Surpreendentemente, é amor! escrita por Escritora de botequim


Capítulo 5
Mais um caso do acaso


Notas iniciais do capítulo

Não adianta tentar fugir do que está dentro de você, pois independentemente de para onde você vá, aquilo de que você tanto foge, lá estará.



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Depois de uma semana em uma casa á um quarteirão do mar, decidi ir á praia. Por milagre, eu havia acordado cedo. Era uma segunda-feira, 8h da manhã. Milagre maior ainda. Coloquei uma bermuda qualquer, passei pela cozinha, peguei uma fruta e sai.

Caminhei durante um tempo pela praia e me sentei beirando o mar. É claro que só conseguia pensar em uma coisa. Em uma coisa não, em uma pessoa. Nela. Na madrugada anterior eu havia perdido o sono e peguei as cartas que ainda não tinham sido lidas e as li. Eu não gosto de admitir isso, e já que vou admitir, isso não vai se repetir. Mas eu chorei. Chorei não só pelo que estava escrito, mas por nunca ter valorizado o que ela sentia por mim, por ter feito ela sofrer e por não ter a amado antes. Minha maior vontade era ir correndo atrás dela e contar que eu a amava. Mas isso não seria justo. Eu só havia a feito sofrer, seria melhor deixar ela seguir em frente e encontrar alguém melhor que realmente a fizesse feliz e não que a enchesse de tristeza.

Talvez tenha sido por esse motivo que acordei cedo. Ou que nem ao menos conseguisse dormir. Era por isso que estava ali agora, para ver se conseguia esvaziar a cabeça um pouco. Antes que me desse conta, estava eu ali, de novo, com os olhos cheios d'água.

Pô Matheus, o que aconteceu com você? O coração de gelo tá derretendo e escorrendo pelos olhos agora?

Senti duas mãos tapando meus olhos, e antes que eu pudesse ter uma reação, uma voz espantada me revelou de quem eram as mãos.

– Math... Você está ... Chorando? - Ou eu estava ficando louco e tendo alucinações, ou ela realmente havia me achado. Mesmo tão longe de casa. Ela tirou as mãos de meus olhos e se sentou de frente pra mim.

– Não, é só que... Tava ventando muito e ai caíram alguns grãos de areia nos meus olhos e... - Ela me abraçou. E eu não senti necessidade de inventar nenhuma desculpa e nem dizer o motivo, só queria permanecer ali. A única coisa que senti foi que se um abraço pode mesmo ser um porto seguro, o meu era o dela.

Não sei dizer quanto tempo se passou. Só sei que pareceu que não havia passado. Estava tudo tão perfeito, que eu decidi contar á ela. Contar tudo. Contar de como me senti desde o começo, de como aquele dia lá em casa mexeu comigo, contar do cinema, do beijo na sala, das cartas, da noite de insônia e de como eu me sentia.

– Manu, eu... eu preciso falar com você. Olha, eu nunca me senti assim antes e é muito difícil pra mim falar disso, mas desde aquele dia lá em casa em que você e a Ali...

– Manuela? Não brinca. É você mesmo? - Sim, apareceu um cara do além pra me atrapalhar justamente no meu único momento de coragem insana.

– Ah, meu Deus, Fê, é você mesmo? - Como se eu nem estivesse ali, ela simplesmente se levantou e o abraçou, forte até demais. Sim, esse era o infeliz do Fernando. Fernando era um amigo de Arthur que era apaixonado pela Manu, mas ela nunca quis nada com ele porque gostava de mim. Pelo menos era o que meu ego achava. - Senti tanto a sua falta. Lembra a nossa última conversa, quando você me fez aquela proposta... Eu pensei no assunto e tenho a resposta, e a resposta é sim!

– Não! Você não pode fazer isso comigo, eu te amo, fica comigo, você não pode ficar com ele! - Sim, eu realmente disse isso e não, não foi de uma forma calma e controlada.

– Eu não sei o que você estava pensando, mas ela aceitou me ajudar a fazer um clipe pra minha banda. - Ele riu. Não sei qual era a graça. - Vamos Manu, melhor conversarmos onde tenha pessoas mais normais!

– Math, você está bem? - Ela o ignorou pra falar comigo. Pra demonstrar que se importa! Rá!

– Sim, só estava brincando. Eu hein, que pessoas mais sem humor!

Ela sorriu, se despediu de mim, deu o braço pro "Fê" e saiu andando.

Não posso explicar o alívio que foi saber que eu tinha entendido errado. Minha única preocupação era se minha "peça" tinha sido aceita como tal mesmo.

~ ~ ♥ ~ ~

No dia seguinte quando acordei, novamente não havia ninguém em casa. Após fazer o de sempre, decidi sair para dar uma volta. Esquecer um pouco certos pensamentos. Mas é claro, o acaso não deixa. De novo. Já havia virado rotina sair de casa pra fugir dela e fazer exatamente o contrário.

Andei sem rumo por algumas ruas, até que cheguei em uma não muito movimentada, há alguns quarteirões de casa. Assim que virei a esquina, avistei um cara segurando uma garota pelo braço, a força. Ele não devia ser muito mais velho do que eu.

Ao me aproximar, pude reconhecer a garota que estava sendo segurada a força. Não pode ser! Era a Manuela.

Senti algo queimar dentro de mim e fui correndo em direção á eles.

– Solta ela agora! - Pude perceber a expressão assustada dela ao me ouvir gritar. Não era de meu feitio.

– Quem é você? - Perguntou o cara, como se debochasse da minha cara. Tudo bem que eu não sou nem um mister músculos, mas poderia muito bem partir a cara dele. Ou não.

– Solta ela agora!

– O que vai fazer? Me bater? - Admito, não sei o que deu em mim, mas naquele instante eu dei um soco bem na boca dele, em seguida um chute no meio das pernas. É claro que ele caiu pela dor. Puxei Manuela pelo braço e saí correndo com ela dali. Não era eu quem daria uma de valentão pra depois sair todo quebrado depois!

Não falei com ela durante o caminho todo.

Chegando em casa, fui para a sala, sentei-me no sofá e coloquei a cabeça entre as mãos. O que havia dado em mim? Jamais havia batido em ninguém, ainda mais em um cara que devia ser duas vezes mais forte do que eu.

– É... Matheus... obrigada.

– O que você estava fazendo ali? Quem era ele? Ele te machucou? Eu devia ter batido mais nele! - Eu havia realmente me irritado com ele mas eu não podia ter apenas dito de nada á ela? Tinha que dar na cara o que eu estava sentindo?

– Eu... eu não sei. Eu apenas decidi sair um pouco. Precisava pensar. Nem me dei conta de pra onde estava indo e do nada ele me puxou pelo braço e nessa hora você chegou.

– Ainda bem né. Vai saber o que ele poderia ter feito se eu não chegasse. - Nessa hora comecei a pensar no que poderia ter acontecido e rapidamente fui tomado pelo desespero. Acho que ela percebeu o que se passava dentro de mim. Ela se aproximou e colocou uma mão sobre meu ombro.

– Está tudo bem. Não aconteceu nada, você chegou na hora certa. - Em seguida beijou minha bochecha e sussurrou um obrigada em meu ouvido.

– Eu jamais me perdoaria se algo acontecesse com você.

Sim, estava estampado na minha testa o que eu sentia, mas dane-se. Eu realmente estava apaixonado por ela.


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