Surpreendentemente, é amor! escrita por Escritora de botequim


Capítulo 2
Preciso de um médico ou um psicólogo?


Notas iniciais do capítulo

Ás vezes é difícil explicar como surge um amor. Ás vezes nem nós sabemos como ele surge, ou que ele existe dentro de nós. Ás vezes até pensamos ser imunes a isso, mas nunca somos. Matheus vai acabar descobrindo que ele não é tão imune assim como ele pensa ser...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/491916/chapter/2

Em uma sexta-feira qualquer, quando cheguei do trabalho, me deparei com o Arthur e a turma dele em casa. Iam assistir algum filme. Eu não tinha nada a fazer, então decidi me juntar a eles. Alice e Manuela estavam pela cozinha, fazendo um bolo ou algo do tipo. Elas cantavam uma de minhas canções preferidas. Era a favorita de Manuela. Como eu sabia disso? Eu não havia stalkeado as redes sociais dela, se é o que está pensando. Foi mero acaso. Bianca estava em um canto qualquer com o celular na mão, como sempre. Arthur estava escolhendo o filme, então fui o ajudar. Pouco tempo depois estávamos todos nós sentados em frente a televisão de tela plana, assistindo um filme de terror qualquer. Pela expressão das garotas, elas pareciam estar com medo. Sorri de canto com as minhas ideias maléficas de assustá-las. Eu não presto, eu sei. As luzes estavam apagadas, ambas estavam ao meu lado. Esperei o momento mais assustador do filme e as cutuquei.

– Bu!

– AAAAAAAAAAAAAAAH - gritaram as duas ao mesmo tempo. Eu não conseguia controlar o riso e Arthur, que observou tudo, me acompanhava nas risadas. Quando acendemos as luzes, percebemos que uma das duas havia derrubado uma tigela de pipoca no chão, e foi ai que começamos a rir mais ainda. As duas estavam bem irritadas conosco.

– Ai como vocês são maus! - Disse a Alice querendo parecer zangada, mas não conseguindo segurar o riso.

– Nossa, como vocês são bestas. Isso não tem graça. - Após dizer isso, Manuela foi para a cozinha pegar algo para comer e pediu ajuda. Pensei comigo: "Isso tem graça sim".

Antes que eu pudesse pensar, me vi indo ajudá-la. Ambos fomos pegar a embalagem das balas que estava em cima da mesa ao mesmo tempo, dessa forma, nossas mãos se tocaram. A mão dela era macia e quente. Virei para olha-lá e nesse mesmo instante ela também me olhou. Olhos nos olhos. Eu senti algo estranho, algo no meu estômago. Ela corou, virou o olhar para o chão, largou a embalagem, pegou o resto e foi em direção a sala. Eu fiquei apenas ali, parado. Sem reação. Sem saber o que fazer. Foi como se algo, há muito tempo congelado, se aquecesse dentro de mim. Deve ter sido apenas impressão ou algo assim.

Arthur, que estava na porta e viu tudo que aconteceu, veio até mim com um olhar daqueles tipo: "hmm to sabendo vocês dois". Eu quis matar ele. Eu estava confuso. Mas ainda assim queria matar ele. Não que eu não tenha sempre essa vontade.

– Não vamos mais ver o filme? - Disse ele que, sem eu perceber estava parado bem na minha frente. Ela estava pouco atrás dele, me encarando. Como se esperasse minha resposta. Eu me senti extremamente envergonhado e perdido.

– Eu preciso ir tomar banho, tenho aula hoje. Assistam ai vocês. - Rapidamente saí da cozinha sem ao menos olhar para trás e me tranquei no quarto.

O que foi aquilo? Eu não sei. Vai ver foi só algo que eu comi. Ou talvez eu estivesse doente. Ou talvez... pior, apaixonado. Ah Matheus, você está com dor no estômago e acha que tá apaixonado? Como você é idiota. Essas coisas não acontecem com você, esqueceu? Tu pega mais não se apega. E nem pegar ela você pegou. Então não tem nem como rolar o apego.

Rapidamente tomei meu banho, passei pela cozinha para comer algo e sai apressadamente para a escola, sem falar com ninguém.

Os dias que se seguiram, estava sempre trancado em meu quarto. Não sei lhe dizer se alguém esteve em casa ou não. Após aquele dia, não havia mais pensado no que ocorreu naquela tarde de sexta. Mentira. Aquela cena na cozinha se repetia milhares de vezes em minha cabeça. Aquele toque... Eu não conseguia esquecer o toque macio daquelas mãos nas minhas. Eu nunca quis tanto segurar as mãos de alguém como eu queria segurar as delas naquele instante.

No dia seguinte eu sai do meu emprego.

~~♥ ~~

Exatamente uma semana depois, estava eu jogado no sofá assistindo um programa qualquer, quando de repente a campainha tocou.

– Arthur? Bianca? Alguém atende a porta ai. - Ninguém havia respondido. - Ah, que ótimo! Tudo sou eu nessa casa. Ninguém atende a porta, ninguém atende o telefone, ninguém faz nada! Bando de impresáv... - Ao abrir a porta, nem ao menos consegui terminar o que ia dizer. Era a Alice e ... ela. De novo me bateu aquela coisa estranha no estômago. Deveria eu procurar um médico ou um psicólogo? No fundo eu sabia a resposta, e não era nenhuma das duas opções. A resposta começava com M.

– Oi! - Alice, como sempre, entusiasmada. Antes que eu respondesse oi ela já havia entrado. Em seguida entrou a Manuela, sem dizer nada e seguiu Alice. Nossa casa era bem grande, cada um tinha seu próprio quarto, tirando eu e Arthur, que dividamos o mesmo.

Fui chamar Arthur e avisei-o que suas visitas haviam chegado. Voltei para a sala e me joguei novamente no sofá. As duas entraram e se sentaram no sofá ao lado. Pelo canto do olho pude percebê-la me observando. Fingi que nem havia a visto. Arthur surgiu logo em seguida e as duas saíram com ele. Não os vi mais a tarde inteira.

Mais tarde, haviam voltado, mas sem Alice. Bianca deu o ar da graça e tomou conta de um sofá. Eu estava em outro. Arthur e Manuela dividiam o mesmo.

– Vamos pedir pizza? - Sugeriu Arthur, cheio de entusiasmo.

– Quem vai pagar? - Perguntei eu, ironicamente.

– Você! - Disse Bianca com um sorriso.

– Tá bom né. - Rolei os olhos.

– Quem vai ligar? - perguntou Arthur querendo se livrar dessa.

– Eu já vou pagar.

– A Manuela - Afirmou a Bianca. Pude perceber pela expressão dela que ela não queria fazer isso. Depois de muito insistirem, ela pegou o endereço e o folheto da pizzaria e se dirigiu ao telefone. Enquanto ela discava, eu a observava atentamente. Talvez até com um semi-sorriso nos lábios. Ela estava toda atrapalhada.

– Qual é o telefone daqui? - Perguntou ela em voz baixa. Eu a informei. A moça pediu de novo e ela não sabia, então eu repeti novamente. Eu me divertia com a expressão tímida dela. Após umas repetições, ela finalmente desligou o telefone. E eu tenho quase certeza de que eu sorria feito um idiota.

Enquanto esperávamos a pizza, conversamos entre nós e sem percebermos o tempo, a pizza tinha chego. Fomos todos para a mesa e eu fui o primeiro a pegar. Quando estava cortando meu pedaço, ouvi alguém falar comigo.

– Matheus, corta pra mim por favor? - Era ela. A olhei. Não consigo dizer como estava meu rosto. E nem como eu estava por dentro. Cortei um pedaço para ela.

Após comermos a pizza, ela ia para casa. Minha mãe mandou eu e o Arthur a levarmos até em casa e assim o fizemos. Chegando lá, ela me agradeceu de uma forma tão... não sei. Eu simplesmente olhei para baixo e coloquei as mãos no bolso. Não sabia o que fazer. Arthur só observava. Ela entrou e fomos embora.

~ ~♥ ~ ~

Chegou o sábado. Dia de irmos para igreja. Todo mundo leva um século para se arrumar. Eu estava pronto e não tinha o que fazer. Estava vendo vídeos de partes de um filme que foram cortadas. A campainha tocou. Deveria ser Alice e Lucas. Lucas era o namorado de Bianca. Fui abrir a porta e tive uma surpresa. Realmente eram os dois, porém, trouxerem alguém junto. Manuela.

– Oi! - Alice.

– Oi. - Disse Lucas.

– Oi. - Eu respondi para os dois sem levantar os olhos do computador.

– Oi. - Manuela. Ela me olhava timidamente.

– Oi! - Retribui o olhar, talvez tenha sido um olhar longo até demais.

Voltei a ver os vídeos e os três ficaram atrás de mim, vendo também. Pouco tempo depois estávamos á caminho da igreja. Eu não queria ficar por perto deles e fui na frente, chegando primeiro. Juntei-me com uma amiga minha e fomos trocar de roupa, pois faríamos leitura. Quando eu estava lá na frente, pude percebe-lá em um canto, não muito longe. Ela me observava e quando desviava o olhar eu a olhava rapidamente. Acho que ela não percebeu.

Depois da leitura, eu fui para fora da igreja. Eu, Arthur e Lucas estávamos em uma sacada junto com algumas pessoas. Ela, Alice e Bianca, estavam em outra, na mesma lateral que a nossa. Toda hora nossos olhares se encontravam enquanto olhávamos um para o outro. Ambos desviávamos, como se ninguém houvesse percebido. Não éramos os únicos. Arthur e Alice também faziam isso o tempo todo!

A missa acabou duas horas depois, hora de ir para casa. Voltei para a casa apressadamente, sem vê-la novamente.

Não pense que a ignoro, ou nada do tipo. Eu só tenho medo. Não sei do que, mas tenho. E a cada vez que fico junto á ela, esse medo só aumenta. Não dá para explicar!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Surpreendentemente, é amor!" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.