Minha Querida Trolha escrita por Paloma Tsui


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Esse cap. meio que a nova trolha chega em uma confusão de reações. Meus caps. não custumam ser tão grandes, mas esse fuiu muito bem quando escrevi então resolvi manter esse cap. assim. Aproveitem ^_^



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Marie não se lembrava de como. Na verdade, ela não se lembrava de nada a não ser do seu próprio nome. Mas quando ela acordou, estava sendo arrastada. Seu braço esquerdo estava em volta do pescoço de um garoto forte e alto, e o braço direito ao redor do pescoço de um garoto também alto, só que de um porte mais magro. Ela só sabia disso pelo que conseguiu ver das pernas e do abdômen marcado pelas blusas meio coladas dos dois garotos.

Ainda apoiada nos dois garotos e sendo arrastada ela conseguia ver o chão passando a um ritmo moderado abrindo brevemente os olhos.

_Vamos lá, Tommy, estamos quase chegando – o garoto da esquerda disse. Chegando onde? Marie pensou. E de algum modo sabia que estava chegando a Clareira. Mas por que ela haveria de estar chegando lá? De algum modo estranho sabia que deveria estar lá o tempo todo. Não se lembrava de ter saído. Sabia que fora da clareira se estendia uma coisa muito maligna.

Ainda sem conseguir levantar a cabeça, e ficando totalmente enjoada por ser balançada ao ritmo dos passos dos garotos e só conseguindo ver o chão se movendo em baixo de si, mesmo sabendo que quem estava se movendo era ela, Marie fechou os olhos e tentou pensar no que estava acontecendo. Tudo que sabia era que era diferente. Se fosse normal estaria na clareira, e não sendo arrastada até lá por dois trolhos. Trolhos? A palavra bagunçou seus pensamentos. Maldição. Ela não sabia como conhecia essa palavra. Sabia que não era uma palavra do seu idioma.

_ Tudo bem, eu assumo daqui – mais uma vez foi o garoto da esquerda que falou. Tommy, o garoto da direita, soltou o braço de Marie e num movimento rápido o trolho da esquerda se abaixou e segurou as pernas da garota. Agora com uma das mãos apoiando as costas dela e a outra na dobra dos joelhos.

Marie deixou a cabeça cair pra trás e vagarosamente conseguiu abrir os olhos. Depois com um pouco mais de esforço conseguiu mexer a cabeça para apoiá-la no próprio braço envolto do ombro do garoto. Infelizmente o movimento o intrigou e ele parou subitamente, afastando a cabeça dela do ombro dele com um tranco. Marie virou a cabeça pra ele confusa ainda com os olhos semi-abertos.

_ Tommy – ele chamou. Parecia totalmente dependente do garoto. Aquilo a irritou. – Ela esta acordada. – O garoto Tommy se virou correndo, e se posicionou ao lado do garoto que carregava Marie e a olhou espantado.

_ Como você esta sentindo? – Tommy perguntou.

_ Minhas entranhas estão se revirando – Marie conseguiu responder. Sentiu a garganta muito seca. Como se não abrisse a boca há séculos.

_ Consegue andar? – o garoto que carregava Marie perguntou. Marie tombou a cabeça no ombro dele de novo e respondeu:

_ Não ouse me colocar no chão. – Ela ouviu os garotos rirem.

_ Melhor obedecer, Minho. – Tommy alertou. Ela conseguia sentir o sarcasmo na voz dele sem nem ao menos olhá-lo.

_ Tudo bem. Já estamos chegando de qualquer modo. – A voz do garoto que agora Marie sabia que se chamava Minho parecia estranhamente familiar, mesmo ela pensando que aquele era um nome bem exótico. E o melhor: tinha um tom protetor e acolhedor. Marie se sentiu muito melhor a partir daí. Era muito mais fácil estar passando mal no colo de uma pessoa com uma voz familiar do que no colo de um completo estranho.

A caminhada continuou por alguns poucos minutos. Marie pressentiu que estavam chegando ao destino quando Minho resolveu correr. Para ela foi à idéia mais estúpida do garoto desde que havia acordado. Aquilo sacudiu as estranhas dela de uma maneira tão violenta, que ela não sentiu que estava sendo sacudido por um garoto alto e forte correndo. Sentiu como se estivesse naqueles brinquedos de parques de diversões que ficam de cabeça pra baixo e rodam a 60 metros de altura. Sem perceber, ela já estava botando tudo pra fora, embora não soubesse o que era aquilo tudo que ela estava vomitando nela mesmo e no peito de Minho. Ele fez um som de estremo nojo e parou subitamente de novo, o que só fazia ser mais fácil vomitar.

Quando tudo que Marie tinha comido já tinha sido colocado pra fora do organismo dela. Minho retomou a caminhada. Mas Marie sentiu que ele queria largá-la ali mesmo no chão do labirinto pra passar a noite lá por ter vomitado nele.

Com esse pensamento mais uma vez a mente de Marie se embaçou. Como sabia que estava num labirinto? Como sabia que passar a noite lá era ruim?

_ Desculpe – ela conseguiu murmurar.

_ Tudo bem – Minho respondeu na sua voz protetora e familiar. – Já chegamos de qualquer modo. – Marie percebeu isso quando ouviu outra voz de garoto gritar em um tom de voz que era uma mistura de confusão e completo desespero que elevava o som dos murmúrios e barulhos alternados do local onde eles estavam.

_ O que é isso? – ouviu os passos do garoto se aproximando deles. Minho finalmente parou dessa vez de uma forma mais leve.

_ É um garota, Newt – Minho respondeu como se fosse à pergunta mais idiota do mundo. – Quer checar? – ele disse num tom sarcástico encantador.

_ Isso é um convite para um estupro? – Marie conseguiu murmurar ainda com a voz rouca pela sede. E depois de ter vomitado as palavras ardiam.

_ E ela esta acordada! – O tom de surpresa na voz de Newt chegava quase a ser engraçado. – Alby – Newt chamou com seus gritos ecoando por todos os lados. – Da onde ela veio? – O tom de voz de Newt deu a entender a Marie que ele estava prestes a chorar.

_ Ela estava no labirinto – Minho respondeu num tom de voz vacilante.

_ Quem é essa? Da onde ela saiu? – Marie ouviu outra voz. Dessa vez pensou ser Alby quem falava. Ele nem se deu ao trabalho de perguntar a Newt por que raios ele estava gritando por ele. Alby sabia que o motivo era a garota.

_ Podemos ir para a Sede? Posso colocar ela em algum lugar? Estou cansado. Viemos carregando ela de lá do Buraco dos Verdugos até aqui. E pra melhorar: ela vomitou em mim. Juro que conto tudo pra vocês lá dentro. – Minho pareceu implorar.

_ O que? Vão levar uma garota tirada do labirinto pra dentro da Sede? – Newt de novo dizia parecendo que ia chorar. Ótimo. Marie pensou. Mal havia chegado e já estavam desconfiando dela.

_ Ela parece uma droga de Verdugo disfarçado pra você Newt? – Minho pareceu irritado com a desconfiança de Newt.

_ Tudo bem, mas se qualquer coisa estranha acontecer, vou jogar você e ela no Buraco. Entendeu Minho? – Alby disse e Marie não ouviu Minho responder, mas imaginou que ele havia consentido, por que Minho retornou a andar. Marie percebeu que todo o murmurinho ao redor tinha cessado. Ela sabia que todos estavam observando eles. Aquilo não a incomodou. De algum modo sabia que sempre chamaria a atenção.

O ambiente mudou quando Marie entrou em um edifício. Ela pensou ser a Sede. Ouviu os barulhos de pés subindo degraus ocos e depois ouviu o ranger de uma porta ser aberta.

_ Coloca ela ai. – Alby mandou e Minho com uma delicadeza que Marie achou exagerada, e a deixou em uma superfície macia. O quarto cheirava a frio, e a soro. Marie se sentiu enjoada de novo, mas sabia que não tinha mais nada no organismo que ela pudesse vomitar.

Minho tirou a camisa vomitada e a enrolou numa bola e depois a jogou em um canto. Seu corpo estava quente pela caminhada e ainda mais pelo contato com a garota. O frio da sala foi reconfortante.

_ Ta bom. Explique como arrumou isso – Alby mandou. Mesmo Minho estando cansado, com fome e com sede, ele sabia que os amigos não tinham paciência para esperar informações quando coisas estranhas aconteciam. Então ele puxou uma cadeira, se acomodou nela e começou a falar.

_ Bom, eu e o Thomas, como dissemos, fomos checar de novo aquela coisa do Buraco dos Verdugos – ele começou -, estávamos indo pra lá e quando chegamos, ela estava simplesmente lá caída, como se estivesse sido jogada de baixo pra cima. Ela estava caída de bruços, mas era visível que estava respirando. Eu a virei e ouvi os batimentos dela. Pareciam normais. Peguei-a do chão enquanto o Tommy via se a coisa do buraco ainda funcionava e ai nós resolvemos voltar. Mas no meio do caminho ela acordou e disse que estava enjoada e que eu não poderia colocá-la no chão. Um tempo depois ela estava vomitando. – Minho olhou para camisa com um semblante de desgosto.

_ Qual o nome dela? – Newt perguntou dessa vez avaliando a garota. Todos se viraram pra ela. Minho se deixou perceber que ela era bonita, tem as bochechas carnudas e o nariz e o queixo fino. Lábios carnudos. O cabelo loiro que caia em cachos até pouco abaixo dos ombros. Era pequena em relação a ele, mas tinha muitas curvas. Era estranho como a idéia surgiu, mas Minho a achou incrivelmente parecida com Newt. Mais do que parecida, a versão feminina e incrivelmente mais atraente de Newt. Do nada percebeu que estava viajando no semblante da garota e afugentou os pensamentos.

_ Não sei – Minho respondeu rápido saindo do transe. – Ela não me disse.

_ Hei, garota. – Thomas se postou ao outro lado da maca. O lado em que a garota tinha virado o rosto. Ele a sacudiu levemente e ela virou a cabeça para o outro lado.

_ Mértila. – Alby disse e quando Marie ouviu aquela palavra seus pensamentos se bagunçaram mais uma vez. Ela abriu os olhos, que ao ver de Minho, pareciam cinza, mas tinha o toque de azul como o de Newt para tentar ver claramente. Ela havia ouvido cada palavra, desde que chegaram a tal Clareira. Sabia exatamente do que estavam falando.

_ Meu nome é Marie. E pelo amor de Deus, me arrumem algo pra beber – Marie conseguiu dizer. Finalmente com os pensamentos claros na cabeça, se lembrou de algumas coisas. Queira contar logo antes que sumisse, mas também tinha medo do que aquilo poderia desencadear. Ela também conseguiu ver claramente. E o que ela viu era incrivelmente agradável. O garoto no qual ela havia vomitado, tinha tirado a camisa, deixando seus músculos à mostra. Havia sido uma boa jogada afinal. Marie pensou. E o melhor de tudo depois de tanto tempo ela percebeu que ele era asiático. De algum modo sentiu que tinha grande simpatia pelo povo oriental.

_Fede... Thomas – Alby chamou - chame seu amiguinho e mande-o trazer algo pra ela beber, e mande aquele trolho manter a matraca fechada, não sabemos nada sobre ela ainda. – Tommy acenou e foi.

_ Tudo bem, enquanto isso, por favor, me diga que o buraco esta do mesmo jeito. – Alby disse de um jeito como se ansiasse por uma noticia boa. Minho só acenou positivamente, e Alby e Newt relaxaram nas cadeiras. – Menos mal. – Alby se virou pra Marie e a estudou por um momento. – E ai, Fedelha. Lembra-se de alguma coisa além de apenas o seu nome?

Marie não queria conversar. Queria comer e dormir. Queria deixar aquilo pra depois. Mas sabia que evitar aquilo podia ser ruim. Então resolveu acabar com tudo de uma vez. Ainda com a voz rouca e a garganta ardendo a cada palavra pronunciada. Ela começou:

_ Não sei como..., mas conheço esse lugar. Não que eu já tenha vivido aqui ou coisa parecida, mas eu via vocês. Vi vocês junto com eles. E antes que vocês queiram me jogar no Amansador, eu não sou do grupo deles, fui colocada lá para observá-los por um tempo, e depois eles me mandaram pra cá.

_ Sabe quem são? Conhece-os? – Newt parecia assustado e curioso.

_ Não, eles apagaram a minha memória quando cheguei lá. Eu não sei como, mas só lembro que via vocês. Em uma TV, mas não lembro onde a TV estava, e nem quem me colocou pra ver a TV. Só sabia que eram as mesmas pessoas que mantinham vocês lá. Onde quer que fosse. Mesmo antes de vê-los eu sabia coisas sobre vocês. Eles resolveram me mandar aqui pra fazerem vocês terem certeza de que podiam passar pelo Buraco dos Verdugos. – Marie fez uma pausa com a garganta doendo. Parecendo estar sendo corroída a cada palavra que dizia. Mas mesmo assim continuou. – Eu vi a garota chegar e vi o bilhete. Lembro deles murmurando qualquer coisa sobre ser a hora. Eu vi tudo parar. O céu ficar cinza e a caixa não trazer os suprimentos. E se a caixa não podia trazer os suprimentos. Eu não poderia subir por lá também, então eles me mandaram pelo labirinto. Era a jogada perfeita. Mas não foi minha culpa a coisa da caixa e do céu, foi culpa da outra garota. Eles querem que isso acabe, querem que acabe logo. – Todos ouviram atentos demais pra interromper, e agora perplexos demais para fazerem qualquer observação. Mas foram tirados do transe por alguém abrindo a porta. Era Thomas. Ele estava com um copo de água na mão. Que sem nenhuma razão ele o entregou a Minho como se fosse ele que quisesse água.

Marie tentou se apoiar nos braços para se sentar, mas seus braços pareciam palitos de dente tentando sustentar uma montanha, e ela desabou de volta. Minho se pôs em pé imediatamente e ficou constrangido em perceber que ele teria que ajudá-la a beber água. Ele deu o copo para Newt e segurou os ombros da garota e levemente a puxou para que ela se sentasse depois se sentou ao lado dela e deixou que ela se apoiasse nele e com o máximo de cuidado que conseguiu arrumar levou o copo até a boca dela e o inclinou até que o copo estivesse vazio.

_ Obrigado – ela disse virando a cabeça pro lado e sorrindo amigavelmente.

_ Tenho coisas demais pra se preocupar. Essa trolha sabe que foi escolhida pra ser mandada pra cá, sabe que as coisas vão acabar. Foi útil, mas nem por isso podemos ficar de babá pra ela. – Alby disse fazendo Marie ficar muito irritada, se ela conseguisse, teria levantado e dado um tapa na cara do moreno, mas tudo que ela conseguiu fazer foi rebater.

_ Não me chame de trolha seu cara de mértila, sou a fedelha mais esperta que você já teve. E não preciso de babá. Acabei de cair de lugar nenhum direto pra dentro daquele labirinto justo quando esse lugar esta no auge do seu apocalipse. Só preciso comer e dormir. Amanha estarei boa. Pode lidar com isso, chefe?

_ Tudo bem. Arranjaremos alguma coisa pra você comer e pode dormir ai mesmo. Com todos tendo que dormir dentro da Sede, vai ficar fácil alguém vir espiar a fedelha, então todos os Encarregados dormem aqui hoje, tragam a outra garota pra cá também, junto com o Thomas. Ela parece não conseguir ficar longe do Tommy. – Alby disse insinuando qualquer coisa que parecia um sorriso e se virou para Marie. – Bem vinda, novata.


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Notas finais do capítulo

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