Jake DarkShadow

Eu havia chegado num navio que fazia o Titanic parecer coisa de criança. Fiz uma cara de desgosto. Milena e suas luxúrias. Eu realmente não entendia como meu pai poderia ter ficado como alguém como ela, ele não era uma pessoa ruim – não que ele fosse a melhor pessoa do mundo também – mas eu nunca tinha visto um cara com tanto poder, tão preso a uma mulher que não valia nada.

Suspirei e adentrei no navio. Havia pessoas entrando e saindo. Reconheci umas duas pessoas, colegas dos meus pais e eu rezei para que eles não me reconhecesse. A última coisa que eu precisava agora era colocar uma máscara de falsidade e falar com pessoas que apenas querem discutir sobre dinheiro.

Continuei a andar pelo navio. A maioria das coisas era branca e dourada, cores que me lembravam um pouco a faculdade. Encolhi pelo pensamento. Não poderia pensar neles.

Não poderia pensar nela.

— Jake? Oh, dios, como você está enorme, niño — disse uma voz amável.

— Hena — disse aliviado.

A velhinha que foi melhor amiga dos avós, veio da Espanha. Ela servia de babá na época em que eu ficava com meus pais. Eu jamais pensei que eu iria vê-la novamente. Abri meus braços para ela e ela me deu um tapa na cabeça.

— Ouch, por que fez isso?

— Porque você nunca mais foi me ver, dio santo, pequeno Jake, não é porque você entrou na faculdade que você deve simplesmente me desligar da sua vida.

— Desculpa, Hena — disse. Ela suspirou.

— Eu ouvi a partir daquela mulher o que aconteceu, Jake. E saiba que eu estou muito desapontada com você.

Minha boca caiu.

— Como assim, Hena? Não dava para eu simplesmente...

— Claro que dava — ela me cortou — seus pais não controlam sua vida, Jake DarkShadow, você apenas quis fugir de problema...

— Você conhece minha mãe, Hena — suspirei — ela iria fazer um inferno para eu ir com eles. Ela já tinha cortado meu cartão de crédito quando eu não aceitei de cara. E ela havia ameaçado de subordinar a faculdade para me expulsarem. Deus sabe o que aquela mulher é capaz de fazer.

— Sabe que eu acredito em karma, né, querido?

Soltei uma risada sem muito humor.

— Aiai, Hena, você e suas vinganças com Milena.

Hena beijou minha testa.

— Vá ver aquelas estúpidas desculpas de pais.

E foi o que eu fiz.

Angeles NightWalker

— Então... Nós realmente vamos praticamente sabotar um navio que deve custar milhões de dólares? — perguntou Derek.

— Bem, segundo Ash, o navio deve partir à meia-noite, quando o jantar já vai ter acabado — respondi.

— Nós realmente vamos praticamente sabotar um navio que deve custar milhões de dólares — murmurou Derek.

Suspirei. Eu tinha criado um plano, mas não havia certeza. Havia esperança.

— Bem, Angel — Allan disse — Vincent e Molly já prepararam tudo. Visto que a família de Derek, Ash e Chester são ricas e conhecidas da família DarkShadow, eles são convidados. Então será o seguinte o plano: você irá como acompanhante do Chester. Ash e eu iremos até a sala das máquinas e iremos sabotar tudo. Chester, Derek e Yuki irão criar uma distração. Molly e Vincent irão dar as coordenadas para cada um, sobre o que está acontecendo fora e você irá achar o Jake. Alguma dúvida?

Yuki levantou a mão.

— Tá legal, nós distraímos dos otários, vocês acabam com o navio e Angeles pega o Jake. E depois? Quero dizer, eu duvido que os pais dele irão simplesmente deixar ele ir...

— Não se preocupe, Yuki — respondi — deixa comigo.

Ninguém mais falou nada. Ash e Allan foram buscar os equipamentos de sabotagem com Vincent.

Eu estava feliz por ele. Depois de alguma ajuda minha, ele finalmente foi capaz de pedir Molly para sair com ele e agora eles estão... Juntos, não oficiais, mas juntos.

Yuki e eu fomos nos trocar, visto que a festa da noite iria ser formal. Derek e Chester fizeram o mesmo.

Tudo estava quase pronto. Sorri para mim mesma. Eu iria entrar no inferno para tirar o próprio Lúcifer de lá.

Jake DarkShadow

Bati na porta.

— Entre — respondeu meu pai, suavemente.

Ele estava deitado na cama. Tinha envelhecido muito. Eu sabia que ele estava doente, mas não sabia o que era direito, alguns diziam que era estresse e outros diziam que era tristeza. Eu diria que era os dois.

— Pai — disse formalmente.

— Olá, Jake — ele sentou-se na cama — como vai o meu garoto?

— Bem, quero dizer, não muito bem agora que eu estou deixando tudo para trás...

Seus olhos se encheram de tristeza.

— Eu sinto muito, Jake, por fazer você desistir da faculdade...

— Não é do curso que eu estou falando — murmurei. Pensei que ele não tinha me ouvido, mas ele me ouviu.

— Não? Então o que é? Ash não pode ser porque, afinal nós o veremos em breve.... Então.... É uma garota?

Mudei minha posição, por desconforto.

— Por que diz isso?

— Porque sei o que o amor faz com os homens de nossa família — ele disse — e eu posso ler você, sabe? Não fui um pai muito presente, mas sei quais são suas reações, e posso ver que é uma garota. Sua namorada?

— Ãh? O que? Não, não pai. Não, ela é apenas minha... Colega de quarto.

— Aham — ele disse ceticamente — e por que você não convidou ela para vir conosco? Sabe, acho que sua mãe não iria se importar...

— Eu sei pai — suspirei — mas eu não poderia fazer isso com ela. Seus pais tentaram obrigar ela a fazer algo que ela não gostava e ela acabou fugindo para Londres, eu...

— Mas você não estaria obrigando ela a nada...

— Mas eu sinto que sim. Eu sinto que eu deixaria uma escolha muito pesada sob ela e eu não quero isso, eu quero que ela construa a vida dela, feliz do jeito que ela deve ser.

— Não cabe a você, Jake, dizer se ela ia ser feliz conosco ou não — ele deixou o cobertor de lado — Sabe, quando conheci sua mãe, eu estava apaixonado, ainda sou apaixonado por ela, mas sei que ela tem seus defeitos, suas qualidades e seus próprios pensamentos, por isso deixo ela tomar suas escolhas.

— Deixa até de mais — murmurei, mas ele não ouviu.

— A questão é, filho, saber quando cabe a você escolhe alguma coisa ou não.

Não aguentei mais.

— Eu diria então que eu faria minha escolha saindo daqui. Voltando para a faculdade, porque essa é a escolha que eu quero, não é algo que você ou Milena quer.

Ele ficou em silêncio por um tempo.

— Jake, você não veio aqui por livre espontânea vontade?

— Se espontânea vontade significa ser ameaçado pela própria mãe, então sim, foi minha vontade.

— Milena?

— Você não está sabendo?

— Jake — ele disse me olhando nos olhos — conte-me tudo.

Angeles NightWalker

Eu não podia fazer nada a não ser olhar para a ilha mecânica que estava na minha frente.

— Aposto que deve ter demorado para fazer isso, mais do que demorou a muralha da China — disse Chester.

— Mas é claro que não, idiota — falou Derek.

— Angeles?

— Ahm?

— Sabe, é nessas horas que começamos a colocar o plano em ação ao invés de olhar de boca aberta pro navio — disse Yuki.

Limpei a baba e entrei no navio.

O jantar estava sendo servido. Algumas pessoas pararam para falar com Ash ou com Chester, mas logo foram embora. Eu subitamente larguei do Chester e fui procurar o Jake. Os saltos não ajudavam. Eu tive que usar um vestido vermelho vivo – Yuki dizia que se destacava com a minha palidez e com meus lábios avermelhados – que ia quase até o joelho, ele era de seda rodado e abaixo do peito tinha uma faixa de paetê preta. Meus saltos eram pretos também. Yuki vestia um vestido rosa claro de uma alça só, um pouco mais curto que o meu, com uns detalhes na barra em branco.

Eu podia ouvir pelo meu “mini-fone” as coordenadas que Vincent dava para Ash e Allan. O que significava que o plano estava já em ação. Yuki disse que ia fazer um escândalo, mas eu não sabia o que era. Derek e Chester iam fazer distrações também se necessário e eu decidi que ia drogar a comida do comandante por via das dúvidas, para não correr o risco de realmente o navio navegar essa madrugada.

Pedi a Derek para me ajudar a distrair o velho.

— Olá, Senhor Comandante, bela noite, não?

— Sim, meus jovens, belíssima noite!

Enquanto eles iam conversando eu pus o líquido em seu copo enquanto ninguém estava olhando. Rapidamente saímos de lá e fomos encontrar Yuki.

Ela estava com problemas. Vi que ela ia sabotar a comida colocando um pote de baratas na comida, mas alguns cozinheiros tinham pego ela. Eles começaram a arrastá-la para o meio do salão, provavelmente falar para todos sobre o problema quando eu vi que havia uns equipamentos de música.

— Rápido, Chester, me dá seu Ipod aí! Vamos por alguma coisa para desviar a atenção.

Ele rapidamente me deu e eu pus para tocar.

E começou a tocar...

Sério?

— Sério, Chester? — disse balançando a cabeça.

— É um clássico — ele respondeu defensivamente.

Toda a atenção estava em cima de nós.

— Oh, merda — murmurei.

Do nada, Chester pegou Yuki e eles começaram a dançar. Por incrível que pareça, as pessoas se sentiram motivadas e começaram a dançar também. Soltei um suspiro de alívio. Pude ver que os outros também estavam aliviados.

Ash estava falando que o equipamento que eles pegaram iria entrar no sistema do navio em alguns minutos e ia fazer todo o trabalho de desligar as máquinas.

Falta pouco.

Faltava Jake. Comecei a procurá-lo novamente, quando portas foram abertas.

E senhoras e senhores, foi quando a família DarkShadow entrou no salão.