31 de dezembro de 2012:

É o último dia do ano. O último dia do ano e aqui estou eu, pensando nele. Isso me dá um pouco de raiva. Raiva de mim, raiva dele.

Resolvi escrever uma carta e queimar junto com meu diário, que só falava dele, à meia- noite. Eis o que dizia:

“Não sei como começar esta carta, meus pensamentos estão completamente desorganizados. Eu achava que estava sofrendo por que gostava de você sem ser correspondida, mas aquele sofrimento nem se compara ao que estou sentindo agora. Eu perdi a pessoa que eu amava e um dos melhores amigos que tive na vida ao mesmo tempo, e isso dói demais. Você não faz ideia de como era doloroso ver você passando no corredor, me ignorando, no pátio, falando com todos, menos comigo. Você não faz ideia de como era torturante ficar tentando entender porque você não falava mais comigo, mas de alguma forma estranha ainda se importava comigo (ou talvez eu esteja imaginando essa parte para não admitir que você não dá a mínima pra mim). As vezes, parecia que você fazia de propósito, outras (raras) vezes parecia que você tinha voltado ao normal. Era tão cansativo ouvir meus amigos me dizendo TODOS os dias que eu devia excluir você do meu Facebook, da minha vida e esquecer você, porque você tinha se esquecido de mim. Mas, eu não queria aceitar que não tinha mais volta, que nossa amizade nunca mais vai ser a mesma, que ela deixou de existir. O abraço que você me deu no último dia foi como o de um estranho. Aliás, acho que o de um estranho não seria tão frio. Eu costumava pensar que nada poderia acabar com a nossa amizade, que você seria sempre meu anjo da guarda, mas agora todas as memórias que tenho de você são uma maldição. Elas me fazem ficar triste e eu não consigo parar de pensar nelas, em você e acabo sempre chorando. Essa sensação de que eu ainda me importo com você, apesar de tudo e do que todos dizem, é desesperadora. Queria tanto voltar para aquela época onde um meu único ponto fraco era a minha falta de paciência. As vezes eu até consigo fingir que não me importo mais com você, mas é difícil e eu não consigo parar de me perguntar por que você está agindo assim comigo, só comigo…O que é que eu tenho de diferente das outras pessoas? Mas, eu cansei de tentar alcançar você. Vou te deixar ir e começar o ano bem –sem você. Não digo que te esqueci, por que seria mentira, mas vou usar uma máscara tão perfeita que NINGUÉM vai perceber o eu não quiser que percebam. Afinal, a sinceridade me trouxe á essa situação, e eu não quero passar por isso nunca mais.”

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Não tive coragem de queimar a carta, nem o diário. O ano começou e volta e meia eu ainda leio aquele diário. Não sei exatamente por que, mas desconfio de que seja para me lembrar do que ele me fez sentir, sejam sentimentos bons ou ruins.