Coroada - A Seleção Interativa escrita por Lady Twice


Capítulo 54
Eyes Wide Open


Notas iniciais do capítulo

Nada demais a dizer, além de:
1. Não se acostumem com a velocidade. Só aconteceu porque minha co-autora de AEA tá na Eslovênia e a de TH desapareceu e não me responde;
2. Eu tô meio decepcionada. Eu sei que esses dias andam difíceis pra todos, porém vocês pedem pra eu postar rápido e aí só duas pessoas comentam. Sei que é difícil pra todo mundo e que isso parece meio egoísta, mas eu realmente precisava desabafar.
3. Eu voltei com os gifs e imagens linkadas. Viva@
4. A música é Eyes Wide Open, da Sabrina Carpenter. Enjoy!



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Aurora sentia falta dos franceses mais do que era saudável admitir. Por mais que ela tivesse se acostumado ao inglês illeano e o entendesse e falasse perfeitamente- assim como o francês, o italiano, o português e o latim -, a língua anglo-saxã sempre soaria meio estranha aos seus ouvidos. Os franceses, no entanto, falavam um idioma extremamente similar ao seu. Ela tivera que sair correndo de detrás das portas por várias vezes para não ser pega ouvindo as conversas entre os estrangeiros, e, agora que eles estavam voltando à sua terra natal, ela não podia evitar a pontada de tristeza.

Então, para passar o tempo, ela estava jogando cartas com Alasca. Mais uma vez, a ruiva estava ganhando.

Era um dia quente em Angeles, que lhe lembrava bastante do calor da Sicília, lugar onde ela passou três férias com a mãe e os irmãos mais velhos. Ela sentia falta daquilo. Da mãe, da Itália. Até mesmo dos irmãos que estavam apenas à alguns quilômetros de distância dela ela sentia falta, droga. Sua mente estava longe, quase na Itália, quando sua amiga a chamou.

“Aurora? É a sua vez”, a ruiva dizia, e a italiana balançou a cabeça. “Aurora? Você está ao menos me escutando?”

“E-eu estou”, devolveu, atrapalhada. “Me desculpa, Ally.”

“Você fez de novo”, Alasca disse simplesmente, embaralhando as cartas. “Dizem que alguns hábitos são difíceis de se largar, Aurie, mas você supera tudo.”

“Desculpa, Ally, foi sem querer. Eu já falei”, Aurora repousou as cartas sobre a mesa e esfregou suas têmporas.

“Ah, está bem. Quero dizer, você só me deixou falando sozinha pela centésima vez desde que os franceses foram embora e, mesmo depois de me garantir que era a última vez, fez várias outras”, a ruiva chispou, como se fosse algo banal. “Acho que vou chamar a Swan para jogar comigo.”

“Tá. No dia em que eu me casar com Charlotte Brocherè”, a morena ironizou, esperando uma risada da amiga, mas ela manteve sua carranca. “O que aconteceu pra motivar todo esse mal-humor, criatura de Deus?”

Alasca a fuzilou, e Aurora quase quis retirar suas palavras. Mas, num segundo pensamento, só quase. Ela era Aurora, afinal, e Aurora Bocchi nunca retiraria suas palavras.

“Não estou de mau humor”, Alasca atirou rapidamente, e aquilo foi o bastante para Aurora entender que Alasca estava com a pá virada.

“Certo”, ela se pôs de pé então, e arrumou sua saia. “Acho que vou dar uma volta nos jardins.”

Alasca fez um barulhinho de indignação. “Bom, certamente. Você com certeza vai achar ele entre as árvores.”

Por um segundo, Aurora temeu que Alasca tivesse descoberto sobre Anthony e ela. Então analisou melhor a frase da amiga, sentindo a amargura que ela concentrava nas palavras, e concluiu que ela não poderia ser Anthony. É claro que não, Aurora., ela se xingou mentalmente. É Arthur. Ela o ama e você sabe disso. Todos sabem, porque Alasca não é uma covarde que esconde tudo o que sente de tudo e de todos, e..., parou a si mesma, reparando o que pensava, e finalmente saiu pela porta.

O dia podia estar difícil para Alasca, mas ela certamente não era a única.

–x-x-x-

Calliope começava a sentir mais e mais que, sempre que as pessoas precisavam de conselhos, elas vinham à ela. Ela nunca soube dizer o exato porquê, mas ela tinha de reconhecer que realmente estava acontecendo. Todas as suas amigas na Itália e as meninas com quem dançara ballet. Depois veio Delancy, e, agora o próprio príncipe herdeiro buscava sua ajuda. Então, apesar da surpresa inicial, ela não ficou assustada ao ver que era Arthur que batia em sua porta às seis da tarde.

“Ei”, ele disse, vendo que as criadas não estavam lá. “Quer dar uma volta?”

Ela calçou os sapatos ao descer da cama, sorrindo para o ruivo. “Claro. Sobre o quê quer conversar?”

Ele fez uma cara divertida enquanto os dois andavam lado a lado no corredor. “Como sabe que eu quero conversar?”

Ela deu de ombros de leve, ajeitando a luva. “Pessoas têm essa tendência esquisita a me procurar quando querem conversar.”

“Bom, deve haver um motivo”, o príncipe comentou, observando que, mesmo no calor de início de outono de Angeles, a garota insistia em usar suas luvas de renda.

“De fato, deve. Qual é, porém, não cabe a mim dizer”, replicou ela, calculando suas palavras.

Touché. Ponto para você”, Arthur admitiu.

“Você ainda não respondeu minha pergunta”, ela insistiu. “E, bem, eu tenho mais uma.”

“Se a segunda for para onde vamos, é uma surpresa. Pedras, céu e sol”, ele adivinhou, sorrindo largamente. “A primeira pergunta permanece a mesma?”

“Com certeza. Sobre o que quer falar?”

Ele nunca havia visto Calliope tão insistente, mas acabou cedendo. “É A Elite. Está me deixando louco.”

“Bom, é pra estar. Conte-me, o que é que há?”

“Eu sinto falta do barulho”, Arthur admitiu. “Eu sempre sabia quando estava atrasado para o café porque ouvia os saltos clicando. Isso pra não falar nas noites de jornal, que vocês não paravam de falar nem por um segundo. E agora, bem, eu me sinto vazio.”

“É normal”, Calliope disse, após ponderar um pouco. “Todos nós sentimos que um pedaço de nós está faltando. Ninguém estava preparado para perder todas elas.”

Arthur suspirou, vendo que Calliope estava certa. “Mas há mais”, ele continuou, suspirando profundamente antes de falar. “Eu acho que ando vendo coisas.”

“Alucinando?”, Calliope perguntou, a voz suave, e o príncipe assentiu. “Você devia ir à um médico, Arthur.”

“Esse é o problema. Eu já vou a um médico. Semanalmente”, o príncipe expôs, embora se sentisse envergonhado. “Eu tenho um problema com conter minha raiva, Calliope, e pessoas se machucaram por causa dele. Doutor Ashlar me trata desde então. Se ele descobrir que estou alucinando, eu acho que eles podem querer passar a Coroa à frente.”

“E por qual razão isso seria tão ruim?”

“Não, eu não quis dizer isso. Livrar-me da Coroa seria ótimo. Eu poderia dormir melhor todas as noites”, Arthur explicou. “Mas, bem, Anthony não quer ser rei. Phil também não, ele pretende trabalhar na marinha, e jogar isso tudo nas costas do récem-nascido parece crueldade.”

A garota franziu os lábios. “Entendo.”

Eles andaram em silêncio por alguns minutos, e só então Calliope percebeu que estavam nas muralhas. Quando chegaram ao topo, na parte aberta, os dois tinham uma vista completa da cidade e um ponto de admiração do pôr-do-sol. A cidade e o céu estavam banhadas na cor que anuncia o fim da tarde, um laranja meio oscilante que faz coisas brilharem. Arthur observou Calliope perder o fôlego com a vista.

“E, bom, desistir de isso tudo”, ele gesticulou, englobando a cidade com as mãos, “é algo que somente um louco faria.”

–x-x-x-

Skyler acomodou-se na cama mais uma vez enquanto Alyssa passava a mão por seus cabelos, tirando os nós. As duas haviam desenvolvido uma ligação profunda para pessoas que estavam havia tão pouco tempo juntas, e ela queria aproveitar aquilo enquanto ainda podia-afinal, a qualquer momento uma das duas poderia sair da competição.

“Sabe, Sky”, Alyssa disse, ainda olhando os cachos escuros da amiga. “, se você continuar quieta assim, vou começar a achar que você é capaz de pensar.”

Sky se virou para a ruiva e fez uma risada falsa. “Engraçada.”

“É um dom”, Alyssa brincou, não dando muita importância ao tom da amiga.

Elas passaram algo como um minuto em silêncio, somente olhando uma para a outra, quando Alyssa voltou a falar.

“Sabe, devíamos procurar algo para fazer”, ela disse, se jogando na cama e mexendo numa mecha do próprio cabelo. “Não é possível que esse lugar seja realmente tão monótono. Afinal, pessoas moram aqui.”

“Skyler considerou o que ela dizia, olhando para fora. Devia ser alguma coisa como sete da noite de sabádo, o que fechava várias possibilidades, mas elas ainda conseguiriam se ocupar. Tinham de conseguir, ou todos morreriam de tédio.

“Eu tive uma ideia”, Skyler disse, se colocando de pé num pulo. Alyssa se sentou com o susto, olhando a amiga em ansiedade. “Vem, vamos chamar as meninas.”

“Você realmente quer enfrentar Victoria Young num de seus dias ruins, Skyler?”, Alyssa perguntou, lentamente se pondo de pé. Skyler a ignorou. “Você é uma menina corajosa.”

“Tudo que aquela menina precisa é de uma dose de atenção”, Sky balanceou a cabeça enquanto elas saíam do quarto e batiam na porta de Sofia. A menina saiu rapidamente e, em alguns segundos, todas as meninas da Elite estavam reunidas no Salão das Mulheres.

Alasca batia o pé, impaciente, mais separada das outras seis enquanto esperavam Monday aparecer e resolver seus problemas. “Skyler, você poderia por favor nos dizer o que vamos fazer?”

Skyler sorriu, se virando para todas. “Quando eu ainda morava com meu pai, às vezes minhas amigas iam pra minha casa e nós fazíamos uma sessão de cinema. É o melhor remédio para tédio”, explicou, mas viu as garotas de casta mais baixa franzirem as sobrancelhas. “Aurora, me ajude aqui. Pegamos uma comédia romântica ou uma série sit-com?”

Aurora sorriu, se aproximando da outra morena. Talvez elas pudessem ter alguma diversão ali, afinal.


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