Os dias se passaram, e Stefan não conseguia tirar aquele quase beijo de sua cabeça. Ele queria falar com ela, expor o que estava sentindo, mas parecia que o destino não o estava ajudando, com um empurrãozinho dela é claro, pois cada vez que eles tinham a mera oportunidade de ficar sozinhos, ela dizia que tinha coisas a fazer e desaparecia de sua vista. Isso o estava atormentando tanto que ele foi obrigado a fazer uma coisa que dias atrás achara ridícula. Escrever em um diário.

Sim, esta foi a única opção que teve já que ele não podia expor seus sentimentos com ninguém mais antes dela.

Mas ele acabou descobrindo que esse seu novo eu também era muito bom com palavras, e além disso também descobriu que seu antigo eu também havia gravado o momento com ela no baile em um dos diários, e havia sentido praticamente o mesmo que ele sentiu ao reviver a lembrança. Ao saber disso ele viu que não poderia ignorar esse sentimento que crescia dentro de si. Ele tinha que arrumar algum jeito de expô-lo pra ela. E assim ele fez.

Em uma tarde em que Elena saia de casa com seu irmão ele pegou seu celular sorrateiramente e enviou a seguinte mensagem:

‘‘Caroline eu preciso de você urgente! Venha o mais rápido que puder!’’

E em seguida apagou-a para que ninguém ficasse alerta de que ele queria ficar sozinho com ela.

Assim que eles saíram ele levou os diários pra sala e os esparramou na mesinha em frente ao sofá. Não demorou muito a campainha tocou e quando ele abriu a porta á viu na soleira parada o mais linda que o normal pra ele. Ela estava com um vestido branco florido, pouco acima dos joelhos e seus cachos soltos pelos ombros, e no momento em que o olhou ficou com um rubor vermelho nas bochechas a deixando com uma aparência ainda mais adorável.

Eles ficaram alguns segundos se encarando sem saber bem o que fazer, quando Caroline finalmente falou:

´´Stefan, oi! Eu vim encontrar Elena e...´´

´´Sim, eu sei disso. Entre ela logo estará aqui.´´

Caroline entrou e virou-se pra ele confusa.

´´Ela saiu? Porque ela me enviou uma mensagem dizendo pra eu vir aqui urgente.´´

´´Hum... Ela teve que sair antes, mas com certeza volta logo.´´

´´Certo... Então acho melhor esperar lá fora...´´

´´É tão ruim assim ficar alguns minutos comigo?´´

´´Não! Quer dizer... Não foi isso que eu quis dizer mas...´´

´´Tudo bem Caroline. De qualquer modo eu não vou ficar aqui, vou pro meu quarto tentar obter algumas lembranças sozinho.´´

Disse ele já subindo as escadas deixando-a só na sala.

Ela ficou parada alguns instantes pensando se estava fazendo mal de evita-lo mas... Não. Afinal eles quase se beijaram, e melhores amigos não fazem isso, nem imaginam em como seria se tivesse acontecido como ela imaginou todos esses dias após o não-acontecido. Então não. Ela não estava exagerando.

Chegando a esta conclusão Caroline sentou-se no sofá e suspirou balançando a cabeça tentando clarear as ideias. Foi quando ela viu alguns livros abertos. Ela pegou um para se distrair enquanto esperava Elena, mas não demorou muito ela o fechou notando que não era um livro qualquer e sim o diário de Stefan. Ela suspirou novamente pensando que quase invadirá a privacidade de seu melhor amigo mas... O que o nome dela estava fazendo ali? Porque sim ela viu a menção do nome dela em alguma linha enquanto fechava o diário...

Ela olhou para os cantos e viu que estava sozinha, então abriu o diário na mesma página e jurou mentalmente que só leria uma linha mas... Ela deveria saber que nunca iria conseguir cumprir essa promessa.

´´Esta noite eu também dancei com Caroline; Aliás ela estava linda, de uma forma simples mas ainda sim linda. Enquanto dançávamos eu pude desabafar um pouco sobre o que estava sentindo em relação á Elena e acabei perguntando a ela como se faz para seguir em frente e ela me disse que um dia eu conheceria alguém e ficaria loucamente apaixonado, e acabaria seguindo em frente sem nem perceber isso.

Não me pergunte como isso aconteceu, mas no momento em que encontrei seu olhar para de alguma forma agradece-la por estas palavras pareceu que algo me puxou pra ela e nesse momento eu desejei que ela fosse esse alguém. Que ela fosse a pessoa que me faria seguir em frente. Compartilhamos por cerca de uns dois segundos um olhar mais intenso, e nesse meio tempo me deu uma vontade imensa de colar meus lábios no dela mas... Eu não o fiz. Logo mudei minha mente me repreendendo, e fugi do calor do seu olhar abaixando minha cabeça. Afinal eu não deveria desejar dessa forma minha melhor amiga mas... Logo depois que terminamos a dança algo me veio a mente. Ela não estava fugindo; Ela estava a minha frente com um desejo similar estampado em seus olhos; Ela só desviou do meu olhar porque eu desviei do dela.

Esse pensamento ficou latejando em minha cabeça até depois que impedimos Bonnie de matar Elena e no final a trancamos em minha casa para depois resolvermos a situação de sua humanidade.

Eu sabia que não conseguiria dormir com estas duvidas em minha cabeça. Então tomei uma atitude. Depois que tudo aconteceu fui rumo a sua casa para tentar enfim esclarecer essas perguntas que ficaram latejando em minha cabeça. Eu queria entender o que estava sentindo porque... Se fosse realmente ela a garota com quem seguiria em frente eu não queria perder tempo, mas... Logo toda essa coragem se dissipou quando vi na soleira da porta Tyler e Klaus.

Pelo que consegui entender, ambos estavam lá pra dar a ela á noite perfeita. Tyler já havia conseguido isso e agora Klaus o estava dando segundos para desaparecer dali antes que ele fizesse alguma besteira. Foi ai que percebi. Caroline já tinha muito com o que lidar, já havia dois pretendentes a sua guarda. Eu não poderia aparecer em sua porta cheio de duvidas causadas por apenas uma troca de olhares que durara menos de cinco segundos. Ela já tinha seus problemas, não precisava adicionar mais um em sua agenda causado por seu melhor amigo confuso. Isso só serviria pra ela ficar confusa também e eu poder correr o risco de perder a essência da nossa amizade que por hora era a única coisa que realmente conseguia me fazer sorrir na vida. Então eu decidi. Virei as costas e sai sem ser notado. Eu não perderia sua amizade. Eu não confundiria mais as coisas. Ignoraria aquele breve momento e seguiria em frente tentando solucionar os meus problemas e não arrumar mais um. Mas pra fazer isso eu precisava desabafar com alguém. E você foi escolhido porque como já disse não vou correr o risco de perder sua amizade, o que significa que ninguém nunca vai saber o que achei que comecei a sentir. Que um dia achei que já havia encontrado a garota com quem poderia seguir em frente e que já estava começando a sentir algo diferente por ela, Caroline Forbes.´´

Assim que Caroline leu aquelas palavras ficou totalmente confusa porque aquilo quem escrevera foi o Stefan antigo, o que tinha todas as suas memórias. Ela podia saber pois estava datado com a data do baile mas... Não fazia sentido algum. Tudo bem, ela se lembra daquela troca de olhares mas... Ela tinha plena certeza que só ela foi quem se sentiu atraída por ele, que só ela se repreendeu logo depois por ter pensamentos mais que inocentes com o seu melhor amigo, mas se ele também teve...

´´Céus... Isso não esta nada certo.´´

Murmurou ela devolvendo o diário a mesinha quando avistou outro, este com a aparência de mais novo, mas que também havia algo em comum com o outro. Seu nome escrito.

Desta vez ela não olhou para os cantos, estava muito confusa pra isso e para tentar clarear um pouco sua mente começou a ler sem hesitação:

´´Há dias isso vem me atormentando, eu preciso falar com alguém, desabafar o que estou sentindo, e queria muito que esse alguém fosse ela. Mas pelo que parece isso vai demorar pra acontecer, porque sempre quando temos a oportunidade de ficarmos sozinhos, ela foge dizendo que tem coisas á fazer. Será que alguma vez ela realmente acha que eu acreditei nisso? Que eu não sei que ela esta me evitando pra não admitir que sentiu o mesmo que eu naquela tentativa de dejavú? Porque... Eu senti algo a mais do que uma simples amizade. Eu sei que posso ter somente pouco mais de três semanas de memoria, mas pelo que eu saiba amigos não se desejam, não da forma com que desejei tê-la em meus braços, ou da forma com que desejei beija-la naquele instante, e quase o faria se não fosse pela interrupção daquele garotinho curioso que agora não me lembro o nome. Amigos não fazem isso, não se desejam desta maneira, não se olham daquele jeito.

E eu sei que não estou confundindo nada aqui, porque desde o momento em que a vi já a achei encantadora. A mais fascinante de todos que conheci, e naquele instante, naquela tentativa de dejavú, sei que ela também sentiu algo a mais pelo simples fato de que antes da interrupção ela não tinha movido nenhum centímetro pra longe de mim. Pelo contrário, ela ficou lá parada esperando algo acontecer. Ela queria que aquele momento se concretizasse tanto quanto eu. Mas como não aconteceu ela esta se afastando de mim, me evitando o máximo que pode, e isso sinceramente está me deixando louco porque... O que eu senti no momento em que a conheci, o que eu senti naquela dança, não esta passando. Esta aumentando a cada dia que passa e eu não quero fazer o mesmo que o meu eu antigo. Eu não quero ignorar o que estou sentindo e seguir em frente como se nada disso tivesse acontecido. Eu quero arriscar, expor a ela o que sinto e saber o que ela sente também, quero ver o que pode acontecer.

E é exatamente isso o que eu vou fazer. De algum modo ela vai saber.

Eu não vou mais te deixar fugir Caroline.´´

Ao ler estas palavras, Caroline mal teve tempo de fechar o diário, ou realmente assimilar algo que havia lido, pois as suas costas ouviu uma voz que dizia:

´´Agora você sabe.´´

Ela pulou do sofá de susto e olhou pra ele com uma mistura de vergonha e surpresa por ter sido pega em fragrante, e tentou dizer alguma frase coerente:

´´Stefan, eu... Me desculpe. Eu não queria ler seus diários mas...´´

´´Tudo bem Caroline. Eu queria que você lesse.´´

Ela o olhou por mais alguns instantes e finalmente entendeu tudo.

´´Elena... Ela nunca me mandou mensagem alguma não é mesmo?´´

´´Não. Foi tudo eu. Eu te mandei a mensagem, eu deixei os diários aqui propositalmente porque... Eu precisava falar, você precisava saber, mas... Você só ficava se esquivando de mim, me evitando então... Essa foi a melhor maneira que eu finalmente consegui expor o que queria.´´

Ela ficou lá, parada por alguns instantes só encarando-o e assimilando o que soubera minutos atrás. E quando finalmente se mexeu e falou foram estas palavras que saíram de sua boca:

´´Não. Eu não posso. Isso não esta certo. Eu... Eu tenho que ir.´´

Disse ela apressada chegando perto da porta quando ouviu ás suas costas:

´´É sempre assim? Você sempre foge do que sente?´´

Ela se virou contrariada:

´´Eu não estou fugindo!´´

Ele riu e cruzou os braços dizendo:

´´Ah não? Então por favor, me explica o que você esta fazendo porque realmente parece que estou certo.´´

Ela o olhou furiosa e começou a gritar:

´´Quem você acha que é hã? Você não sabe nada sobre mim! Você esta sem memoria se lembra?! Esta agora com outra personalidade, parece outra pessoa, e essa pessoa não tem o direito de um belo dia chegar na minha frente e bagunçar toda a minha vida! Mas que droga Stefan! Você não sabe de nada! Eu sei! E o que eu sei é que nessa historia toda um dia você vai recuperar a memoria e neste dia vai voltar correndo pra Elena! Porque é isso o que o verdadeiro Stefan faz! Então não. Eu não estou fugindo só estou me protegendo pra no final não ser a vitima nesta história porque sinceramente? Eu odeio esse papel!´´

Completou ela lhe virando novamente as costas quando ouviu agora sua voz mais perto:

´´Você esta com medo. Então... Eu estou certo. Você sente alguma coisa por mim.´´

Ela se manteve de costas não dizendo nada, atitude que só o deu mais certeza pra ele pegar em seu braço e dizer:

´´Olhe pra mim. E negue se tiver coragem.´´

Ela o olhou contrariada querendo manter-se quieta. Mas quando viu seu olhar desafiador falou:

´´Você realmente acha que se eu não sentisse algo ainda estaria aqui? Faria o que fiz? Eu te evitei, li seus diários, estou aqui arrumando desculpas e pretextos pra não me deixar levar então o que você acha?!´´

Ele olhou-a intensamente e segurou seu rosto indo beija-la, mas ela rapidamente o empurrou gritando:

´´Mas o que diabos você acha que esta fazendo!´´

Ele olhou-a atordoado:

´´O que você acha que esta fazendo Caroline. Você acabou de admitir que também tem sentimentos por mim e espera que eu não faça nada? Quem você acha que eu sou?!´´

´´Eu não sei ta legal?! Eu não sei mais quem você é. Você mudou, não se lembra de nada e agora... Agora esta misturando tudo!´´

´´Não! Eu não estou! Eu posso estar sem memoria, mas ainda sei distinguir bem o que sinto, e saber bem o que quero. Quem quero Caroline.´´

Disse ele tentando se aproximar, mas só recebendo mais passos de distancia de uma Caroline confusa que dizia:

´´Não, você não sabe! É Elena! É ela que você quer! É ela que o verdadeiro Stefan sempre quis! Você não pode mudar isso!´´

´´Eu já mudei.´´

´´Você mudou. Ele não!´´

´´Mas que droga! Ele sou eu! Eu sou o verdadeiro Stefan agora!´´

´´Não, não é. Você é um Stefan sem problemas, sem remorsos, sem arrependimentos... É como se tivesse acabado de nascer achando que nada do que faz, nada do que quer fazer tem consequências. Mas a vida não é assim, pelo menos não a nossa. Você por exemplo sempre pensava duas vezes antes de agir, sempre ponderava as consequências de seus atos, sempre pensava no próximo, e...´´

´´E quando é que eu pensava em mim Caroline? Quando eu pensava no que iria me fazer bem? No que iria me deixar feliz?´´

Ela não teve resposta á isso e ele prosseguiu voltando a se aproximar dela:

´´Viu só? Nem você tem argumento pra isso, pelo simples motivo que ele não existe.

Eu era sempre o bom Stefan, bom namorado, bom chifrudo, bom amigo de ex. Aquele que se sacrificava pelos outros sem pedir nada em troca. O que ao meu ver acho que se encaixa agora o termo: Um perfeito Idiota!

Mas agora eu finalmente me livrei disso. Dessa carga toda. Admito que foi de um jeito brusco mas... Eu estou livre. Livre de remorsos, de arrependimentos, só não estou livre de problemas, e você é quem está encabeçando a lista.´´

´´Eu?´´ Perguntou ela com surpresa: ´´O que eu fiz?´´

´´Foi o que você não fez Caroline. O que não esta fazendo.

Eu tenho pouco mais de três semanas com uma vida nova e você já conseguiu bagunçar ela de uma forma que...´´

´´Stefan. Para por favor, para.´´

´´E se eu não parar?´´

Perguntou ele ficando realmente a sua frente. Ela o olhou tenebrosa dizendo:

´´Ai você vai destruir tudo.´´

´´Mas assim eu vou poder construir algo novo. Nós podemos.´´

´´Você não entende? Não existe um nós. Nunca existiu, e não pode existir. Por favor, só vamos encerrar com isso seja lá o que for aqui. E assim eu posso prometer a você que continuaremos a ser amigos só isso e nada mais.´´

Disse ela lhe olhando por algum tempo e quando achou que havia conseguido fazer-lhe entender saiu de sua frente com a intenção de ir embora o mais rápido possível de lá. Mas logo ela viu que essa ideia era precipitada, pois bastou ela tentar lhe virar as costas que ele novamente pegou em seu braço fazendo encara-lo enquanto dizia:

´´Eu quero um motivo. Me da só um motivo real que eu prometo a você que desisto. Ignoro o que estou sentindo como o outro fez e sigo em frente como se nada tivesse acontecido.´´

´´Elena. Ela...´´

´´Elena está com meu irmão Caroline. Esta desculpa não é valida. E nem tente a de que o meu eu antigo não faria isso porque também não conta. Esse sou eu agora. E eu quero só um motivo real. Basta você me dar um e eu te deixo em paz.´´

Ela pensou, tentou caçar milhares de motivos mas... Não achou nenhum. Não além dos que ele havia citado. Então minutos depois ela o olhou com os olhos marejados dizendo:

´´Por favor não faz isso...´´

´´Eu não estou fazendo nada.´´

´´Esta. Você acabou de me colocar no alto de um precipício, tirando as duas cordas em que eu poderia me amarrar e me deixando apenas com uma linha frágil que esta se desmanchando...

Fora os motivos que você disse, eu não tenho mais nada. Tyler me deixou há meses e... Eu estou sozinha sem realmente nada que me prenda a arriscar há não ser essa linha; O meu bom senso que sabe que se eu o fizer, vou ser a única a sair machucada no final.´´

´´Você não tem como saber disso, não realmente. Pode dar errado, mas também pode dar certo. Você só pode ter certeza se arriscar.´´

Disse ele tocando em seu rosto a tempo de enxugar uma lágrima que caia.

´´Com você falando tudo parece ser tão fácil. Mas eu sei que não é. Então por favor, Stefan apenas me deixe ir. Eu estou a um empurrão de cair nesse precipício sabendo que no fim não vai ter ninguém lá pra me segurar, então... Me deixe agarrar nessa linha, me deixe ficar segura, por favor...´´

Pedia ela como se estivesse pedindo misericórdia e como ele nada respondeu achou que finalmente estava livre pra ir, mas quando tentou se desvencilhar da mão que segurava seu braço, o aperto em vez de afrouxar ficou mais forte. Ela confusa então o olhou perguntando:

´´O que você esta fazendo?´´

´´Te dando o empurrão.´´

E com estas palavras ele finalmente se uniu a ela beijando-a com luxuria e paixão, sendo correspondido de imediato e na mesma intensidade.

Ambos perderam a noção do tempo enquanto experimentavam seus lábios pela primeira vez e quando finalmente se separaram Stefan murmurou:

´´Você já caiu?´´

´´Sim.´´

´´E então, doeu?´´

Ela o olhou e conseguiu puxar um sorriso admirada dizendo:

´´Não. Você me segurou.´´

Respondeu ela fazendo-o sorrir também e voltar a beija-la como antes.