Coroada - A Seleção Interativa escrita por Lady Twice


Capítulo 60
Trouble


Notas iniciais do capítulo

Bom, algumas verdades sobre esse capítulo:
01. Eu acabei de escrever ele às três da manhã e agendei a postagem para meio-dia, pra que vocês não achem que estou sendo tão rápida assim;
02. No planejamento, ele era do Archie sobre sua doença. Mas eu comecei a falar da guerra e aí já viram, né? Also, pensei nesse plot super massa pro conflito e tenham certeza que 'cês vão ver isso repercutir em TCOW;
03. Foi passar o dia inteiro no tumblr de TCOW que me inspirou a escrevê-lo;
04. A música na verdade não tem nada a ver com o cap, mas é Trouble, do Imagine Dragons;
05. Só. Boa leitura, queridas!



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“Você vai se atrasar de novo.”

Arthur virou-se ao ouvir a voz, achando Marcus Leger em pé na porta. Seu amigo estava em suas roupas normais, sem farda ou quepe, o que levou o príncipe a concluir que ele estava de folga, portanto a Capitã da Guarda compareceria ela mesma à reunião.

A reunião. O Palácio havia sido revirado no dia anterior, o que certamente incluía a sala do Conselho, então eles adiaram a reunião para o dia seguinte, somente horas algumas horas anteriores ao Jornal Oficial daquela sexta. Arthur xingava internamente os malditos baderneiros, afinal, ele tinha planos que envolviam relaxar e conversar com o Doutor Ashlar naquela tarde. Mas não. É claro que a reunião era mais importante.

“Não, não vou”, ele devolveu, ajeitando a gravata do terno que usava. Olhou para seu relógio de pulso, então. “Ah, cara, eu vou me atrasar.”

Marcus levantou as sobrancelhas, ainda encostado no batente. “Não me diga, gênio.”

“Veio aqui só encher o saco?”, o ruivo devolveu, meio ríspido, enquanto saía do cômodo a passos rápidos. Ele já havia faltado à última reunião, não podia se atrasar para esta.

“Na verdade, não, estressado”, Marcus o seguiu. “Me mandaram te lembrar que, na última reunião foi decidido que-“

“Faremos um convite aos italianos para passar duas semanas aqui, tanto para contemplar a Seleção quanto para conversar sobre a Guerra”, Arthur o cortou. “Também que o Reino Unido será contatado mesmo que nossas notícias são de que eles estejam presos do outro lado da ilha, e que meu pai irá à Rússia daqui a um tempo, ver se consegue convencer o Tsarevich a entrar nisso de vez. Para além disso, a Embaixadora Whisks voltou da Nova Ásia essa semana e disse que eles concordaram em ajudar, desde que ganhem algo em retorno.”

“Oportunistas”, ele comentou, num tom mais baixo, e depois voltou ao tom normal. “Parece que alguém fez o dever de casa.”

“Eu sempre faço o dever de casa”, Arthur sorriu. “Mas, me diz, se você está aqui-“

“Sim, a Capitã Grego vai participar da reunião.”

“Aquela mulher me dá arrepios.”

“Te garanto que todo recruta já teve pesadelos com ela”, o moreno se arrepiou ao lembrar de seus anos de treinamento. Julie Grego assustava até os soldados de mais alta patente, mas ninguém poderia dizer que a primeira mulher no Exército de Illéa não era eficiente em seu trabalho. General Aspen ele mesmo costumava dizer que aquela guerra estaria perdida sem ela.

“Ah, não são só os recrutas”, Arthur garantiu, se lembrando da vez em que sonhara coma Capitã invadindo o Conselho e o bombardeando por ser um incompetente. Em sua legítima defesa, havia sido uma semana meio pesada. Ele parou e mirou Marcus quando chegou à porta do Conselho. “Me deseje sorte, Leger.”

“Você não precisa”, Marcus sorriu e disse, antes de virar-se em seus calcanhares e deixar seu amigo só no corredor. Arthur suspirou, e abriu então a porta.

A maior parte dos Conselheiros já estava lá, incluindo seu pai, na cabeceira elevada da mesa, com o Conselheiro-Chefe Yoren ao seu lado; Austin, que havia se sentado na segunda cadeira à direita do Rei; e a Capitã Grego de pé à esquerda. Seu primo o mirou quando reparou que havia chegado, mas não sorriu. Aparentemente, as coisas estavam sérias a ponto de tirar a inabalável tranqüilidade de Orders, o que era outra maneira de dizer que a vaca foi pro brejo. O loiro mexia em alguns papéis quando Arthur se acomodou ao seu lado.

“Graças à Deus você chegou, achei que fosse se atrasar”, Austin deixou escapar no momento em que o ruivo se sentou. Imediatamente lhe estendeu uma pasta azul, com seu nome gravado em dourado, e alguns papéis avulsos. “Espero que você tenha estudado os documentos que te mandei, Arthur. A coisa ‘tá bem punk por aqui.”

“Sim, eu estudei o documento. Qual é a grande coisa sobre duvidar da minha responsabilidade? Pelo amor de Deus, eu e Anthony somos sim pessoas diferentes!”, Arthur devolveu, falando tão rápido quanto Austin. “Quão punks?”

“Cara. Julie Grego está de pé na tua frente. Acha o quê, que o Marcus foi dispensado por acaso?”

“Tinha esperança que sim”, o príncipe admitiu, passando o olho rapidamente pelas estatísticas dentro da pasta. Ele conseguiu constatar que severas baixas haviam sido sofridas por inanição, mas a maior parte do exército ainda estava suficientemente nutrida. Os neozelandeses, aparentemente, haviam sofrido mais perdas até o momento. “Austin, me diz uma coisa. Qual foi a porcentagem de chance de vencermos essa guerra calculada pelo Conselho na reunião em que faltei?”

“Não estava nos dados da pasta?”, o marquês perguntou, sem tirar os olhos de sua papelada, e pôde ver seu primo balançando a cabeça pelo canto do olho. Pensou um pouco antes de realmente conseguir se lembrar do número. “Se não me engano, está por volta de quarenta e seis por cento. As chances de derrota estão em trinta e quatro, o que é bom.”

“E os outro vinte?”

“Esses são os preocupantes vinte que dizem que essa guerra ainda vai perpetuar por algum tempo antes de acabar.”

Arthur suspirou, se deixando relaxar na cadeira por dez segundos. A guerra contra a Nova Zelândia havia começado cinco anos atrás, quando ele ainda era só um menino que não precisava participar de reuniões, depois de um ataque feito pelos estrangeiros à Embaixada Illeana local, sob a justificativa que o governo havia recebido uma carta do Rei alertando-o sobre um ataque iminente. Depois de algum tempo, foi descoberto que a carta havia sido forjada por uma facção neozelandesa que queria o fim da aliança entre os dois países, mas, até aí, vários outros motivos já haviam surgido por toda parte, tendo o pequeno país conseguido apoio de alguns países no sul da Ásia e, desta forma, se tornado uma ameaça iminente. Foi formada, então, a Nova Aliança Ocidental, composta pelas principais potências do Ocidente. Illéa, por ter começado tudo, era a líder da Aliança, militarmente apoiada pela França, Itália e Reino Unido. Além disso, países menores em poderio militar, como Bianico ou Portugal, ofereciam apoio médico e suplementar às tropas. A guerra acontecia em território neozelandês somente, de forma que países como a Alemanha, a Rússia e a Dinamarca preferiram não tomar partido.

Arthur parou de pensar nas causas do conflito quando uma mulher entrou na sala. Uma senhora, mais ou menos da idade de sua mãe, alta e elegante, com respeitáveis traços asiáticos. Assim como a Capitã, Elise Whisks era membro honorária do Conselho, principalmente pois suas visitas à Illéa eram limitadas. Arthur sabia que ela era dali mesmo, de Angeles, e que havia chegado à Elite d’A Seleção de seu pai. A diplomata sorriu para o Rei, que lhe devolveu o sorriso, quando chegou perto da cabeceira, tomando a cadeira à esquerda do soberano, que havia sido reservada para ela. Assim que ela pôde se acomodar, a reunião foi iniciada.

“Então, senhora Whisks”, o Rei se virou para ela, depois que a pauta foi anunciada e as informações atualizadas. “Ouvi dizer que a senhora traz novas da Nova Ásia. Vai nos dizer coisas boas ou ruins?”

“Isto é uma questão de ponto de vista, Majestade”, Elise respondeu, a voz alta e clara. “O governo neo-asiático diz que está disposto a ajudar Illéa e a Nova Aliança a ganhar esta infindável guerra nas ilhas da Oceania. Eles se dispõe a prover suprimentos, embora em quantia limitada, visto que o inverno tem danificado inúmeras plantações, e soldados, já que seu exército é grande por causa da hiper-população no país.”

“E o que eles querem em troca?”, Julie Grego perguntou, direta, e Elise baixou os olhos para o tablet que tinha em mãos.

“Esta é uma questão delicada, vejam bem”, a Embaixadora falou, um tom cauteloso, e Arthur pôde ver que, no final das contas, aquelas seriam más notícias. “Primeiramente, o governo exige uma cadeira na Nova Aliança Ocidental, já que vê o bloco como algo forte e consolidado, e o que menos quer é que ele se torne uma ameaça.”

“Acho que todos sabemos bem que Illéa sozinha não pode conceder isto”, Austin colocou, na pausa que ela fez. “Deve ser colocado em discussão e votação em uma sessão da Aliança.”

“Muito bem pontuado, senhor Orders”, Yoren pontuou, sorrindo para o aprendiz, e tomou nota daquilo. Então, voltou a olhar para a asiática. “Quais são as outras exigências, Embaixadora?”

“Estas são um pouco mais complicadas”, Elise expôs. “Em segundo, o governo neo-asiático quer a garantia de Illéa que terão o apoio militar e moral de nosso país em quaisquer conflitos internacionais nos quais eles possam se envolver nos próximos dez anos.”

“Capitã Grego?”, o Rei chamou.

“Dez anos é muito”, a mulher de cabelos escuros e curtos replicou, direta. “Eu diria que, embora seja extremamente suspeito a Nova Ásia querer tal garantia, não há problema em fazê-la desde que de fato obtenhamos seu apoio militar nessa guerra. Mas dez anos ainda é muito tempo.”

“Em dez anos, Arthur será Rei”, o Rei Maxon concordou, e virou os olhos para o filho à sua direita. “O quê nos diz, Arthur?”

Arthur suspirou, considerando novamente tudo o que havia sido dito. “Creio que o ideal é oferecer a garantia durante o reinado de meu pai, se o senhor concordar, além de uma reunião após eu assumir o trono. Desta forma eles têm sua garantia durante a era que estamos vivendo, e a possibilidade de prolongá-la para a próxima.”

O Rei sorriu enquanto um burburinho preencheu a sala. Ele mesmo não teria dito melhor.

“Sábias palavras, Alteza”, Elise concordou, retomando a palavra. “A terceira e última exigência é um ponto a se considerar, Majestade, e é o porquê do prazo de duas semanas. O governo neo-asiático exige um protegido, uma criança entre dez e cinco anos, para ser criada no país até a maioridade, ou um jovem adulto, na faixa dos vinte anos, para passar dez anos com a coorte deles.”

Silêncio se espalhou pela sala, rostos surpresos em todos os lugares. Claro que os Conselheiros conheciam bem a condição de protegido, mas, Deus! Era algo tão antiquado! A última pessoa a manter um protegido, no mundo inteiro, havia morrido fazia anos, juntamente ao primeiro governante de Illéa, o infame Gregory.

O Rei se recompôs, assumindo sua postura natural de líder. “Bom, Embaixadora, informe ao governo neo-asiático que, no momento, sua proposta está sendo considerada. Haverá uma reunião da Nova Aliança na segunda, e estou confiante de que conseguiremos uma resposta positiva para a primeira exigência lá”, Maxon falou, enquanto Elise anotava absolutamente tudo em seu tablet. “Quanto à segunda exigência, a resposta é a dada pelo meu filho. Não quero comprometer seu reinado com coisas que acontecerão no meu, portanto, eles têm a garantia de tal apoio até que eu abdique do trono, e uma reunião especial para o assunto após Arthur assumir.”

“E a terceira exigência, Vossa Majestade?”, Elise indagou, descansando os polegares enquanto o Rei não falava nada. Um silêncio desceu na sala enquanto o Rei ponderava mais um pouco aquele absurdo e antiquado pedido.

“A terceira exigência, no momento, não encontra candidatos elegíveis na coorte de Illéa”, foi Arthur a responder, fazendo com que as cabeças se virassem para ele. “Eu mesmo iria, se fosse o caso, mas já sou maior de idade e estou passando por um processo que exige minha presença aqui. Minha irmã, a Princesa Louise, está noiva de um Duque do estrangeiro, um francês, e tenho certeza que a França objetaria em aceitar os neo-asiáticos na Aliança se Louise fosse levada; enquanto o Príncipe Anthony está passando pelo treinamento indispensável de Primeiro-Secretário no momento, o que também o ata ao Palácio. O Príncipe Phillip é novo demais, assim como Karen e Kaden, que mal tem um mês. Por fim, a Princesa Hannie não é nova o suficiente ou velha o bastante, com seus doze anos. Não há maneira dessa exigência ser cumprida, Embaixadora Whisks.”

Maxon levantou uma sobrancelha enquanto Elise e vários outros na sala loucamente digitavam e escreviam. Nem mesmo ele teria conseguido pensar em tudo aquilo. Sorriu para a mulher. “Inclua que lamentamos muito, Elise, pois seria um prazer ter um de os criado por pessoas refinadas como os neo-asiáticos.”

Elise sorriu com cumplicidade e diversão ao ouvir as falsas condolências do Rei. “Pode ter certeza que incluirei, Majestade.”

“Então, cavalheiros, eu creio que chegamos ao fim da pauta de hoje”, Yoren anunciou. “Foi decidido que as exigências neo-asiáticas serão negociadas, e a Embaixadora Whisks nos dará retorno na reunião da próxima quinta, além do que a Nova Aliança Ocidental será abordada na segunda sobre a admissão de um novo membro e o Reino Unido sobre sua real condição no campo. A Família Real Italiana em breve nos fará uma visita também, no intento de discutirmos a entrada deles na guerra, e creio que Vossa Majestade, o Rei Maxon, e Vossa Alteza, o Príncipe Arthur, farão uma visita à coorte russa para congratular o Tsarevich Alexander e insistir no apoio deles em breve?”

Arthur olhou para o pai, surpreso. Como assim, ele faria uma viagem à Rússia e absolutamente ninguém lhe avisara?

“De fato, Conselheiro Yoren. Eu e meu filho iremos tomar maiores decisões sobre esta viagem em breve”, Maxon disse, porém, após mandar com os olhos a mensagem que eles conversariam depois.

“Certo. Temos, então, a devida pauta para o Jornal, além da entrevista com a Família Francesa, é claro. Todos sabem o que dizer?”, ele perguntou, e um burburinho de confirmação fez o Conselheiro-chefe sorrir.

“Perfeito. Declaro, então, esta sessão encerrada”, o Rei sorriu, e se pôs de pé, fazendo com que várias outras carreiras se arrastassem também. “Arthur, poderia me acompanhar?”

Arthur mirou o pai, que estava já ao lado de Elise Whisks, e sorriu. Sua cabeça latejava um pouco,e ele tinha quase certeza que podia ouvir Vênus falando que ele não tinha jeito. Parecia que aquela consulta com o doutor Ashlar teria de ficar para depois do Jantar, após o Jornal, afinal.


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Notas finais do capítulo

Hey, tenho aqui mais páginas livres de spoiler no tumblr! Chequem lá:
01. http://tcowfanfic.tumblr.com/tagged/ahren-selected
02. http://tcowfanfic.tumblr.com/tagged/eadlyn-selected
03. http://tcowfanfic.tumblr.com/characters (nessa página tomem o cuidado de não clicar nem no link royals nem em QUALQUER UM da família real illeana, ok?)
Mais uma vez, não entrem na dash ou na page da família illeana por motivos de spoiler, ok? Vejo vocês nos comments, gurls, e please respondam ao desafio do último cap!