Cameron leu o relatório a sua frente pela terceira vez.

A jovem doutora tentava de todas as maneiras concentrar-se no seu trabalho, mas estava com sérias dificuldades para fazer isso.

O jantar com House e consequentemente a noite que passará com ele havia sido á duas semanas atrás e desde então, Cameron não conseguia tirar aquela noite da cabeça.

Ela estava preocupada, ainda mais pelo fato de que House havia se afastado ainda mais dela.

Cameron desistiu de ler o relatório e levantou-se de sua cadeira. Caminhou para fora da sala de diagnósticos , os pensamentos longe.

Ela não percebeu que havia alguém vindo em sua direção até que os corpos se esbarraram.

Cameron cambaleou alguns passos para trás, mas não caiu.

Ela levantou o olhar e encontrou os olhos de Foreman.

– Descul... – Cameron começou, mas parou quando sentiu algo subir por sua garganta.

A doutora só teve tempo de virar-se para a lixeira ao seu lado antes de vomitar.

– Droga! – Ela pode ouvir a voz de Foreman, mas não se concentrou nela.

Duas mãos seguraram seus cabelos no alto, enquanto as mãos de Cameron agarravam-se nas bordas da lixeira.

Quando Cameron terminou de vomitar, ela pode sentir uma estranha sensação de fraqueza tomar conta de si.

Mas Foreman conseguiu apoiá-la antes que ela caísse.

– Cameron, você está bem? – A voz dele era preocupada. – Senta aqui.

Foreman ajudou-a a chegar até um pequeno banco, em frente á sala de diagnósticos.

– Estou. – A voz de Cameron era baixa, rouca. E ela podia sentir o gosto ruim na boca. – Estou bem.

– Tem certeza? – Foreman insistiu. – Talvez seja melhor você fazer alguns exames! Eu nunca te vi assim.

– Não. Eu estou ótima. – Ela olhou em volta, certificando-se que estavam sozinhos. Não queria ninguém presenciando aquela cena.- Só preciso de alguns minutos e um copo d’água.

Foreman assentiu rapidamente e se encaminhou até a sala de diagnósticos, afim de pegar um copo d’água para a colega.

Cameron apoiou os cotovelos nos joelhos e deixou a cabeça cair nas mãos.

A respiração dela era ofegante e sua mente trabalhava a mil, tentando imaginar o que poderia tê-la deixado assim.

Ela ouviu passos se aproximando, imaginou que fosse Foreman e levantou a cabeça, esperando ver uma mão estendida com um copo d’água.

Mas ela viu apenas Wilson.

O oncologista olhou-a assustado por um instante.

– O que aconteceu com você, Cameron? – A voz dele era alarmada.

– Nada, estou ótima. – Mas até sua voz contradizia suas palavras.

– Você está muito pálida! – Ele exclamou.

– Aqui está. – Foreman apareceu e entregou o copo que tinha em mãos para Cameron. – Como se sente agora?

– Bem. – E não era totalmente mentira. A sensação incomoda que sentia á poucos segundos estava desaparecendo.

– O que aconteceu aqui? – Wilson perguntou.

– Eu adoraria saber também. – Foreman observou Cameron tomar todo o líquido do copo antes de continuar. – Nós estávamos caminhando distraídos quando esbarramos um no outro. E antes que eu pudesse entender o que estava acontecendo, ela começou a vomitar.

Wilson voltou seu olhar para Cameron, os olhos demonstrando mais do que preocupação.

– Acho melhor te levarmos para fazer alguns exames. – A doutora que agora já sentia-se bem, até melhor do que antes do acontecido, levantou-se e encarou os dois homens á sua frente. – Só para termos certeza que está tudo bem.

– Não é preciso fazer nenhum exame, isso deve ter sido apenas algo que eu comi. – Mas ela mesma sabia que aquilo era mentira, não havia comido nada diferente. – Essa preocupação toda é desnecessária.

– Isso não é normal. – Wilson insistiu novamente. – Se você sabe que não tem nada, faça um exame e deixe seus dois amigos aqui despreocupados.

Cameron olhou novamente para os dois e assentiu.

– Ok, eu faço.




– Olá, Jimmy Boy. – House adentrou na sala sem bater – como sempre –, e assustou o amigo. – E então, quais as novidades?

Antes que Wilson pudesse responder, House falou novamente.

– Deixa pra lá. – Ele olhou em volta, parecia pensativo. – Já está na hora do almoço, vamos.

– Eu não vou agora. – Wilson consegue falar antes que House saía de sua sala. O homem dá meia-volta e encara-o.

– Porque não? – House levanta uma sobrancelha. – Você não tem nenhum paciente agora.

– Eu vou acompanhar um exame. – Wilson dá de ombros, não querendo entrar em detalhes.

– De quem? – Mas é claro que House não deixaria isso passar.

– Ninguém especial. – Wilson levanta-se de sua cadeira e faz a volta na mesa, indo em direção á porta, mas House está em sua frente, obstruindo sua passagem. – Você pode ir, eu não irei demorar, nos encontramos lá.

House observa o amigo com o cenho franzido, mas por algum motivo desconhecido, ele não pergunta nada. Apenas saí da sala e vai em direção ao refeitório do hospital.

Wilson suspira aliviado quando fecha a porta atrás de si.




– Bom, seus exames não mostraram nada preocupante, Srta. Cameron. – A doutora diz observando sua paciente.

Wilson e Foreman estão um de cada lado de Cameron e ao ouvir as palavras da mulher, eles ficam aliviados.

–Só há uma coisa. – A doutora continua. Ela olha novamente para alguns papéis que possuí em mãos e depois observa a expressão interrogativa nos três rostos a sua frente. – Tem um exame que nos mostrou algo bem interessante.

– O que é, doutora? – Foreman indagou.

– Parabéns, você está grávida! – A doutora exclamou, um sorriso nascendo nos lábios dela.

Mas ele logo desapareceu quando viu agora três expressões de horror á sua frente.

– Não. – Foi tudo o que Cameron conseguiu sussurras antes de sentir as lágrimas rolando por seu rosto.