.

– Não me ama não, só está carente. Agora, você pode dizer isso o quanto quiser, por que eu não vou acreditar.

– O que eu tenho que fazer pra você acreditar em mim!? – Ele perguntou suplicante. :

– Não sei. Não consigo pensar em nada que você possa fazer pra provar que me ama. – Eu disse. Ele não respondeu por um longo tempo, então eu disse, as lágrimas escorrendo.

–Talvez, nós não devamos realmente ficar juntos, talvez eu precise aprender a deixar de te amar…

– Não. Eu vou provar que te amo. Não sei como, mas eu vou, você vai ver. – E desligou.

05 de agosto de 2013:

Um mês depois daquele dia estranho, daquela conversa estranha. Estou na escola. As férias chegaram e partiram, mas nenhuma palavra viera dele depois daquele dia. Talvez eu esteja (infelizmente) certa e ele não me ame. Talvez ele tenha desistido.

———-

Aula de inglês. Tem um texto escrito no quadro, mas não me importo muito, só quero sentar no meu canto e dormir. Mas, a professora não quer o mesmo que eu, e pede que eu traduza em voz alta o tal texto. Talvez depois ela me deixe dormir, então comecei a ler:

“Depois de passar semanas pensando em algo para provar que amo você, percebi que não havia nada que eu pudesse fazer, por que amor não se explica, se sente. Sei que já te magoei bastante e que não tenho o direito de pedir que você confie em mim, mas pessoas que estão amando fazem coisas sem esperança de ter nada em troca. Eu preciso de você. Sei que demorei pra perceber isso, mas eu quero ser a pessoa que mais te enche do carinho e da atenção que você precisa. Mesmo não acreditando, você é o motivo da minha felicidade, deixe- me ser o motivo da sua.”

Não tive tempo de me perguntar por que a professora escolhera aquele texto, por que alguém entrou na sala carregando um buquê de rosas brancas e vermelhas e vinha caminhando em minha direção. Não consegui ver quem era, o buquê estava cobrindo o rosto. Então a pessoa misteriosa me entregou o buquê e eu quase o derrubei no chão quando vi quem era. Ele pegou as rosas e pôs em cima da mesa enquanto eu o observava, entendendo que quem escrevera o texto tinha sido ele. :

– Sei que você está certa em não acreditar no meu amor. Sei que te machuquei demais, tive uma amostra do seu sofrimento nesse último mês, sem ter a certeza de que nós ficaríamos juntos. Sei que qualquer pessoa sensata não acreditaria em mim, nem eu mesmo acreditaria em mim, mas, eu preciso que você seja louca e acredite, por que não vou suportar mais um momento sem ter a certeza do seu amor. Dói demais ficar longe de você. Por favor, - Ele disse- encostando a testa dele na minha-, Por favor, me perdoa! – Nossos rostos estavam tão próximos agora que a lágrima que caiu do rosto dele escorreu no meu. :

– Você escreveu um texto que seria lindo em qualquer língua pra mim, escreveu em inglês e eu sei que você odeia inglês. Você me trouxe um buquê enorme de rosas e eu sei o quanto é difícil e caro de se encontrar rosas. – Me aproximei do ouvido dele, sabia que a turma toda queria saber como aquela cena iria acabar, mas queria que ele soubesse primeiro – É nos pequenos detalhes que nós vemos quem realmente nos ama e… – “…você me provou”, pensei enquanto ele me beijava, ao som de aplausos e gritos de toda a turma.

Fim.


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Notas finais do capítulo

"É só isso.Não tem mais jeito.Acabou, boa sorte..."