Depois de tanto assistir, finalmente me decido e vou para a cidade. Praticamente todos os nightmare daquele lugar já haviam sido derrotados, mas mesmo assim Jin continuava nervoso e incontrolável.

– Jin! Já chega. Nós vencemos. Não precisa mais lutar – Digo enquanto ia aproximando minha mão de seu ombro.

Antes que eu conseguisse toca-lo, o garoto se vira e me empurra. Ainda descontrolado, ele usa um de seus ataques, “Ars Arcanum“ para ser preciso e é ai que ele comete seu erro fatal. Agora entendo o significado de “própria maldição”, mesmo assim acho que não posso culpa-lo. Eu tenho certeza que não foi por querer, só que... Quer dizer... Alguns moradores da cidade...

– Não... – Digo enquanto estava caído no chão. – Já chega!

Do nada, Jin para de atacar e larga sua keyblade que quando cai no chão faz o barulho de ossos se quebrando. Ele olha para trás e vê o meu rosto assustado, depois sai correndo da cidade sem nenhuma palavra. Eu não sabia o que fazer e nem como me comportar, apenas continuo parado olhando para algum lugar. Não sei o que esperava talvez um motivo ou talvez...

Enquanto isso os outros moradores que estavam por perto me ajudam a levantar e me agradecem por ter salvado a cidade, mesmo eu não ter feito nada relevante. Achei engraçado o fato de nenhum deles ter a forma humana e sim a de animais e também estranho por não me expulsarem depois de ter visto um da minha “Espécie” como dizer... Apagar alguns deles. Depois de me levantar, tento ir atrás de Jin, mas um dos moradores me segura e me puxa para outro lugar, então paro de reagir. Quanto mais longe íamos seguindo pelo caminho, mais familiar aquele lugar parecia ser. Depois de caminhar um bocado encontramos um castelo de sou recebido muito bem e apresentado ao rei.

– Viajante humano das terras distantes, venha ao meu encontro. Quero observar melhor o rosto de nosso herói. – Diz o Rei desse mundo me observando enquanto me aproximava.

Chego mais perto do altar do rei e ele me pede para ajoelhar. Depois ele chama alguns de seus súditos que chegam trazendo alguns baús cheios de coisas brilhantes algo dourado que parecia ser valioso, mas não era ouro.

– Por favor, aceite esses tesouros em forma de nossa gratidão! – Diz o rei se abaixando em forma de respeito.

– Muito obrigado, mas não posso aceitar isso. Eu não tenho interesses nos seus tesouros e sim em ajudar meu amigo! – Digo enquanto ia me limpando e levantando.

– Tu tens um nobre coração, jovem guerreiro. Agora mesmo que não aceite nossos tesouros, eu preciso lhe agradecer em nome de todo meu reino!

– Por favor, não me agradeçam! Eu praticamente não fiz nada e no final das contas nem consegui ajudar alguém que realmente precisava de mim.

– Por que vós dizeis tal coisa? – Diz o rei assustado.

– Por que... – Começo a dizer, mas as palavras não saem da minha boca.

– O que foi? – Diz o rei bem curioso assim como todo o reino.

– Nada demais... Agora tenho que ir. Muito obrigado pela hospitalidade! – Digo

Saio correndo da sala do rei e vou para o saguão do castelo. Ele me parecia familiar de alguma forma, mas não dou tanta importância para isso no momento. Assim que chego até a porta do castelo alguém que eu realmente não queria ver estava a minha espera.

– O que achou da atitude de seu amigo Rick? Bem típica não concorda? – Pergunta Zero em tom de sarcasmo.

– Eu sabia que você tinha alguma ligação com aquilo! O que fez com ele? – Digo furioso enquanto apertava as mãos.

– Está errado de novo! O que você acaba de presenciar é o despertar de seu amigo. E não se faça de bobo. Nós dois sabemos muito bem que você já presenciou aquele poder.

– Como poderia esquecer, foi quando você nós fez lutar! – Digo nervoso.

– Eu não os forcei a nada. Vocês lutaram por vontade própria! Pergunte-o se quiser. – Diz Zero

– Eu não acredito no que você diz. – Digo.

– Não preciso que você acredite. Agora chega de conversa não quero discutir com alguém como você, que nem segue os próprios princípios. – Diz Zero virando o rosto.

– O que quer dizer com isso? – Pergunto ainda nervoso.

– Você sabe. Alguém que se diz amigo do outro a ponto de nunca deixarem de se ajudar, mas na realidade, quando ele mais precisa finge que não existe e nem vai a sua procura. Esse tipo de pessoa que você é!

– Isso não é verdade! Eu nunca faria isso. Eu nem me lembro de algo do tipo acontecer!

– Você é muito lento mesmo! Isso está acontecendo na sua frente, nesse instante e mesmo assim, parece que você não percebe. – Diz Zero rindo da situação.

– Era isso que você estava planejando! Tentando ganhar tempo, mas agora que eu sei não vai funcionar – Digo.

– Rick eu vou te falar uma coisa. Nesse mundo, alguns fatos são destinados a acontecer, não importa o que você tente fazer para muda-los! Se você quer uma prova? Olhe para a entrada da cidade!

– O que... – Digo enquanto olhava mais uns três nightmare se aproximando – Você fez isso!

–Quem sabe?!– Diz rindo enquanto desaparecia.

– Que droga! Por culpa desse cara não vou poder ir atrás do Jin e ainda nem tenho forças para proteger essa cidade. Parece que é o fim! – Pensei enquanto fechava os olhos e abaixava a cabeça.

Escuto um grande impacto e rapidamente abro meus olhos, então do nada os três monstros haviam desaparecido. O barulho se igualava ao de uma keyblade! A principio imagino que seja o Jin, mas era uma pessoa totalmente diferente segurando uma keyblade bem familiar. Não sei se era a distancia ou alguma coisa do tipo, mas aquela keyblade me lembrava a minha, a primeira que eu tive.

– Essa keyblade...

– Ei, Você está bem? – Pergunta o garoto

O garoto se aproxima e começa a me encarar. Ele tinha o cabelo loiro e um pouco espetado, Estava vestindo uma camisa verde com algumas coisas escritas em branco na frente e um short azul claro.

– O que foi? – Perguntei enquanto ele não parava de me encarar.

– Não é nada! É que essa é a primeira vez que eu te vejo. – Diz o garoto um pouco assustado e ao mesmo tempo aliviado.

– Eu não sou tão estranho assim, mas espera ai isso na sua mão... É uma keyblade? – Pergunto.

– É sim, mas como você conhece. Por acaso tem uma? – Pergunta o garoto enquanto olhava a própria keyblade.

– Não... Não. Ela só me parece familiar, quero dizer, muito familiar. – Digo.

– Estranho, dizem que cada um tem a sua própria keyblade e que ela é definida de acordo com sua personalidade então seria impossível alguém ter uma keyblade igual. – Diz o garoto.

– É verdade. Foi só uma ideia idiota mesmo! – Digo.

– Você veio sozinho ou você também se perdeu dos seus amigos? É mesmo, para onde foram os meus modos, eu ainda não me apresentei. Me chamo Eron! E você como se chama? – Pergunta o garoto.

– Eu sou Rick! E... – Começo a dizer antes de algo me incomodar

Rapidamente sinto a presença de alguém. Quando olho para o portão da cidade, Jin estava olhando escondido com o olhar entristecido. Depois que ele percebe que eu estava o olhando, Jin sai correndo para a parte mais densa da floresta.

– O que foi? Viu um fantasma? Você está meio pálido.

– Espera! Jin. – Digo enquanto saia correndo em direção a onde eu tinha o visto.

– Jin! Quem é Jin? – Se pergunta o garoto.

– Foi mal, tenho que ir! – Digo

– Espera Rick, essa parte da floresta é perigosa! – Diz Eron.

– Eu sei me cuidar! – Digo enquanto ia correndo.

– Mesmo assim eu vou com você. Talvez encontre meus amigos no meio do caminho! – Diz Eron.

Vou correndo ate chegar à ponta da colina, mas mesmo assim, não vejo Jin em lugar algum.

– O que aconteceu com seu amigo? – Pergunta Eron.

– Ele meio que... – Tento continuar, mas não sabia como fazer.

– Já entendi. Não precisa contar! – Diz o garoto.

– E você. Como veio parar aqui? – Pergunto.

– Bom, eu e meus amigos estamos em uma jornada para libertar esses mundos de monstros chamados Nightmare para que eles não consigam transformar todo esse lugar em escuridão. Para isso usamos essas keyblade para trancar os Keyhole. Assim a entrada dos nightmare naquele lugar é proibida e todos os nightmare que estava lá dentro são expulsos.

– Mas todos os seus amigos tem uma keyblade? – Pergunto.

– Não! Tem uma que ainda não tem a sua, mas ela nós ajuda muito com sua habilidade especial.

– E que tipo de habilidade é essa? – Pergunto.

– Ela meio que prevê o futuro!

– Que legal! Eu queria ter esse poder.

– Não é?! É a coisa mais legal do mundo! Nós nos divertimos muito nesse lugar. – Diz o garoto com um grande sorriso no rosto.

– Nossa, tem tanto tempo que eu não escuto essa palavra! – Digo.

– Serio?! Faz quanto tempo você está aqui?

– Nem sei!

– Eu tenho uma ideia? A gente pode procurar nossos amigos juntos, o que você acha?

– É bem melhor do que procurar sozinho. Pode ser então! – Digo.

– Combinado então! – Diz o garoto.

Nós dois apertamos as mãos e começamos a rir juntos, mas logo depois do outro lado da floresta, escutamos um grito.

– O que foi isso? – Pergunta Eron.

– Jin... – Digo saindo correndo na frente.

CONTINUA