Coroada - A Seleção Interativa escrita por Lady Twice


Capítulo 51
Dollhouse


Notas iniciais do capítulo

OLÁ PESSOAS LINDAS DESSE MUNDO
Agora que eu voltei, podem me matar. Sei que eu meio que mereço, mas tenho uma explicação 100% plausível. Ou quase isso.
Ok, vamos ajustar pra 60%.
First of, bloqueio. Então falta de informações, já que minha mãe ficou com meu caderno de fics. Então escola, que não me deixava respirar de tantos trabalhos. Plus, eu escrevo três fics, projeto duas outras(SIM, não é só a season 2 de Coroada, me matem) e estou em uns bons rps no Polyvore. Então, é. Chill there.
Enfim. O cap também está meio pequeno, mas adianto que a carga sentimental dele é bem pesada. Acho que, no geral, ficou bom.
Enfim. Boa leitura, e até os comments!
(Quase me esqueço: a música é Dollhouse, Mel Martinez)



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Agora que as meninas haviam ido de fato, tudo parecia muito vazio. Vazio até demais, para o gosto de Sofia. Seu corredor havia ficado deserto, e ela simplesmente não conseguia suportar o silêncio. Decidiu, então, ir para o Salão Das Mulheres. Quem sabe a TV tivesse algo que a entretece, ou talvez as revistas.

Viu, ao entrar no amplo lugar, que todas as outras haviam chegado à mesma conclusão. Alyssa e Skyler conversavam em um canto, enquanto tinham as unhas feitas, ao passo que Calliope lia um livro e Delancy olhava os pingos caírem na grande janela. Aurora e Alasca se sentaram em frente à TV e pareciam assistir um novo episódio da série de que tanto falavam, mas não eram só elas. A rainha, as princesas e Celina Blanco(que agora deveria ser algo como um projeto de Lady, vez que Austin era um Lorde) se recolhiam à um canto do Salão e pareciam jogar um jogo de tabuleiro. Daphne e Charlotte Brochère, como de praxe, se recusavam a manter qualquer contato com as illeanas. Haviam arranjado uma mesa para as duas e somente as duas, e agora estavam ambas debruçadas sobre um papel.

Embora várias pessoas estivessem lá dentro, Sofia sentia um vazio enorme. Sem as outras, parecia que vários fantasmas rodeavam o lugar. Ela conseguia ouvir a risada alta de Sarah e ver Vênus dançando por aí, assim como ouvia Piper e Beatrice discutindo ao som de acalentamentos de Amberly. Via Helena sentada, desenhando, e via Anna Elizabeth lendo algo. Via todas as meninas, todas as que já haviam ido, em pé pelo Salão, em suas atividades rotineiras.

Rotineiras. Elas haviam passado dois meses ali, só. E já era rotina ouvir os gritos de umas e as risadas de outra. Rotina. Só se fosse uma rotina temporária. Existiria algum tipo de rotina temporária? Um estilo de vida que você adota por um tempo indefinido, grande o bastante para virar rotina, mas ainda finito? Sofia não sabia dizer. Sofia, arrancada de sua temporária rotina cheia de garotas, não sabia o que fazer.

Perdida, teve a ideia de escrever para Bianca. Ela deveria sentir sua falta. Não deveria? Sofia também já não sabia dizer.

Arranjou papel e lápis, e se sentou à mesa.

"Querida Bianca,

como sinto sua falta! Penso em você todos os dias, irmãzinha, e desejo que esteja comigo todas as noites. Sinto falta de nossa vidinha no caixote.

Nossa vida mudou tanto desde lá, Bia. É só olhar para nós: eu no Palácio, vivendo como um bibelô, e você num internato, aprendendo coisas fora de órbita e se vestindo como gente rica.

Mas, devo dizer, ser um bibelô está sendo melhor do que ser uma menina de verdade. Descobri que bibelôs não passam fome ou frio, que bibelôs têm as camas mais confortáveis e quase nada a temer. É uma pena que tão poucas pessoas possam viver como bibelôs. Se todos pudessem, Illéa seria uma pátria maravilhosa.

Descobri ontem que menos pessoas ainda podem viver como bibelôs. Ontem, éramos vinte vivendo como bibelôs por um tempo, e hoje somos só sete. Sete e vários fantasmas. Fantasmas que dançam, que cantam e que riem. E que falam. E como falam.

Hoje, somos sete bibelôs. Somos Sofia, a menina das ruas; Aurora, a italiana extrovertida; Delancy, a triste e quebradiça bibelô; Alasca, a bibelô viva e irritadiça; Calliope, a fina e enluvada; Alyssa, a nervosa e falante; e Skyler, a doce e perfeita bibelô. Sete bibelôs, meros porcelanatos, seis dos quais vão voltar a ser meninas reais muito em breve. Sete bibelôs que já fizeram dessa vida temporária rotina.

E para que viver a vida de bibelô? Não que eu esteja reclamando, mas é muito luxo, muita pompa, muito tudo, pela mão de um príncipe. A mão de uma pessoa solitária, um círculo de ferro na cabeça, algum dinheiro para a família. Depois de tudo o que vivi aqui, nem tenho mais tanta certeza que quero essa vida. Illéa é um ninho de gatos, e seu governantes não escapam. Se eu ao menos pudesse sair daqui, Bia, e te levar comigo. E levar todos com quem me importo comigo.

Eu me lembro de quando éramos 35 bibelôs. Você virava uma esquina e trombava com alguma garota, e sempre havia alguém para lhe entreter. Os dias de tédio eram inexistentes, e eu quase não tinha tempo para lhe escrever. Lembra-se? Eu mandava mais pu menos uma carta a cada quatro semanas. Agora, eu lhe garanto: vou escrever todas as semanas. Afinal, tempo é o que não me falta.

De qualquer forma, acho que essa carta está ficando muito longa; não é verdade? Eu deveria ir logo, Delancy está parecendo mais triste do que o usual e nem mesmo Calliope consegue consolá-la. Sabia que bibelôs também precisam de amor e carinho, Bia? Que bibelôs se entristecem e se deprimem? Que bibelôs também precisam de um ombro pra chorar?

E que nem tudo no mundo de um bibelô é cor-de-rosa?

Eu não.

Com carinho, sua irmã que te ama,

Sofia."


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