Ai Nanka Kowakunai?! escrita por Assa-chan


Capítulo 2
Ao Som do Piano


Notas iniciais do capítulo

Ele usava o instrumento, mas foi ela quem conseguiu tocar sua alma.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/48957/chapter/2


Era de tarde. As cinco aulas passaram rapidamente, também porque ninguém fez nada. Os professores falavam coisas inúteis, os alunos nem sequer lhe davam atenção. Era algo preciproco, afinal.

- Maka-chan, vamos pros dormitórios? Eu nem os vi ainda! Meu mordono levou as minhas malas pra lá. - Se pôs ela na frente da loira, chamando sua atenção. Seus cabelos eram negros, prendidos em um rabo-de-cavalo. Ela era bem bonita afinal, e com certeza tinha mais corpo que a garota à sua frente.

- Tsubaki-chan, coitado do Black Star. - suspirou a loira, fechando finalmente o livro que não tinha largado nem no intervalo. - E eu já vi nosso quarto. Nem é tudo isso. Bem normal, pra uma escola como essa.

- Ah, mas de um lado tem o prédio feminino e do outro o masculino, né? - falou Tsubaki, seguindo Maka que começara a caminhar. Escontravam-se no corredor na frente da classe A do segundo ano.

- Sim. E daí? - ela olhou pra amiga, mesmo se sentia de já saber a resposta.

- Bem, talvez eu possa ver aquele garoto novo! Ele não é bonito? - respondeu, com os olhos brilhando. Suspirou. Maka nem pensava em garotos ainda. Alguém como ela, que vinha da classe média, tinha que estudar bastante pra ser sempre a primeira da classe e segurar a bolsa de estudos.

- Certo, certo... Tsubaki-chan. - bufou, colocando a mão sobre a face. Sentia-se extremamente diferente das garotas da sua idade - Agora eu vou para a biblioteca. Tenho que fazer minha ficha. Vai na frente, tá?

- Ok... - concordou Tsubaki, desapontada. Por mais que se conhecessem há anos, nunca chegou a entender a Albarn por completo. Ela parecia alguém que tinha medo de amar, medo de ficar com as pessoas, escondendo-se atrás de seus livros e daquela imagem infantil. Mas por outro lado a invejava pela sua vontade viver, mesmo com todas as dificuldades que se colocaram em seu caminho. Ela não tinha nascido rica. Ela não tinha ninguém que cuidasse dela. Todas as pessoas em que confiava a trairam. E mesmo assim, ela nunca se deu por vencida.

É, ela era uma garota incrível, afinal. Talvez demais pra ter somente 16 anos.




Maka estava caminhando ainda olhando para seu precioso livro. Ela odiava adimitir, mas seu pai tinha um excelente gosto quando o assunto era histórias. Aquela era a última página. "Bem, o final não foi tão bom assim, mas o desenvolver fez valer a pena", pensou, fechando o livro "Hã?", sua mente indagou, escutando alguma coisa.

Andou mais um pouco, seguindo aquele som. Ah... Era uma canção, tocada por um piano. Mas existiam pianos naquela escola? Uma sala de música não seria algo inesperado, afinal. Ainda não conhecia nem metade daquele estabelicimento.

Hesitou por um momento em ir ver o que era. Entretanto... A biblioteca podia esperar; queria saber quem era tal gênio. Depois de dois minutos andando, a música parou, mas por sua sorte já tinha achado a sala que procurava. Entrou, e lá encontrou a última pessoa que lhe teria vindo em mente: "O aluno novo". Por mais que se esforçasse, não conseguia lembrar seu nome - porém não fazia tanta diferença. Ela já o tinha visto na TV. Seu pai era dono de metade das fábricas da região de Kyoto, além das outras espalhadas por toda a Ásia. Ele era igual a todos os outros riquinhos daquela escola hipócrita. Mas que seria o único lugar que pode lhe dar o que procura.

- Toque de novo. - disse em um tom suave, fazendo-o se assustar. Soul se virou, deparando-se com o rosto sorridente da garota de antes. De novo olhos fechados, e aquele livro que ela abraçava continuava lhe impedindo de a ver completamente.

- Hm? O que foi? Eu não sei tocar violino que nem o Wes. Se quer ver se eu sou melhor que meu irmão, perdeu seu tempo... - resmungou o garoto, virando o rosto pro lado. Ela simplesmente parecia diferente, afinal.

- Wes... Ah sim, já devo ter visto ele na TV também. Mas eu não entendo... Quem falou sobre seu irmão? - ela revidou, mudando também a expressão, que se tornou confusa - Eu quero ouvir você tocar. O que os outros fazem ou deixam de fazer não tem nada a ver com isso, certo?

Ele engoliu seco. Qual o problema daquela agora, dizendo coisas tão estranhas? Soul tinha se enganado, de novo. Ela era bem mais diferente do que ele pensava.

Escorreu os olhos sobre a sua imagem uma segunda vez. Olhos verdes, chegavam a parecer duas brilhantes esmeraldas. Segurava o livro atrás de si. Era bem magra, como ele tinha imaginado. Mas havia harmonia naquele pequeno corpo.

Corou. O que estava pensando? Um cara maneiro como ele... Se interessando por uma tábua nerd como aquela? Só poderia estar ficando louco!

- Certo. - respondeu com certa, e involuntária, timidez. Apoiou os dedos sobre as teclas, e a canção que invadiu aquele lugar era bem mais bonita que a precedente.

Maka fechou novamente os olhos, saboreando cada nota que vinha tocada pelo colega de classe. "Chopin? Não, muito housado. Paul de Vance? Também não...", ela tentava entender que composição fosse aquela, porém era algo que nunca tinha presenciado antes. Dois ou três minutos se passaram e, depois de uma última e descrescente sessão de toques, suas mãos pararam de se mover, terminando a canção. Olhou pra baixo. Sentia-se malditamente sastifeito... Nunca pensou que tocar pra alguém que não era influenciado pelo pesadelo de seu irmão poderia lhe trazer tamanha paz.

Assustou-se. Ela estava aplaudindo. Direcionou seu corpo para ela, jogando as pernas para trás e se girando no banco. Aquele lugar, com somente uma janela aberta no canto mais longe dos dois, fazendo somente uma pequena luz entrar para não os deixar no escuro, improvisamente parecia se iluminar com o sorriso da garota que realmente tinha o escutado, do inicio ao fim, sem o comparar. Era uma sensação nova, entretanto maravilhosa.


- Você fez essa partitura, certo? - ela parou de bater palmas, pegando o livro que tinha colocado debaixo do braço esquerdo.

- E... Como você percebeu isso? - disse, mas por dentro se perguntava quando é que ela iria parar de surpreendê-lo.

- Hm... - ela olhou pra um ponto qualquer como se estivesse pensando, mas logo voltou a fitar os orbes carmin do Evans, indicando que havia achado uma resposta - Alguém que toca a obra de outra pessoa nunca iria colocar tanta paixão do que faz. Eu pelo menos não o faria.

- Ah. - Maka havia acertado em cheio, e Soul nem tinha o que revidar. "Ler a mente das pessoa é algo muito feio!", pensou, sentindo seu rosto enrubrecer mais uma vez.

- Bem, desculpe... - Ela quis falar o nome dele, mas tinha esquecido mais uma vez de perguntar. - Eu tenho que ir à biblioteca agora, antes que feche! Até!

E assim ela se despediu, deixando-o ali, sozinho com o piano, que por muito tempo foi seu único modo de fugir da realidade.

- É. Esse ano vai ser realmente interessante. - sussurrou pra si mesmo, olhando a figura da loira desaparecer por trás da porta entreaberta.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Obrigada pelos Reviews. E por favor, comentem mais! ;_; Sou uma autora carente.